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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

passeio por África...(parte II)


Que veio o meu marido fazer para terras tão distantes? Veio orientar os operários na manutenção da ponte do rio Mucubur e troço de estrada. Mucubur era o nome do nosso “acampamento”.
Na zona da nossa casa havia leões, leopardos, hienas e muita caça como impalas, galinhas de mato etc.
Os leões dia sim dia passavam rente à janela do nosso quarto mas iam tão caladinhos que nunca conseguimos vê-los. Quando entravam no mato davam cada urro que parecia que a casa tremia. Afirma-se como rei da selva!
Nós só sabíamos que eles tinham rondado a casa porque nas manhã seguintes víamos as enormes pegadas. O leopardo não se aproximava das casas, vigiava-nos à distância por detrás de um morro de “meixã” (formigas) em frente à nossa casa. Daí observava-nos. As hienas eram muito matreiras, choravam como crianças a provocar a nossa proximidade. Cobras, havia de todas as “raças”.
A casa tinha portas de madeira e outras de rede. Durante o dia, as de rede estavam fechadas e as de madeira abertas. Uma noite fui fechar a porta de madeira e atrás dela estava uma enorme cobra. Fugi a bom fugir e chamei o guarda. Matou-a, era uma “surucucu”. Uma mordedura era morte certa.
Estávamos há duas semanas instalados, apareceu-nos a tropa portuguesa. Perguntaram-nos se tínhamos armas se sabíamos lidar com elas. O meu marido sim, disse, eu não. Se não sabe, vamos aprender, precisa de estar preparada para se defender caso precise.
Ensinaram-me a atirar com a caçadeira, pistola e mauser. Graças a Deus nunca foi preciso pois nunca ninguém me atacou, animais ou homens!
Mas gostava de fazer tiro ao alvo, era o meu “hobby”!
Estava ainda há pouco tempo naquelas paragens, resolvi explorar os terrenos da vizinhança. Havia uma picada, meti-me a caminho, encontrei lá em baixo um rio. Aquária que sou, voltei a casa equipei-me com fato de banho e deliciei-me com uns mergulhos no rio.
Quando vinha para casa, encontrei o cozinheiro que me perguntou, senhora, foste tomar banho no rio? Sim, fui, xiiii...., disse ele, com as mão na cabeça, senhora, não podes fazer isso, aquele rio tem jacaré!
Nunca mais mergulhei, com pena minha!

...
Alice (Sobral-Espaço Net)

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