VISITANTES

domingo, 9 de junho de 2013

Produtos naturais que não deve tomar com medicamentos



No dia 19 de Maio publicámos um texto em que se fazia um resumo-apresentação do primeiro número do Jornal Sénior. Entretanto já saiu o número dois e, obviamente, não se justifica repetir a experiência. Mas sempre digo que o último me parece menos “cinzento” que o primeiro, menos pesado, mais “alegre”, até nos temas tratados. E traz uma novidade: dedica mais de meia página a cartas dos leitores, prática que se manterá doravante. O que significa que os leitores têm a possibilidade de fazer chegar ao jornal os seus comentários. Nas palavras do próprio Jornal, pretende-se “dar voz a todos os que o acompanham quinzenalmente”.

Ao ler esta nova edição, surgiu-me uma ideia que estou já pôr em prática: sempre que o Jornal tratar um tema que me pareça especialmente relevante, darei dele aqui conhecimento. Espero escrever muitas vezes mas, obviamente, serei eu e só eu a determinar o que me parece especialmente relevante. Outros que escrevam sobre o que eles acharem relevante. E a minha primeira escolha aí está, tem o título transcrito acima.

Trata-se de um artigo de duas páginas, da autoria de Filipa Faustino Arenga e revisão científica de Maria Graça Campos, esta coordenadora do OIPM - Observatório de Interacções Planta-Medicamento, um instituto da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Tudo quanto vem nesse texto, e que agora aqui vou resumir e só em parte, pode ser detalhadamente lido em http://www.ff.uc.pt/oipm/interacoes/. Clicando no texto do OIPM, pode aceder-se a uma lista de casos relatados, à base de dados das interacções, etc.

Na prática do que se trata é de saber que há muitos produtos naturais, que geralmente se pensa que podem (e devem) usar-se sem restrições, e que têm, ou podem ter, efeitos negativos na acção dos medicamentos que estejamos a tomar por receita médica, para tratamento de certas doenças. O risco é maior nas pessoas polimedicadas, isto é, nas que tomam vários medicamentos ao mesmo tempo, e que em geral são idosos. Diz-se no texto que, “as pessoas idosas tomam, em média, sete medicamentos por dia”; e que “70% das pessoas que tomam medicamentos ditos naturais não dizem ao médico que os estão a tomar”.

São depois apresentados vários exemplos concrectos, de que vou respigar algumas ideiascom a exclusiva intenção de melhor se perceber do que se trata. Para bem conhecer uma situação específica, a sua, só consultando e informando claramente o médico. Também as farmácias da Associação Nacional de Farmácias dispõem de um programa informático que ajuda na obtenção de informações adequadas.

O consumo de gingko, de folhas de oliveira ou de alho em grande quantidade (seja alho natural ou em suplementos alimentares) aumenta o efeito dos medicamentos usados para baixar a pressão arterial, provocando baixas de tensão exageradas. O chá preto, o chá verde, a erva mate e o alcaçuz podem fazer subir a pressão arterial pois
têm cafeína. O aloé, as sementes de linhaça, os mirtilos, a bardana e o sabugueiro podem modificar o efeito dos medicamentos destinados a combater a diabetes. O hipericão, também conhecido como erva de São João, a sálvia ou mesmo o consumo exagerado de sumo de laranja podem diminuir o efeito dos medicamentos usados para baixar o colesterol…

Aloe
O aloé vera pode interagir com os medicamentos para as arritmias cardíacas, com certos diuréticos e até com alguns anticancerígenos. A camomila pode aumentar o risco de hemorragias. O farelo de trigo dificulta a absorção da digoxina, substância activa na regularização das arritmias cardíacas. O pólen apícola (das abelhas) interage com a varfarina (anticoagulante), resultando num risco de hemorragia.

Resumindo: consulte e informe devidamente o “seu” médico. Não é verdade que os “produtos naturais … se não fizerem bem, mal não hão-de fazer”. E o risco é ainda maior nos idosos polimedicados.

José Auzendo

3 comentários:

  1. Por esquecimento não comprei o último Jornal Sénior. Mas ele veio até nós, pela mão do professor Auzendo, com um artigo que me interessa particularmente: o meu marido é um sénior - velho ou idoso, como lhe queiram chamar, para mim tanto me faz, ser uma ou outra coisa, a idade ninguém ma tira e não é uma designação, mais ou menos agressiva para os ouvidos, que me faz viver mais anos; pois meu marido toma sete comprimidos por dia, devido à diabetes e suas consequências, e ele tem a “mania” de beber ou comer todos os produtos naturais que lhe ensinam, com efeitos fantásticos …segundo a opinião dos amigos e que logo passa a ser a dele. Temos tido diversas escaramuças por causa disso, e quando percebo que ele está a tomar qualquer produto natural, resolvo por minha conta consultar o médico de família, e assim ficar mais descansada quanto aos efeitos que pode ter em relação aos medicamentos que ele toma para os seus males.
    Gostei muito de ler este artigo, pois embora nada perceba de medicina, acho que “cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém” e assim tive a certeza de que não agi mal e agora já tenho uma prova a meu favor…
    Maria Alexandrina

    ResponderEliminar
  2. Quero pela minha parte agradecer ao Auzendo a preciosa informação que nos dá.
    Habitualmente, não costumo consumir produtos naturais, uma vez que diariamente sou polimedicada.
    O que não quer dizer que esporadicamente não possa tomar algo natural, pensando que não interfere nos químicos. Fico assim ciente de que para o fazer, há que ter muita atenção e informação.
    Uma vez mais muito obrigada pelo seu grande empenho em colaborar de uma forma activa na informação dos mais velhos deste concelho.
    Bem haja amigo.
    Um abraço.
    Lourdes.

    ResponderEliminar
  3. Registo com agrado as manifestações da utilidade do texto publicado, que se insere de resto na linha do Blogue, abrangendo portanto todos os que nele participam. O tema pareceu-me relevante, por isso o trouxe: fala-se tanto, por exemplo, nas virtudes sem fim do aloé vera e, afinal, parece que pode ter os seus limites. Até mesmo o chá!...

    Aproveito para referir que a edição que cito no artigo não é, já, o ultimo número do Jornal. O último saiu Quinta feira, dia 6 de Junho. Traz um tema muito importante, relacionado com a doença de Alzheimer, sob o título “Sete dicas para um cérebro saudável”, temática que já foi aqui abordada nos textos sobre o “Envelhecimento Activo”.

    Auzendo

    ResponderEliminar