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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

EU E A POESIA – 3ª. e última parte



Também em 2012, tendo tido conhecimento de que a Chiado Editora queria lançar uma Antologia de Poesia Contemporânea e andava à procura de autores que quisessem participar, candidatei-me a entrar e fui aceite como participante da mesma. ENTRE O SONO E O SONHO, da Chiado Editora, é pois uma Antologia que contempla a participação de cerca de 280 autores, apresentada num volume de 480 páginas. Entre outros autores destaco Joaquim Sustelo, e entre muitos mais: 
Carlos Macedo – fadista, guitarrista, compositor e intérprete;

Maria de Lurdes Brás – fadista autora e intérprete;

Maria Melo, Adelina Velho da Palma, Ana Bárbara Santo António.

E numa outra faceta da minha personalidade também escrevo poemas satirizando situações ridículas e caricatas, situações que nunca pensaria que pudessem existir. Daí ter um pequeno álbum a que chamei CRÍTICAS E IRONIAS, dedicado a uma firma onde trabalhei durante quarenta anos. O desentendimento entre dois irmãos de sangue, portanto verdadeiros, filhos do mesmo casal e herdeiros de uma fortuna fabulosa de que fazia parte a firma, após a morte do pai, o fundador da mesma, arrolando tudo em tribunal e durante vários anos (longos demais) envolvendo-se numa luta feroz e desumana à qual nem o pessoal foi poupado, teve em mim um efeito desconhecido até àquela data. Enquanto os meus colegas de trabalho andavam apreensivos e chorosos com medo de perder o emprego, em mim provocou uma reacção para escrever compulsivamente, compondo letras por tudo e por nada, que se adaptavam a músicas conhecidas, conseguindo muitas vezes pôr os colegas a cantá-las, no intervalo do almoço e por vezes enquanto não chegava o patrão (que frequentemente não sabíamos quem era), desviando-os assim da sua apreensão, acabando sempre todos numa grande risota. Recordo a seguir parte de uma letra que adaptei à música do filme Aldeia da Roupa Branca, com Beatriz Costa, a que chamei
 ALDEIA DA ROUPA SUJA: 
Maninha não te queixes,
Ai o mano não mata,
Não quer é que tu deixes
Ir tudo p’rá sucata.
O escritório ele arrolou
Muito bem arroladinho,
E o juiz ele comprou
P’ra lhe fazer o jeitinho.

Refrão

Secretárias e papel,
Material, tudo com controle,
As carteiras com os cheques,
Mais as máquinas,
Tudo foi no rol.
As cadeiras também contam,
Os ficheiros, porque não?
Toda a massa que há no cofre,
Conta a prazo, isso, é que não.

………………………………
………………………………

11/11/1986 
Apesar de ter sido uma época muito perigosa da minha vida profissional, talvez seja mesmo essa a fase que mais saudades me deixou.

Nunca tive medo que a firma acabasse tal como nunca acabou e ainda persiste depois de tantos anos, apesar dos altos e baixos.

Mas para finalizar, falta acrescentar que recontei num pequeno livrinho as duas histórias mais bonitas que me lembro do meu pai me contar em criança. Foi uma Homenagem Póstuma a meu pai, a pedido da minha filha mais nova, que me pedia muitas vezes, quando era pequena, para lhas contar também a ela e adormecia ao meu colo a ouvi-las. Pediu-me para recontá-las à minha maneira, pois são antigas e julgo que os seus livros já não existem. Recontei-as assim ao meu modo e dei o nome ao álbum de HISTÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA.

Escrevo apenas porque gosto. Vivo a vida com muita intensidade e a poesia brota quando algo me perturba ou transtorna demasiado. É geralmente nessas ocasiões que consigo escrever com mais profundidade. Sai naturalmente. Não escrevo quando quero ou me apetece. É algo que acontece espontaneamente quando me sinto injustiçada, revoltada comigo mesma ou com o mundo, ou por vezes eufórica, debaixo de uma grande alegria ou tensão nervosa.

Espero que não me falte a lucidez para poder continuar a escrever, pois é uma das coisas que mais prazer me dá. Pode ser algo “pobre demais” mas ainda assim é escrito com o coração, sem hipocrisia.

É o meu testemunho pelo gosto de viver, que quero deixar aos meus Descendentes e a Alguns Amigos Especiais.

E para terminar esta minha participação, deixo os links abaixo indicados, onde poderão ouvir dois poemas que escrevi em 1996, na voz do criador do site HORIZONTES DA POESIA:

O TEMPO PASSA POR MIM


APENAS UM GESTO


E não quero terminar sem manifestar o meu agradecimento ao SobralSénior e a quem tão empenhadamente se disponibilizou a acompanhar-me nesta caminhada: os Professores José Auzendo e Afonso Faria. A todos o meu OBRIGADA.

Lourdes Henriques

6 comentários:

  1. Querida Milú
    É com alegria que tenho vindo a acompanhar este roteiro "encantado"!Graças a Deus que nos tem vindo a mostrar a vossa obra...uma poesia intensa, cheia de verdade e amor! Obrigada pela partilha,o mundo precisa saber! Ainda bém que temos trabalhos em youtoub feitos pelo Professor Afonso,lindos! Parabéns também ao Professor!
    Um grande abraço com amizade
    Luisa

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  2. Minha amiga Lourdes continua a surpreender-me... Que vida tão preenchida e que artista! É a música,é a poesia, é a escrita,é ser mãe e ser esposa. Com tantos amores é caso para perguntar de qual gosta mais? Não precisará de responder, porque eu sei...
    Tudo de bom e um grande abraço de carinho e amizade.
    Maria Alexandrina

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  3. Registo o agradecimento da Lourdes Henriques, mas a minha participação neste processo resume-se em poucas linhas: a)tomei conhecimento dos "dossiers" dela e incentivei-a a tornar pública a sua existência; b) no comentário ao primeiro texto, transcrevi uns versos dela e desafiei-a a fazer o mesmo nos textos seguintes, o que aconteceu.

    E agora que ela nos diz que terminou esta sua participação, vou repetir-lhe o que ela "disse" um dia de Julho de 1996:

    Verás que tudo na vida
    nasce e morre, é mesmo assim.
    E se um amor hoje morrer
    dará lugar a um outro
    mais belo e forte, por fim.

    José Auzendo

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  4. É um prazer ler e saber o seu percurso.
    Continue e obrigada
    Adelaide

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  5. Conheço alguns dos seus belos poemas de que gosto muito
    Também gostei de conhecer, através da simplicidade e vivacidade da sua escrita, um pouquinho mais da sua vida.
    Obrigada pela partilha, amiga
    Um beijinho grande
    Landa

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  6. Ainda trago na cabeça alguns desses versos que foram "aproveitados" como banda sonora das longas viagens que faziamos para o Sobral de Monte Agraço nas férias :-)
    Bjs Filha Rabina

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