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terça-feira, 24 de março de 2009

As estações do tempo da minha vida



No Outono nasci eu Idalina da Conceição, em Salvaterra de Magos (Ribatejo) na Rua Luís de Camões, aos vinte e sete de Setembro de mil novecentos e quarenta e quatro, mais ou menos pelas treze horas, onde vivi até aos meus nove anos de idade. Daqui saltei para Cadima (Coimbra) onde vivi cinco anos. Daqui saltei para Almada, onde vivi um ano; daqui saltei para a Parede (Cascais) onde vivi dois anos e meio, voltei para Salvaterra (mais propriamente para Marinhais (Raret) onde vivi seis anos; daqui saltei para Lisboa, melhor digo para Queluz onde vivi um ano, daqui de novo para Lisboa vivi no Arco Cego dois anos e finalmente saltei para aqui, Sobral de Monte Agraço onde já vivo há trinta e oito anos. Tantos saltos!
Tantos tempos, mas por agora só me vou referir ao primeiro tempo e este passou-se na Primavera-Verão.
Era eu uma criança e como todas as outras brincava na rua , ao botão, ao pião, às casinhas, às corridas e também ao esconde esconde dos touros. Dos touros me perguntam! Sim dos touros. pois naquele tempo se tresmalhavam e vinham com frequência parar à Vila (sempre ao domingo nas horas de descanso do campino)
Salvaterra é sitiada entre o Tejo e Campo, tinha muitas vacarias e celeiros que por isso era propicia a estes factos. A estes e outros que comigo se passaram. Destacar aqui, que como em todo o universo Português aos domingos o povo se passeava pelas suas terras e entretinham-se a comer pevides tremoços castanhas e ou sorvetes .
Em frente de minha casa havia um celeiro. Eu brincava ali às casinhas com a minha irmã, eis se não quando aparece um touro numa corrida louca que nem deu tempo de fugirmos. Parou de repente bafejou os nossos corpos e partiu-nos os brinquedos. Fiquei contente pois tinha um potinho de barro com objectos dentro que doutra forma não os conseguia, pois se fosse eu a partir minha mãe não ia gostar! O touro não nos fez mal e nesse dia ficou por isso mesmo.(ah! esqueci me de dizer que era hábito o campino vir a Vila avisar montado num cavalo quando dava por falta do touro na manada). Quase sempre o touro chegava primeiro!
Outro dia andava o povo no seu passeio domingueiro, quando aparece outra vez o tal bichinho, que encarou com a mulher das castanhas. Nós criançada, enquanto os homens defendiam a mulher enfrentando o touro, apanhamos sem medo as castanhas e foi cada um para sua casas comer a colheita, e neste dia também ficou por isso. Pois é mas nem sempre acaba bem estes encontros. Outro dia andava eu a brincar numa rua transversal à minha, quando ouvi um cavalgar e pensei ! Há touro! Então corri em direcção a casa quando sou surpreendida com um ciclista com o qual me embrulhei e lhe parti a bicicleta. Fomos os dois parar ao hospital, ele com a cabeça partida e eu com os raios espetados em mim, ainda hoje tenho essas cicatrizes.
E pronto meus amigos, muito mais havia para contar, mas fica para outros tempos.
Idalina (Sobral-espaço Net)

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