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quinta-feira, 19 de abril de 2012

A noção de Envelhecimento Activo


Celebra-se em 2012 o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações. Por isso, mas não por isso, vou publicar neste espaço, regularmente, espero que semanalmente, um artigo sobre a problemática do envelhecimento. Não serão, no essencial, textos da minha autoria, mas antes transcrições, resumos e adaptações de artigos de outras publicações, que serão claramente identificadas. Seguirei também oManual de Envelhecimento Activo, da Lidel- Edições Técnicas, Ldª. (que referirei como MEA-Lidel). Não mencionarei, em princípio, nem os nomes dos autores dos artigos, nem a bibliografia citada ou utilizada. Sempre que tenha encontrado as minhasfontesna net, escrevê-lo-ei com as palavrasver net. Convido o leitor a seguir-me nesta busca e divulgação de temas ligados ao envelhecimento: o Blogue é nosso, logo seu. Escreva para sobral.senior@gmail.com, ou faça umcomentáriono próprio Blogue.
José Auzendo
Texto2
A noção de Envelhecimento Activo e conceitos que integra
In Manual de Envelhecimento Activo, Lidel, pag. 1 e seguintes.
Iniciei esta série de artigos com uma atenção especial à Educação, porque nos inserimos num grupo, de nome Clube Sénior Activo, que privilegia a formação académica e cultural dos seus membros, logo a Educação. Vamos hoje desenvolver o conceito de “envelhecimento activo” e os pressupostos que lhe estão associados.
Foi um conceito criado em 2002 pela Organização Mundial de Saúde, para substituir o até então preconizado, que era “envelhecimento saudável”. Percebe-se logo que, para além da saúde, o novo conceito abarca aspectos económicos e sociais, psicológicos e ambientais, visando a optimização de oportunidades para a saúde, a participação e a segurança, como forma de melhorar a qualidade de vida durante o envelhecimento. Depende, assim, de factores de ordem pessoal (biológicos, genéticos e psicológicos), factores de natureza comportamental (estilo de vida saudável e participação activa nos cuidados com a própria saúde), do meio físico e do ambiente (qualidade do ar e da água, tipo de alimentação, etc), e de condicionantes económico-sociais (apoio social, educação, prevenção da violência, serviços de saúde e prevenção de doenças).
Os grandes objectivos a atingir com esta panóplia de variáveis são: a) a autonomia, considerada no sentido do controlo individual sobre a vida diária e na capacidade inalienável de decisão; b) a independência, nas actividades da vida diária, na capacidade de cuidar de si próprio, na manutenção básica do seu corpo e na percepção do mundo exterior; c) expectativa de vida saudável, traduzida no tempo de vida que se pode esperar viver sem precisar de cuidados especiais; e d) a qualidade de vida, a qual incorpora a saúde física, o estado psicológico, o nível de dependência, as relações sociais e as características do ambiente em que a pessoa se encontra inserida.
De um ponto de vista mais abrangente, a noção de envelhecimento activo reconhece a importância dos direitos humanos das pessoas mais velhas, com ênfase na independência, na participação, na dignidade, na assistência e na auto-realização, o que requer acções conjugadas entre a administração central, as autarquias locais e a sociedade civil visando a saúde, a segurança, a participação social, a educação, a cultura, o emprego, a habitação, a solidariedade entre gerações e o desenvolvimento rural e urbano.

3 comentários:

  1. Boa tarde Professor Auzendo
    Esta matéria que se dipôs a desenvolver para conhecimento mais vasto dos Séniores e que tem a ver com o Envelhecimento Activo dos mesmos, é realmente de bastante interesse, pois trás à tona o conhecimento de várias vertentes que poderão contribuir para um envelhecimento mais digno e saudável. Quando as pessoas abandonam a sua vida activa e "passam à reforma", salvo raras excepções de casos de invalidez maior, de uma maneira geral ainda estão completamente autónomas e com as suas faculdades vitais a funcionar normalmente. É pois necessário que estejam mentalizadas que, apesar da sua vida activa ter acabado, há uma outra vida activa que pode ser a continuidade da primeira. E quanto a mim, muitas vezes as pessoas não tiram disso o devido partido por estarem mentalizadas que reforma é não fazer nada. Julgo que o aspecto psicológico é talvez o maior responsável pela grande parte da falta de participação dos idosos nas várias actividades para séniores que actualmente têm tendência a aumentar. Principalmente na faixa que atinge idosos a partir dos 70/75 anos. Os idosos mais novos já estão mais receptivos a este acompanhamento que se tem desenvolvido. Claro que me refiro a pessoas cuja mobilidade e autonomia ainda não estão afectadas, porque os que já estão dependentes de terceiros, terão que estar sujeitos a outro tipo de acompanhamento. Segundo tenho conhecimento, também já têm vindo a ser executadas algumas acções no sentido de colaborar com a ajuda a estes idosos mais danificados, com alguns acordos da administração central e algumas autarquias , misericórdias, grupos de voluntariado, que vão dando algum apoio domiciliário, no sentido de proporcionar aos mais carentes um mínimo de conforto e atenção a que todo o ser humano tem direito para não perder a sua dignidade.
    No entanto, algumas das actividades que poderão estar à disposição dos utentes séniores, nem sempre estão ao alcance da bolsa de todos. Nem todos os locais têm o privilégio que nós temos aqui no Sobral, pelo menos por enquanto, de haver um grupo de Voluntários que, a preço de nada, dão uma grande parte de si aos outros. Para muitos idosos, por exemplo, pagar a mensalidade de hidroginástica recomendada a todos, torna-se incomportável, pois esse dinheiro fará falta, por exemplo, para medicamentos, que de uma maneira geral todos têm que tomar, por um ou outro motivo. Eu julgo que as baixas reformas de muitos idosos, são outro dos possíveis principais factores de insucesso na participação nas actividades que poderiam ajudar a melhorar um pouco a qualidade de vida. Costuma-se dizer que "o dinheiro não dá a felicidade" mas que ajuda muito, ajuda. A falta dele também dará por vezes origem a depressões e desesperos em pessoas que, já fragilizadas por muitos anos de trabalho sentem
    que a sociedade não é justa, e se não houver um acompanhamento humano mais próximo entram em depressão e por vezes até praticam o suicídio.
    Por isso acho muito útil e positivo que se continue a lutar pelo bem estar dos que levaram uma vida inteira de trabalho, para que tenham direito a envelhecer de uma maneira digna e saudável, como merecem.
    Obrigada por ter trazido este tema tão útil a todos nós, e do qual nunca é demais falar.
    Lourdes Henriques

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  2. É tão pertinente quanto esquecido. Faz-me confusão porque não se investe mais e não falo em dinheiro, nesta matéria.
    Entendo que não devemos deixar que sejam os outros a decidir. É também uma forma de envelhecimento activo, esta do Auzendo, o agitar, o alertar para que se adquiram novas práticas.
    O bem estar não nos é facilitado, tem de ser conquistado.
    Parar é, como muitas vezes tenho dito, esperar sentado na estação aguardando que o comboio da morte passe.
    Se bem que não consigamos tudo fazer, a adopção de novos procedimentos, agilizam-nos o corpo e a mente, afugentam o "alemão" como jocosamente estou sempre a dizer aos meus "alunos" seniores.
    Vou gostando destes apontamentos!

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  3. Mais um artigo do professor Auzendo, interessante, elucidativo e pedagógico, bem elaborado. A certo passo fala-nos de "autonomia" e independência", acho que são as duas situações que mais preocupam os idosos.
    Para se viver, é bom que se alinhem as duas, sem elas sobrevive-se, o que é muito angustiante. Estar-se dependente de alguém ou de alguma coisa é o menos dignificante dos fins e, nesta etapa da vida, em que se aproxima o fim da caminhada, é prioritário um Envelhecimento Activo.
    Não podemos pôr de parte os factores de ordem pessoal, contra esses não podemos lutar, mas está nas nossas mãos contrariar os outros. Para isso, e para quem não sabe dançar, como eu,temos um Sobral rural demasiado belo, que pode ser apreciado através de caminhadas diárias.
    Temos muitos privilégios, o de observar a natureza, sempre digna de ser observada, de se beber ar puro e também ficarmos a conhecer melhor o nosso concelho. Todos estes benefícios, que tão simplesmente podemos saborear, contribuem para que se envelheça com mais dignidade.
    Maria Alexandrina

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