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terça-feira, 31 de março de 2009

Manhãs de inverno gelado

Com cinquenta e três anos de vida muitas são as histórias que poderia contar, boas, muito boas, más e muito más, mas essas não quero lembrar.

Os meus pais eram agricultores viviam dentro de uma horta que cultivavam e nós filhas ali crescemos. Somos três irmãs, a mais velha tem dez anos a mais que eu e a outra irmã tem só vinte minutos de diferença de mim.

Criar gémeas naquela época era difícil . Os meus pais passaram de uma filha para três ambos já na casa dos quarenta. Não havia infantários, amas ou avós disponíveis fomos criadas partilhando os trabalhos do campo com ferramentas feitas em ponto mais pequeno pelo meu avô materno de quem eu tanto gostava; era a minha companhia quando eu estava doente muitas vezes. Já era muito velhote tinha muitas dores herdou da guerra de França quando por lá andou.

Voltando à minha pequena história, rondava os meus seis sete anos antes de ir para a escola tinha que enxotar os pardais dos girões dos nabos, nabiças e das alfaces naquelas manhãs de inverno cheias de gelo que até a minha respiração parecia sair fumo pela boca e pelo nariz e lá ia batendo com as tampas das panelas velhas enxotando a passarada.

Quando a minha mãe chamava para comer as sopas de café com leite, estava na hora de ir para a escola ela tinha as minhas botas em cima do estrume curtido do gado porque era quente no inverno. E lá ia eu pelos atalhos das hortas até chegar à escola que ficava a uns três quilómetros partindo o gelo das poças de água gelada que encontrava pelo caminho, para mais uma dor de barriga, a escola.

Hoje encontro-me a escrever no computador e pensando em tudo isto e muito mais pergunto como é possível.

Prometo voltar!

Mª da Luz (Sobral - Sapataria)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Sensibilidades!

Hoje dia 26 de Março 2009 foi um dia que marcou a minha passagem neste mundo. GenteGira organizou um piquenique - o dia estava lindo e o grupo muito bem disposto. O nosso professor que não é só professor de informática como também nos sensibiliza e transmite o seu estado de alma que a mim enriquece; é bom ouvi-lo falar. Sinto-me uma formiga “analfabética” quando estou junto de pessoas que sabem transmitir o que sentem, eu sinto mas não sei deitar para fora.
Agradeço a todos pelo belo dia que proporcionamos uns aos outros.
Um bom sorriso é o melhor meio de melhorar a nossa aparência.


PS. Este à parte é meu, o apelidado de "professor". Se isto é não saber "deitar para fora", que imensidão de sentires existe em si!!!



Lisete (Sobral-Biblioteca)

terça-feira, 24 de março de 2009

As estações do tempo da minha vida



No Outono nasci eu Idalina da Conceição, em Salvaterra de Magos (Ribatejo) na Rua Luís de Camões, aos vinte e sete de Setembro de mil novecentos e quarenta e quatro, mais ou menos pelas treze horas, onde vivi até aos meus nove anos de idade. Daqui saltei para Cadima (Coimbra) onde vivi cinco anos. Daqui saltei para Almada, onde vivi um ano; daqui saltei para a Parede (Cascais) onde vivi dois anos e meio, voltei para Salvaterra (mais propriamente para Marinhais (Raret) onde vivi seis anos; daqui saltei para Lisboa, melhor digo para Queluz onde vivi um ano, daqui de novo para Lisboa vivi no Arco Cego dois anos e finalmente saltei para aqui, Sobral de Monte Agraço onde já vivo há trinta e oito anos. Tantos saltos!
Tantos tempos, mas por agora só me vou referir ao primeiro tempo e este passou-se na Primavera-Verão.
Era eu uma criança e como todas as outras brincava na rua , ao botão, ao pião, às casinhas, às corridas e também ao esconde esconde dos touros. Dos touros me perguntam! Sim dos touros. pois naquele tempo se tresmalhavam e vinham com frequência parar à Vila (sempre ao domingo nas horas de descanso do campino)
Salvaterra é sitiada entre o Tejo e Campo, tinha muitas vacarias e celeiros que por isso era propicia a estes factos. A estes e outros que comigo se passaram. Destacar aqui, que como em todo o universo Português aos domingos o povo se passeava pelas suas terras e entretinham-se a comer pevides tremoços castanhas e ou sorvetes .
Em frente de minha casa havia um celeiro. Eu brincava ali às casinhas com a minha irmã, eis se não quando aparece um touro numa corrida louca que nem deu tempo de fugirmos. Parou de repente bafejou os nossos corpos e partiu-nos os brinquedos. Fiquei contente pois tinha um potinho de barro com objectos dentro que doutra forma não os conseguia, pois se fosse eu a partir minha mãe não ia gostar! O touro não nos fez mal e nesse dia ficou por isso mesmo.(ah! esqueci me de dizer que era hábito o campino vir a Vila avisar montado num cavalo quando dava por falta do touro na manada). Quase sempre o touro chegava primeiro!
Outro dia andava o povo no seu passeio domingueiro, quando aparece outra vez o tal bichinho, que encarou com a mulher das castanhas. Nós criançada, enquanto os homens defendiam a mulher enfrentando o touro, apanhamos sem medo as castanhas e foi cada um para sua casas comer a colheita, e neste dia também ficou por isso. Pois é mas nem sempre acaba bem estes encontros. Outro dia andava eu a brincar numa rua transversal à minha, quando ouvi um cavalgar e pensei ! Há touro! Então corri em direcção a casa quando sou surpreendida com um ciclista com o qual me embrulhei e lhe parti a bicicleta. Fomos os dois parar ao hospital, ele com a cabeça partida e eu com os raios espetados em mim, ainda hoje tenho essas cicatrizes.
E pronto meus amigos, muito mais havia para contar, mas fica para outros tempos.
Idalina (Sobral-espaço Net)

sexta-feira, 20 de março de 2009

saber viver...

Éramos cinco, quatro rapazes e uma rapariga, a mais nova!

Seríamos o que na altura chamavam, uma família “remediada”, nem ricos nem pobres.

Que dos mais velhos as roupas passassem para os mais novos, era uma manobra “normal”.

Acontece que tínhamos uns primos mais velhos e com um estatuto de “desafogados”. Muita coisa deixava de ser usada, em bom estado, aí havia que lhes dar bom uso!

Foi nessa altura, aluno do liceu, que descobri o quanto o nosso corpo é maleável!

Um casaco apetecível já moldado à fisionomia de um corpo maior ou menor, não era impedimento. Uns dias os meus braços encolhiam, outros esticavam, os ombros tornavam-se espadaúdos, outros...franzinos!

Nas camisas de fino corte não havia manga comprida que nos impedisse de usar. Para isso havia uns elásticos estrategicamente colocados nos braços impedindo que as mãos desaparecessem nos punhos.

Os sapatos eram antecipadamente calçados de algodão para que os espaços não fossem vazios, os pés se sentissem envolvidos.

Este poder de improvisação deu-nos recursos e capacidade de fazermos face às contrariedades ao longo da vida!

As meias, esse era o problema!

Havia sapatos que se alimentavam de meias e, dados alguns passos lá desapareciam as ditas, engolidas sofregamente, expondo em nudez os calcanhares. Isso era a única coisa que me aborrecia...

Um dia, estudando o “fenómeno” entendi descobrir a solução!

Munido de uma tesoura, cortei os bicos das meia e, aí sim, cresceu bastante cano na perna...

Não sei se por isso ou pela proximidade dos meus dedos nus no interior do sapato, nunca mais tive os tornozelos à mostra.

Quem não achou piada foi a minha mãe, ao ver as meias naquele estado! Expliquei-lhe e ela, de olhos abertos, incrédula, ouviu-me pacientemente.

No seu rosto vi-lhe um brilhozinho misto de gozo e reprovação.

Disse-me, está bem, mas vê se não usas essas meias um dia que tenhas ginástica, que tenhas de te descalçar... pode ser que fiques surpreendido com os comentários!!!

Ps. Nunca deixei de fazer algo que me interessasse verdadeiramente, integrei-me salutarmente em grupos, apesar da "roupagem"!

AF (Sobral - Biblioteca - Espaço Net - Sapataria)



quinta-feira, 19 de março de 2009

Mudar é sempre bom


Foram catorze anos, acompanhados e acompanhar um casal amigo. Ele era caçador. Fora de época, ou quando ela se aproximava, fazia visitas a conhecidos da zona saloia para saber como ia a bicharada.. Era um fanático da caça. Assim conheci nos passeios de fim de semana a zona Saloia , e em Pêro Negro a Adega o Pardal. Antes de sairmos telefonávamos para encomendar o almoço, regra geral era o fiel amigo, cozido ou assado acompanhado com aquelas couves sem químicos, batata ,azeite, pão e vinho faziam o repasto Saloio.

Aproveitava-se para passear a pé pelo campo com os miúdos. Comprávamos também a carne no talho de Pêro Negro (que ainda existe) para levar para casa.

Nestas e noutras andanças, assim conheci em redor do ponto de partida , Amadora, um perímetro de 50Km.

Feita a minha “Vida” profissional (44 anos), pensámos que bastava de Amadora. A proximidade com Lisboa a facilidade de estar a dois passos de tudo quanto é comércio e facilitismo, não nos demoveu da mudança. Bastava de barulho, poluição e tudo quanto uma cidade com as características da Amadora nos trás.

Num anúncio de jornal tivemos conhecimento deste bocado de paraíso onde resido à quatro anos. Foi amor à primeira vista. Verde, muito verde, ar leve, barulho? Cadé Ele? Numa aldeia como tantas outras, onde quase todos são familiares.

Quando recebo visitas de amigos ficam incrédulos. Como é que uma citadina vem morar para um sitio destes? Mas lá vão dizendo - com este silêncio também eu não saía daqui. Quando os convido vêem grupos de seis a dez , chegam próximo da hora de almoço como combinado e partem tardíssimo; os mais atrevidos dizem que combinaram a de chegada mas não a hora da partida,.Gostam do lugar.

A quietude do lugar, o cheiro da terra, as cigarras, os grilos, os pássaros. Vê-los e ouvi-los é um prazer. Até os pirilampos parecem fazer danças mudando-se constantemente de sitio . São às dezenas. autêntico festival de luz.

Manuela (Sobral-espaço Net)

terça-feira, 17 de março de 2009

noutros mundos...


Ora isto é mais um relato dos muitos episódios passados na minha vida por esse Mundo.

No Mundo Árabe o Domingo é à sexta feira.
Como não fazia nada nesse dia, como sempre fazia, vestia o fato domingueiro e passeava a pé ao longo da Avenida. Chegado ao fim, deparei-me com um sinaleiro em cima de um palanque a comandar o trânsito.
Parando à esquina observando a cena, permaneci algum tempo até que me apareceu o que não me devia aparecer: uma mulher com um filho ao colo e mais quatro, todos eles entre os cinco e seis anos. A mulher dirigiu-se a mim pedindo esmola, muito mal vestida e os miúdos na mesma.
Olhei para aquele quadro que me fez confusão; na minha algibeira do lado direito do casaco tinha alguns Dinar, moeda da Jordânia. Dei uma moeda à senhora e os filhos pediram-me também. Dei a três filhos e ao quarto, como não tinha mais dinheiro trocado, resolvi dar uma nota. Deitei a mão ao bolso interior mas não cheguei a dar.
O sinaleiro apercebera-se e saltou do palanque e correu a mulher à pedra. Todos fugiram a bom ritmo. Por fim dirigiu-se ao local de trabalho mas antes de subir veio ter comigo. Perguntou-me se falava Inglês ou Árabe, e eu, só Português, ele não percebeu nada!
Depois insistiu em Árabe que era proibido dar esmolas, percebi eu, e que a mulher era uma prostituta. Pediu-me o passaporte, mostrei que estava legal, insistia que era proibido.
Senti medo!
Incomodado, resolvi vir para casa.
Era mais um episódio dos muitos na minha passagem pelas “Arábias”!

António Assunção (Sobral - Biblioteca)

segunda-feira, 16 de março de 2009

Um homem de sete ofícios!

Desde muito cedo que trabalho.

Quando terminei a quarta classe na antiga escola primária do Sobral, fui trabalhar como agricultor nas propriedades de meu pai.
Ainda miúdo, talvez com doze anos, aprendi música, toquei na Banda dos Bombeiros Voluntários do Sobral e na Banda do Ateneu Artístico de Vila Franca de Xira durante 15 anos.

Após ter cumprido o serviço militar, tirei um curso de instrutor de automóveis e logo a seguir tive a oportunidade de ir trabalhar para os CTT como carteiro. Dividia-me por estes dois empregos. Tanto como num como noutro palmilhei muitos caminhos e velhas estradas, tive alguns acidentes e vi a morte ao virar da esquina.
Como carteiro aconteceram-me várias situações, algumas interessantes outras nem tanto. Fui mordido por cães que não gostavam de mim nem da minha mota, apanhei invernos rigorosos, enfrentei tempestades de água sempre na minha velha e fiel mota que não dava mais que 20km/h. Foram tempos difíceis mas que me dão gozo recordar, histórias bonitas, cumplicidades, segredo de namorados, paixões proibidas que só eu sabia e tinha que guardar segredo porque era essa a missão do carteiro, trazer e levar mensagens.

Tentei também ser condutor de tractores mas as coisas aí correram-me mal. Tive dois acidentes. Num deles caí com o tractor carregado de uva numa ribanceira de 10 metros, estraguei a uva toda e fui parar ao Hospital. Nessa altura disseram-me que não tinha nada de grave. Hoje, estou convencido que minha coluna se recente desse episódio.

Actualmente sou vendedor de fruta e de produtos agrícolas, gosto bastante do que faço pois voltei a andar pelas aldeias e ao convívio com muita gente.

Onde não estou a 100% é com estas novas tecnologias apesar de gostar bastante das aulas semanais de informática. Sei que aos 67 anos não vou conseguir emprego nesta área, com muita pena minha. Tudo o que aprendi ao longo destes meses devo o mérito do professor e à sua persistência perante esta gente menos jovem, mas gira!

Manuel Luís (Sobral - Biblioteca)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Passagem por esta vida!


Quando se é jovem, não temos ideia da luta que é a vida, dos desgostos que vão aparecer, dos sacrifícios que temos de fazer.
Mas, uma coisa é certa: não existe nada, que se compare ao amor de mãe, à felicidade que os filhos nos dão, é como uma parte de nós , vivesse fora do nosso corpo.

Hoje, na casa dos sessenta anos, acredito que devemos dizer aos nossos filhos que a maternidade e a paternidade significam muitos sacrifícios, preocupações e até lágrimas (umas de alegria, outras de tristeza),como aquelas que derramamos quando um filho sai de casa para prosseguir a sua própria vida e, aquelas quando sentimos a alegria de sermos avós...
Ser avó é um presente de Deus, para nos adoçar a velhice, para nos fazer esquecer as limitações que vêm com a idade e, por vezes mais cedo do que esperávamos.

Hoje, sonho em poder ver os meus netos crescer, e, sempre que possível estar junto deles, para contar-lhes histórias , e mostrar-lhes as coisas boas do mundo, nunca tentando substituir os pais na educação ou até cair no erro de permitir abusos.

Peço a Deus que me dê o tempo de vida necessário para isto, e para poder sorrir e pensar que valeu a pena a «Passagem por esta vida».
E, foi a pensar neles que decidi frequentar aulas de informática, só possíveis pela gentileza da Câmara Municipal na cedência de um espaço para tal e, pela generosidade do professor Afonso Faria.

As crianças cedo começam a dominar as novas tecnologias e, se os avós não puderem acompanhar, eles pensarão «como conseguem eles viver sem a Internet»?

Por tudo isto é bom ser avó.


Fernanda (Sobral-Biblioteca)

quinta-feira, 12 de março de 2009

percursos...

Fui a primeira de três filhos que os meus pais tiveram.

Aos sete anos fui para a escola primária da Buligueira, uma aldeia aproximadamente a 5km da minha. Fazia o percurso de ida e volta a pé, todos os dias, Inverno ou Verão.

Completada a instrução primária, fui trabalhar com os meus pais para a agricultura.

Aos quinze comecei a trabalhar num armazém de frutas, colhendo nos pomares, escolhendo e embalando em pequenas caixas.

Já tinha dezassete anos quando vim para o Sobral para casa de uns tios- avós.

Pouco tempo tinha passado, arranjei emprego num pequeno escritório, permanecendo aí dezoito anos.

Regressei aos bancos da escola e tirei o 6º ano. Tinha então dezanove anos e dois anos depois tirei carta de condução.

Já com 36 anos aceitei um desafio e fui trabalhar para o Monte Agraço Futebol Clube. Foram diversas as minhas funções. A que mais me agradou foi a que me permitiu trabalhar com as crianças que frequentavam a ginástica infantil. Ainda hoje recordo com saudade esses momentos.

Estive ligada ao Clube seis anos e até da direcção fiz parte. Hoje sou empregada do comércio no Sobral.

Gosto do meu trabalho pois falar com as pessoas e conviver com as mesmas é muito gratificante. Com os mais idosos, com suas experiências aprendo muito.

Dos meus tempos livres reservo uma parte para voluntariado na Santa Casa da Misericórdia do Sobral. Gosto desta actividade e também nela me realizo

No ano passado comecei a ter aulas de informática na Biblioteca Municipal do Sobral de Monte Agraço. Esta actividade ajuda-nos a descobrir os caminhos para as novas tecnologias.

Gosto muito!


Palmira (Sobral – Espaço Net)

quarta-feira, 11 de março de 2009

caminhos e até marítimos...

Sou o João Francisco Santos, natural de S. Quintino, Concelho de Sobral M. Agraço, onde resido. Tenho 65 anos, sou casado há cerca de 40 anos e pai de três filhos adultos dos quais tenho tenho três netos, só rapazes.
A minha infância, atendendo à época 1944/56 não foi das piores. Era um puto irrequieto, tinha três irmãos e fazíamos muitas traquinice. No entanto como mais velho tinha que ajudar os meus pais que eram padeiros. Fiz o exame de admissão aos 11 anos, e fui para o Ciclo Preparatório na escola Eugénio dos Santos em Lisboa na zona de Alvalade e quando terminei ingressei na Escola Industrial Machado de Castro, só fiz o 4º ano.

Voltei para a minha terra e fui estudar para a Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras, não terminei, só mais tarde quando já casado e a trabalhar por turnos fiz o 12º ano.
Quando começa a Guerra Colonial eu estou à beira do serviço militar. Ingressei na Escola de Marinha - Caxias- no curso de máquinas.
Regime interno, muita disciplina e foram 10 meses de curso mas com aproveitamento, obtive a cédula marítima de maquinista que dava acesso a embarcar. Inscrevi-me na Capitania do Porto de Lisboa. Embarquei, fiz o meu baptismo de mar em Setembro/1964, ( em plenas Festas de Verão)
dei-me mal, perdi alguns quilos, (enjoava). Fragilizado tive um pequeno acidente, e assim desembarquei.

Mais tarde voltei nova mente às viagens no Timor em Novembro/1964. Conheci alguns Países, pelo Oriente - Singapura, Timor, Hong-Kong, Macau e outros territórios como Guiné, Cabo-Verde, Angola,Madeira, Canárias. Pelo meio muitas historias, muitos medos e muitas saudades. Desembarquei em Novembro/65, tinha o Serviço Militar por cumprir. Em Janeiro/1966 fui cumprir o Serviço Militar para Vila Franca Xira na Marinha de Guerra durante 18 meses.
Terminado este período da minha vida, começo a trabalhar, primeiro na G I L - Arruda Vinhos, mais tarde na Central do Carregado - E D P, onde trabalhei durante 32 anos em turnos ,desempenhando várias funções; a minha última função era Assistente de Condução de Centrais Térmicas.

Devido à reestruturação da Empresa fui convidado para a Pré-Reforma. Aos 60 anos reformei-me.
Durante estes anos pertenci a vários orgãos associativos, como o Clube de Futebol M.A.F.C., e faço parte de um Grupo "Botas às Costas" onde só são homens que durante alguns dias nos organizamos para um passeio, tanto no nosso País como no Estrangeiro.

João Francisco (Sobral - Espaço Net)

terça-feira, 10 de março de 2009

As melhores portas são as que estão sempre abertas…




Em Setembro de 2006, num passeio pedestre organizado pela Câmara Municipal, descobri esta “Relíquia”.

Gostaria de lá voltar, mas não faço a mínima ideia onde fica. Calculo que seja para os lados da Igreja de Santo Quintino. Será que alguém pode dar uma ajuda?

Tenho alguma curiosidade em saber se passados estes anos ainda resiste.

Há muita história neste concelho! Que tal fazermos uma galeria de fotos?

Inês (Sobral-espaço Net)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Um homem das Arábias!

Começo por dizer que nasci em lisboa, Alcantara em 1934!

Vi o início da construção do viaduto Duarte Pacheco, ainda me lembro de ver os arcos em cofragem, em madeiras.

A ribeira de Alcântara, conhecido como caneiro de Alcantara, corria a céu aberto entre muros de pedra seca, talvez com uma largura de três metros. Ao encanarem e cobrirem de betão deu lugar à actual avenida de Ceuta.

Lembro-me da inauguração do viaduto.Tinha uns dez anos. Nesse dia o então Presidente da República, Marechal Carmona andou a pé sobre ele.

Aos treze anos fui trabalhar para o Largo do Calvário como aprendiz de mecânico de automóveis. Ganhava-se pouco. Mantive-me aí até aos 18 anos.

Mais tarde, nas horas vagas consegui ganhar uns escudos extra trabalhando no ministério dos negócios estrangeiros, no Palácio das Necessidades, como mecânico.

Deixei o esse emprego em busca de melhor e comecei a trabalhar como mecânico de geradores na zona do conde barão. Um pouco melhor financeiramente!

A minha inquietação levou-me até Bragança. Estavamos na era do volframio e durante cerca de ano e meio permaneci “enterrado vivo” nas minas da Ribeira. Descíamos o sol ainda não aparecera por completo e mergulhava a uma profundidade de 120 metros regressando quando o sol já se tinha posto.

A luz era mortiça vinda dos gasómetros alimentados de carbonete.

Regressei ao Conde Barão e aí me mantive até 1974.

A proximidade do Tejo, as partidas e chegadas, a instabilidade do país despertaram-me o desejo de aventura.

Rumei aos países árabes. Arábia Saudita, Egipto, Jordania e outros mais.

Trabalhei no deserto, comi as areias secas.

Foi uma aventura! Sem falar qualquer língua que não a minha, valeu-me a mímica e o eterno desenrascanso de português.

Histórias desses tempos foram muitas! Um dia conto.

Muitas vezes, com o deserto a meus pés, olhando um infinito árido recordava a família, o país, a minha filha que deixara criança de sete anos.

Pelo menos uma vez por ano vinha a Portugal. Foram dez anos!

Quando regressei fui trabalhar como mecânico de máquinas agrícolas para a Quinta de S. João, onde me reformei.

Já tinha ligações ao Sobral, casa em Martim Afonso, onde vivo ainda hoje.

António Assunção (Sobral-Biblioteca)




sexta-feira, 6 de março de 2009

sonhos...doces!


Hoje olho os meus netos e vejo a diferença das nossas gerações!
- Eu transformava corda de saltar numa bicicleta - eles hoje têm bicicleta!

- Quando eu apanhava malhas em meias e carregava no pedal viajava por vários paises !
- Graças a Deus eles hoje viajam!Certamente que é melhor,
mas eu sei o que é sonhar
e o sonho comanda vida
lá diz poeta!

Lisete (Sobral-Biblioteca)

Temas Interditos : Política, Religião, Futebol…

Quem não tem preferências sobre isto...
Levante a primeira pedra, quem se imiscuir de revelar a sua predilecção…
“O termo Política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, colectividade e outras definições referentes à vida urbana.”
“A Religião (do latim: "religio" usado na Vulgata, que significa "prestar culto a uma divindade", “ligar novamente", ou simplesmente "religar") pode ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que parte da humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.”
“O futebol (em inglês Football) é o desporto colectivo mais praticado no mundo. É disputado num campo rectangular por duas equipas, de onze jogadores em cada lado, que têm como objectivo colocar a bola dentro das balizas adversárias, o que é chamado de gol (Brasil) ou golo (Portugal) - ambos os termos derivam da palavra inglesa "goal".”

Pesquisa feita em “Wikipedia”

Nem sempre os temas interditos poderão ser negativos, porque até os seus conceitos são belos…

Como não posso desenvolver os temas…fico por aqui!!!:))
A verdade, é que sem as aulas de informática que todos partilhámos, esta pesquisa não poderia ter sido efectuada!

Esta foi uma experiência surpreendente na minha vida, não só pela minha inércia sempre manifestada nas áreas das tecnologias, mas também, pelo que ela, agora, tem representado no meu dia-a-dia.

Assim, sinto-me na obrigação de manifestar o meu agradecimento ao nosso Professor Afonso Faria, pela forma como ele nos incentiva e transmite os seus conhecimentos, em desfavor da perca do seu tempo livre.


Margarida ( Sobral-Biblioteca)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Amor à primeira vista...



"E mais do que as povoações, esta beleza calma da paisagem, terra de agricultores, muita vinha, pomar, horticultura, constante ondulação do terreno, tão regular que tudo é colina e longo vale. A paisagem é femenina, macia como um corpo deitado, e tépida neste dia de Abril, florida nas bermas da estrada, fertilíssima nas lavras, já rebentando as cepas plantadas a cordel, geometria rara nesta inconsequente pátria. (...)

José Saramago in Viagem a Portugal pág 158



Eu sou a Inês; tenho 62 anos; reformada (Haja a Deus); nasci, por acidente, no Alentejo; cresci, estudei, vivi e trabalhei toda a vida em Lisboa, mas agora aqui estou...

E foi assim:

Tentando eu e o meu marido, arranjar um refúgio para fugir ao bulício citadino, depois de termos procurado por vários sítios - Alentejo, Azeitão, Palmela, Setúbal, Alcobaça ... decidimos vir explorar a chamada região saloia.
Metemo-nos no carro e parando onde aparecia "Vende-se este terreno". Depois de vistos dois ou três, não mais, encontrámos "esta vista" e, embora o terreno fosse maior em área e em contos (à época) que o pretendido, não conseguimos resistir, rendemo-nos.
Estávamos no ano de 1997.

Entretanto fiz amizades, tendo agora o privilégio de fazer parte destes "Magníficos"...

Inês (Sobral-espaço Net)

Passos na memória


Nasci numa aldeia do concelho de Sobral de Monte Agraço. Aos sete anos venho para a escola do Sobral de pasta numa mão e lancheira noutra, "não havia cantinas escolares".

Queria ser empregada nos correios porque achava graça o "bater dos carimbos nas cartas," pensava eu que ser empregada nos correios era carimbar cartas. Passaram os anos e acompanhei o meu marido em serviço militar aos Açores, mais propriamente Ilha Terceira. Terra linda de gente maravilhosa! Era uma experiência nova naquela altura com vinte e poucos anos sair da aldeia e viajar de avião, imaginem...fui lá muito feliz.
Passados seis meses regressei. No fim desse ano acompanhei novamente o meu marido em serviço militar para Moçambique cidade da Beira. Foi de tal ordem o impacto que ainda hoje tenho saudades do cheiro a terra molhada e quente, do cheiro do mar! Foram dois anos e meio maravilhosos. Com muita pena minha veio o regresso.
E cá vivo nesta magnifica vila já com netas, entretenho-me a fazer caminhadas vou até ao parque infantil com a mais pequena. De vez enquando vou levá-la ou buscá-la à escola ...dar muitos mimos nunca são demais!

Maria Augusta (Sobral-Biblioteca)

gente gira - Espaço Net



Mais uns ...
Espaço Net, 4ªs feiras, manhã.(Inês, António, Idalina, João, Fátima, faltaram a Palmira, o Benjamim e a Manuela)

terça-feira, 3 de março de 2009

Um susto de morte!

Relato um episódio por mim vivido há cerca de seis anos por altura da conclusão da minha moradia já no concelho do Sobral.

Estando a viver em Lisboa, deslocava-me todos os dias à obra a fim de seguir a conclusão dos trabalhos, colocação e montagem dos equipamentos.Certo dia, ao chegar ao local deparei com a porta arrombada e constatei a falta de diverso equipamento. O facto de não ter sido roubado todo levou-me a pensar que os larápios voltariam a fim de surripiar o resto, que por alguma razão não levaram.

Pensei então ingenuamente que se permanecesse no local durante a noite, surpreenderia os amigos do alheio e talvez recuperasse o que fora furtado.Assim fiz. Telefonei à família a informar que ficaria um ou dois dias. Pedi um divã (ainda não tinha móveis) e dispus-me a esperar munido de uma pistola e uma moca.

Devo dizer que o local durante a noite metia medo. Não havia nenhuma luz nem em casa nem na rua e tão pouco vivalma nas redondezas a menos de 500 metros. Ali estava sozinho, na escuridão ora sentado no divã ora de pé, muito apreensivo, evitando a todo o custo adormecer. Um barrote segurava a porta. Esperava os larápios.

A primeira noite passei-a acordado, alerta, tenso, sem qualquer resultado.

Na segunda noite tive muita dificuldade em permanecer desperto. Sentado, ora dando uns passos no escuro, pensando sempre que a qualquer momento surgiriam os ladrões.

Senti vários carros passarem, ouvi mil ruídos pela noite ampliados, cães que ladravam, o piar das coruja... o silêncio!

Exausto, por momentos sentado no divã, meio a dormir, meio acordado, sinto uma mão aberta em cima da minha cara tapando-me a boca!Completamente em pânico, veio-me à mente por décimos de segundo que se me mexesse seria um homem morto, sem dó nem piedade.Então, aterrorizado com o fantasma da morte tão perto, com a maior rapidez movida pelo desespero, agarrei a mão que me tapava a cara, quase me asfixiava. Gritei, saltei, e só nesse momento me apercebi que era a minha própria mão, a minha mão esquerda que pela posição incómoda, de tão dormente não a sentia.

Jamais esquecerei este episódio porque poderia ter acontecido uma das duas coisa: ou ter dado um tiro na minha própria mão ou...morrer de susto!

Rui (Sobral-Biblioteca)

de começo...

Olá, eu sou a Mariana Luís, tenho 65 anos e nasci numa aldeia do concelho de Torres Vedras. Vivo no Sobral de Monte Agraço há trinta e cinco anos, sou casada e tenho uma filha.
Poderia falar de tanta coisa...
Para já vou falar somente na minha experiência no mundo das novas tecnologias.

Todo o conhecimento que tenho devo à iniciativa do Prof. Merece os parabéns de todos nós por nos ter proporcionado uma nova experiência, o "navegar no conhecimento electrónico". Vamos aprendendo devagarinho, ao nosso ritmo, isso dá-nos gozo, como o Prof. diz.

A experiência é fantástica!

Quero agradecer a todos os que me proporcionam estes momento: à Biblioteca que disponibilizou o espaço, à Câmara por acreditar em nós, à Drª Claudia Simões, por ajudarem esta "GENTE GIRA"

Mariana (Sobral-Biblioteca)

Recordações

Recordo quando era miúda metia-me dentro de um caixote e guiava como estivesse dentro de um automóvel coisa que nunca aconteceu, sonhos!

Também gostava de ser escritora. O meu filho, sabendo, ofereceu-me um livro em branco. Pouco escrevi pois receio os erros.

Só tenho a quarta classe, não me deixaram continuar! Cada vez tenho mais pena de não ser uma mulher culta, sinto-me inferior perante muitas pessoas.

Eu adoro a natureza mas não gosto do mundo em que vivemos! O ser humano estraga o que podia ser belo.

No meio das desilusões da vida tenho uma bonita família e muitos amigos que eu adoro.

Lisete (Sobral-Biblioteca)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Alguns...


Parte dos magníficos, biblioteca do Sobral Mte Agraço, 2ªas feiras.
(Lisete, Guida, Mariana, Manuel Luís, António Travessinhos, Maria Augusta, António Assunção, Filomena, Rui, Fernanda)