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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Os sexalescentes



“Ano novo, vida nova” é expressão que costumamos usar neste período de mudança de calendário. Mas como este ano novo a vida vai ser pior que a do ano velho, propus-me adaptar a expressão para “ano novo, palavra nova” e trazê-la até aqui. Já conhecia, leitor, a palavra “sexalescentes”? Se conhecia, este texto não é bem para si; mas, se ler, creio que vai encontrar novidades. Para os que não conheciam …

Não, sexalescentes não é isso que pode estar a pensar… Sexalescentes forma-se com as primeiras letras de sexagenários e com as últimas letras de adolescentes (sexa + lescentes). Ou seja, serão aqueles “velhos”, sexagenários, que conseguiram retardar o processo de envelhecimento, mantendo-se activos, frequentando universidades da terceira idade, participando em actividades sociais as mais diversas, fazendo caminhadas, integrando grupos de teatro, de dança e de ginástica, ou dedicando-se a hobbies que lhes mantêm a mente desperta e activa.

Terá sido uma palavra, um conceito, que surgiu no Brasil, e que agora começa a encher a net, a blogosfera e outras redes sociais, tanto em Espanha como em Portugal. Pelo que se pode ler, é uma expressão muito impulsionada pelo papel das mulheres neste processo de modificação do estilo de vida: a mulher já não é o ser que fica em casa a limpar e a cozinhar, “que só sabe obedecer”, mas que sai, vive na comunidade, veste-se com aprumo, com vontade de agradar. No vestir, no não se encafuarem em casa, na participação em actividades lectivas ou sociais, são sexagenários, elas com eles, com laivos de adolescentes…Até, como estes, vão à escola. Esta é a base da ideia.

Como há sempre quem exagere, ou pinte de amarelo um sorriso que podia ser radioso, já se tenta ter, ou dar, uma ideia diferente do conceito inicial, havendo quem fale em sexygenários ou sexylescentes…E porque não?

Claro que toda esta evolução está ligada às condições de vida que a sociedade proporciona: só recentemente, as gerações mais idosas puderam, depois de anos de trabalho, começar a usufruir de reformas e pensões que lhes permitem encarar a velhice com alguma tranquilidade. Será que vai durar esta situação? Numa altura em que a vida activa se prolonga e a idade da reforma começa a ser atirada para os 67 e mais anos, é de esperar que a tradicional noção de sexagenário – e por arrasto a de sexalescente – comece a deixar de fazer sentido.

Ora … “eles” já se anteciparam: se procurar na net, já encontra quem reivindique a noção de “septualescente”, por contraponto a septuagenário. E só estão “atrasados”, porque aqui, entre nós, no Sobral, já encontramos alguns – mais mulheres, cá está – octolescentes, ou seja octogenários com vida e atitude de adolescentes … adultos, frequentando aulas, participando em grupos corais e teatrais, etc. E também estes octolescentes já estão sendo abordados na blogosfera. Estudos de mercado realizados no Brasil mostram que programas de televisão com octogenários têm impacto acrescido entre o público em geral.

Afinal, não trouxe só uma palavra nova: trouxe para já quatro ou cinco – sexalescentes, septualescentes, octolescentes, sexygenários, sexylescentes. Já em Novembro/12 tinha trazido, no Destaque 6, pela “mão” da Doutora Filomena Sousa, uma palavra nova, “adultez”, que ela estudou e descreveu em “Sociologia da Adultez”. Quem sabe se não se justifica, agora, o estudo da sociologia da (mais palavras novas) sexalescência, ou mesmo da septualescência.

Por agora, pode aprofundar na net o que se diz sobre estes temas. Para facilitar, deixo-lhe estes quatro links:


Mas há muitos mais. No fim de contas, é o retomar da ideia de envelhecimento activo de que falávamos no ano que acabou…
José Auzendo

14 comentários:

  1. Escelente Poblicação Parabéns S. Profesor Alzende continue é muito bom termos alguem que nos dê força....

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  2. Professor Auzendo e todos os outros amigos: quem está aqui a comentar está a escassos dias de passar de sexalescente para septualescente. Confesso que nunca tinha ouvido tal. Isto para dizer que até agora a palavra “velha” nunca esteve no dicionário da minha imaginação. O mudar de década está a fazer-me sentir nostálgica, e até um pouco deprimida, sinto que estou a passar a “velha”.
    A minha avó, que com esta idade era uma “velhinha”, que se vestia toda de preto e usava sempre lenço na cabeça, de verão e de inverno, o que muito me afligia, que pensaria ela ao ver a neta com 70 anos a vestir cores garridas e de cabeça descoberta?
    É bom chegarmos a esta idade com saúde física e mental e, muito embora se trabalhe para isso, quer seja estudando ou fazendo exercício físico, ou de outras formas, os anos estão cá, poderemos dar um empurrãozito, para atrasar o processo normal, mas que eles estão cá …estão e como não posso desfazê-los este Janeiro faço 70 anos.
    Obrigada professor pela boa vontade que tem tido, nas mais variadas frentes, para ajudar os idosos a ocuparem os tempos livres.
    Maria Alexandrina

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  3. Obrigada Professor Auzendo pelo seu texto.
    Não conhecia estes novos termos mas é sempre bom ir acompanhando a evolução. Lá diz o ditado: "aprender até morrer", o que se aplica muito bem neste caso.
    Além disso é um incentivo para as pessoas que se aposentam e ficam sem saber o que fazer da vida. É bom que saibam que, após a reforma, há uma outra vida nova, noutro ritmo, mas ainda assim é uma vida nova e há que aproveitá-la.
    Um abraço
    Lourdes.

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  4. Quero agradecer tudo o que me dão a aprender. Que o ano de 2013 não vos tire a vontade de nos continuar a dar força obrigada ao Sr. Auzendo e ao Sr. Faria pela dedicação
    Adelaide

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  5. A palavra velha não existe no meu vocabulário, todas as idades são bonitas é preciso saber viver. Eu estou mesmo à beirinha dos meus oitenta e estou muito feliz por isso.O meus professores Faria e Auzendo têm uma cota parte nesta minha felicidade, aos dois eu deixo aqui o meu muito obrigada
    Alice

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  6. Ao contrário do que alguns comentários acima podiam deixar perceber, se não me faltam três dias para ser septuagenário, a verdade é que só me faltam três setembros para lá chegar. Está quase. O que quer dizer que estou em igualdade de circunstâncias com todos os que escreveram. Preciso, pois, de receber mais do que aquilo que posso dar. E é isso que tem acontecido... não duvidem.

    Já tenho escrito, e agora repito, que é reconfortante ler estes incentivos a que continuemos. Pela parte que me toca, é mesmo importante saber como é recebido pelos outros algo que escreva, se é visto como útil no dia-a-dia que todos enfrentamos, se aquilo que escrevo suscita prazer pelo conhecimento, vontade de agir, de comunicar.

    Continuemos, pois, até sermos velhos ...

    José Auzendo

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  7. Muito obrigada Professor Auzendo por ter partilhado, com os leitores deste blog um texto tão interessante. Sexalescente são aqueles jovens como eu, que já com mais de 60 anos rejeitam a palavra "sexagenária".
    Quando eu era miúda, havia na minha aldeia um senhor com mais de 80 anos, que dizia “eu não sou velho eu só não tenho é força nas pernas”, já naquela época este senhor afastava a ideia de ser velho.
    Eu tenho quase 70 anos, sou uma mulher madura mas recuso-me a ser velha, quero viver a vida, adoro passear ver lugares diferentes, gosto de escrever e de ler bons livros. Amo a minha profissão, sinto-me feliz quando as minhas clientes gostam daquilo que faço. Concluindo gosto de viver e apesar dos anos que tenho nunca serei velha."Lá diz o ditado velhos são os trapos"
    Mariana

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    1. Bravo, Mariana! Assim é que é falar. Não me disse novidade nenhuma sobre si, não escreveu nada que eu não soubesse já, mas faz vibrar a forma vibrante e afirmativa, segura e confiante, como o escreveu.

      E não posso deixar de aproveitar a ocasião para lhe dizer: apareça mais aqui entre nós,"neste cantinho" como já lhe chamaram. Partilhe mais connosco esse seu gosto de escrever, que também já conheçia...

      José Auzendo

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  8. Seja verdade. E George Sand, autor da frase citada, que viveu no sec. XIX, escreveu também: "É errado pensar que a velhice é um declive por onde vamos caindo: muito pelo contrário, subimos, e a passos largos, surpreendentes (...)". Lindo é; pena é que nem sempre seja (possa ser) assim.

    José Auzendo

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  9. E se lhes disser que a minha neta de oito anos me disse.
    Avó não há velhos nem novos , há pessoas com mais anos e pessoas com menos anos.Tu não es velha nem eu sou nova Tu tens mais anos eu tenho menos.Quando eu tiver sessenta e cinco anos vou lembrar de ti assim como tu es agora e eu vou ser igual a ti Como as crianças tambem nos ensinam coisas lindas
    suzete

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    1. Minha Amiga Suzete
      Lá diz o ditado: "Aprender até morrer"!
      E nós, ao contrário do que muita gente pensa, temos muito que aprender com as crianças. Nós temos a missão de os ajudar a crescer mas eles, em troca, dão-nos muitas lições de vida, por incrível que pareça.
      Parabéns pela neta inteligente que tem.
      Beijinhos da
      Milú.

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  10. Excelente artigo. Que ajude a mudar algumas mentalidades perante a ideia do que é ser velho. A mim deu-me que pensar. Obrigado Sobral Senior.

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  11. Excelente este seu texto! É isso mesmo, os sexagenários, septuagenários ( e isto ainda mais no feminino) de hoje, não se limitam a ficar em casa a olhar para as paredes rsrsrs. Eles e elas arranjam sempre um clube que frequentam, uma escola onde se juntam e estudam, e até por exemplo um Grupo de Poesia ou de Prosa como este, onde colocam poemas ou outros textos, que muitas vezes estavam nas gavetas à espera de oportunidade.

    Este grupo etário já mudou.

    Obrigado por esta reflexão, consubstanciada neste magnífico texto.

    Um abraço
    Joaquim Sustelo

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  12. Agora que consigo voltar a comentar quero agradecer a todos os sexalescentes e por aí fora que fazem deste um dos meus blogues favoritos!
    Eu que ainda sou um 'bebé' sinto-me agradecida por existirem 'jovens' de espírito como os senhores que nos enchem com a vossa partilha de conhecimento! "Todas as idades têm os seus frutos, mas é preciso sabê-los colher"

    Um bem haja e saúde para todos
    Hortense Bogalho


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