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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A 8ª Marcha dos Fortes


Fomos mais de 450 (entre participantes e membros da Organização) os que, jovens e menos jovens, homens e mulheres, atravessámos o Concelho de Sobral de Monte Agraço, no passado dia 13, Sábado. Vindos de Torres Vedras, entrámos na Patameira, (onde uma delegação da União Recreativa nos veio receber, de Bandeira desfraldada bem ao alto), descemos até à Gozundeira, subimos por Pedreira até ao Alqueidão e descemos por Pedralvo, para sairmos na Louriceira de Baixo a caminho da Carvalha, estas duas localidades já no Concelho de Arruda.
O primeiro pequeno-almoço… cada um deve tê-lo tomado em suas casas; o segundo aconteceu no Forte de S. Vicente, em Torres, um pouco antes das 7 da manhã: chá bem saboroso, pão com chouriço bem quentinho, um (sabe-se lá quantos…) bolo de feijão, especialidade da Terra; o terceiro pequeno-almoço foi servido no Forte da Archeira, aí pelas 9,50: fruta à descrição - maçãs, peras, laranjas – sumos, barras energéticas, salgadinhos de bolacha-miniatura, bolos…E talvez me esqueça de algo. Por esta altura já muitos salivavam pensando e antecipando o almoço que seria servido no Forte do Alqueidão, por volta das 13…E aqui percebeu-se por que razão se fala de Pantagruel…e do seu Livro.
Mas tenho que parar para explicar, não é? Vá salivando, que lá chegaremos…Estou a ver se, neste texto, consigo descrever o que foi a Marcha dos Fortes que, pelo 8º ano consecutivo, é organizada pelo CAAL - Clube de Actividades de Ar Livre, em colaboração com a AMPCTV – Associação de Marchas de Torres, e com o apoio das diversas autarquias (Câmaras e Juntas de Freguesia) que a Marcha visita e percorre. São 43 km que, entre as 7 da manhã, (a partida assinalada com fogo-de-artifício), e as 7,30 da tarde/noite, nos levam a visitar alguns dos Fortes recuperados no âmbito da PILT – Plataforma Intermunicipal para as Linhas de Torres. A pé, claro, caminhando, subindo e descendo, desbravando mato, pisando terra lavrada, ladeando vinhas vindimadas… comendo e bebendo: já cá estamos outra vez.
Bem cedo durante a Marcha (muitos dos participantes já fizeram várias das Marchas anteriores) se começa a antecipar o almoço (e o jantar também, mas antes temos os lanches…), e a fazerem-se apostas de que “este ano não vai estar, não pode estar, tão bom como no ano passado”… É que as cozinheiras do “Rancho Folclórico” da Seramena apostam, também elas, em nos deliciarem todos os anos com o melhor esparguete com carne guisada que se pode imaginar, servido à descrição, por grandes conchas vindas directamente da casa da família Pantagruel, cá está. E pode repetir-se, e repete-se, por muito que o megafone grite que convém não comer muito porque a Marcha prossegue, dolorosa, cansativa, daí a pouco. Ah! E do arroz doce, que dizer? Por falar em doce, deixem-me falar da carne do esparguete: mais parecem cubos de marmelada desfazendo-se-nos na boca…
E prosseguimos a caminho do primeiro lanche que, na Carvalha, ao lado da bela Capelinha, pelas 15, repete as iguarias do descrito terceiro pequeno-almoço da Archeira. Bem reabastecidos, subimos a bom subir até ao Forte da Carvalha, passamos pelo Forte da Calhandriz, (para vermos o Tejo e a “outra margem”), em direcção - que esperava? - ao segundo lanche, este ainda mais completo que o anterior, degustado no original Forte do Arpim, já no concelho de Loures. Barriguinhas bem aconchegadas, lá penámos na descida até Bucelas!…Ah! Bucelas, Bucelas…a tua sorte é não te chamares Jerusalém…
No Sábado da Marcha, Bucelas, toda engalanada, está no auge da Festa da Vinha e do Vinho. E a Fanfarra dos Bombeiros vem receber os heróis pantagruélicos à entrada da Vila, acompanhando-nos até à Escola Secundária, onde toca “só para nós” uma peça épica e nos despedimos com estrondosa salva de palmas. Sem demora, e depois do último carimbo no passaporte, começa a ser servido um aperitivo, o afamado arinto branco de Bucelas, fresquinho, cai melhor que ginjas…E já o jantar nos espera. Nas apostas durante a Marcha, nunca se consegue decidir: é melhor o esparguete com carne do almoço ou a sopa de peixe do jantar que as mesmas cozinheiras da Seramena nos oferecem? Repete-se a sopa de peixe, mais a bifana, mais o arroz doce outra vez. E por esta e por aquela mesa lá circula a garrafa de Bucelas branco. Baco e Pantagruel juntos…a gula no seu esplendor. Aquela sopa de peixe “nem em Paris, Melchior amigo” – citando Eça, em A Cidade e as Serras.
Para o CAAL, a Marcha dos Fortes é “a festa dos caminheiros e montanheiros da região de Lisboa”. Mas vem sempre muita gente de fora. Desta vez estiveram delegações de Vila Real, Trás-os-Montes (o GMVR); de Manteigas, Serra da Estrela (a ASE); de Setúbal (as Lebres do Sado); de Arouca; e … da Andaluzia, os Llegacomopuedas (chega lá como puderes). E do Sobral? Cerca de 30 participantes, uma tristeza. Nomes devia escrever muitos…Vou só referir um, o do “homem do megafone”, fundador e alma do CAAL, comandante e alma da Marcha - o Eng.º e meu velho amigo José Veloso.
Pode ver mais fotos clicando aqui. E mais coisas sobre o CAAL e ainda mais fotos ali em http://clubearlivre.org/node/1988; e acolá em http://www.facebook.com/pages/Clube-de-Actividades-de-Ar-Livre/117568384922413. Para o ano há mais. E sobralenses tem também de haver mais, muitos mais.

José Auzendo

9 comentários:

  1. Mas que bela reportagem, querido Amigo Auzendo!
    É uma visão do sentimento de quem participa com o "físico" e com a alma!
    Sobral está connosco, com a Marcha dos Fortes, desde a 1ª hora - um muito obrigado ao Engº Luis Soares - e são sobralenses as "meninas" da Seramena, peças chave do sucesso da Marcha, que preparam as iguarias que tão bem descreves!
    Estou contigo na pequena mágoa de haver poucos sobralenses a participar...
    Podiam acompanhar-nos pelo menos nas terras do seu Concelho...
    Mas acredito que este teu texto, magnificamente escrito, espevite as gentes do Sobral para uma forte participação na próxima Marcha.
    Um grande abraço do Amigo de sempre
    José Veloso

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  2. A Marcha dos Fortes não é para quem quer, mas para quem pode. Por essa razão fiquei em casa, mas que arrependida que estou! Na minha cabeça paira uma dúvida? O Professor Auzendo descreveu-nos uma "caminhada" ou um banquete de casamento? Com tanta comezaina,quem pensou que perdeu peso está bem enganado. Pesem-se e verão... Ele foi bolos, ele foi arroz doce; e guisado doce nunca comi, mas deve ser bom, porque gosto de tudo o que é doce.
    Os Sobralenses não foram assim tão poucos: tendo em conta a área geográfica do concelho, não estava mal representado.Podiam ser mais,se calhar se soubessem da fartura de comida e bem executada como foi,decerto iriam mais.
    Gosto sempre de ver como a Patameira recebe os caminheiros, a hospitalidade é o seu lema, pois que continuem assim...
    Numa fotografia vejo uma menina a comer sopa de peixe com muita sofreguidão, que pena que tenho que em casa ela não tenha aquele apetite.
    Que a Marcha dos Fortes continue a "marchar" por muitos anos e aos caminheiros actuais se vão juntando novos caminheiros, que não têm forçosamente de ser "novos".
    Maria Alexandrina

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  3. Mas que bela reportagem e belíssimas fotografias que o meu amigo Auzendo nos deu. E a felicidade que o rosto dele transmitia quando chegou a Bucelas, com a barriguinha cheia de elogios (e não só) dos
    colegas da caminhada por ter feito ver aos novos e fazer a Marcha toda sempre na linha da frente.

    Eu também lhe dou os parabéns: uma pessoa com aquela idade…Não é para todos.

    Assisti à chegada a Bucelas, foi uma chegada muito bonita, muita alegria e pouco cansaço.

    Lisete

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  4. Parabéns Professor Auzendo pela excelente reportagem que nos ofereceu. Apesar de não participar nestas caminhadas por serem demasiado longas e não ter condições físicas para as fazer, admiro e louvo quem tem a coragem (e saúde, principalmente) para um passeio destes que também eu adoraria fazer, se pudesse.
    Mas quero fazer uma Referência Especial para a minha amiga Lisete, mulher corajosa que não olhando à idade, mostra a muitos jovens o que é saber viver. Parabéns querida amiga e Deus a conserve assim muitos anos.
    Quanto a si, caro professor, tenho a dizer-lhe que ficou muito bem no retrato. Continue com estas caminhadas que para o ano ainda vai parecer mais jovem! Parabéns pela coragem.
    Lourdes Henriques.

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  5. A Marcha foi uma Festa! E também um verdadeiro passeio gastronómico, como a inspirada reportagem do Professor bem o ilustra!

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  6. Se sou professor... só o serei dos meus alunos, nunca dos meus amigos, como é o caso do Dr. Paulo Gonçalves. Desafiei-o, e foi a primeira vez que foi...Aliás, nem sabia que havia. Houve uma altura em que ainda teve medo, pensou desistir, mas lá se decidiu a participar na "Festa" como escreve. Só por curiosidade... é aquele que aparece quase "dormitando", no texto, após o jantar...

    Já agora, D. Lourdes, muito obrigado, espero bem que sim, que para o ano me sinta ainda melhor que este ano: vai ser (se for) a minha 5ª Marcha consecutiva: espero pelo Diploma...

    Quanto à coragem da D. Lisete...Bem...Apanhar o carro à porta de casa, ser levada até Bucelas, sair na Escola, esperar pelos caminheiros, bater-lhes palmas e sentar-se à mesa a banquetear-se...sem direito a isso...não precisa de muita coragem...Mas claro que ela é uma mulher de coragem, e muitas mais coisas boas, mas não no caso da Marcha...

    Desafio a D. Alexandrina a provar, para o ano, o tal doce esparguete da Seramena...Basta inscrever-se na Marcha (Lisete só há uma), aparecer no Forte de Alqueidão, almoçar, fazer meia Marcha e comer a sopa de peixe que, pelos vistos, a filha tanto aprecia...Outras pessoas fazem isso: não é lá muito de "fortes", mas mais vale metade que nada. E tem garantidas a 4 refeições...

    A todos/as, obrigado pelos elogios.

    José Auzendo

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  7. Uma bela reportagem sobre um dia bem passado.
    Tal como ditam as regras de uma boa alimentação (desculpas!!!) comemos muitas vezes e bem....(um rico guisado, uma saborosa sopa de peixe e um delicioso arroz doce). Mas também caminhamos muito são cerca de 11 horas de marcha (um pouco lenta para o meu gosto!), durante as quais nos divertimos bastante, tal como documentam as fotografias.
    O autor deste texto foi sempre na linha da frente com um ar mais "fresco" e energético que alguns jovens. Terá pedido alguns conselhos ao Lance Armstrong?
    O número de sobralenses que participam nesta marcha tem vindo a aumentar ao longo dos anos. Temos transporte gratuito para a partida e para o regresso a casa mas talvez a referência aos 43 quilómetros que temos que caminhar os assustem. Mas sempre ouvi dizer: não interessa a quantidade, mas sim a qualidade (gaba-te cesto....)!
    Márcia

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  8. À já algum tempo que não passava por aqui, estou a ver que tenho de vir diariamente,nem sabia destas caminhadas,passeios...sinceramente apenas soube de uma que houve não à muito tempo, mas por falta de companhia não me inscrevi,ainda por cima não conheço os sobralensses,fiquei um pouco acanhada.Mas com esta descrição deixou-me a pensar SR. José será que terei de começar mesmo sem conhecer ninguém!!!!!!!!!!!e não é, afinal não conhecer ninguém, vai lá estar o Sr.
    Mais uma coisa para a minha lista do a fazer...Parabéns pela reportagem,como sempre muito bem apresentada.Quanto mais tempo passa, mais o admiro, bem haja.

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  9. Claro que a Cristina tem de “passar por aqui” regularmente, e deve começar a ir a todas as caminhadas que por aí se realizam…Vai receber informação, espere. Mas olhe que quando fui à primeira Marcha dos Fortes fui “sozinho”, sem saber de ninguém que fosse, nem do Sobral…Lá, encontrei gente conhecida, inclusive o “comandante”, o meu velho e “perdido” amigo José Veloso. Porém…a Cristina não pode deixar-me assim sem jeito ao lê-la, a corar quando vejo alguém que pode ter lido o que escreveu...E o que poderão pensar os nossos cônjuges?

    E agora, Dr.ª Márcia Reto, ainda bem que se decidiu a “passar por aqui”, mais vale tarde que nunca, espero que não seja a última vez. Ou será preciso que a sua Mãe volte a “trazê-la” escondida até aqui, para depois a Márcia mostrar a cara? Sim, foi um dia bem passado o da Marcha, a voz da Márcia sempre bem audível, na sua conversa pausada, por cima da respiração sincopada, ofegante, de muitos de nós...Nesses pulmões nunca entrou nicotina, de certeza: energia pura, sim, estava aí.

    Concordo consigo: éramos poucos, os do Sobral, mas bons!...Mas desde quando a quantidade impede, por si, a qualidade? Podemos continuar a ser bons, e ser muitos: matéria-prima existe. E a quantidade interessa, claro. Talvez que esta nossa intervenção no blogue tenha ajudado a divulgar a Marcha, a desfazer medos, a acicatar curiosidades. Esperemos, n’é?

    José Auzendo

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