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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Terceira idade, Educação e Qualidade de Vida

Nos dias 18 a 20 de Abril realiza-se, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o III Congresso Mundial do Envelhecimento Activo, organizado pela RUTIS - Rede de Universidades da Terceira Idade
     Celebra-se em  2012 o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações. Por isso, mas não só por isso, vou publicar neste espaço, regularmente, espero que semanalmente, um artigo sobre a problemática do envelhecimento. Não serão, no essencial, textos da minha autoria, mas antes transcrições, resumos e adaptações de artigos de outras publicações, que serão claramente identificadas. 
     Seguirei também o “Manual de Envelhecimento Activo”, da Lidel- Edições Técnicas, Ldª. (que referirei como MEA-Lidel). Não mencionarei, em princípio, nem os nomes dos autores dos artigos, nem a bibliografia citada ou utilizada. Sempre que tenha encontrado as minhas “fontes” na net, escrevê-lo-ei com as palavras “ver net”. Convido o leitor a seguir-me nesta busca e divulgação de temas ligados ao envelhecimento: o Blogue é nosso, logo seu. Escreva para sobral.senior@gmail.com, ou faça um “comentário” no próprio Blogue.
     Associadas ao envelhecimento são frequentemente usadas duas palavras que podem aparecer nos textos. São elas: a) gerontologia, que é o nome que se dá à ciência que estuda os problemas próprios do envelhecimento em si, dos pontos de vista social, económico, fisiológico…; b) geriatria, que é a área da medicina que estuda e trata as consequências do envelhecimento biológico das células…
 José Auzendo


Durante muito tempo, a educação foi centralizada nos jovens, já que a velhice era vista como uma etapa do ciclo vital pouco activa e de decadência, onde não havia espaço para o desenvolvimento. Contudo, vários estudos têm ajudado a contradizer estes estereótipos, defendendo que o idoso que envelhece de uma forma óptima é o que permanece activo, e que a Educação pode fazer parte da vida do idoso, permitindo-lhe manter-se activo, compensando os papéis sociais que, com a idade, foram ficando para trás, e influenciando positivamente a sua qualidade de vida.
Percebeu-se que o facto de os idosos não estarem empenhados em nenhuma tarefa ou actividade, ao estarem esquecidos na sociedade, faz (aquele facto) com que muitos deles se sintam inúteis. Começaram, assim, a ser delineadas estratégias de intervenção para que não se exclua socialmente estes indivíduos, apenas porque não exercem mais uma profissão ou porque estão velhos, na certeza de que a pessoa sénior pode assumir novos papéis e padrões de conduta.
 A velhice é um período da vida em que o indivíduo reflecte sobre a sua vida, analisando as suas experiências. E se é certo que o potencial biológico tem tendência a diminuir com a idade, é fundamental que cada pessoa crie estratégias para fazer face a essa diminuição, e invista em recursos que permitam regular aquelas perdas, assegurando que a eficácia na adaptação às novas condições permaneça elevada, potenciando as suas capacidades e diminuindo as perdas associadas ao processo de envelhecimento, ou seja, mantendo um processo de envelhecimento activo.
 A Educação pode contribuir, de facto, para uma maior integração e para um melhor desenvolvimento inter-pessoal, conduzindo a novas aprendizagens, incorporando novos conhecimentos e novos suportes tecnológicos e, ultrapassando os baixos níveis de ensino característicos desta população, promover o desenvolvimento de modos de vida sã e melhor integração na sociedade.

 Por outro lado, estudos efectuados têm mostrado que o isolamento é um factor de risco para a saúde e que a integração em planos ocupacionais tem só por si efeitos positivos na saúde. A manutenção em actividade é um factor fundamental tanto para que a pessoa idosa mantenha uma percepção positiva sobre si, como também para que continue a construir objectivos pessoais. De facto, a capacidade de permanecer activo é uma das condições fundamentais para vivermos com êxito o envelhecimento.

 A capacidade de desenvolver soluções para problemas diários, para elaborar uma opinião, para ter uma posição crítica e criativa, para gerir os seus recursos e para se adaptar ao desenvolvimento, influencia a auto-estima, o auto-controlo, a eficácia e o sentido de autonomia da pessoa idosa, sendo estes os objectivos últimos da Educação e valores fundamentais da sociedade em que nos inserimos.

3 comentários:

  1. Boa tarde Prof. Auzendo
    Acho este assunto muito interessante e mesmo adequado ao grupo a que pertencemos: Clube Sénior.
    De facto os idosos, a quem muitas vezes de um modo depreciativo apelidam de "velhos", até há algum tempo atrás estavam votados ao esquecimento e muitas vezes até ao abandono por entrarem num ciclo vital caduco onde já não havia espaço para o seu desenvolvimento, tal como atrás refere.
    De há uns anos a esta data, em boa hora foram começando a aparecer instituições interessadas em apostar na continuidade do acompanhamento e desenvolvimento das pessoas, após várias décadas do seu ciclo de vida activa.
    A sociedade marginaliza as pessoas quando já pouco têm para dar, quando já contribuiram para o seu crescimento e evolução, e depois, atira-as sem dó nem piedade para casa, sabe Deus em que condições, muitas das vezes!
    E eis que de há uns anos a esta parte, não sei bem quantos, começaram a surgir instituições que têm como fim ajudar a continuar a viver activamente aqueles que já "não prestam", sem terem que ficar forçosamente em casa à espera que chegue o fim ...
    E em boa hora foram surgindo as Universidades Séniores, Clubes Séniores, Oficinas e Associações Séniores, e tantos outros nomes atribuídos a essas instituições, por este país fora.
    Quantos talentos encobertos e reprimidos durante uma vida inteira e ao serem estimulados despertaram e alguns até parece que renasceram.
    Sei de casos em que a pintura, uma das áreas mais atrativa e cativante para os idosos, tem trazido à tona pessoas que poderiam ter sido Verdadeiros Artistas! A música é outra área que agrada imenso aos idosos e os desperta para a vida, para não quererem ficar em casa. E tantas outras cadeiras como por exemplo ginástica, que ajuda à mobilidade, isto já para não falar de disciplinas dirigidas a pessoas que estão mais vocacionadas para a parte intelectual.
    Um outro aspecto muito positivo que se deveria ter em conta, era também a interacção dos séniores com a infância e a juventude.
    Em Março decorreu a semana mundial da poesia e fui convidada a participar num encontro de jovens com os idosos de um lar que se deslocou a uma escola. As crianças cantaram e representaram uma peça de teatro dirigida aos idosos e estes, por sua vez, declamaram poesia. Uma das idosas, com 98 anos, imaginem, deslocou-se ao palco para cantar!!! Sem música a acompannhar!!! Acreditam? Pois eu assisti!!!
    E eu fui dar com algumas criaças a chorar de emoção. Algumas quiseram beijar os idosos e agradecer.
    Que gesto mais humano pode um idoso receber, principalmente quando a sua residência habitual é um Lar?
    Foi uma experiância muito gratificante, que jamais poderei esquecer.
    Por isso acho muito bem que se estudem e explorem as várias maneiras de se poder ajudar a população idosa a continuar a sua vida, sem forçosamente ter que se sentir um estorvo para os mais novos e para a sociedade.
    Lourdes Henriques

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  2. >
    > A geração dos anos trinta e quarenta, na qual me englobo, passou ao longo dos anos por desenvolvimentos cruciais na vida de todo um
    > povo, viveu a longa noite cinzenta do obscurantismo "salazarista", o que fez que tivesse desde sempre uma enorme dificuldade, mas também> vontade, de adquirir novos conhecimentos.
    > Os que não tiveram oportunidade de o fazer na altura certa, devido à vida familiar e ao trabalho, chegaram à idade em que rareiam os
    > compromissos e, porque a situação se alterou, são muitos os que recorrem às Universidades de Terceira Idade em busca da realização dos seus sonhos.
    > Mas, novamente, se levanta outro problema à realização pessoal de muitos, pois as reformas são cada vez mais pequenas e a mensalidade da universidade e os transportes não são suportáveis para muitos e, mais uma vez, a educação não é para todos....
    > No Sobral, por iniciativa da autarquia e graças à boa vontade de voluntários, homens e mulheres que se disponibilizam para ajudar os séniores a estar activos, aprendendo, temos gratuitamente a participação de muitos idosos
    > nas aulas que se encontram à sua disposição, e que já são bastantes.
    > O sr. Auzendo, nesta sua abordagem, vai trazer-nos, através deste nosso blogue, ensinamentos para todos, alunos ou não, o que nos faz perceber melhor a importância de um sénior participativo,ou, por outras palavras, de um sénior com um envelhecimento activo.

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  3. Já tinha conhecimento do congresso do envelhecimento activo. Satisfaz-me imenso que o nosso professor Auzendo se preocupe com os mais idosos (como ele...) e queira transmitir os seus conhecimentos e os seus conselhos. Nós, falo por mim, já vamos tendo muitas falhas de memória: ainda ontem, já estava deitada, mas não conseguia adormecer porque estava indecisa se tinha apagado o lume do fogão, não me apetecia sair da cama, mas fui obrigada a ir ver, felizmente estava apagado.

    Por isto e muito mais, concordo e acho bem-vinda esta ideia. Estarei atenta para ler os artigos que forem saindo, e já enviei um mail aos meus amigos a aconselhá-los a lerem também.

    Lisete Corado

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