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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Ousar descobrir

Neste olhar cansado, o sorriso enigmático de quem usufrui o direito à escolha, a aceitação tácita que muito tem que ser vivido de outra forma, mas vivido, intensamente!
Vindo da alma, um brilho de cumplicidade travessa, para além dos anos.

Mais que as dificuldades que os seniores apresentam, são as condicionantes que transportam, que lhes colocam.
Oh mãe, já não tens idade para isso, oh avô, não percebes nada disso...
Por incrível que pareça esta é uma realidade que constato.
Estou na classe etária dos que não têm idade para isso, estou na classe etária dos que não percebem nada disso.
Mas recuso!
Recuso fechar-me ao desafio, recuso seguir quem não me apoia nos meus desafios de futuro, pugno para que as oportunidades sejam de todos, envolvo-me.
Futuro, a palavra chave para quem vive, com mais ou menos dificuldade. Futuro com dificuldades ou sem elas mas com a mesma pertinência e justeza de outros.
Por malvadez gostava de me confrontar por vezes com os que desincentivam os mais velhos por estas questões e nomeadamente no campo da informática. Nada me daria mais gozo que desmontar "falsas" e rápidas aprendizagens unicamente pelo facto de considerarem um dado adquirido ou capacidade inata.
Simplesmente nasceram numa época de novos recursos!
Diminuídos, limitados os que não têm abertura de espírito suficiente para permitir novas abordagens, diminuídos os que cerceiam a possibilidade da descoberta o ousar questionar e experimentar. 
Serão diferentes, serão limitadas mas têm o mérito de ousar. 
Ousar em todas as idades, ter direito à experimentação, salutarmente diferenciar atitudes, novos processos.
É isso que chamo de VIDA, que ninguém se demita e muito menos que ninguém se sinta com o direito de impedir ou limitar!
E usando as palavras sobejamente conhecidas do Raúl Solnado, "FAZ FAVOR DE SEREM FELIZES"

Afonso Faria


5 comentários:

  1. Professor Afonso, boa tarde!!!

    Aqui estou pronta aos "novos" desafios!!!
    Muito crente, não estou mas...parece que ainda não morri de todo!!!
    É isto? Da força que vem daí, tento apanhar alguma, não preciso mais...ver os vossos projetos, seguilos...entendelos ...imitálos, na medida do possivel...partida ao meio, ao alto!!!
    Vai ser uma festa!!!!
    Um abraço
    Luisa

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  2. Boa noite Professor Afonso
    Concordo inteiramente consigo quando se refere aos falsos rótulos que uma boa parte das gerações mais novas nos põe. Talvez se os pais ou os avós ficassem em casa a servir de criados ou amas-secas, na cabeça de muita gente, seriam mais úteis. Mas enganam-se, porque com as outras actividades, entre elas as intelectuais, talvez os corpos resistam mais tempo "às intempéries da vida e da decadência normal do ser humano" e não lhes dê a eles, tanto trabalho. Por isso seria bom que, antes de tentarem convencer os idosos de que já não conseguem aprender, pensassem duas vezes, pois contrariamente ao que julgam, talvez ainda tenham muito para aprender com os exemplos dos mais velhos ...
    Além disso, estes também têm direito a conhecer alguma coisa da modernidade, pois muitos ainda conseguirão tirar dessa aprendizagem grande partido.
    Claro que nem toda a gente pensa da mesma forma e felizmente que hoje as mentalidades estão a mudar, principalmente com a esperança de vida a aumentar. Bem hajam os que incentivam à ajuda da sanidade mental e física.
    Lourdes.

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  3. "...recuso seguir quem não me apoia nos meus desafios de futuro, pugno para que as oportunidades sejam de todos, envolvo-me." Gostaria de ter sido eu a escrever estas palavras, gostaria de vir a ser eu a escrevê-las...Mas o Afonso antecipou-se, roubou-mas, e agora se eu as quiser repetir tenho de fazê-lo com aspas.

    E fá-lo-ei, porque estas palavras representam aquilo que eu gosto de pensar que sou, aquilo que eu quero ser, aquilo que eu acho que muitos outros deveriam ser. Penso naqueles que, podendo, e sabemos que podem, não se envolvem como deviam na vivência colectiva do meio em que se inserem.

    É a pensar neles que digo que me "recuso a seguir quem não me apoia nos meus projectos de futuro, que pugno para que as oportunidades sejam de todos". (Até destas aspas gostei!...)

    José Auzendo

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  4. Ousar e não desistir. O que torna o idoso "velho" é não ter a capacidade de ousar. Demitir-se quando ainda tem tanto de útil para dar é cobardia ou desleixo.
    A vida deve ser vivida enquanto houver forças e capacidade para o fazer mesmo que às vezes ela nos seja dura, contrariar é a palavra de ordem!
    Professor Afonso, devemos todos recusar sermos tratados como se não tivéssemos nada para dar. O idoso é o alicerce de uma família e, muitas vezes, em vez de ser amparado é ele o amparo. Como ainda me acho com capacidade de decidir e de mandar ne minha vida, recuso-me a levar uma vida sedentária.
    Viver... ousar... contrariar e aprender assim. o idoso poderá ser um "pouquinho velho" mas não será de maneira nenhuma trôpego.
    Maria Alexandrina

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  5. Nesse olhar cansado…
    Vindo da alma…
    percebe-se uma vida vivida de forma tranquila, serena e feliz…

    Envelhecer é inevitável, é a lei da natureza, mas pode e deve ser um período pleno de realizações e desafios e o professor Afonso tem sido, com provas dadas, incansável para acabar com as ideias preconcebidas do não tenho idade, do não sou capaz, do não tenho jeito…

    Recusem fechar-se aos desafios. Não sinta a vida que tem, sinta a vida com que sonha.
    Inês

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