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domingo, 6 de junho de 2010

Vidas...

Sou natural da Barqueira onde vivi até aos seis anos.
Filha única, o meu pai emigrou algumas vezes, então eu e a minha mãe viemos para o Sobral de Monte Agraço para casa de uns padrinhos. Seria também uma outra forma de emigração...
Fiz a primária, aprendi a bordar, profissão que exerci durante três anos.
Aos quatorze anos passei a acompanhar a minha mãe . Começámos a trabalhar num restaurante.
Tinha vinte anos quando casei. Como quem casa quer casa, fui morar para uma pequena aldeia pertencente à freguesia de S. Quintino, terra do meu marido.
Vieram os filhos. A minha filha Ana tinha idade de entrar para a escola. Resolvemos vir morar para o Sobral, perto dos meus pais.
Tenho três filhos, dois permanecem em Portugal, o outro emigrou.
Posso considerar que éramos uma família feliz.
Mas nem sempre se controla ou domina tudo à nossa volta. A doença ultrapassa o nosso querer e mesmo entendimento. Meses depois, a minha mãe adoeceu com um cancro e veio a falecer pouco tempo depois. Vinte meses foi quanto durou o seu sofrimento. Faleceu tinha só cinquenta anos. A nós aconteceu o que normalmente pensamos só acontecer aos outros.
Mas a vida tocou-se. Os filhos cresceram e seguiram cada um seu rumo. As raparigas estudaram e tiraram um curso. Foi o que de melhor lhes podia ter dado, a possibilidade de estudarem. Fazem a sua vida, mais longe do que eu gostava, aqui em Portugal, mas onde decidiram. Estão bem. O rapaz está fora, no estrangeiro. Dele tenho uma neta com quatorze anos que é muito minha amiga.
Quando se olha para a vida, muitos anos, quando queremos escrever algo sobre ela parece-nos que nada há a lembrar...
Isto é um pouco da minha história de vida!

Ana Além (Sobral - Sapataria)

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