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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Visita ao Sobral – 2ª Parte


Pus-me um dia a percorrer as ruas do Sobral
Para vos dar a conhecer seu encanto sem igual


Reinicio a minha caminhada pela vila de Sobral de Monte Agraço e suas ruas, e recomeço onde tinha acabado, na parte mais a sul da vila, no Campo da Feira, e entro na Rua António Braamcamp Sobral, que foi o 6º. Conde de Sobral, de 1942 a 1987, descendente directo de Joaquim Ignácio da Cruz Sobral, de quem falarei mais tarde. Subo a Rua do Freixo, que já se chamou Largo do Freixo, julgo por ter tido uma árvore de grande porte com esse nome. Segue-se a Rua das Minas, onde se situavam as minas de água que abasteciam a vila, que ainda hoje são visíveis, e fico dentro da Avenida 1º de Maio, a lembrar-nos o dia do Trabalhador. Se não tivesse “havido” o dia 25 de Abril de 1974, chamar-se- ia Avenida Salazar, que era o nome que tinham planeado dar-lhe. No fim desta avenida, acaba a vila no seu lado Este. Não a percorro toda, corto na Rua Egídio Ribeiro, um homem da Terra…um amigo, falecido precocemente em 20 de Janeiro de 2000: foi cerca de 20 anos Presidente da Assembleia Municipal de Sobral de Monte Agraço, depois do “25 de Abril”. Há ainda uma rua que corta esta à direita, a Rua da Paz, onde com toda a certeza os vizinhos nunca estão em conflito.

Foral

Continuo em direcção às Bandorreiras e paro na Rua do Foral: quem acompanha a história da vila sabe que o Foral foi doado por D. Manuel I em 20 de Dezembro 1518; pensava-se que o foral era datado 20 de Outubro de 1519, mas o próprio original foi encontrado no Arquivo da Casa Sobral, no ano de 1999, e assim se soube a data certa. Já agora uma curiosidade: a Adega Cooperativa do Sobral lançou um dos seus melhores vinhos com o rótulo “1519”, por então se pensar que era este o ano do Foral…
Maria Micaela Soares

Desço para a Rua Drª. Maria Micaela Soares, uma historiadora e investigadora lisboeta, que recebeu do Governo Português, em Maio de 2010, a Medalha de Mérito Cultural. Escreveu e investigou tudo o que se sabe sobre o Foral, e publicou outros livros sobre a origem, a história e as gentes da nossa Terra, que estão patentes na Biblioteca Municipal: é sem dúvida alguém que merece ter o seu nome numa rua do Sobral.

E assim cheguei à Urbanização das Bandorreiras.
Bandorreiras era, na minha juventude, uma encosta de vinhedos, engalanada no seu topo por moinhos de vento. Sobral era, nessa época, uma pequena vila rural, o que lhe dava muito encanto. Hoje as Bandorreiras é uma urbanização e um lugar para actividades desportivas, com destaque para o complexo das Piscinas Municipais, com Ginásio e Campo de Ténis…E o Parque Verde das Bandorreiras, onde se pode fazer desporto e assistir aos mais variados espectáculos , no seu anfiteatro.
Dos moinhos de antigamente ainda existe um em funcionamento, que em boa hora foi recuperado pela Câmara Municipal, e que deu origem ao nome da Rua que vai da Praceta Luís de Camões até ao Moinho, a Rua do Moinho.


Na encosta do moinho observo tudo à minha volta e vem-me à memória o tempo em que subíamos por caminhos pedregosos até aos moinhos, e nas suas veredas floresciam os chucha-melros, que deixavam no ar um cheiro adocicado; e quando, na quinta- feira da espiga, as raparigas da vila subiam aos Altos de Fetais para apanhar as espigas dos trigais adjacentes às Bandorreiras e os malmequeres que abundavam pelo campo. Em junho brotavam as alcachofras e as giestas, para festejarmos os Santos Populares. Para os menos versados, chucha-melros são as madressilvas ou cardos…

Vista da Serra do Socorro
O tempo urge e, como o dia esteve limpo, com um sol radioso, daqui me extasio a observar o crepúsculo; ao longe a Serra do Socorro serve de apoio a uma faixa rosada, aproxima-se a noite o sol está a deixar-nos para descansarmos e sonharmos.
Há muito para contar, mas agora regresso a casa, contem comigo que voltarei…

Maria Alexandrina

7 comentários:

  1. Amiga Maria Alexandrina,

    Se já é um prazer viajar pela bonita vila do Sobral, assim, pela sua mão, digamos que o prazer é redobrado, ao irmos captando o que sabiamente nos ensina.

    Viajei consigo por essas ruas, por esses cantinhos, e concentrei-me muito na Urbanização das Bandorreiras, onde tenho a minha casa, precisamente na rua Dr. João Amaral.

    Abstraindo até dos aspectos históricos, da ligação dos nomes das pessoas às ruas, digo-lhe que é um encanto ver a vila dali, a meus pés, das janelas dos meus quartos no 1º andar da casa.
    Logo mais anaixo, tenho as piscinas e o parque urbano das Bandorreiras. E "espalhando o nosso olhar pela distância" como refiro na Ode, é um espectáculo ver os moinhos numa dança, como que a aliviarem os sobralenses das suas penas do dia a dia, ou a convidá-los para também entrarem na festa.

    Volte de novo.

    Beijo
    Joaquim Sustelo

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  2. Minha Amiga Alexandrina
    Esta sua descrição pormenorizada da "nossa" vila é na verdade um verdadeiro documento para a posteridade.
    Parabéns amiga pela sua paciência, capacidade e coragem para conseguir fazer um trabalho tão meritório.
    Um grande abraço e beijinho da
    Lourdes Henriques,

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  3. Minha querida colega Alexandrina
    A discrição que fez sobre a “nossa Vila” é para continuar vai haver uma terceira parte? Eu estou muito triste porque a minha rua não foi mencionada no seu texto. Será que se esqueceu? A rua Dr. Correia Guedes é para mim uma das vias mais importantes do Sobral.
    Fico à espera da sua resposta. Veja se descobre quem foi o Dr. Correia Guedes e que ligação histórica teve ele com o Sobral .
    Um beijinho Mariana

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  4. Já no primeiro capítulo deste "Roteiro" aludi à importância e interesse deste trabalho da Alexandrina. Concordo inteiramente que é um "documento para a posteridade"; mas acho que ele tem enorme relevância já na actualidade, pelas pistas que nos deixa sobre a história da Vila...pela informação que nos dá sobre a toponímia da Terra.

    Só podemos esperar por mais.

    Auzendo

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  5. Minha querida amiga Mariana se tiver paciência para me ler vai saber muito mais... e até quem foi Dr. Correia Guedes.
    Este trabalho deu-me muito prazer em fazer e por isso os vossos comentários são como que um prémio e um incentivo, obrigada a todos meus amigos.
    Aproveito para fazer uns agradecimentos que são prioritários fazer:
    À Drª. Sandra Oliveira do Centro Histórico de Interpretação das Linhas de Torres,que me ajudou com amabilidade e simpatia, na pesquisa em lugares onde eu não tinha acesso; ao meu amigo Dr. Eduardo João, um conhecedor da toponímia da vila e que me esclareceu sobre a origem de alguns nomes de ruas em que eu tinha dúvidas; Ao paciente professor e amigo Sr. Auzendo, que tanto me tem ajudado na elaboração dos textos; Ao Sr. Afonso Faria, pelo que tem feito pelos meus textos, melhorando-os com imagens.Para todos um abraço de reconhecimento.
    Maria Alexandrina

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  6. Muito obrigada por este segundo apontamento!
    D. Maria Alexandrina estou consigo nesta viagem.

    Bem hajam
    Hortense Bogalho

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  7. tambem estou curiosa em saber,qual a ligação do Dr.Correia Guedes ao Sobral.Conheci familiares que tinham casa na Feliteira,e vinham muitas vezes á nossa Vila.Actualmente ainda vem familiares.
    Lisete.

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