Pus-me
um dia a percorrer as ruas do Sobral
Para
vos dar a conhecer seu encanto sem igual
Reinicio
a minha caminhada pela vila de Sobral de Monte Agraço e suas ruas, e
recomeço onde tinha acabado, na parte mais a sul da vila, no Campo
da Feira, e entro na Rua António Braamcamp Sobral, que foi o 6º.
Conde de Sobral, de 1942 a 1987, descendente directo de Joaquim
Ignácio da Cruz Sobral,
de quem falarei mais tarde.
Subo
a Rua do Freixo, que já se chamou Largo do Freixo, julgo por ter
tido uma árvore de grande porte com esse nome. Segue-se a Rua
das Minas, onde se situavam as
minas
de água que abasteciam a vila, que ainda hoje são visíveis,
e
fico dentro da Avenida 1º de Maio, a lembrar-nos o dia do
Trabalhador.
Se não tivesse “havido” o dia 25 de Abril de 1974, chamar-se- ia
Avenida Salazar, que era o nome que tinham planeado dar-lhe. No fim
desta avenida, acaba a vila no seu lado Este. Não a percorro toda,
corto na Rua Egídio Ribeiro, um homem da Terra…um amigo, falecido
precocemente em 20 de Janeiro de 2000: foi cerca de 20 anos
Presidente da Assembleia Municipal de Sobral de Monte Agraço, depois
do “25 de Abril”. Há ainda uma rua que corta esta à direita, a
Rua da Paz, onde com toda a certeza os vizinhos nunca estão em
conflito.
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Foral |
Continuo
em direcção às Bandorreiras e paro na Rua
do Foral: quem acompanha a história da vila sabe que o Foral foi
doado por D.
Manuel I em 20 de Dezembro 1518;
pensava-se que o foral era datado 20 de Outubro de 1519, mas o
próprio original foi encontrado no Arquivo da Casa Sobral, no ano de
1999, e assim se soube a data certa. Já
agora uma curiosidade: a Adega Cooperativa do Sobral lançou um dos
seus melhores vinhos com o rótulo “1519”, por então se pensar
que era este o ano do Foral…
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Maria Micaela Soares |
Desço
para a Rua Drª. Maria Micaela Soares, uma historiadora e
investigadora lisboeta, que recebeu do Governo Português, em Maio de
2010, a Medalha de Mérito Cultural. Escreveu e investigou tudo o que
se sabe sobre o Foral, e publicou outros livros sobre a origem, a
história e as gentes da nossa Terra, que estão patentes na
Biblioteca Municipal: é sem dúvida alguém que merece ter o seu
nome numa rua do Sobral.
E
assim cheguei à Urbanização das Bandorreiras.
Bandorreiras
era, na minha juventude, uma encosta de vinhedos, engalanada no seu
topo por moinhos de vento. Sobral era, nessa época, uma pequena vila
rural, o que lhe dava muito encanto. Hoje as Bandorreiras é uma
urbanização e um lugar para actividades desportivas, com destaque
para o complexo das Piscinas Municipais, com Ginásio e Campo de
Ténis…E o Parque Verde das Bandorreiras, onde se pode fazer
desporto e assistir aos mais variados espectáculos , no seu
anfiteatro.
Dos
moinhos de antigamente ainda existe um em funcionamento, que em boa
hora foi recuperado pela Câmara Municipal, e que deu origem ao nome
da Rua que vai da Praceta Luís de Camões até ao Moinho, a Rua do
Moinho.
Na
encosta do moinho observo tudo à minha volta e vem-me à memória o
tempo em que subíamos por caminhos pedregosos até aos moinhos, e
nas suas veredas floresciam os chucha-melros, que deixavam no ar um
cheiro adocicado; e quando, na quinta- feira da espiga, as
raparigas da vila subiam aos Altos de Fetais para apanhar as espigas
dos trigais adjacentes às Bandorreiras e os malmequeres que
abundavam pelo campo. Em junho brotavam as alcachofras e as giestas,
para festejarmos os Santos Populares. Para os menos versados,
chucha-melros são as madressilvas ou cardos…
Vista da Serra do Socorro |
O
tempo urge e, como o dia esteve limpo, com um sol radioso, daqui me
extasio a observar o crepúsculo; ao longe a Serra do Socorro serve
de apoio a uma faixa rosada, aproxima-se a noite o sol está a
deixar-nos para descansarmos e sonharmos.
Há
muito para contar, mas agora regresso a casa, contem comigo que
voltarei…
Maria Alexandrina
Amiga Maria Alexandrina,
ResponderEliminarSe já é um prazer viajar pela bonita vila do Sobral, assim, pela sua mão, digamos que o prazer é redobrado, ao irmos captando o que sabiamente nos ensina.
Viajei consigo por essas ruas, por esses cantinhos, e concentrei-me muito na Urbanização das Bandorreiras, onde tenho a minha casa, precisamente na rua Dr. João Amaral.
Abstraindo até dos aspectos históricos, da ligação dos nomes das pessoas às ruas, digo-lhe que é um encanto ver a vila dali, a meus pés, das janelas dos meus quartos no 1º andar da casa.
Logo mais anaixo, tenho as piscinas e o parque urbano das Bandorreiras. E "espalhando o nosso olhar pela distância" como refiro na Ode, é um espectáculo ver os moinhos numa dança, como que a aliviarem os sobralenses das suas penas do dia a dia, ou a convidá-los para também entrarem na festa.
Volte de novo.
Beijo
Joaquim Sustelo
Minha Amiga Alexandrina
ResponderEliminarEsta sua descrição pormenorizada da "nossa" vila é na verdade um verdadeiro documento para a posteridade.
Parabéns amiga pela sua paciência, capacidade e coragem para conseguir fazer um trabalho tão meritório.
Um grande abraço e beijinho da
Lourdes Henriques,
Minha querida colega Alexandrina
ResponderEliminarA discrição que fez sobre a “nossa Vila” é para continuar vai haver uma terceira parte? Eu estou muito triste porque a minha rua não foi mencionada no seu texto. Será que se esqueceu? A rua Dr. Correia Guedes é para mim uma das vias mais importantes do Sobral.
Fico à espera da sua resposta. Veja se descobre quem foi o Dr. Correia Guedes e que ligação histórica teve ele com o Sobral .
Um beijinho Mariana
Já no primeiro capítulo deste "Roteiro" aludi à importância e interesse deste trabalho da Alexandrina. Concordo inteiramente que é um "documento para a posteridade"; mas acho que ele tem enorme relevância já na actualidade, pelas pistas que nos deixa sobre a história da Vila...pela informação que nos dá sobre a toponímia da Terra.
ResponderEliminarSó podemos esperar por mais.
Auzendo
Minha querida amiga Mariana se tiver paciência para me ler vai saber muito mais... e até quem foi Dr. Correia Guedes.
ResponderEliminarEste trabalho deu-me muito prazer em fazer e por isso os vossos comentários são como que um prémio e um incentivo, obrigada a todos meus amigos.
Aproveito para fazer uns agradecimentos que são prioritários fazer:
À Drª. Sandra Oliveira do Centro Histórico de Interpretação das Linhas de Torres,que me ajudou com amabilidade e simpatia, na pesquisa em lugares onde eu não tinha acesso; ao meu amigo Dr. Eduardo João, um conhecedor da toponímia da vila e que me esclareceu sobre a origem de alguns nomes de ruas em que eu tinha dúvidas; Ao paciente professor e amigo Sr. Auzendo, que tanto me tem ajudado na elaboração dos textos; Ao Sr. Afonso Faria, pelo que tem feito pelos meus textos, melhorando-os com imagens.Para todos um abraço de reconhecimento.
Maria Alexandrina
Muito obrigada por este segundo apontamento!
ResponderEliminarD. Maria Alexandrina estou consigo nesta viagem.
Bem hajam
Hortense Bogalho
tambem estou curiosa em saber,qual a ligação do Dr.Correia Guedes ao Sobral.Conheci familiares que tinham casa na Feliteira,e vinham muitas vezes á nossa Vila.Actualmente ainda vem familiares.
ResponderEliminarLisete.