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sábado, 16 de abril de 2016

O Segredo

Quando em criança brincava com as amiguinhas da escola lembro-me de muitas vezes dizermos que “vou-te contar um segredo mas não contes a ninguém”. Passado pouco tempo esse “segredo” confidenciado já era
público e tinha portanto deixado de o ser.
Mais tarde na juventude, aluna de liceu e depois jovem empregada de escritório, também essa frase era pronunciada muitas vezes em conversa e confidenciando com amigas especiais. E tantas vezes, tal como na infância, passado pouco tempo o “segredo” tinha-se também tornado público.
Mas afinal o que será mesmo o SEGREDO?
Os setenta anos da minha experiência de vida ensinaram-me que o “segredo” é algo mais do que imaginamos nos verdes anos. Na minha modesta opinião e de acordo com o meu sentir e vivência, o “VERDADEIRO SEGREDO” é algo muito pessoal que apenas partilhamos com o nosso “EU”. A partir do momento em que o contamos a alguém, ainda que esse alguém seja íntimo muito especial na nossa vida, deixará de ser segredo, pois haverá sempre a probabilidade de um dia esse alguém violar a promessa de “saber e calar”, por vezes até mesmo distraidamente sem qualquer intenção de maledicência. A palavra “partilha”, por si só, já define o “não segredo”. Para mim, o verdadeiro segredo é algo do nosso íntimo que desejamos, com que sonhamos, por vezes até algum sofrimento oculto que não queremos ou não conseguimos, por falta de coragem, revelar a ninguém. Quando há necessidade de falar com alguém, deitar cá para fora o que nos vai na alma, poderemos chamar de confidência, desabafo, partilha, mas a partir desse momento deixará de ser segredo.
E estou apenas a referir-me ao segredo do ser humano como pessoa individual, cada pessoa no seu “EU”.

Mas há ainda outro tipo de segredos como por exemplo os “segredos de estado”, os segredos de “grupos” ou “instituições”.
Quanto a esses segredos considero-os muito relativos, pois sempre ouvi dizer que “quando se zangam as comadres, descobrem-se as verdades”. E quando dentro desses grupos a que acabo de me referir acontecem opiniões divergentes, desavenças, interesses próprios, por vezes as pessoas quebram o sigilo por vingança, inveja, em suma, por má formação moral (o ser humano é falível e quando as coisas não lhe agradam, na maior parte das vezes perde a compostura), aí esquece-se o compromisso do silêncio e lá vai o segredo por água abaixo. E tal como na minha infância e juventude, o segredo passou a ser público…
Não sou filósofa, mas no meu percurso de vida tenho convivido com muita gente de vários extractos sociais o que me tem permitido muitas vezes observar o comportamento das pessoas, e na minha modesta análise, concluo que “SEGREDO” é apenas de uma única pessoa que somente o partilhará com o seu próprio “EU”. Com mais ninguém. Certa ou errada, esta é a minha opinião pessoal.
Mas reconheço… quantas vezes com que relutância essa partilha com o nosso “EU” será difícil de aceitar por nós próprios!...
Lourdes Henriques

1 comentário:

  1. Olá querida amiga Lourdes,
    SEGREDOS! quem os não tem! São na realidade algo muito pessoal, muito íntimo, só nosso.
    No entanto, se sentirmos necessidade de os partilhar com alguém, há que ter muita confiança na pessoa em questão.
    Sempre ouvi dizer que, uma amiga tem amiga, outra amiga, amiga tem,e às duas por três, o que era um segredo, passa a ser do domínio publico.
    Conheço uma pessoa que costuma dizer: "se é segredo não contem a mim", e não é a brincar que o diz, é verdade.
    Pelo menos é sincero, não engana ninguém.
    Por tudo o que já foi dito,pelo sim, pelo não, o melhor é guardá-los lá bem no fundo do nosso baú, não vá o diabo tecê-las.
    Gostei muito da abordagem que fez ao tema.
    Obrigada por partilhar.
    Receba um beijinho grande desta sua amiga
    Rosa Santos.

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