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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

passeio por África...(parte III)


Os cabritos e os porcos andavam à solta, iam ao mato pastar mas à noite voltavam. Uma noite os porcos não voltaram. Foram comidos, pensámos nós. Mas não. Apareceram de manhã os quatro porquinhos, estavam intactos. A mãe, trazia a parte de trás toda abocanhada. Tratamo-la e conseguimos salvá-la. Aprenderam a lição, nunca mais foram tão longe.
Os coelhos e as galinhas estavam fechados mas de vez em quando faltavam duas ou três galinhas. Cheguei a duvidar do guarda, ele come-as, pensei.
Um dia o guarda apareceu-me a correr, bofes de fora, pedindo uma enxada. Quando voltou trazia duas senhoras jibóia arrojando o chão, eram elas que comiam as galinhas...
Tínhamos uma horta com tudo o que nela se pode cultivar e também árvores de fruto: bananas, papaias, mangas, anonas, goiaba e pêra abacate.
Peixe, apanhavam os pretos no rio, chegavam ainda vivos. Água, iam as mulheres buscar ao rio. Luz era de petromax, geleira a petróleo, rádio a pilhas e uma lanterna de cabeça para ir à caça.
O meu marido não gostava de caçar mas os pretos diziam “patrão, nosso não tem as comida”, vamos ao mato buscar impala. E lá iam...
Traziam duas ou três impalas, galinhas do mato, levavam para a cozinha que era fora da nossa casa, limpavam e depois dividíamos irmãmente.
Embora no meio do mato, tínhamos tudo o que necessitávamos para viver!
Quando chovia tínhamos a casa sempre cheia. O rio enchia, a água saltava a ponte e ninguém podia passar. Vinha tudo para a nossa casa! Lá comiam e dormiam. Quartos cheios, muitas vezes as salas também serviam. Estava calor. Deitava-se um cobertor e um lençol no chão... estava uma cama feita. Escusado será dizer que cada uma dessas pessoas fica amiga para sempre. África é assim!
Os vizinhos que moravam a três quilómetros tinham uma vacaria. Os leões começaram a atacar, levavam todas as noites uma ou duas vacas.
Então os homens resolveram fazer uma batida.
O meu marido levou a caçadeira, um senhor que tinha muita experiência de caça grossa levou a mauser (esta arma tinha um defeito, tanto podia dar dois ou três tiros como dar um e encravar), os outros dois cada um levou a sua arma.
Feriram a leoa. O senhor da mauser atirou ao leão e a arma encravou... fugiram todos para a carrinha. O meu marido na fuga caiu, partiu a arma a meio.
Como o leão não dava sinais, foram procurá-lo. Estava morto. Colocaram-no na carrinha e trouxeram-no para casa. Foi assim que eu consegui ver um leão. Era um lindo animal. A leoa apareceu morta no dia seguinte.
Apesar de abaterem estes, os que passavam à minha porta continuaram...


Alice (Sobral-Espaço Net)

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