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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ano Europeu dos Cidadãos


2012 foi proclamado pela União Europeia Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações. Falámos disso aqui no blogue, soubemos que alguma coisa nesse sentido se foi fazendo um pouco por todo o País, acho que principalmente colóquios, conferências, um ou outro encontro de pessoas de várias gerações. De concreto, de duradoiro, que eu saiba, nada ficou que pudesse dar continuidade, e aprofundar, estas duas ideias fundamentais que são o “envelhecimento activo” e a “solidariedade entre gerações”. No Sobral algo se terá feito, mas pouco se viu, e também nada “ficou” que perdure.

Agora, a mesma União Europeia proclamou 2013Ano Europeu dos Cidadãos. Pretexto para esta iniciativa é a celebração do 20º aniversário do célebre (e mal fadado?) Tratado de Maastricht, assinado em 1 de Novembro de 1993, que, entre muitas outras coisas, criou aquilo a que hoje chamamos União Europeia (antes era a Comunidade Europeia), instituindo a livre circulação de pessoas e aquilo a que pomposamente se chama cidadania europeia, a “cidadania da União”.

Como é costume e aconteceu em 2012,será organizada em toda a EU uma série de eventos, conferências e seminários, a nível nacional, regional e local. vários links em que se podem obter mais informações sobre este tema: http://ec.europa.eu/portugal/blogue_europa/index_pt.htm e http://europa.eu/citizens-2013.
O envelhecimento activo, celebrado no ano passado, foi um tema que interessou, e interessa, directamente à generalidade dos leitores deste BlogueSénior. O tema deste ano não nos interessará tanto, por razões óbvias. Aliás, para os portugueses em geral este ano europeu dos cidadãos vem um pouco tardee algo reduzido na sua amplitude. É que, especialmente desde 2011 e com maior ênfase no último ano, os portugueses, especialmente os mais jovens e mesmo muitos chefes de família, começaram a ser obrigados a ir para outros países em busca do emprego que no País não encontram. Estão pois, muito, a usufruir dodireito a residirna União Europeia. E não nos países que a integram: também na Suíça, na Noruega, no Brasil, na Austrália, na África do Sul, até em Angola ou Cabo Verde

E não se vislumbra o fim desta sangria, no mais pungente sentido da palavra. Vai aumentar este ano e continuar a aumentar nos seguintes. Aquilo a que se tem chamado crise é, como lhe chamou José Gil, umacrise sustentável; isto é, umacrisepara durar, com o desemprego a aumentar cada vez mais nos próximos anos, e os apoios sociais a desaparecerem. Daí que me pareça que, mais do que um Ano Europeu dos Cidadãos, precisássemos de umaPolítica Europeia para os cidadãos”… Uma política que, por exemplo, impedisse esta situação escandalosa: o Banco Central Europeu (BCE) empresta milhões aos bancos (portugueses, suecos ou alemães) a 0,75% ao ano; mas o mesmo BCE empresta uns trocos bem contados ao Estado português (aos contribuintes portugueses) a 5% ao ano
E nós, sobralenses seniores, que temos que ver com isto? Nada. Temos os nossos filhos ou os nossos netos no desemprego ou quase, ou emigrados ou com perspectivas de o seremIsto para não falar no rombo (leia commou comu, como preferir) das reformasAno Europeu dos Cidadãos?


José Auzendo



4 comentários:

  1. Olá Prof. Auzendo
    Tem razão em tudo o que diz. Afinal o Ano Europeu dos Cidadãos são todos os anos, pois os cidadãos têm sempre que viver e precisam sempre de apoio. Dão estes nomes muito pomposos não sei porquê. Afinal os cidadãos muitas das vezes são tratados como se de animais se tratasse ... e mesmo esses têm direito a ser tratados com um mínimo de dignidade.
    Seria muito melhor que se preocupassem mais com os direitos (saúde, infância, escolaridade, reformas e tantos outros) dos "cidadãos" e menos com os eventos que lhes dão tanta pompa ...
    Um abraço da
    Lourdes.

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  2. Professor Auzendo, não sei muito bem o que escrever sobre este Ano Europeu dos Cidadãos. Só sei é que na União Europeia “são todos iguais”, só que uns são mais iguais do que outros. Este pobre País à beira mar plantado não passa disso, de um pobre país de pobres cidadãos, parente pobre de alguns parentes ricos, que o exploram com juros elevados, enchendo os bolsos deles, parentes ricos. E ele, esse nosso país, a ficar cada vez mais parente pobre.
    Para quê comemorarmos o “Ano Europeu dos Cidadãos”, quando os jovens portugueses, para sobreviverem, têm que avançar “por mares nunca dantes navegados” do mercado de trabalho e emigrar. Qual a ajuda da União Europeia? O cidadão português é, cada vez mais, um cidadão do Mundo, não por honra ou distinção, mas para vender o seu trabalho, cada vez mais especializado.
    Se querem comemorar alguma coisa comemorem o desemprego, o aumento de impostos e a redução de ordenados e reformas. Estas são uma realidade mais nossa e digna de ser discutida em seminários e colóquios…
    Maria Alexandrina

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  3. Mais uma chamada de atenção muito pertinente neste texto.

    De vez em quando institui-se o ano disto, o ano daquilo, fazem-se uns colóquios, manda-se umas "bocas", depois a coisa fica por isso.

    Agora 2013 é o Ano Europeu dos Cidadãos. E se os objectivos são os citados (aumentar a sensibilização dos cidadãos para residir livremente na UE, esclarecê-los sobre políticas de que podem beneficiar por direito, estimulá-los a partticipar no processo de elaboração dessas políticas, etc etc), direi que são muito bons, mas concordo que tudo isso já deveria ter começado mais cedo. Portugal neste momento já tem milhões de portugueses a viver pela Europa fora, pois infelizmente e muito por políticas erradas, tem aumentado assustadoramente a nossa emigração.

    Também concordo consigo de que precisávamos bem mais de uma política europeia para os cidadãos. E os exemplos citados acerca dos juros que pagam Bancos e que pagam contribuintes, mostram o escândalo que por aí anda.

    Bem haja por mais este brilhante texto!

    Um abraço
    Joaquim Sustelo

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  4. Eu dava-me por muito contente que as nossas camadas jovens aprendessem o verdadeiro significado da palavra cidadão; que as camadas menos jovens se lembrassem e pensassem na aplicação do termo. E que todos juntos a puséssemos em prática.
    Faz falta mais humanidade, compreensão, diálogo, bondade e respeito.
    Seja qual for o ano, qualquer que seja a época, com ou sem crise

    Bem hajam
    Hortense Bogalho

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