A
Vida é uma combinação de ganhos e perdas.
Logo
ao nascer ganhamos a luz do dia, ganhamos a nossa liberdade deixando
de depender do ventre da mãe, ganhamos um projecto de vida para uns
mais curta, para outros mais comprida, mas temos logo uma estrada à
nossa frente que nem todos conseguem atingir o seu fim. Ganhamos o
amor e o carinho da família que sempre nos vai querendo proteger …
E
à medida que vamos crescendo, a pouco-e-pouco vamos ganhando
autonomia, adquirindo conhecimentos e hábitos que nos vão
fortalecendo como seres independentes e completamente livres para
fazermos as nossas próprias escolhas.
Mas
a Vida não são só ganhos! Ao fazermos o balanço dos ganhos e
perdas, quantas vezes o prato da balança não pende mais para estas
últimas …
Logo
à nascença perdemos a protecção natural de que usufruímos no
ventre da nossa mãe. Ao começarmos a percorrer a Estrada da Vida,
cada dia de vida que vivemos é um a menos que temos para viver.
Começam logo aí as nossas perdas …
Mas
os dias vão passando, meses e anos, e à medida que vamos crescendo
adquirimos conhecimentos e hábitos que nos vão mostrando uma
estrada florida mas que tem muitas vezes pelo caminho difíceis
pedregulhos de ultrapassar dos quais teremos que aprender a saber
livrar-nos.
A
pouco-e-pouco vamos perdendo a inocência e descobrindo a maldade.
Fazemos amizades que por vezes, com o passar do tempo, chegamos à
conclusão de que não eram verdadeiras nem sinceras como pensávamos
e aí, perdemos “supostos amigos”. Muitas vezes sofremos com isso
mas temos também que aprender a aceitar e a saber sobreviver com os
desgostos e desilusões de uma forma natural pois também fazem parte
da vida de todos nós e é sabendo lidar com eles que nos vamos
fortalecendo.
E
passo-a-passo a vida nos vai ensinando que teremos que saber fazer as
nossas escolhas para não sofrermos demasiado com as perdas.
Vamos
perdendo os avós, mais tarde os pais (e quantas vezes isso acontece
na infância…), outras vezes os cônjuges muito precocemente…
Contudo, a perda menos natural será eventualmente a de um filho e
essa perda, nem sequer a consigo imaginar.
Mas
existem ainda tantas outras perdas que temos que aprender a aceitar e
superar!...
Também
no amor elas existem. Quantas vezes somos “trocados”, por alguém
que “considerávamos eterno”! …
Ainda
há uma outra perda que não sendo de seres humanos, nos pode
provocar grandes desgostos: é quando perdemos os nossos companheiros
e amigos animais de estimação. Refiro-me muito particularmente a
cães e gatos. Quantas vezes são eles que nos acompanham e dão
alento para continuarmos a lutar, deixando-nos um enorme vazio quando
partem …
Mas
de entre todas as perdas, à excepção da perda de um filho, na
minha opinião julgo que a maior de todas elas é quando nos
apercebemos que a nossa estrada está a chegar ao fim, e quantas
vezes já com perca das faculdades com que fomos dotados como seres
humanos! Essa sensação, julgo ser talvez o que nos provoca a nossa
maior perda de todas:
PERDEMOS
A ALEGRIA E A VONTADE DE VIVER.
Lourdes Henriques
Lourdes Henriques