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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Como é bom saber...


Longe vão os tempos em que na minha aldeia quando concluí a instrução primária e os meus vizinhos analfabetos em amena cavaqueira nas tabernas existentes, saboreando o seu copito ora pagas tu ora pago eu, que era o ponto de encontro depois de mais um dia de azáfama nos campos circundantes aonde trabalhavam arduamente de sol a sol para terem que comer e dar sustento às suas famílias, me pediam para ler algumas noticias que por lá apareciam em jornais já velhos e que até serviam para o merceeiro embalar certos produtos como bacalhau e outros bens alimentares. E eu, então na minha tenra idade e com as ilusões próprias de quem tem 11 anos ficava muito satisfeito porque me sentia diferente daqueles que nem ler sabiam.

Os anos foram passando e foi com muita tristeza que um dia em África mais exactamente na Guiné Bissau aonde cumpri serviço militar do qual muito me orgulho apesar do que de mau lá passei, ter percebido que afinal eu era analfabeto como os meus vizinhos já velhotes, de quem eu me despedi aquando do meu embarque. Muitos já não se encontravam entre nós, quando regressei.

Ao estudar um livro de mecânica que era e continua a ser a minha profissão e aquilo que eu gosto de fazer, não consegui interpretar determinadas informações contidas tendo que recorrer a determinada pessoa que embora não percebesse nada de mecânico, mas com formação escolar, soube entender o conteúdo do livro e transmitir-me o que o mesmo queria dizer.

Por esse e outros motivos me matriculei na escola Novas Oportunidades aonde concluí a certificação de equiparação ao 9ºano de escolaridade e continuo enquanto possível a frequentar as aulas de informática para seniores promovidas pela Câmara Municipal do Sobral, sempre na expectativa de saber mais.

Carlos (Sapataria)

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