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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Manuel (parte II)

O que é que o Manuel resolveu fazer? Dois livros, um falso para apresentar aos inspectores e um verdadeiro só para o grupo, para poder haver dinheiro em caixa e se poder cobrar uma pequena quota todas as semanas.
Convocou uma reunião com todos os homens da aldeia e expôs-lhes a sua ideia. Escusado será dizer que todos aceitaram.
No dia 1 de Janeiro de 1947 formou-se o Grupo Humanitário Barqueirense, um Presidente, um Tesoureiro e três vogais. Presidente ou Vogal qualquer um podia ser mas Tesoureiro só quem tivesse bens próprios.
Se um sócio de envolvesse em desordem não recebia subsídio sem consulta da Assembleia Geral, podendo até perder para todos os efeitos o direito de sócio. Com este regulamento os homens compreendiam-se muito bem entre si; era bonito de ver...
Nenhum se portava mal pois não queria deixar de ser sócio.
Os Vogais cobravam as quotas todas as semanas, 25 tostões cada. O dinheiro era entregue ao Tesoureiro e assim se ia juntando para tudo o que era necessário. Quem estava doente, para receber subsídio tinha que ir ao médico e apresentar comprovativo. Recebia 20 escudos diários. Se algum sócio falecia o grupo fazia o funeral e dava-se seis meses de subsídio à viúva para poder organizar a vida.
Um sócio teve um problema de pulmões. O regulamento dizia que não podia receber mais que seis meses seguidos. O Manuel, sempre atento dizia, vai ao médico e pede alta, pouco tempo depois, vai ao médico pede baixa. Assim andou dois anos até que ficou curado e recomeçou a trabalhar.
Todos nós tínhamos muito orgulho em não haver pobres a pedir na nossa aldeia.
Não havia outra aldeia do concelho do Sobral que tivesse o que nós tínhamos...
Hoje isto não tem importância mas em 1947 tinha muita, pois o nosso estado não dava nada a quem quer que fosse.
Manuel, todos os dia rezo por ti e peço a Deus que te tenha num bom cantinho, porque tu mereces. Obrigada pelo exemplo!

Alice (Sobral-Espaço Net)

1 comentário:

  1. Fiquei muito contente e orgulhosa ao ler esta palavras sobre o meu avô...

    Um grande beijinho Alice

    Rute Lima Granja

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