Estamos
a publicar neste espaço pequenos resumos biográficos de pessoas de
qualquer idade que, nascidas ou residentes no Sobral, conseguiram que
os seus nomes “saíssem” do Concelho, por algum feito realizado
no domínio das letras, das artes, da ciência, do desporto. Se não
fosse excesso de pretensiosismo, diria que estamos a cantar “aqueles
que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando”,
citando Camões. Mas é isso que desejamos que venha a acontecer…
Colabore connosco, escrevendo para sobral.senior@gmail.com
indicando-nos
o nome e contacto de alguém que julgue merecer integrar esta galeria
ou, se for o caso e preferir, enviando-nos a própria biografia.
E
o
destaque
de
hoje
vai
para
…
Vanessa
Rodrigues - autora do livro
“Chamo-me
Maria Amália Vaz de Carvalho”
Vanessa
Roque Rodrigues nasceu em Março de 1980, filha de José Inácio
Rodrigues e Suzete Rodrigues; cresceu e estudou no Sobral, e
licenciou-se pela Universidade Nova de Lisboa em Línguas e
Literaturas Modernas. Surpreendeu tudo e todos ao desistir de uma
carreira no ensino para se dedicar aos livros. Iniciou-se
profissionalmente no Grupo Editorial Pearson, a editar manuais para o
ensino da língua inglesa; actualmente, integra a equipa editorial
das edições escolares do Grupo Santilhana. Com uma pós-graduação
em Edição, encontrou no mundo dos livros a sua paixão.
Em
Outubro de 2011, com ilustrações de Diana M. Marques, publicou uma
biografia de Maria Amália Vaz de Carvalho. Trata-se de um trabalho
integrado numa colectânea juvenil promovida pela “Didáctica
Editora”, que inclui obras idênticas relativas a umas dezenas de
personalidades “de âmbito universal”,
entre as quais Agatha Christie, Einstein, Almada Negreiros, Eusébio,
Fernando Pessoa, Júlio Verne, Luísa Todi, Mozart, Saramago,
Shakespeare, Simon Bolívar, Vasco da Gama, Wagner…
Lemos
o livro como se estivéssemos a ler uma
autobiografia escrita pela própria…depois
de morrer. Ou seja, é como se fosse a biografada a conduzir-nos
pelos aspectos mais relevantes da sua vida, no domínio familiar,
social, político e literário. O que implicou
que a autora, a nossa Vanessa, se tivesse que “meter” na pele e
na mente da biografada, para nos ir transmitindo os episódios
narrados com as palavras, o ambiente e os sentimentos que a própria
teria usado se tivesse sido ela a escrever.
Não
vamos resumir o livro, ele está à venda, é barato, pequeno e de
leitura fácil. Maria Amália Vaz de Carvalho morreu em 1921, aos 74
anos, tendo sido casada com o poeta Gonçalves Crespo. Tem nome em
ruas de várias cidades, é patrona da Escola
Secundária com o seu nome em Lisboa e de um prémio literário anual
instituído pela Câmara Municipal de Loures, Concelho onde viveu
muitos anos. Foi autora, entre outros, de Uma
Primavera de Mulher, poema, e dos livros Vozes do Ermo, Crónicas de
Valentina, Serões do Campo…
Foi
escritora, poeta e jornalista, tendo-se envolvido activamente na
defesa de “uma nova conceção de mulher que, com o triunfo do
liberalismo, lentamente se afirmava”; denunciou claramente que “a
primeira coisa que a mulher não aprende, e que devia
aprender, é a pensar…”
(pág. 49). E lamentava o que continuou a passar-se: “Às
crianças impunham-se conteúdos que nenhum filósofo ou escritor
consideraria de utilidade; (…) esses
métodos verdadeiramente bárbaros tiravam a vontade de estudar,
não incentivavam à procura de mais saber nem alimentavam a
imaginação, algo que tanto admiramos na infância”
(pag.46).
Assim
escreveu Vanessa Rodrigues, glosando e reescrevendo o pensamento da
que foi uma das mulheres mais marcantes dos finais do século XIX em
Portugal. Assim escreve agora Vanessa Rodrigues, testemunhando para
nós, neste Blogue, os sentimentos que experimentou:
“Os
livros sempre foram uma paixão para mim. Para os meus pais, que se
viam forçados a alimentar-me de livros em todos os aniversários e
Natais, a leitura era certamente um vício. Este gosto — vamos
chamá-lo assim — esteve sempre patente em todas as escolhas que
fiz: académicas, profissionais ou de puro lazer. Contudo,
nunca
pensei
que
o
convite
para
escrever
um
livro
surgisse
um
dia.
Não
foi
por
acidente,
mas
quase.
Tal
como
eu,
outros
colegas
de
licenciatura
enveredaram
pelo
mundo
do
livro
(que
abrange
áreas
tão
diferentes
como
escrever,
rever,
ilustrar
ou
imprimir).
Um
deles,
sabendo
do
meu
gosto
e
experiência
em
lidar
com
crianças
e
jovens,
reconheceu
em
mim
as
qualidades
-
ou
melhor,
as
competências
-
necessárias
para
o
efeito.
Recebi
o
convite
com
surpresa
e
orgulho.
De
entre
as
personalidades
que
me
foram
dadas
a
escolher,
optei
pela
Maria
Amália
Vaz
de
Carvalho
por
não
saber
nada
sobre
a
mesma.
Já
agora,
porque
não
partir
do
zero,
sem
ideias
pré-concebidas?
E
aceitei
o
desafio
em
pleno
estado
de
pânico,
confesso!
Foi
uma
experiência
deveras
interessante.
Comecei
por
pesquisar
online,
depois
passei
para
os
livros.
Mas
o
desafio
maior
foi
conseguir
transmitir
o
ambiente
em
que
Maria
Amália
Vaz
de
Carvalho
viveu
na
fase
final
da
sua
existência:
a
doença,
a
morte,
a
desilusão
política
empurraram-na
para
um
verdadeiro
precipício
físico
e
emocional
há
muito
anunciado.
Maria
Amália
foi
uma
mulher
do
seu
tempo,
muito
atual
em
muitas
das
suas
posições,
mas
que
não
conseguiu
acompanhar
o
turbulento
mas
borbulhante
início
do
século
XX.”
V.R.
Parabéns
Vanessa. Ficamos à espera do segundo livro.
José
Auzendo
Gente nova, gente criativa, gente que transmite uma mensagem de futuro!
ResponderEliminarQuando se ouve que os novos são isto e aquilo, marcar a diferença pelos actos deverá ser para os mais cépticos um calar imposto,é um afago de alma para quem ainda crê no valor da pessoa, em concreto nesta juventude.Parabéns Vanessa pelo querer e fazer!
Usando o "fazer" como mote, lamento que esta página tenha sido visualizada 103 vezes hoje e que ninguém ouse um comentário.
Estaremos todos antecipadamente acomodados ou incomodamente alheados?
Muito obrigada, Sr. Afonso, e parabéns também à sua pessoa, por contribuir para a manutenção e dinamização deste «cantinho»!
EliminarBoa noite Vanessa
ResponderEliminarSó agora pude comentar por ter tido o CP avariado.
Acabei de abrir esta página e deparei-me com um depoimento de grande valor e mérito.
Parabéns por nunca ter desistido do seu sonho, pela persistência e perseverança na luta contra o seu "estado de pânico". É realmente um orgulho conseguirmos realizar na vida algo que nos faz feliz. Continue com a sua firmeza e de certo conseguirá alcançar outros méritos.
Pelo nome de certo não saberá quem sou, mas digo-lhe que sou vizinha dos seus pais. Um grande bem-haja também para eles, por nunca lhe terem tirado o sonho da leitura em criança.
Um beijinho da
Lourdes Henriques.
Muito obrigada, D. Lourdes. Tal como tivemos oportunidade de falar, ainda ontem, tive a sorte de ter uns pais modernos que sempre apoiaram estas minhas aventuras literárias, quer na leitura quer na escrita.
EliminarNunca é tarde para fazermos aquilo de que gostamos: continue a escrever, a cantar, a ser artista! Não tenho a menor dúvida de que uma mente ativa é o melhor medicamento que podemos dar ao nosso corpo!
Um beijinhos da vizinha,
Vanessa
Parabéns Vanessa. Tantos elogios ao livro que escreveste fizeram despertar em mim o desejo de o ler. Parabéns também ao Sobral Sénior Gente Gira por dar a conhecer os valores que ainda existem no Sobral e que assim chegam ao conhecimento de muita mais gente. Neste caso do livro da Vanessa, certamente irá despertar mais gente para a sua leitura e quem sabe se para outros livros também.
ResponderEliminarQuantas pessoas no Sobral sabiam que a minha vizinha e amiga Vanessa tinha escrito um livro? E quem conhecia a Maria Amália Vaz de Carvalho?
Lisete
Mais do que vizinha e amiga, a minha «avó» Lisete é também um exemplo... sabe muito bem!
EliminarEspero que tenha a oportunidade de ler o livro (ou excertos) e saber um pouco mais sobre a Maria Amália Vaz de Carvalho. Duvido que fosse senhora para nos acompanhar num copito de moscatel, mas defendia ideais muito importantes, e foi uma lutadora incansável. Não soube acompanhar a evolução dos tempos, mas deixou um legado muito interessante.
Um beijinho grande***
Vanessa
Conheço a Vanessa desde sempre, pois se é uma Sobralense, como não havia de conhecer? Se conheço o pai desde criança… Só por isso julgamos que conhecemos as pessoas e, afinal, se não fosse o professor Auzendo, que não é um Sobralense, lembrar-se de fazer esta biografia, a Vanessa continuava a ser para mim e para muitas outras pessoas apenas a filha do José Inácio. Porém, não deixa de ser a filha do José Inácio e da D. Susete, mas é a Vanessa, uma rapariga culta, que mereceu a atenção de terceiros que, avaliando a sua competência, lhe propuseram que escrevesse um livro didáctico… Que atrás deste venham mais.
ResponderEliminarJá aqui escrevi sobre Sobralenses que se notabilizaram por um ou outro trabalho, mas do passado. É uma honra fazer o comentário a um texto sobre uma Sobralense contemporânea, que nos enche de orgulho.
Parabéns Vanessa
Maria Alexandrina
Muito obrigada, Alexandrina, pelas suas palavras tão amáveis!
EliminarConfesso que sempre ouvi o seu nome mas tive de perguntar à minha mãe quem era... e fica provado que uma pessoa vive tantos anos no Sobral, uma terra tão pequena, e não consegue associar nomes a caras.
Sempre quis ser professora - tinha um bom exemplo em casa - mas acabei por me virar para outra área, também ela na área da educação, a dos livros, e em especial os livros escolares. É um trabalho de secretária, sem fama nem fortuna, mas é um orgulho saber que aquilo que eu e os meus colegas fazemos ajuda e contribui para a formação de muitos alunos.
Espero que tenha a oportunidade de ler um pouco mais sobre a Maria Amália Vaz de Carvalho, não por ser um livro de uma sobralense, mas por se tratar de um relato verídico de uma grande senhora que lutou pelo direito à educação das crianças e mulheres.
E parabéns pelo vosso trabalho: são as pessoas que fazem uma terra.
Um beijinho,
Vanessa
Parabéns à Vanessa que, entre a surpresa, o orgulho e o pânico, não quis ser “piegas” (é assim que se diz agora, não é?), aceitou o desafio e … aqui estamos nós, com uma pontinha de orgulho, aclamando e, pelos vistos, ajudando a divulgar o seu trabalho.
ResponderEliminarE devo felicitá-la pela escolha da personagem, Maria Amália Vaz de Carvalho, que foi uma mulher que, no seu tempo, à sua maneira, lutou pela dignificação da mulher e pela melhoria da educação em Portugal.
Fixe Vanessa, são exemplos destes de que precisamos hoje, também.
Inês
Muito e muito obrigada, Inês, pelas suas palavras e pelo apoio que tem dado ao longo dos últimos tempos, também a Inês é um exemplo para as gerações mais novas, não duvide!
EliminarUm beijinhos grande, com muito carinho,
Vanessa
Puxando a brasa à nossa sardinha, que o mesmo é dizer ao nosso Blogue, estou a puxar para aqui uns extractos que roubei do Facebook da Drª. Vanessa Rodrigues.
ResponderEliminar“ Vanessa Roque Rodrigues partilhou uma ligação.
há 5 horas
Um destaque sobre a minha pessoa, mas sobretudo publicidade a um grupo de Gente Gira e que faz do Sobral aquilo que é! Parabéns ao Sobral Sénior!
Sobral Sénior - Gente Gira: Destaque 1
sobralsenior.blogspot.com
Gente nova, gente criativa, gente que transmite uma mensagem de futuro! Quando se ouve que os novos são isto e aquilo, marcar a diferença pelos actos deverá ser para os mais cépticos um calar imposto, é um afago de alma para quem ainda crê no valor da pessoa, em concreto nesta juventude. Parabéns Vanessa...
Vanessa Roque Rodrigues - Partindo do pressuposto que estão interessados na leitura, recomendo que abram através do Google Chrome. E aproveitem para espreitar o resto do blogue, claro!
Amiga X - É um local que visito com alguma frequência… acompanhar o que se vai fazendo por lá e aprender com os que lá contam a 'nossa' história, é um cantinho que me 'sabe bem' ;)
Amiga Z - Boa miúda. Continua com força e garra. Beijinhos"
Fim de roubo, ou de citação. Não acham que com estas “brasas” a nossa sardinha fica mais saborosa?
José Auzendo
Mais uma vez estão de parabens, acho esta ideia brilhante. Afinal são os Seniores que ainda vão dando vida e alguns conhecimentos a esta terra, preocupando-se em manter vivo o espirito que os da terra não têm.
ResponderEliminarObrigado Sr. Ausendo que sei que nem é do Sobral, pela sua dedicação e Muito parabéns à Vanessa.
Adelaide
Tenho achado não dever ocupar muito espaço neste blogue a responder aos agradecimentos que me dirigem, embora todos me sensibilizem e me agradem, como é óbvio. Se digo isto agora, a propósito do comentário da D. Adelaide, é porque ela, além de tocar em pontos cruciais, fá-lo com uma sensibilidade que me levou a sentir que seria ingratidão não reagir. Registo também a maneira regular, interessada e participativa como ela vive este blogue.
ResponderEliminarNão nasci no Sobral, mas resido no Sobral, voto no Sobral (e voto sempre e nunca em branco) e, enquanto me “deixarem”, estou a tentar sentir-me tão sobralense como os que cá nasceram. Recebo muito, procuro dar o que posso. Mas, especialmente no caso desta série de biografias, sem os biografados eu não faria nada, não seria “ninguém”…É deles o mérito. E, neste primeiro “Destaque”, o mérito é só da Vanessa, é dela que devemos falar, é ela que devemos elogiar, incentivar; é o “feito” dela que devemos conhecer, divulgar.Foi para isso que escrevi...
José Auzendo