Também
em 2012, tendo tido conhecimento de que a Chiado Editora queria
lançar uma Antologia de Poesia Contemporânea e andava à procura de
autores que quisessem participar, candidatei-me a entrar e fui aceite
como participante da mesma. ENTRE O SONO E O SONHO, da Chiado
Editora, é pois uma Antologia que contempla a participação de
cerca de 280 autores, apresentada num volume de 480 páginas. Entre
outros autores destaco Joaquim Sustelo, e entre muitos mais:
Carlos
Macedo – fadista, guitarrista, compositor e intérprete;
Maria
de Lurdes Brás – fadista autora e intérprete;
Maria
Melo, Adelina Velho da Palma, Ana Bárbara Santo António.
E
numa outra faceta da minha personalidade também escrevo poemas
satirizando situações ridículas e caricatas, situações que nunca
pensaria que pudessem existir. Daí ter um pequeno álbum a que
chamei CRÍTICAS E IRONIAS, dedicado a uma firma onde trabalhei
durante quarenta anos. O desentendimento entre dois irmãos de
sangue, portanto verdadeiros, filhos do mesmo casal e herdeiros de
uma fortuna fabulosa de que fazia parte a firma, após a morte do
pai, o fundador da mesma, arrolando tudo em tribunal e durante vários
anos (longos demais) envolvendo-se numa luta feroz e desumana à qual
nem o pessoal foi poupado, teve em mim um efeito desconhecido até
àquela data. Enquanto os meus colegas de trabalho andavam
apreensivos e chorosos com medo de perder o emprego, em mim provocou
uma reacção para escrever compulsivamente, compondo letras por tudo
e por nada, que se adaptavam a músicas conhecidas, conseguindo
muitas vezes pôr os colegas a cantá-las, no intervalo do almoço e
por vezes enquanto não chegava o patrão (que frequentemente não
sabíamos quem era), desviando-os assim da sua apreensão, acabando
sempre todos numa grande risota. Recordo a seguir parte de uma letra
que adaptei à música do filme Aldeia da Roupa Branca, com Beatriz
Costa, a que chamei
ALDEIA DA ROUPA SUJA:
ALDEIA DA ROUPA SUJA:
Maninha
não te queixes,
Ai
o mano não mata,
Não
quer é que tu deixes
Ir
tudo p’rá sucata.
O
escritório ele arrolou
Muito
bem arroladinho,
E
o juiz ele comprou
P’ra
lhe fazer o jeitinho.
Refrão
Secretárias
e papel,
Material,
tudo com controle,
As
carteiras com os cheques,
Mais
as máquinas,
Tudo
foi no rol.
As
cadeiras também contam,
Os
ficheiros, porque não?
Toda
a massa que há no cofre,
Conta
a prazo, isso, é que não.
………………………………
………………………………
11/11/1986
Apesar
de ter sido uma época muito perigosa da minha vida profissional,
talvez seja mesmo essa a fase que mais saudades me deixou.
Nunca
tive medo que a firma acabasse tal como nunca acabou e ainda persiste
depois de tantos anos, apesar dos altos e baixos.
Mas
para finalizar, falta acrescentar que recontei num pequeno livrinho
as duas histórias mais bonitas que me lembro do meu pai me contar em
criança. Foi uma Homenagem Póstuma a meu pai, a pedido da minha
filha mais nova, que me pedia muitas vezes, quando era pequena, para
lhas contar também a ela e adormecia ao meu colo a ouvi-las.
Pediu-me para recontá-las à minha maneira, pois são antigas e
julgo que os seus livros já não existem. Recontei-as assim ao meu
modo e dei o nome ao álbum de HISTÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA.
Escrevo
apenas porque gosto. Vivo a vida com muita intensidade e a poesia
brota quando algo me perturba ou transtorna demasiado. É geralmente
nessas ocasiões que consigo escrever com mais profundidade. Sai
naturalmente. Não escrevo quando quero ou me apetece. É algo que
acontece espontaneamente quando me sinto injustiçada, revoltada
comigo mesma ou com o mundo, ou por vezes eufórica, debaixo de uma
grande alegria ou tensão nervosa.
Espero
que não me falte a lucidez para poder continuar a escrever, pois é
uma das coisas que mais prazer me dá. Pode ser algo “pobre demais”
mas ainda assim é escrito com o coração, sem hipocrisia.
É
o meu testemunho pelo gosto de viver, que quero deixar aos meus
Descendentes e a Alguns Amigos Especiais.
E
para terminar esta minha participação, deixo os links abaixo
indicados, onde poderão ouvir dois poemas que escrevi em 1996, na
voz do criador do site HORIZONTES DA POESIA:
O
TEMPO PASSA POR MIM
APENAS
UM GESTO
E
não quero terminar sem manifestar o meu agradecimento ao
SobralSénior e a quem tão empenhadamente se disponibilizou a
acompanhar-me nesta caminhada: os Professores José Auzendo e Afonso
Faria. A todos o meu OBRIGADA.
Lourdes
Henriques
Querida Milú
ResponderEliminarÉ com alegria que tenho vindo a acompanhar este roteiro "encantado"!Graças a Deus que nos tem vindo a mostrar a vossa obra...uma poesia intensa, cheia de verdade e amor! Obrigada pela partilha,o mundo precisa saber! Ainda bém que temos trabalhos em youtoub feitos pelo Professor Afonso,lindos! Parabéns também ao Professor!
Um grande abraço com amizade
Luisa
Minha amiga Lourdes continua a surpreender-me... Que vida tão preenchida e que artista! É a música,é a poesia, é a escrita,é ser mãe e ser esposa. Com tantos amores é caso para perguntar de qual gosta mais? Não precisará de responder, porque eu sei...
ResponderEliminarTudo de bom e um grande abraço de carinho e amizade.
Maria Alexandrina
Registo o agradecimento da Lourdes Henriques, mas a minha participação neste processo resume-se em poucas linhas: a)tomei conhecimento dos "dossiers" dela e incentivei-a a tornar pública a sua existência; b) no comentário ao primeiro texto, transcrevi uns versos dela e desafiei-a a fazer o mesmo nos textos seguintes, o que aconteceu.
ResponderEliminarE agora que ela nos diz que terminou esta sua participação, vou repetir-lhe o que ela "disse" um dia de Julho de 1996:
Verás que tudo na vida
nasce e morre, é mesmo assim.
E se um amor hoje morrer
dará lugar a um outro
mais belo e forte, por fim.
José Auzendo
É um prazer ler e saber o seu percurso.
ResponderEliminarContinue e obrigada
Adelaide
Conheço alguns dos seus belos poemas de que gosto muito
ResponderEliminarTambém gostei de conhecer, através da simplicidade e vivacidade da sua escrita, um pouquinho mais da sua vida.
Obrigada pela partilha, amiga
Um beijinho grande
Landa
Ainda trago na cabeça alguns desses versos que foram "aproveitados" como banda sonora das longas viagens que faziamos para o Sobral de Monte Agraço nas férias :-)
ResponderEliminarBjs Filha Rabina