VISITANTES

sábado, 17 de dezembro de 2011

INTERVALO …



Estamos na época do Natal e o Clube Sénior vai fazer uma pequena pausa nas suas actividades. Voltaremos todos em Janeiro de 2012 para continuar as nossas aulas.
Gostaria de desejar a todos os colegas, professores e restantes entidades que colaboram e tornam possível a existência deste clube um FELIZ NATAL, e que o NOVO ANO seja para todos, incluindo seus familiares, repleto de coisas boas e menos negras do que aquilo que nos tem vindo a ser anunciado …
 
Lourdes Henriques

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A propósito do dia Internacional dos voluntários


 A ti voluntário...              
A ti, Voluntário, que te entregas à causa dos outros,
Aos doentes, aos velhinhos, às crianças,
A ti, que tantas e tantas vezes espalhas Esperanças,
Que com amor e carinho visitas lares e hospitais,
Confortando e ajudando os que precisam mais …
Uma só palavra tua a quem nada tem,
Um gesto de ternura a quem só tem amargura …
É muitas vezes o que basta para feliz fazer
Um coração triste, desiludido, que já não quer viver …

A ti, Voluntário, que partilhas os teus saberes,
As tuas experiências, as tuas vivências,
Que consegues “arrancar” de casa
Quem já pouco tem para dar,
Que lhes consegues transmitir, fazer sentir
Que ainda são “gente”, que lixo não são,
E com o teu bom coração
Ofereces os teus tempos de lazer
Em troca do seu prazer …

A ti, Voluntário, que és o Doutor Palhaço,
Que fazes rir tanta criança,
Cuja vida muitas vezes já sem esperança,
Se alegra com o teu simples sorriso e abraço,
E com a tua infantil gargalhada,
Por mais doentes que estejam
Fazes rir a pequenada …

A ti, Voluntário,
Eu presto a minha sentida Homenagem!
Pela tua bondade, pela tua dádiva,
Pela tua humildade, pela tua coragem!
OBRIGADO VOLUNTÁRIO.

 
Lourdes Henriques - Clube Sénior

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A PARTILHA


No tempo em que eu fui criança, a educação era muito diferente de hoje. Mais ríspida, embora talvez mais responsável. Ensinaram-me a repartir o comer e os brinquedos, mas nunca se empregava o termo PARTILHAR. Partilhas, apenas conheci o termo quando empregado em heranças. E sempre me disseram que não devíamos comentar com os outros o que se passa connosco, nem no seio familiar nem pessoalmente. Quando comecei a entender a vida e a pensar por mim própria, achei que nem sempre se deveria ter esse procedimento. Expansiva como sempre fui, muitas vezes comentava situações da minha vida pessoal, raramente da vida familiar, com amigas. Isso custou-me alguns dissabores e críticas pela vida fora. E a minha mãe sempre me ia dizendo: a nossa vida nunca se comenta com ninguém.

Hoje, aposentada e avó, aprendi algo que na realidade vai ao encontro da minha maneira de ser. Acho que não há mal algum em comentar (PARTILHAR) com os outros factos ou passagens da nossa vida que nos deram momentos de felicidade, eventualmente também alguns de tristeza. Só que actualmente, alguém me ensinou que a isso se chama PARTILHAR. Partilham-se experiências de vida, conhecimentos, sentimentos. Afinal partilhar não se aplica apenas em coisas materiais. Os sentimentos e momentos felizes ou tristes da nossa vida também podem ser partilhados. E é mesmo por isso que estou aqui a escrever, para partilhar um dia feliz da minha vida.

Após ter adquirido conhecimentos de informática que me abriram as portas para o mundo através da Internet, fui convidada pelo administrador de um site da poesia para participar no mesmo. A princípio fiquei um tanto ou quanto receosa, mas lá me convenci, pois vim a descobrir que o senhor é marido de uma amiga minha de infância, e em boa hora o fiz. O grupo é seleccionado e muito interessante, e eu gosto de participar. Entretanto, foi lançada no dia 27 deste mês a 3ª. Antologia do site, da qual eu faço parte com dois poemas de minha autoria.

Em adolescente cheguei a ter a mania de ser escritora, mas esse sonho não passou de isso mesmo, tal como muitos outros da juventude. E hoje, com 66 anos, apesar de não ser escritora nem ter essa presunção, fiz finalmente parte de um livro, ainda que participando apenas em duas páginas. Afinal, estamos sempre a tempo de realizar os nossos sonhos e eu vi agora, mesmo que tardiamente, realizada uma pequenina parte desse meu sonho. E por isso quero Partilhar convosco esses momentos felizes da minha vida.


Foi uma tarde inesquecível em que conheci dezenas de pessoas que até àquele momento não passavam de conhecimentos virtuais. Declamaram-se poesias. Houve também quem cantasse o fado e como não podia deixar de ser, lá participei também na cantoria.

Por vezes tenho a sensação que estou a regredir e a entrar num ciclo da minha vida que me permite voltar ao passado e fazer realmente aquilo que gosto: escrever e cantar.


Lourdes Henriques - Clube Sénior

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

VISITA HISTÓRICA À IGREJA DE S. QUINTINO

 (...)
A igreja é composta por três naves divididas por colunas. Do lado esquerdo existe um púlpito com pinturas representativas dos evangelistas. Este púlpito tem um formado de um cálice octogonal.
No altar-mor existe um crucifixo tendo por debaixo a imagem da Senhora da Piedade com o seu filho morto no colo. As paredes laterais deste altar são compostas por painéis de azulejo, representando a parede do lado direito a Ascensão de Nossa Senhora aos Céus e a do lado esquerdo a Anunciação à Virgem. Ainda na parte superior de cada um destes painéis, podem ver-se quadros com pinturas do século XVI e de grande valor, sendo que fazem parte de uma colecção de cinco, estando os outros três colocados noutros locais da igreja.
Ladeando o Altar-mor, há dois altares colaterais. O do lado esquerdo é a Capela de S. Pedro e o Altar do Santíssimo. A sua parede do fundo é coberta de azulejos pombalinos e dos lados são azulejos hispano-árabes. Vê-se ainda painéis de azulejos representando o aparecimento de Cristo ressuscitado e o encontro de Cristo com a Sua mãe, respectivamente do lado direito e esquerdo da capela. Ao fundo, está dependurado um dos valiosos quadros pintados do séc. XVI representando o Calvário no Monte das Oliveiras. Pode ainda ver-se uma estatueta de S. Pedro.
Quanto à capela do lado direito, é dedicada a S. Quintino e aos seus martírios. Todos os painéis e elementos figurativos desta capela, são alusivos aos martírios a que este Santo foi sujeito. Entre muitos outros elementos, pode ver-se na sua cúpula, ao centro, a representação de duas espécies de espadas cruzadas, que são alusivas aos ferros com que o martirizavam. A sua imagem está colocada ao meio do altar, tendo do seu lado esquerdo a imagem de S. Sebastião e do lado direito, a de Stª. Luzia.
É de notar que existe ainda do lado esquerdo das capelas centrais, uma outra capela que já teve várias alterações e à qual chamam de momento, Altar de Santa Maria.
Por último, a Sacristia. Situada na parede do lado direito de quem entra na igreja, tem no seu interior uma parede coberta na sua maior parte por painéis de grande valor que representam a Paixão de Cristo. É o local onde se efectuam todas as assinaturas e legalizações dos casamentos e baptizados aí praticados, e também onde estão resguardados os paramentos eclesiásticos.
Para encerrar a descrição, encontram-se várias imagens, cujos nomes da direita para a esquerda, são: Senhora das Dores, S. Tiago de Compostela e S. António, as quais já se encontram bastante danificadas. Por fim, uma imagem de pedra que se encontra reproduzida no início deste trabalho, representando Santa Maria de Montagraço, réplica de uma imagem original, e que inicialmente estava colocada à porta da igreja, do lado de fora, mas que por tentativa de assalto, foi de lá retirada. Esta estatueta também se encontra resguardada na Sacristia.
Jamais se conseguirá desvendar o mistério do porquê de uma igreja deste calibre, neste local tão desabitado e dedicado a um santo que nem sequer era português. Sabe-se contudo que a morte deste mártir ocorreu entre o dia 31 de Outubro e 1 de Novembro, e no ano incerto compreendido entre 282/287 D.C.

Resta ainda acrescentar que todo este rico património está um tanto ou quanto votado ao abandono por parte das entidades competentes para o seu restauro. O tecto está bastante danificado. O local do coro, com o seu órgão de tubos de grande valor e beleza, está completamente ao abandono. E as infiltrações vindas do chão, são mais que muitas. Se não houver uma intervenção urgente a fim de travar as danificações graves, rapidamente veremos perdido um monumento que nos dias de hoje seria impensável construir, de uma grande beleza, e que constitui uma grande riqueza do nosso património nacional.
Lourdes Henriques

domingo, 6 de novembro de 2011

VISITA HISTÓRICA À IGREJA DE S. QUINTINO

No passado dia 1 efectuou-se uma visita histórica à Igreja de S. Quintino, conduzida pelo professor António do Clube Sénior do Sobral de Monte Agraço, que ministra a disciplina de História. Contámos também com a colaboração da Sr.ª D. Luisa Melícias. Quem também nos acompanhou nesta visita foi a Dr.ª Cláudia.
Gostaria de transmitir de uma maneira sucinta, a história deste património tão valioso mas tão votado ao esquecimento …
Esta Igreja foi mandada erigir por D. Manuel I em 1520, e está considerado como Monumento Nacional desde 1910. Consta que foi construída em cima de outra chamada Santa Maria de Montagraço, mas não há documentação que possa dar-nos certezas. Apenas do lado direito do pórtico, existe a configuração de uma outra porta mais pequena (conforme se pode observar na representação abaixo), o que nos leva a crer que teria sido de um outro monumento anterior. Há quem diga que os documentos existentes sobre a sua construção foram destruídos durante o terramoto. Mas certezas absolutas, ninguém as têm. Se alguma vez os houve, também ninguém sabe.
 Ao longo dos séculos tem sofrido várias intervenções em épocas diferentes. O seu portal é de uma grande beleza, em pedra esculpida rica em figuras e elementos simbólicos numa combinação dos estilos Manuelino e Renascentista. Na parte superior podem ver-se os bustos do rei D. João III e de sua esposa Catarina, do lado direito e esquerdo, respectivamente. Esta igreja foi denominada de S. Quintino, mas não se sabe ao certo porquê. Se nem sequer era português este santo. Foi um mártir que viveu no século III D.C., filho de um senador Romano, que foi para França fazer a cristianização, pelo que foi perseguido pelo próprio governador do seu país, tendo sido várias vezes castigado violentamente por pregar a religião cristã. Contudo, teve várias hipóteses de perdão no caso de renegar à sua religião, mas a sua Fé era enorme, e nunca renunciou a ela. Foi martirizado até às últimas consequências, pois até quando estava dentro da prisão nunca deixou de pregar. Até ao dia em que o Governador mandou efectuar a sua decapitação e atirar o seu corpo ao rio. Passados 55 anos foi encontrado intacto por uma santa chamada Eusébia, que era uma senhora romana, cega. Em sonhos um anjo indicou-lhe o local onde jazia o mártir. E ela foi de Roma, com uma comitiva, para remover o corpo de S. Quintino. A Cidade onde foi torturado é Saint-Quentin, no Norte de França, muito perto da Bélgica, onde existe uma Basílica com o seu nome e onde se encontra o seu túmulo.
O culto a S. Quintino veio para Portugal no tempo das Cruzadas, em que numerosos cruzados do Norte de França vieram ajudar os Reis Cristãos na luta contra os mouros. Terão sido esses cavaleiros que trouxeram para Portugal o culto a este Santo. A devoção terá chegado até nós um milénio antes da construção desta igreja. De notar que é o Padroeiro desta freguesia, a única no país com este Padroeiro. Além de outros, foram-lhe atribuídos milagres motivados pelo dom da cura das doenças de hidrofagia, de doenças ligadas à prática da agricultura e também cura da cegueira.
 Montagraço, um reguengo régio muito pequeno, foi dado ao arcebispo de Évora por D. Sancho I. Vivia da agricultura com muito pouca gente. Daí não se entender o porquê da necessidade de construir uma igreja tão grande, distanciada da parte central com poucas casas, uma vez que existia a igreja de São Salvador do Mundo e que era a igreja paroquial. É coisa que sempre ficará por esclarecer, uma vez que não existe documentação comprovativa que possa esclarecer todas as dúvidas que se põem.
Ao entrarmos na igreja deparamos com um local rico em paredes cobertas de azulejos dos séculos XVI, XVII e XVIII. À medida que se foram fazendo melhorias e restauros, os azulejos, embora tentando aproximar-se dos originais, iam divergindo. Daí a mistura.
Do nosso lado esquerdo existe o Baptistério, um local muito bonito e requintado, também embelezado com painéis de azulejos, e construído em cima de quatro colunas. No interior da sua cúpula estão representadas várias caras em relevo, que simbolizam mouros que se converteram ao cristianismo, e por isso mesmo chamados os Cristãos Novos. O fim da construção deste Baptistério ocorreu em 1592.

(...)
Lourdes Henriques

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

GRUPO CORAL


Começou ontem a actividade do CORO do Clube Sénior. Sempre pensei que tivesse alguma aceitação por parte do público “menos jovem” mas não esperava que tivesse tão boa participação, principalmente por parte dos homens, que muitas vezes são complexados e acham que o canto não é para eles. É coisa para mulheres...
E a professora, uma menina ainda tão novinha, é um amor de criatura. Desejo-lhe muito boa sorte e que consiga atingir todas as suas expectativas, pois sei que é um grande desafio um projecto desta natureza. É uma demonstração de grande maturidade e coragem. Bem-haja.
Fiquei muito satisfeita com a apresentação e acho que todos juntos poderemos fazer um grupo coral muito interessante. Vamos todos lutar por isso e contribuir para que a nossa Vila também passe a ser conhecida pelo seu GRUPO CORAL.

Lourdes Henriques

domingo, 23 de outubro de 2011

ESTADO DE ESPÍRITO


Eis aí o mau tempo. Apesar de o Outono já ter começado há um mês, o tempo tem-se mantido mais ou menos como se fosse Verão. Hoje há bastante vento, a temperatura arrefeceu, anda muito pó no ar, prelúdio dos dias nublados, sombrios e chuvosos … tristes!
Não gosto deste tempo. Parece que comunica com o sistema nervoso. Ou talvez seja eu que não estou bem e sinto-me triste … gostava de adormecer e só acordar no Verão, no tempo quente e alegre, com sol e calor.
Dizem que o tempo influencia o nosso estado de espírito e eu acredito plenamente nisso.
Espero que comece e acabe depressa. Talvez esteja a ser egoísta, pois é preciso que chova para equilíbrio da natureza e para que tudo se renove … apenas desejo que passe depressa!
Lourdes Henriques

terça-feira, 18 de outubro de 2011

REGRESSO


Regressámos há oito dias às actividades do Clube Sénior. As disciplinas continuam as mesmas, com os mesmos professores, mas desta vez com mais um coração aberto ao voluntariado. Uma jovem, muito jovem, que se propôs aceitar um desafio com os menos jovens, que poderiam ser seus avós … Uma experiência nova de louvar, para quem está em plena juventude …
E vamos tentar formar um CORO. Será que resulta? Faço votos e espero sinceramente que sim, não só por me interessar pela matéria, como também pela experiência que enriquecerá o curriculum dessa jovem menina, a quem desejo antecipadamente boa sorte e muitos êxitos na sua vida futura.
Que esta experiência seja também uma fonte de enriquecimento da sua formação pessoal como SER HUMANO E SOLIDÁRIO.
BEM-HAJA E BOA SORTE.
Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

COINCIDÊNCIA OU DESTINO


Às vezes há coincidências que nos deixam a pensar …
Sei que se trata de animais, mas para mim, são seres que nos foram oferecidos pela natureza, ou por Deus para quem crê. Pode parecer pieguice, mas eu interpreto como sensibilidade. Salvo o devido respeito e diferenças, cada um de sua maneira, tanto amo as pessoas como os animais. Claro que cada qual nos seus devidos lugares. Mas amo-os a todos.
Quando há dez anos perdi a minha cadelinha de estimação, uma caniche dourada, a Tootsie, minha fiel amiga e grande companheira, jurei a mim mesma que não queria mais animais além da gata Natacha que nessa época tinha quatro anos e que coabitou com a cadela durante dois anos. Por portas e travessas, o destino colocou no meu caminho outra caniche, a Xanai, que tinha apenas dois meses e meio e que neste momento já tem dez anos. Jamais esquecerei a Tootsie, mas esta ajudou-me muito a ultrapassar o vazio deixado pela outra.
Durante estes dez anos conviveu amigavelmente (às vezes nem tanto) com a gata Natacha. Agora chegou a vez de a gata nos deixar, pois já tinha catorze anos e meio e estava muito doente. Durante meses tive um grande trabalho e despesa com ela, pois todos os dias tinha que fazer tratamento no veterinário. Tudo fiz para a salvar, mas nada se pode fazer contra a natureza. E uma vez mais jurei a mim própria, e desta vez com absoluta convicção, que não voltaria a ter mais animais, pois com a idade que tenho não sei se ainda conseguiria criar um animal até ao fim dos seus dias. Dedico-me demasiadamente a eles, e tenho plena consciência que sofrem com a minha ausência. E isso, eu não quero.
Mas uma vez mais o destino é que manda … ou será que são coincidências?
Na véspera de mandar efectuar a eutanásia à minha gata, sem que eu me apercebesse, aproximou-se de mim uma gatinha pequena, siamesa, olhos azuis, a miar e pedir colo como se me conhecesse de longa data. A gatinha que eu sempre quisera ter mas que nunca tinha acontecido, e que eu nesta altura da minha vida, jamais pensaria em criar. O seu olhar parecia trazer uma qualquer mensagem que eu não sei qual é, mas tenho a certeza que não foi por acaso que ela surgiu. O meu marido que também já não queria mais animais, apaixonou-se por ela e quis ficar com ela. Para mim isto foi uma novidade, pois ele nunca costuma meter-se nestas decisões. Diz que eu é que sei, mas desta vez deu a sua opinião convicta.
Será que há mesmo coincidências ou é o destino a pôr à prova a nossa capacidade de amar o próximo? Ainda que seja um animal? Ou será “algo superior a nós” a compensar-me pelo desgosto que tive?
Sei que este animal veio amenizar um pouco a falta da minha querida Natacha. Não substitui, mas ajuda a ultrapassar. E assim, tenho uma nova missão além das que ainda me restam: criar a minha nova gatinha a quem pus o nome de ROM ROM, por estar sempre a ronronar e a pedir colo. Se o destino me atribuiu mais esta missão, é porque acha que eu tenho capacidade para tal, e eu aceito-a como uma bênção.
 Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

EUTANÁSIA

Fala-se muito da Eutanásia e muita tinta tem corrido acerca deste polémico tema. Em todo o mundo o assunto é matéria para divergências, sejam elas do tipo religioso ou não. Será que quem discute o problema está realmente preparado para praticar a Eutanásia a um ser querido que lhe pertence? Isso também vai um pouco da sensibilidade de cada um e do estado em que a pessoa a eutanasiar se encontra. Compreendo perfeitamente que haja quem, perante o sofrimento extremo, prefira a morte. Mas que de todo é um passo muito doloroso e complicado de dar, não tenho a menor dúvida. Passo a explicar.
Sem de qualquer maneira querer ferir susceptibilidades nem sequer comparar seres humanos a animais, ainda que de estimação, as coisas não são assim tão fáceis como eventualmente podem parecer.  
Estou num processo de mentalização para mandar efectuar a eutanásia a uma Gatinha de estimação que possuo há catorze anos e meio. Ao longo de todo este tempo tem tido muitos episódios dolorosos, operações, quimioterapia, e sempre tem resistido. Neste momento chegou o mal que será o seu fim, e eu vejo-me com a escolha da sua vida nas minhas mãos. Apesar de todos os tratamentos e exames, é questão de alguns dias. Apenas enquanto não tiver um sofrimento mais doloroso. Nem quero imaginar que o animal que acarinhei durante tanto tempo e que me escolheu a mim para seu “grande amor”, terá que perder a vida por minhas mãos. É de endoidecer. Também sei que uma grande parte das pessoas não se dedica aos animais desta forma. Por vezes penso se não será uma maneira doentia de gostar dos animais, mas desde que me conheço que sempre fui assim. Talvez o mal seja meu, mas não temos culpa da sensibilidade com que fomos dotados.  
E dou comigo a pensar, se isto é com um animal, quão difícil será tomar esta decisão perante o sofrimento de um ente querido da nossa família! Seria bom que quem por vezes discute o assunto não o fizesse de uma maneira leviana como já tenho visto. De acordo com partidos, com religiões, com oportunismos … Talvez fosse melhor dar livre arbítrio sem que fosse necessário discussões nem “teatros oportunistas” como tantas vezes se faz…

Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

domingo, 25 de setembro de 2011

O “MONSTRO DO ACORDEON” …


Assisti ontem no Centro Cultural de Belém, ao concerto promovido pela Ordem dos Advogados, que para o efeito convidou os OQUESTRADA, banda a que minha filha mais nova pertence participando como acordeonista.
Foi a segunda vez que presenciei ao vivo a actuação deste grupo. E por sinal, assisti à concretização de um dos grandes sonhos da minha filha: Tocar no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém. Sou suspeita por ser mãe, mas esse facto não me impede de avaliar as coisas como elas são. E foi maravilhoso. A banda surpreendeu tudo e todos, pois sei de algumas pessoas que foram com certa relutância julgando tratar-se de mais uma das muitas bandas que por aí existem… e que no fim se renderam às evidências: Parabéns e mais parabéns, e ficamos vossos fãs … É realmente uma banda diferente que nada tem a ver com as outras bandas da nossa praça. Inovação, surpresa, genuínos, marcam pela diferença … Quem quiser, pode confirmar no Facebook.
Agora a maior surpresa e alegria que eu, como mãe, poderia ter, foi quando a Marta Miranda, a Excelente Vocalista e grande impulsionadora deste extraordinário projecto, ao apresentar os músicos ao público, se referiu à minha filha como “A Marina, filha de uma família de acordeonistas do Oeste… Este “MONSTRO DO ACORDEON”…
Afinal, nem sempre gerar um “MONSTRO” é mau …
Agradeço a Deus ter-me concedido o privilégio de ter sido eu a gerar ESTE!
 Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

FESTAS NO SOBRAL


Estamos na semana das Festas do Sobral, em Setembro. Uma tradição já com décadas, mas que gradualmente tem vindo a perder a sua qualidade …Por falta de interesse, por falta de participantes, agora desculpam-se com a crise … Talvez, mas a crise não justifica tudo.
Longe vai o tempo em que a rua principal era palco de um desfile histórico tão afamado, que vinham pessoas de todas as partes do país para o presenciarem ao vivo. Damas, cavalos, cavaleiros, guerreiros, a corte real, a plebe, o clero, o povo, enfim, uma mostra dos remotos tempos da nossa história ancestral com muitos séculos de existência. Na tentativa de não deixar morrer esta tradição, vão-se fazendo ainda uns desfiles que na minha opinião, de ano para ano, vão lentamente perdendo a qualidade. Carros alegóricos a tradições locais, e recentemente o Bodo, que não deixa de ser uma tradição engraçada. A rua principal, que nestas noites de festa de antigamente estava cheia de barraquinhas a abarrotar de petiscos, novidades, artesanato, de modo a que era preciso pedir licença às pessoas para passar, hoje já nem parece a mesma. E digo isto não apenas por ser a minha opinião, mas é também a opinião de muita gente aqui residente há muitos anos.
O que não mudou foram as pamplonas e touradas. Nunca gostei de touradas nem de qualquer espectáculo em que se usem animais, fazendo-lhes mal, para nossa diversão. Pode ser uma tradição, que me perdoem os apreciadores de tais práticas, mas para a minha sensibilidade, acho que nesses espectáculos deploráveis, somos nós os irracionais. E o que me moveu a escrever esta anotação, foi exactamente a Pamplona que decorre neste momento na Praça Dr. Eugénio Dias. É que tive que lá ir e, por azar meu, dei com um espectáculo que detesto. Eu sou um ser humano, dito racional, e não suporto ver semelhantes meus a divertirem-se à custa dos animais. Não sei que prazer poderá dar a um ser que pensa ser superior aos outros, andar a correr de um lado para o outro, e aos molhos, atrás de um touro, com um olhar de extremo cansaço e já todo molhado de bába pelo esforço dispendido… E como se já não bastasse os adultos, crianças metidas no recinto, incitadas a provocar o animal que de cansado, já nem quase se mexia … pobre bicho. E como é que os homens de amanhã poderão ser melhores, se os próprios pais incitam os filhos logo de pequenos, à brutalidade?
Depois, quando há um bicho mais feroz que se lembra de se vingar e atirar os “superiores” pelos ares ou os esmaga com o seu peso brutal, aí, coitadinhos, foram parar ao hospital! Olha que pena! Até já vou chorar…..
Ou será que sou eu que ando no mundo errado? Se sou, digam-se onde está o mundo certo, para eu me mudar para lá. JÁ!

Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

domingo, 21 de agosto de 2011

A MINHA ÁRVORE CAIU!


Estou triste! A minha árvore caiu! O meu salgueiro de estimação partiu-se ao meio e uma bela parte do seu todo caiu para cima da parede da casa, encostado à adega. A minha árvore de sombra está a ceder e tal como tudo na vida, está a deteriorar-se. Bastou uma rajada de vento mais forte do que o habitual, e eis aí os estragos.
É a perda. Mais uma perda a juntar a tantas outras que já tive na vida. Este jardim que criei com tanto entusiasmo e gosto, que tantos quebra-cabeças me deu para o construir à minha maneira, está a perder a sua beleza e encanto a pouco e pouco. De outrora, um passado bastante recente, vai ficando a recordação de alguns dos bons momentos aqui vividos. E recordo com especial carinho o dia do baptizado do meu neto Rodrigo, há seis anos. Foi o dia mais bonito vivido neste jardim, desde que foi construído, até hoje. Mas tal como eu estou a perder o entusiasmo pela vida, parece que o jardim percebe e me acompanha, na sua decadência. A ala de roseiras de várias cores, onde está ela? Restam apenas algumas pernadas mal semeadas e quase secas dentro do longo canteiro irregular criado no meio das pedras, atravessando o jardim de alto a baixo. O friso com jarros de muitas cores, que quando estavam todos floridos davam um efeito lindíssimo, também ele desapareceu dando lugar a ervas daninhas ou coberto pela caruma do pinheiro manso plantado pelo meu filho Paulo. Esse, é também uma das minhas árvores de eleição aqui no quintal. Algumas já estão mortas por falta de tratamento e interesse …
As minhas três palmeiras, essas, não as queria perder, mas estão condenadas a serem deitadas abaixo por alguém com menos sensibilidade para as preservar… é que a propriedade está à venda e já vários interessados (ou não) manifestaram a ideia de as tirar! Com tanto terreno para cultivar, não percebo porquê deitar abaixo árvores tão bonitas e que levam tantos anos a crescer! A Palmeira, considerada a árvore da Sabedoria! Só pessoas sem sabedoria nenhuma e com muita falta de sensibilidade, deitariam abaixo árvores como estas …
E fico triste ao pensar que aquilo que criei com tanto amor está prestes a acabar … mais valia nunca o ter feito, pois não estaria neste momento a sofrer!
Moncova, 21 de Agosto de 2011.
Lourdes.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Em viagem pela vida...(3)


Depois de me casar fiquei 5 anos a viver em casa dos meus pais e em Junho de 1971 fui viver com o meu marido para a Amadora. Nesse mesmo ano, em Novembro, perdi o meu pai, que tendo ido para a Guiné por duas vezes, na 2ª. veio evacuado para o hospital, tendo morrido alguns meses mais tarde.
Tinha orgulho em defender a Pátria, mas a Pátria, quando ele morreu, nem o funeral lhe fez. Nem sequer teve direito a velório. Pobre pai, se cá viesse agora, morria logo de tristeza, ao ver como está o país que tanto orgulho ele tinha em defender!
E vivi na Amadora durante 31 anos.
E depois de tudo isto, tenho a dizer que tenho quatro filhos encantadores que me adoram e ao pai e de quem nós temos muito orgulho. Agradeço a Deus nos dias que correm, a família que tenho. Tenho 3 netos lindos sendo que os seus pais não tiveram casamentos duradouros como o meu. É que os jovens de hoje não têm a tolerância nem a paciência dos de outrora. Ou talvez não sintam o verdadeiro amor um pelo outro. Quem terá razão: eles ou nós?
Meu marido deixou de trabalhar em 2003 e em 2004 eu pedi a reforma antecipada, para bem ou mal dos meus pecados. Já me tenho arrependido algumas vezes de o ter feito, mas noutras ocasiões, vendo o lado positivo das coisas, sinto-me contente. Enfim, temos dias bons e maus, e temos que conviver com eles da melhor forma que pudermos e soubermos.
Mas não quero deixar de me referir também à minha mãe, pessoa que muito me marcou na vida, para o bem e para uma parte mais negativa. A parte negativa é que era uma pessoa muito austera e ditadora que muito me fez sofrer com essa maneira de ser. Mas tinha um grande coração. Tenho a agradecer-lhe a ajuda que me deu a criar os meus filhos até perto dos 3 anos, e muitos mais apoios. Faleceu há 8 anos, depois de ter permanecido 5 anos num lar, sendo que antes esteve a viver comigo quatro anos e meio. Após a sua degradação quase total, era impossível permanecer em casa sem assistência permanente, e durante cinco anos caminhámos todos, todas as semanas, para o lar onde se encontrava mas em que ela já nem nos conhecia. E depois de permanecer viúva 31 anos, deixou-nos numa paz serena enquanto dormia durante a noite.
E em 2002, após tantos anos de azáfama de um lado para o outro, com os filhos já todos fora de casa, resolvemos vir viver para o Sobral, pois meu marido é natural de Moncova, cuja casa onde nasceu é nossa, mas onde não queremos viver. E aqui estou eu a escrever esta autobiografia mais ou menos atabalhoada, num sétimo andar (parece que estou empoleirada no galinheiro), donde posso avistar de um lado e doutro bonitas paisagens, com um lindo pôr-do-sol na serra do Socorro.

Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Em viagem pela vida...(2)


Mas voltando de novo atrás, quando vim para Portugal, senti-me desolada, triste e desterrada. O liceu para onde fui estudar era horrível, eu parecia um bichinho do mato (alcunha que me foi atribuída por algumas colegas – vim a sabê-lo mais tarde). Vinha duma realidade tão diferente: liceu misto, amplo, liberdade relativa (o suficiente para me sentir feliz), território pequeno que de bicicleta dava a volta em uma hora. Ao chegar cá deparei-me com um liceu que mais parecia as paredes de uma prisão, só raparigas, professoras austeras nada parecidas com os meus professores de Macau, e aí começou a tristeza a apoderar-se de mim. Os meus pais não se entendiam e as brigas eram constantes. Enquanto que em Macau tinha convívio com as amigas, ia para o Colégio de freiras aprender a tocar piano, tinha todas as semanas um professor que ia a casa ensinar-me a tocar acordeon, participava no Orfeão do Liceu e em todas as festas que lá se faziam e bem assim nas da Igreja, cá foi o oposto. Tirando o trajecto de casa para o liceu que durava quase duas horas de manhã e outras duas à tarde, não tinha qualquer outra distracção. Meu pai nem sequer me deixava participar nas festas do liceu pois temia que eu quisesse seguir uma carreira artística. E a agravar tudo isto, o entendimento de meus pais estava cada vez mais degradado, com o feitio de minha mãe muito autoritária e meu pai a entregar-se ao alcoolismo. Comecei então a escrever uns versos que escondia, pois não queria que meus pais os descobrissem. Sentia-me triste, só e deprimida. Ainda por cima, quando cá cheguei, minha avó materna, a única que conheci, veio viver connosco, tendo apenas sobrevivido 6 meses à nossa chegada. Como me adorava coitadinha! Parece que estou a vê-la: quando viu pela 1ª. vez o jovem que mais tarde viria a ser meu marido, olhou muito para ele, e depois dele sair, como que num vaticínio, disse-me assim: Mariazinha (era como ela me chamava), ele tem uns lindos olhos e vai ser teu. Eu achava que a minha avó não estaria no seu juízo perfeito, mas o destino troca-nos as voltas e cá estou eu casada com ele há 45 anos.
Após ter terminado o curso geral dos liceus (antigo 5º. Ano), meus pais queriam que eu fosse estudar para ser professora, e aí foi o grande desgosto que dei a meu pai, pois não sentia vocação para tal. Acho que não devemos ingressar numa profissão sem termos um mínimo de queda. E eu, não me estava a ver ser uma boa professora. E empreguei-me como empregada de escritório onde permaneci quase 40 anos, em Alfama, na minha querida terra natal. Gostei muito do meu trabalho, mas sempre senti a falta de qualquer coisa que só muito tarde percebi o que era: ser cantora. Tarde demais. E pesa-me na alma a falta de consideração com que saí do emprego onde permaneci 40 anos, tendo-me dedicado de corpo e alma, gostando imenso do que fazia, sem sacrifício e toda a dedicação.
Mas a vida é assim, levamos pontapés a torto e a direito mas temos que aprender a viver com eles...

Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Em viagem pela vida...(1)


Sou natural de Lisboa, onde nasci a 25 de Outubro de 1945. Apesar de ter nascido como se estivesse morta e só depois de alguns açoites de cabeça para baixo tivesse começado a reagir à chegada a este mundo, eis-me aqui com 65 anos bem completos, a escrever um pouco sobre mim.
Quando tinha seis anos fui viver para Macau, território onde permaneci durante 8 anos. Fui no paquete Timor, atravessei o canal de Suez, Mediterrâneo, estive na Índia, Manila, Singapura, Porto Said, até que após 56 dias de viagem no Alto Mar, chegámos a Hong Kong. Daí, fomos num navio local que levou 4 horas a transportar-nos até Macau. A primeira casa que habitei situava-se na rua onde existia, e ainda existe, segundo me consta, o Palácio de Sun Yat Sen, antigo imperador da China, tendo presenciado pessoalmente todas as imponentes cerimónias fúnebres do seu funeral. Durante o primeiro ano de permanência em Macau, mudei de casa duas vezes, sendo que na última permaneci os restantes sete anos que lá estive. Era num bairro típico chinês e apesar de viver quase exclusivamente entre chineses, tenho muitas saudades desse tempo. E foi nesse bairro que ao fim de um ano de permanência em Macau eu tive uma irmã, mais nova do que eu sete anos e meio.
Lá fiz os antigos estudos da instrução primária e estudei até ao 3º. ano do liceu. Apesar de ter uma vida humilde, pois o meu pai era 2º. Sargento do exército, nunca me faltou nada essencial para viver e meus pais faziam questão de me proporcionar tudo o que os meninos ricos podiam ter. A par dos estudos, tive formação religiosa, aprendizagem de piano e acordeon. Sempre tive vocação para as artes e talvez por isso (só hoje o entendo) meu pai vivia em permanente agitação dizendo-me que não queria que eu fosse artista. E eu sem perceber nada, pois nunca pedi a ninguém para seguir tal carreira. Mas ele, com a sua grande sensibilidade, apercebeu-se muito cedo da minha verdadeira vocação. Eu própria achava muito estranho todas as minhas amigas quererem ser isto ou aquilo, e eu nunca sabia o que queria ser. Apenas dizia que os meus pais queriam que eu fosse professora, ilusão que eu lhes fui alimentando até à hora H. Mas voltando atrás, após 8 anos de permanência nesse misterioso e querido Oriente, voltei para Portugal quase a fazer os meus quinze anos, e aí, o meu destino foi traçado. Embarquei no paquete Niassa, em Hong Kong, que levou 50 dias a transportar-nos até Portugal. A rota foi outra. Até à Índia, foi igual, mas depois viemos pela costa de África. Visitei algumas localidades de Moçambique e adorei Lourenço Marques. Dobrei o Cabo da Boa Esperança, tendo tido curiosidade em ver o Gigante Adamastor de que tanto se falava nas escolas. E vi o tal penedo que, na realidade, para a época dos descobrimentos marítimos, deveria ter sido medonho. Parece mesmo um gigante deitado. Depois de dobrar o Cabo da Boa Esperança, com o navio em grande agitação motivada por um vendaval, o navio rumou a Luanda, última paragem do nosso longo percurso antes de chegar ao seu destino: Lisboa. Gostei muito de Luanda, mas não mais do que Lourenço Marques, que me ficou no coração.
Mas voltando um pouco atrás, quando entrei no Niassa, disse há pouco que o meu destino foi traçado. É que, gostando de música como eu gostava, adorando o acordeon, dei de caras com uma orquestra. Nem queria acreditar. Ver músicos ao vivo, era um sonho que eu estava a viver sem nunca o ter imaginado. Com a agravante que tinha um jovem como acordeonista, cuja primeira impressão me fez pressentir que iria ser alguém muito importante na minha via. Eu, uma miúda que nem quinze anos completos tinha, e ele, um homem feito, com vinte e sete anos, embora com aparência de muitíssimo mais novo. Bonito, sedutor e artista. Escusado será dizer que um músico a bordo, ainda por cima com todos estes predicados, não iria olhar para uma garota. Ficámos amigos pois ele achava-me graça por eu tocar acordeon. De vez enquanto visitava-nos quando vinha de viagem e as famílias chegaram a ter algum convívio mas eu não podia nem queria alimentar esperanças vãs, pois soube algum tempo depois que estaria para casar. Mas o destino é irónico, e quando eu já tinha perto de dezanove anos, voltamos a encontrar-nos. Eu que o julgava já casado, estava livre e sem compromisso. A menina já tinha crescido e era então uma mulher bastante engraçada, e o meu pressentimento tornou-se real. Um ano e tal depois casámo-nos. Eu com vinte anos e ele com trinta e dois anos. Eu que dizia que NUNCA me casaria com um homem mais velho do que eu mais do que cinco anos! Nunca digas NUNCA.

Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

REVOLTA


Revolta, revolta é tudo o que sinto.
Às vezes questiono-me: O que é o ser humano? O que é o planeta Terra?
Uma bola composta por terra, rocha e água, cercada por uma atmosfera poluída pelos seres que se dizem “inteligentes” e superiores a todos os que nela habitam. Uma bola pronta a explodir de um momento para o outro, se o seu interior de fogo resolver começar a cuspir cá para fora, pelas crateras dos vulcões, tudo o que a mais estiver no seu interior. E aí, adeus homens, animais e plantas, adeus “seres inteligentes” que se julgavam acima de todos os poderes da natureza mas que contra ela nada puderam fazer! E depois de as lavas tudo destruírem à sua passagem, sem dó nem piedade, sem olharem a nada, deixando tudo queimado e subterrado à sua volta, a terra vai continuando a girar com todo o seu mistério.
E nos movimentos do seu interior, placas tectónicas a deslocarem-se de um lado para o outro, provocando terramotos, marmotos, tsunames… e muitos anos depois “os inteligentes” descobrem que onde hoje é terra, há muitos milhares de anos já foi mar, e vice-versa.
Afinal que são os “inteligentes” no meio de tudo isto? Ou será que são eles, com as suas descobertas e experiências científicas, astronáuticas, lunáticas, ou lá o que for, que estão a contribuir para que a natureza acelere muitas das suas catástrofes naturais?
Quando penso nisto, gostaria de pertencer a um mundo selvagem. A civilização, com todas as suas descobertas, cada vez vai contribuindo mais para destruir o que de bom nos foi oferecido pela natureza.

Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

domingo, 19 de junho de 2011

AGRADECIMENTO



Após ter feito uma análise retrospectiva das aulas a que assisti neste “1º. Ano lectivo” do CLUBE SÉNIOR e aproximando-se o fim do mesmo, julgo ser justo e oportuno deixar umas palavras de agradecimento e apreço a todos os intervenientes neste projecto que, a meu ver, é bastante arrojado e de grande mérito.
Aos seus Professores, todos voluntários de coração aberto prontos para partilhar com os outros os conhecimentos das suas vidas, dando-nos muito dos seus tempos livres a troco de nada, um grande BEM-HAJAM.
Um obrigado à Câmara Municipal que, ao proporcionar espaço e condições para que estas aulas possam decorrer, está a ajudar a população mais idosa que ainda se sente válida, a viver momentos de convívio e que também ela, transmite aos outros um pouco dos seus conhecimentos e experiências de uma vida inteira, a maior parte das vezes bem dura.
E aos alunos que, tal como eu, depois de tantos anos de trabalho e muitas das vezes “grandes lutas” pela sobrevivência, ainda tem vontade de aprender, e até mesmo partilhar com os outros as suas vivências. Estou certa que, todos juntos, estamos a ajudar a que o Sobral seja no futuro um local bem mais evoluído e aberto à cultura.
O que me levou a aderir a este projecto, foi querer aprofundar os meus precários conhecimentos de INFORMÁTICA. Durante quatro décadas da minha vida, sempre acompanhei a evolução da tecnologia, passando das simples máquinas de escrever mecânicas para as máquinas eléctricas nas suas várias versões, e destas para os computadores. Contudo, tudo o que aprendi acerca da Informática foi meramente profissional e direccionado para o ramo em que trabalhei, não tendo por isso desenvolvido todo o potencial que os computadores nos podem fornecer. Após a minha aposentadoria, tendo tido conhecimento destas aulas, aproveitei a oportunidade para alargar os meus fracos conhecimentos nesta matéria e aprender a “viajar” no mundo virtual da Internet. Como toda a gente tenho as minhas limitações e dificuldades. Quero por isso agradecer ao Professor Afonso a sua paciência, disponibilidade e boa vontade em ajudar-me a ultrapassar as minhas lacunas, que por sinal são bastantes.
A disciplina de CULTURA E SOCIEDADE foi escolhida pela curiosidade que esta matéria despertou em mim. Em boa hora resolvi frequentar estas aulas, pois além de esclarecer muitas das minhas dúvidas, acho que é uma matéria com muito interesse. Por isso, uma vez mais obrigada ao Professor José Belo pelo seu empenho e disponibilidade. Além do mais, ao aprofundar o conhecimento com este professor, “descobrimos” afinidades comuns que nos reportam a um longínquo passado em Macau que, especialmente para mim, me trás à memória recordações da minha juventude que me são muito queridas.
Quanto à disciplina de INGLÊS tive dúvidas em aderir, pois nesta altura da minha vida já não penso viajar e nos meios que frequento fala-se português. Contudo, espicaçada por familiares e amigos que me conhecem bem e sabem que sou uma mulher de desafios, acabei por ceder, pois nada tenho a perder e é sempre bom recuperar o que esquecemos com o passar dos anos. Assim sendo, quero agradecer também ao Professor José Auzendo a sua ajuda e disponibilidade, pois também ele nos dá de muito boa vontade uma boa parcela dos seus tempos livres, e com que paciência!...
No que toca à disciplina de HISTÓRIA, confesso que sempre foi o meu calcanhar de Aquiles e por isso mesmo não me despertou grande interesse. O meu tempo de estudante, em que se tinha de decorar listas, nomes, datas, factos, etc., etc., deixou-me um trauma para a vida. Talvez por isso o meu desinteresse. Mas gosto muito do meu Portugal, e como não são atribuídas notas nem efectuadas avaliações, resolvi vir assistir também a estas aulas e recordar muitos dos conhecimentos que julgava já ter eliminado do meu “computador cerebral”. Quero também agradecer ao jovem Professor António, pois na flor da vida ter tempo disponível para colaborar voluntariamente, a troco de nada, com pessoas que já pouco têm para dar, é de enaltecer e louvar. Por isso, obrigada também Professor e espero sinceramente que também o senhor enriqueça o seu “Curriculum Vitae” com a experiência de falar com pessoas cuja faixa etária nada tem a ver consigo.
Por fim, o meu agradecimento à Professora Sandra, que sendo uma autodidacta numa faixa etária em que a vida é sempre muito preenchida, ainda tem tempo para partilhar e ajudar a viver pessoas, que muitas delas talvez nem saíssem de casa, e entregar-se-iam possivelmente, a uma solidão permanente. Com a sua habilidade ensina-nos Trabalhos Artesanais, nesta aula a que foi dado o nome de ARTES DECORATIVAS. Mas não é só isto: é também uma aula de grande convívio em que se desenvolvem amizades, partilham-se e reciclam-se materiais, conversa-se um pouco e trocam-se impressões, dizem-se umas graças de vez em quando que nos provocam por vezes momentos hilariantes e de boa disposição, enfim, uma camaradagem muito agradável e sadia. Por isso, obrigada também Professora Sandra.
Existe ainda a aula de Ginástica mas como não a frequento não posso falar do que não sei. Contudo, sei que é uma mais-valia e como tal, não seria justo não me referir a ela. Um agradecimento também ao seu Professor por ajudar à mobilidade de pessoas que na sua maioria, já têm bastantes limitações físicas.
Há ainda uma vertente que julgo que seria interessante focar, pois segundo sei, é uma área que costuma trazer resultados muito positivos, pelo menos nesta faixa etária. Seria bom que aparecesse alguém que tivesse disponibilidade e generosidade para dar um pouco dos seus tempos livres aos outros, ensinando a CANTAR e formando UM CORO DE IDOSOS, pois estou convencida que iria ter muitos aderentes. Tenho esperança que no futuro vá aparecer ainda mais uma “alma caridosa” cheia de boa vontade e paciência para nos “aturar” e ajudar a crescer este CLUBE.
E desta forma termino o MEU AGRADECIMENTO a todos os Professores e Entidades de um modo geral, que tornaram possível a existência deste CLUBE SÉNIOR , esperando que todos juntos consigamos levar a bom porto este projecto um pouco arrojado, mas que acredito SER O PILAR DE UMA GRANDE INSTITUIÇÃO FUTURA.

Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Almoço Convívio do Clube Sénior de Sobral de Monte Agraço

PARABÉNS aos aniversariantes pelo que "conquistaram" neste último ano,
PARABÉNS a toda a equipa do Clube Sénior do Sobral de Monte Agraço!






































Foi há dias, mais concretamente no dia 16 deste mês, que se realizou este agradável encontro. Decorreu no parque das merendas do Sobral. Foi a primeira vez que participei neste almoço. Aliás, este foi também o primeiro almoço efectuado pelo CLUBE SÉNIOR, uma vez que a sua existência data apenas de Janeiro passado. Anteriormente já haviam sido efectuados encontros semelhantes, mas que eram apenas dos alunos de INFORMÁTICA. Desta vez, com os alunos das várias actividades e professores, muitos acompanhados dos seus cônjuges, o grupo foi bastante maior.
A Drª Cláudia, sempre presente e entusiasta não podia faltar.
Para minha primeira experiência do género, gostei imenso.
Houve febras, entremeadas, e chouriço assados na brasa, salada, pão caseiro e broa, vinho, arroz doce (a montes), gelatinas, bolos, café, enfim, só ficou com fome quem não se quis servir. Comida não faltou e o ambiente foi muito agradável.
Como havia dois aniversariantes cantou-se os PARABÉNS por duas vezes.
Um acordeonista, o Carlos Minau, companheiro das jornadas de trabalho do António Sequeira e Catalão no seu tempo activo e “aluno” de Informática em Santana de Carnota, a convite do António Sequeira dispôs-se a animar o convívio com a sua mestria.
E as notas flutuaram, os improvisos jorraram....
Levei CD’s com música para dar uma certa alegria ao recinto, enquanto comíamos. E como não podia deixar de ser, ainda o meu CD de acompanhamento a acompanhar algumas das minhas músicas favoritas, o que me dá sempre muito prazer. Por fim, o acordeon acabou por animar de novo a parte final e ainda nos divertimos um bom bocado a cantar ensaiando, acordando vozes há muito adormecidas, e a dançar,
Acho que estes convívios são muito salutares. Além de proporcionarem a convivência entre pessoas que frequentam os mesmos espaços durante anos sem se conhecerem, dão-nos momentos de descontracção que nos podem ajudar a minorar o peso do dia-a-dia .
Pela minha parte, quero agradecer a todas as pessoas que tornaram possível este encontro e colaboraram na sua organização, esperando que tardes destas voltem a repetir-se com a mesma alegria e boa disposição. Só com entreajuda e amizade pelo próximo é que poderemos continuar a frequentar este CLUBE SÉNIOR, já que o exemplo parte dos seus professores que prestam um precioso serviço de voluntariado.
Não esqueço também um agradecimento à Câmara Municipal por nos proporcionar os espaços necessários para que tudo isto funcione.
A todos um GRANDE BEM-HAJA.

 Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)