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terça-feira, 22 de maio de 2012

O Jardim-Escola da Associação Popular de Sobral de Monte Agraço

Falar da Associação Popular de Sobral do Monte Agraço é para mim muito fácil. Fiz parte da Comissão de Pais do Jardim de Infância, quando já se perspectivava uma obra de raiz, condigna e moderna, visto que, para além do mais, era urgente entregar as instalações que nos tinham disponibilizado na Casa Paroquial. Os Padres Agostinhos emprestaram-nos essas instalações por dois anos e o Jardim de Infância esteve lá oito, de 1976 a 1984: urgia realizar o sonho que o 25 de Abril trouxe consigo e entregar aquele local.



Fizeram-se muitos projectos, criou-se uma Comissão Instaladora, tendo como presidente o Sr. António Martinho, e foram muitos os que se empenharam verdadeiramente na criação de uma Instituição Particular de Solidariedade Social. Depois de muitos passos e de muitos quilómetros andados, lá se conseguiu lançar a primeira pedra, com acordos governamentais e foi, de facto, muito belo ver as colunas a surgirem, as paredes a aparecerem naquele terreno camarário, mas do qual a Associação tinha o direito de superfície.
Entretanto, os estatutos foram aprovados e publicados em Diário da Republica, III Série, de 14 de Dezembro de 1978. E elegeram-se os Corpos Gerentes, compostos por uma Direcção, Conselho Fiscal e Mesa da Assembleia geral. A primeira Direcção era composta pelo presidente Sr. José Manuel Gil Alves; vice-presidente Sr. João Francisco Campino Carvalho; tesoureira Maria Emília Lima; secretária Maria Emília Corrêa da Silva e vogal Alberto Bento Silvestre.
Finalmente, em 1984, deu-se a inauguração de um edifício moderno, financiado pela Segurança Social,  projectado e construído sob orientação de técnicos governamentais, com instalações para Creche a partir dos 2 anos e Jardim de Infância. Mas, passado algum tempo, sentiu-se a falta de mais respostas sociais e, com a ajuda incondicional e preciosa da Câmara Municipal, criaram-se outras instalações cedidas pela mesma: Actividades de Tempos Livres para crianças em idade escolar, na rua do Cine-Teatro com 2 salas. Outra sala, no mesmo local, destinou-se a ginástica de crianças, adolescentes e adultos.
A Associação Popular de Sobral do Monte Agraço não parava de crescer. Estamos a falar de um universo, na altura, de cerca de 200 crianças, 24 técnicos de educação de infância, 2 cozinheiras, 2 auxiliares de limpeza, 1 jardineiro, 2 funcionárias de secretaria e alguns auxiliares do Instituto do Emprego e Formação Profissional que, mediante acordo prévio, prestavam serviço por períodos de 6 a 12 meses.
Quero prestar a minha homenagem muito sincera a um homem que, desde a primeira hora e até à presente data, tem dedicado todo o seu tempo, desde as 8 horas da manhã até às 19.00, precisamente 11 horas de todos os seus dias, como voluntário, a gerir, a articular todos os serviços: o Presidente da Direcção José Manuel Gil Alves. Claro que para a parte técnica há uma Coordenadora, mas de resto tudo é gerido e orientado por ele. Um homem e tanto!
Hoje, a Associação Popular tem um edifício novo de igual dimensão ligado ao antigo; tem um pavilhão pré-fabricado dentro das mesmas linhas arquitectónicas; tem 300 e muitos meninos desde os 3 meses aos 12 anos e cerca de 50 empregados; tem 4 carrinhas e 1 autocarro para transporte de crianças, garagem e jardins adequados às idades dos utentes. Para além disso, dá apoio sócio-familiar ao pré-escolar de Almargem, da Sapataria e da pré-primária oficial do Sobral. Só por curiosidade, são servidas cerca de 500 refeições por dia. É OBRA.
Continuo a fazer parte da Direcção da Associação, como secretária, e orgulho-me de a ter visto crescer, passo a passo e, além disso, de ter vivido dentro dela 31 anos da minha vida, como empregada de secretaria. Bem hajam todos aqueles que lutaram, que se empenharam tanto na concretização deste sonho: é o sonho que comanda a vida, e esta instituição é a prova disso mesmo.
Mimi

5 comentários:

  1. Gostei da descrição técnica da Mimi sobre a evolução do Jardim Escola - Associação Popular de Sobral de Monte Agraço e muito me apraz que, num tempo de crise como o que que atravessamos, a Associação se mantenha viva e de boa saúde, em prol das crianças do nosso concelho.

    Pode afirmar-se que, há quase 40 anos, houve gente com visão de futuro que lançou a primeira pedra. Da Comissão de Moradores saíu a Comissão Instaladora, tendo o meu cunhado Martinho sido seu Presidente, homem de poucas letras, mas de algumas obras, empenhado e activo. Mas não foi o primeiro presidente...
    Foram muito poucos os que estiveram dispostos a sacrificar as suas vidas por esta causa mas, mesmo assim, com a teimosia e boa vontade de alguns, conseguiu-se levar por diante o que tanta vez lhes trouxe cansaço e desilusões: vivi o dia a dia desta luta, porque o meu marido, Guilhermino Reto, foi o primeiro Presidente da Comissão Instaladora.

    Congratulo-me por saber que, à frente do projecto de então, ficou um homem que tem dado de si tudo o que pode e sabe, tendo conseguido mantê-lo e fazê-lo evoluir. Seria de tremenda injustiça não citar uma mulher que se disponibilizou desde do primeiro momento para ajudar, e que foi única mulher a fazer parte da comissão de moradores: é ela a minha amiga Isabel Pacheco. Aos citados e aos que continuam anónimos aqui expresso a minha solidariedade e amizade.
    Nesta Terra, e em parte, Abril cumpriu-se, mas há tanto de Abril para cumprir... POIS LUTEMOS PARA QUE ABRIL SE CUMPRA

    Maria Alexandrina Reto

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  2. Boa noite Mimi
    Mais um testemunho importante deste cantinho tão simpático e acolhedor do nosso país.
    É bom que hajam testemunhos do passado, ainda por cima documentados com fotos, pois só assim nós os forasteiros saberemos algo que está para lá do nosso alcance, e as gerações novas poderão dar continuidade à sua história.
    Bem-haja pela sua participação.
    Lourdes.

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  3. Fora daqui, e tal como a Mimi, também eu fui membro de (várias) Associações de Pais, duas das quais ajudei a fundar, lá onde as minhas filhas estudaram. Tal como a Mimi, também eu fui, durante um mandato de três anos, Secretário da Direcção de uma IPSS. Mas não posso fazer ideia do que seja estar 32 anos, voluntariamente, graciosamente, como membro da Direcção de uma IPSS...Também neste caso, para ela e para os que a acompanham neste "record", vale dizer É OBRA!...

    Há, naturalmente, outras e válidas instituições escolares no Concelho; mas esta, pela dimensão que atingiu e pelo específico caracter de "solidariedade social" com que foi concebida e mantém, merece ser especialmente destacada e apoiada.

    Se tem cabimento que faça um voto, voto por que o "sonho" continue a comandar a vida da instituição, das pessoas que a sustentam e das crianças que, nela, dão os primeiros passos na vida das letras e da interacção social.

    José Auzendo

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  4. Enganou-se o Fernando Pessoa ao dizer: Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
    Pela descrição que a Mimi, e antes a D. Alexandrina, fizeram da vida da Associação Popular, bem se pode dizer que, aqui: homens e mulheres quiseram, homens e mulheres sonharam, homens e mulheres fizeram nascer, homens e mulheres mantêm viva a obra.
    Às gerações vindouras a obrigação de a continuarem, melhorando-a cada vez mais, porque é preciso continuar…

    Apetece-me, agora sim, deixar-vos aqui estes versos de Fernando Pessoa.
    "De tudo, ficaram três coisas:
    A certeza de que estamos sempre começando...
    A certeza de que precisamos continuar...
    A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.... “
    Inês

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  5. Andei lá e adorei os meus professores.O meu irmão também lá faz muitas coisas giras.

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