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domingo, 27 de maio de 2012

Rosa...adolescente


No dia em que fiz 15 anos recebi a melhor prenda de sempre, o nascimento da minha irmã mais nova, a “minha Princesa”.
Tinha cerca de 16 quando certo dia apareceu lá em casa um Sr. muito simpático, cerca de 40 e poucos anos, seu nome, Afonso. Era amigo do meu pai, colega de tropa. Há muito que não se encontravam. Conversa em dia, ficou marcado novo encontro desta vez numa caçada na zona.

O dia chegou e lá apareceram, o Sr. Afonso e esposa, D. Ilda, alguns amigos e o seu único filho, João, 18 anos, simpático, esbelto, muito bem parecido.
Passaram-se os dias mas eu nunca mais esqueci aquele jovem, já na altura militar da Força Aérea.
Sempre que pensava nele, o meu coração batia mais...
Algum tempo se passou sem nos vermos. Não havia telemóveis, e poucas pessoas tinham telefone.
Chegou a primeira carta. Foi amor, realmente amor à primeira vista, dura há 46 anos!

A guerra colonial era uma realidade. Mobilizado para a Guiné, o João esteve ausente cerca de dois anos.
As cartas, as chamadas “cartas de avião” e os famosos aerogramas, duas ou três vezes por semana levando e trazendo juras de amor eterno, próprio de dois jovens apaixonados. Os aerogramas, eram muito usados porque eram um Serviço Postal Militar, não se pagava nada. Azul do sentido "Metrópole-Ultramar", amarelo "Ultramar-Metrópole" . Uma folha que estrategicamente dobrada se convertia em envelope e carta em simultâneo. 

Naquela época não havia distribuição de correio porta a porta. Tínhamos que nos deslocar a uma mercearia próxima para entregar e levantar o correio.
Quatro anos de namoro passaram-se. Casámos, eu com 21 e ele com 23 anos.
Deixei a Arruda e vim morar para Perna de Pau, terra do João e família, freguesia de Sapataria no Concelho de Sobral de Monte Agraço, decorria o ano de 1970.

Rosa Santos

5 comentários:

  1. Boa tarde amiga Rosa
    Obrigada por nos dar a connhecer mais uma faceta da sua vida. É uma partilha muito bonita essa sua história de amor ... apesar da ansiedade da guerra ...
    Posso dizer-lhe que a compreendo muito bem, pois também eu escrevi resmas desses aerogramas ... com eu os conheço! Não os escrevi para o namorado mas para o meu querido pai, que fez 2 comissões na Guiné, sendo que na última o seu estado de saúde já estava tão crítico que teve que ser evacuado para o hospital militar, tendo vindo a falecer alguns meses depois. Mas tudo passa, e essa sua história é muito bonita.
    Obrigada pela partilha.
    Um beijinho da
    Lourdes.

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  2. Olá Rosa
    Não sei se a conheço pessoalmente mas quero-lhe dizer que também eu escrevi muitos muitos aerogramas e tantos e tão bonitos que recebi também.
    As saudades eram tantas que casei por procuração e fui para Angola
    ter com o meu amor assim que a situação da guerra o permitiu.
    Nunca me arrependi de ter deixado emprego, família e partir para o desconhecido. Afinal o amor é louco e ainda bem que o fiz.
    Um abraço. Manuela

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  3. Rosa
    Afinal a tua historia, é igual a muitas historias!!
    Gostei imenso e, retratei-me tambem...nas cartas, aerogrmas, nos sonhos, ele é João e,até no ano do casório...deseijo que continues a tua historia de amor..e linda!!!!
    Um abraço
    avoluisa

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  4. Hoje ..com muita pena minha passei ao lado
    Não escrevi nem recebi aerogramas.Não tive namorado nem nenhum familiar no ultramar.Depois tambem não fui madrinha de guerra,faltam -me essas e outras recordações...nostalgias....emfim, tenho outras ha sempre memorias.
    Gostei da sua historia ,gosto de finais felizes,
    e o seu foi feliz.

    Obrigado
    um abraço
    suzete

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  5. Foi á adolescente que eu respondi!!!!
    Idaí trata-la por tu....perdão se não gostou....
    Eu sinto-me mais nova quando sou assim tratada...
    Á D.Rosa ou á Rosa???
    Vão as minhas saudações e
    um abraço
    Luisa

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