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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Um sinal de apreço



Mesmo enorme, a gratidão por si só não é visível por vezes, daí a materialização em um gesto.
Na passada quarta feira os elementos do coro do Sobral Sénior resolveram ter esse gesto para o prof. Pedro Sanguinhos.
Há muito que era sentido em consenso comum, foi agora.
Surpreendemo-lo!
Estamos tal como ele, envolvidos neste projecto mas não fora a persistência, a dádiva, a manifestação permanente de paciência“alentejana”, nunca se alcançava qualquer objectivo. E já vamos alcançando...
Aprendemos a receber para bem dar. Esta sintonia sonora neste caso, tem-se manifestado num acorde para o nosso bem estar.
Continuamos a querer navegar neste “tom” com o Pedro.
Ele quer continuar a ser timoneiro desta por vezes dissonante nau.
Tal como nós, ele sabe que às vezes nem é bem aportar, o importante. Sabe que bom... é navegar.
Ao leme, Pedro, ao leme!
Afonso Faria

terça-feira, 6 de outubro de 2015

RECORDANDO AMÁLIA



Fecho os olhos e reporto-me à infância, a essa infância vivida no longínquo Oriente, em que aos oito anos já a ouvia deliciada nos velhos discos de vinil.

Nasci com a música no sangue, e quando me encontrava sozinha em casa, às escondidas de meus pais, o gira-discos não parava, disco atrás de disco, e uma, duas, três, tantas e tantas vezes os repetia até que decorasse as músicas …

E tantas vezes até que a agulha se desgastasse! Depois, sorrateiramente fechava a porta do móvel onde se encontrava o gira-discos, punha a chave no lugar, e ninguém sabia.

E aos fins-de-semana, quantas vezes o meu pai ficou intrigado como é que a agulha do gira-discos se estragava tanto se ele o utilizava tão pouco! Para ele era um mistério.

Até que um dia “gato escondido com o rabo de fora”, e fui apanhada em “flagrante delito”.

Amália cantava no vinil e eu acompanhava-a do princípio ao fim. Ao contrário do que temia, em vez de uma sova, o meu pai achou imensa piada e daí para a frente era ele que muitas vezes me ajudava a interpretar as palavras que por vezes não entendia.

Uma Casa Portuguesa”, “Sempre e Sempre Amor”, “Barco Negro”, Canção do Mar”, “Noite de Inverno”, “Cartas”, sei lá, tantas, tantas … interpretava-as todas de alto a baixo. Mas não a queria imitar. Gostava das músicas mas interpretava-as à minha maneira. Gostava que percebessem o que dizia, ao contrário de Amália que muitas vezes na sua forma única de cantar, não se percebiam bem as palavras.

E o meu pai interrogava-se como é que uma criança de 8 ou 10 anos se interessava tanto por aquele género de música.

E foi assim que Amália foi a minha Diva Inspiradora.

Cresci, casei, fui mãe e avó, mas Amália nunca me abandonou. Na minha consciência foi ela a minha “Madrinha da Música” e será sempre a minha grande referência.

E foi no dia de hoje, há 16 anos, que nos deixou fisicamente, mas no meu coração e na minha memória continua sempre a ser a minha grande inspiração quando canto.

Obrigada Amália.

Em sua Homenagem deixo aqui um vídeo com um poema que escrevi no dia da sua morte.
Lourdes Henriques