VISITANTES

sábado, 26 de outubro de 2013

Rio Sizandro

O Sizandro é um rio que tem a sua nascente a 247m de altitude, numa pequena povoação cujo nome é precisamente Sizandros, ali bem junto à Sapataria, uma das três freguesias do Concelho do Sobral de Monte Agraço. Ao sair da sua nascente, passa por Sapataria, Pero Negro, Dois Portos, Runa, Torres Vedras e tantas outras localidades até chegar ao seu destino.
Ao longo dos seus cerca de 40km de percurso, vários afluentes a ele vão juntar as suas águas e, assim, em conjunto, vão desaguar “no Oceano Atlântico junto à praia azul, num local denominado foz do Sizandro, sendo a sua bacia hidrográfica de 336.6km2
Era no rio, em locais de fácil acesso, no período em que as suas águas eram límpidas e cristalinas, que os rapazes de então tomavam banho e daí fugiam a “sete pés” com as suas roupas debaixo dos braços ao pressentirem a aproximação das mulheres que também ali iam lavar as suas roupas. Usavam para o efeito um suporte feito de madeira onde pousavam os joelhos (já que era nessa posição que lavavam), ao qual na época era dado o nome de “banco de lavar ou joelheira”.
Também no rio se colhiam os agriões bravios, com os quais se confecionavam saborosas saladas. Era de lá que muitas pessoas retiravam a tão preciosa água para regar algumas culturas, nomeadamente produtos hortícolas que, antigamente e em certas zonas, eram produzidos em grandes quantidades e depois vendidos nos mercados abastecedores de Lisboa.
Nas margens do Sizandro ainda podemos encontrar, desativadas é certo, as velhinhas azenhas (uma das quais aqui na Sapataria em muito bom estado de conservação), cuja construção teve início em meados do século XIX, mais concretamente em 1852. A força das águas fazia mover as suas mós e os cereais eram transformados em farinha que, mais tarde, dava lugar ao tão saboroso pão de milho e trigo, indispensável à nossa alimentação. Era a este último que, na época, muitas pessoas chamavam de “pão alvo,” por ser de cor branca.
Do Sizandro também era possível extrair a “chamada areia do rio” e era isso que muitas pessoas faziam, não para grandes construções, mas para pequenas obras.
Lembro-me que bonito que era ver as chamadas “galinhas d’água” com os seus filhotes e também os patos-reais com as suas penas multicores a banharem-se nas águas do rio. Momentos de grande beleza. Segundo consta, em determinadas zonas também no Sizandro,
Azenha do Rio Sizandro, exterior (Jorge Martins)
os amantes da pesca tinham a possibilidade de pescar umas belas enguias e com elas prepararem, quem sabe, um saboroso ensopado, digo eu!
Ao longo do seu percurso, várias pontes ligam as suas margens, uma das quais em Casal Coxim, situada entre Sapataria e Perna de Pau, edificada durante o reinado de D. João I. A que melhor conheço é a que liga Perna de Pau a Pero Negro. É aí que, sempre que o seu caudal o permite, e quando por lá passo nas minhas caminhadas, não resisto à tentação de me debruçar sobre o gradeamento da mesma e escutar o cantar das suas águas. Acho lindo!
Ao surgir a ideia de escrever algo sobre o Sizandro, mais uma vez pensei “Oh, meu DEUS! O que é que eu vou escrever, se é apenas um rio?!”, mas afinal, puxando pela memória, e lá bem arrumadinho, muita coisa interessante sobre ele fui encontrar, sendo estas apenas algumas das muitas histórias reais que possivelmente sobre o Sizandro se poderão contar. Por isso, é bom que sejam divulgadas, para que os jovens de hoje, homens e mulheres de amanhã, tomem conhecimento do que antigamente no rio era possível fazer-se.
Hoje em dia, algumas delas já não são concretizáveis devido ao progresso e também à má qualidade da água.
Era bom que todos nós tivéssemos consciência da importância dos rios e dessa riqueza que a natureza nos oferece que é a água que neles corre e os protegêssemos ao máximo.


Rosa Santos

7 comentários:

  1. Muito interessante; é bom lembrar os rios e falar da água, que agora mais do que nunca está na mira das grandes negociatas - concessões, parcerias público privadas, privatizações -

    E que bonito é o Sizandro na região descrita, que também conheço das caminhadas.
    Obrigado pelo tema!

    Abcs
    José Veloso

    ResponderEliminar
  2. Amiga Rosa
    Este seu tema, além de muitíssimo bem escrito, está muito elucidativo quanto à beleza e utilidade que o Sizandro teve no passado. Parabéns pelo seu louvável trabalho.
    De facto a água é um bem essencial à nossa vida e deveria por isso mesmo, haver o cuidado do Homem em preservar toda e qualquer nascente que a natureza nos oferece, em vez que ser produto motivo de distupa e interesses de alguns que pensam ser donos da natureza, e que com isso, prejudicam e privam a todos nós de usufruirmos livremente do que de melhor a natureza nos oferece.
    Gostaria de ter conhecido a beleza deste passado que descreve.
    Obrigada e fico a aguardar mais "informações" arrumadinhas no seu baú ...
    Beijinhos da amiga
    Lourdes.

    ResponderEliminar
  3. D. Rosa.Gostei imenso como,descreveu o rio sizandro.Ainda me lembro dos patos no rio,junto á feliteira.
    Obrigada foi um bom texto.
    Lisete.

    ResponderEliminar
  4. Parabéns tia Rosa! O texto está muito interessante e nota-se bem o seu dom para a escrita. Beijinhos da sua sobrinha Patrícia

    ResponderEliminar
  5. Parabéns amiga Rosa pelo teu grande teste está muito bonito e interessante. o nosso riu já foi muito bonito hoje está cheio de polição
    beijinhos da tua amiga Fátima

    ResponderEliminar
  6. Olá minha querida amiga Rosa.
    Gostei muito do seu texto, tal como a amiga Lourdes, não tive o prazer de conhecer toda essa riqueza, que o rio Sizandro oferecia. A água é um bem precioso, sem ela nós não podemos viver, a água é fundamental e de grande importância para a vida de todas as espécies. Não devemos contaminar os cursos de água.
    Um beijinho para a amiga Rosa e até breve
    Mariana

    Aproveitando este espaço, quero agradecer ao professor Belo por tudo o que ele fez pelo clube sénior e pelo os seus alunos. Era o terceiro ano que ia frequentar a aula de cultura e sociedade foi sempre uma disciplina muito interessante envolvendo a participação de todos os alunos. Apelo ao bom senso de todos, ponham de parte as divergências politicas, o tempo da outra senhora já terminou quase há 40 anos, Não vamos voltar para trás.
    Mariana Luís

    ResponderEliminar
  7. Querida Amiga Rosa, mais um desafio superado. A prosa flui como o Rio de que escreve. Adorei! Adorámos! Beijinhos

    ResponderEliminar