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terça-feira, 6 de outubro de 2015

RECORDANDO AMÁLIA



Fecho os olhos e reporto-me à infância, a essa infância vivida no longínquo Oriente, em que aos oito anos já a ouvia deliciada nos velhos discos de vinil.

Nasci com a música no sangue, e quando me encontrava sozinha em casa, às escondidas de meus pais, o gira-discos não parava, disco atrás de disco, e uma, duas, três, tantas e tantas vezes os repetia até que decorasse as músicas …

E tantas vezes até que a agulha se desgastasse! Depois, sorrateiramente fechava a porta do móvel onde se encontrava o gira-discos, punha a chave no lugar, e ninguém sabia.

E aos fins-de-semana, quantas vezes o meu pai ficou intrigado como é que a agulha do gira-discos se estragava tanto se ele o utilizava tão pouco! Para ele era um mistério.

Até que um dia “gato escondido com o rabo de fora”, e fui apanhada em “flagrante delito”.

Amália cantava no vinil e eu acompanhava-a do princípio ao fim. Ao contrário do que temia, em vez de uma sova, o meu pai achou imensa piada e daí para a frente era ele que muitas vezes me ajudava a interpretar as palavras que por vezes não entendia.

Uma Casa Portuguesa”, “Sempre e Sempre Amor”, “Barco Negro”, Canção do Mar”, “Noite de Inverno”, “Cartas”, sei lá, tantas, tantas … interpretava-as todas de alto a baixo. Mas não a queria imitar. Gostava das músicas mas interpretava-as à minha maneira. Gostava que percebessem o que dizia, ao contrário de Amália que muitas vezes na sua forma única de cantar, não se percebiam bem as palavras.

E o meu pai interrogava-se como é que uma criança de 8 ou 10 anos se interessava tanto por aquele género de música.

E foi assim que Amália foi a minha Diva Inspiradora.

Cresci, casei, fui mãe e avó, mas Amália nunca me abandonou. Na minha consciência foi ela a minha “Madrinha da Música” e será sempre a minha grande referência.

E foi no dia de hoje, há 16 anos, que nos deixou fisicamente, mas no meu coração e na minha memória continua sempre a ser a minha grande inspiração quando canto.

Obrigada Amália.

Em sua Homenagem deixo aqui um vídeo com um poema que escrevi no dia da sua morte.
Lourdes Henriques

6 comentários:

  1. Adorei, um poema lindo e um vídeo maravilhoso
    Parabéns querida amiga Lourdes.
    Beijinho grande

    Helena

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  2. Linda esta homenagem a Amália, sentida, real, e cheia de amor, e é assim que a amiga é, talentosa, e de grande coração.
    E é assim aceitando o que a vida nos vai trazendo nem sempre o melhor, mas acreditando que o nosso caminho se vai fazendo, para além do que a vista, e o coração alcançam Obrigada por esta homenagem à nossa grande Amália. Um beijo Albertina

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  3. Agradeço às minhas amigas Helena e Albertina os vossos carinhosos comentários.
    É sempre um grande incentivo alguém apreciar o que fazemos. não apenas para receber elogios mas também críticas construtivas, pois com elas podemos corrigir os erros e aperfeiçoar o que fazemos.
    Muito obrigada a ambas por terem gostado.
    Um xi-coração e beijinho às duas.
    Lourdes Henriques.

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  4. Olá minha querida amiga Loudes,
    Bonita e merecida homenagem à nossa querida AMÁLIA. Ela que com a sua voz tão bela levou o nome de Portugal aos quatros cantos do mundo.Acedito que apesar de já não fazer parte do mundo dos vivos continua bem presente no coração daqueles que gostavam dela, e tenho a certeza que são muitos.
    Muito engraçada a forma como uma menina, podemos ainda chamar de tenra idade se começou a interessar pelo mundo das cantigas.
    Gostei de ler.
    O poema e vídeo também muito bonitos.
    PARABÉNS pelo talento.
    Um grande beijinho da amiga,
    Rosa Santos

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  5. Ainda bem que existe uma Lurdes poeta e um amigo Afonso para que este blogue não morra.
    Não tenho dotes para colaborar, nem poesia, nem prosa, nem cantigas,mas ainda bem que quem os tem partilhe.
    Obrigado pela minha parte.
    Manuela

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  6. Agradeço também às amigas Rosa e Manuela as vossas amáveis palavras. É sempre agradável saber que apreciam o que fazemos.
    Mas Manuela, não é preciso ser poeta nem escrever nada de especial para participar no blogue. Basta recordar alguma experiência engraçada e um pouco de imaginação para a colocar no papel primeiro, e passá-la para aqui. E já está, é muito fácil.
    Às vezes, "faz mais quem quer do que quem pode" ...
    Seria muito interessante que houvesse mais participações e interesse por este blogue. Uns porque não podem ou não conseguem, mas há os que sabem mas não querem. Mas se preciso for, sabem criticar.
    Enfim, só quem vai aparecendo é que faz falta e é com muito agrado que, mesmo apenas com comentários, encontro sempre aqui algumas pessoas amigas.
    Muito obrigada.
    Um abraço e beijinho a ambas.
    Lourdes.

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