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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Colheita... de palavras

Finalmente, com um ano de "atraso", começaram no dia 9 de Janeiro as aulas de Português no Clube Sénior do Sobral. Em boa verdade, o número de inscrições ficou aquém das expectativas: esperava-se e seria (será!...) desejável uma maior adesão dos "seniores" sobralenses a esta disciplina. Aperfeiçoar a capacidade de ler, interpretar e escrever, na língua--mãe de cada um de nós, é uma preocupação que todos deveremos sempre ter, seja qual for o grau de formação de cada um.
Para texto de base do nosso trabalho, decidimos adoptar o livro Vindima, de Miguel Torga. Parafraseando Alexander Fleming quando, em 1921, descobriu a penicilina, a escolha desta obra "aconteceu por acaso". O livro foi comprado em conjunto com a edição (gémea) da sua versão em inglês, ambas numa edição da D. Quixote, de Setembro de 2011, para serem usadas nas aulas de Inglês. E assim acabou por se encontrar o livro "certo" para as aulas de português.
Miguel Torga é, como costuma dizer-se, um vulto maior das letras portuguesas. Poeta consagrado e premiado, dedicou-se também ao conto e ao romance. Quem ainda não leu Bichos, Contos da Montanha, ou Novos Contos da Montanha, está perdendo a oportunidade de se deliciar com maravilhosas histórias do viver português, especialmente do norte transmontano.Natural de Sabrosa, tendo vivido muito tempo da sua juventude entre as serras e os vales durienses, não admira que dedique o seu único romance, publicado em 1945, à vindima no Douro.
Ler Vindima é seguir a vida, o sofrimento, as alegrias, as injustiças, o trabalho insubstituível de um grupo numeroso de pessoas - homens, mulheres e crianças - que saem de Santa Marta de Penaguião e descem a serra para, nas quintas em socalco do Douro, colherem as uvas e fazerem o vinho que há-de fazer as delícias de quem o conseguir provar. Ou não fosse Torga essencialmente um poeta, as páginas do romance estão amiúde polvilhadas de lindas sequências de poesia em prosa.
Na aula, estamos fazendo a leitura e a interpretação do texto, cheio de metáforas e de ricas imagens que só uma grande imaginação conseguiria oferecer-nos. Em casa...faz-se o trabalho de casa: resumos de capítulos lidos, "reescrita"de partes mais significativas. A história inicia-se com a contratação dos rogadores que hão-de compor a roga: grupo de pessoas seleccionadas para fazerem um certo trabalho agrícola, no caso a vindima. E foi ao fazer o resumo destes capítulos que uma aluna, Maria Alexandrina Reto, nos presenteou com  o poema que vai transcrever-se.

Eram quarenta ao todo,
os que foram apalavrados;
- gente pobre, gente povo,
ao trabalho habituados.

Foi o feitor da Cavadinha,
que a boa nova anunciou:
contratou-os p'rá vindima
o que a quase todos agradou.

Era bom à roga pertencer
e um sonho da gente da terra:
uma vez a montanha descer
em busca do que não há na serra.

Desde tempos mais remotos,
sempre que as videiras pariam
eram pessoas aos magotes
que da serra ao Douro desciam.

Em Setembro era todo um povo
com um desejo inquietante:
por força regressar de novo
àquela lide tão distante.

Regozijavam as raparigas
contentes por poderem viajar.
Preparam as suas cantigas
que lindo era o seu cantar.

São grandes as ansiedades
de quem prepara a partida;
pessoas de todas as idades
que o Douro é o pólo da vida.

Maria Alexandrina Reto

É lindo, não é? Quase tão lindo como o poema de Miguel Torga, inserto em "Orfeu Rebelde", publicado em 1956 e que diz:

Canto como quem usa
os versos em legítima defesa.
Canto sem perguntar à Musa
se o canto é de terror ou de beleza.


José Auzendo

29 comentários:

  1. É rico o contiuto!!! sem par o Torga, muito elucidativo e atraente!!!dá vontade de conhecer,o que falta...e não é pouco,infelizmente....

    Um abraço
    avoluisa.

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  2. LER Miguel Torga foi uma brilhante ideia do nosso mestre gostei muito. Foi interessante para mim,tive que fazer um resumo do texto foi muito bom. Com respeito aos versos da nossa colega Alexandrina
    são lindos. Obrigado professor

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  3. Na minha opinião, penso que a colega Maria Alexandrina tomou uma
    iniciativa genial ,para alem de recontar a história de Miguel Torga
    fez uma adaptação excelente.Dou-lhe os meus sinceros
    parabéns.

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  4. Que excelentes iniciativas: a das aulas de Português, a do "mestre" e a da "aluna". Desejo a continuação de uma colheita muito rica em palavras, imagens, sons, sonhos... porque cada palavra carrega em si o peso da escolha do autor e a volatilidade da imaginação de cada leitor. Espero que as inscrições aumentem, que em cada aula saboreiem o néctar de cada texto e que, acima de tudo, se sintam felizes!
    Ana

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    1. Se eu sou o "mestre" a que Ana (Ana quê?) se refere, é meu dever convidá-la a substituir-me nas aulas de português: os "alunos" teriam muito a ganhar, parece-me, a avaliar pela clareza, pela poesia, pela beleza do texto que fez publicar. E eu ficaria, com todo o prazer, seu aluno. E todos nos "sentiríamos mais felizes".
      José Auzendo

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  5. Fico feliz por saber que o Clube Sénior está a progredir, alargando a sua participação ao oferecer aos séniores a possibilidade de explorarem mais as suas capacidades, numa área que os motive e desperte, concretamente o conhecimento mais profundo da nossa língua.
    Um grande bem-haja ao professor pela atitude e compromisso a que se dispôs, e também pela escolha da obra.
    À colega Alexandrina, os meus sinceros parabéns por um trabalho tão bem concebido. Está lindo. Adorei. Obrigada.
    Lourdes Henriques

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  6. Um texto que me fez ficar com vontade de ler o livro a Vindima, do Torga ...
    Paulo

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  7. Minhas colegas e amigas, agradeço~vos as vossas palavras Mariana e
    Lisete o meu muito obrigado. Colega Lurdes as suas palavras são música para, eu não posso competir com a Senhora, o seu saber é muito
    maior di que o meu. A Ana as suas palavras são como digo do Torga,
    Lindas de morrer. Realmente o "mestre" é o elo de ligação, e compreensão da obra, quem nos conduz, aproximando-nos do autor e transmitindo-nos todo o seu saber, é a ele que tudo se deve.
    Maria Alexandrina

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    1. Caríssima colega Alexandrina
      Aqui estou de novo, desta vez para lhe agradecer as suas amáveis palavras, mas, gostaria muito que soubesse que não me considero superior a ninguém, e muito menos pretendo competir seja lá com quem fôr. Somos todos o que somos, cada qual com suas vivências , umas mais difíceis e complicadas que outras, mas isso é que faz de nós o que se chama "uma comunidade". Nem todos tiveram as mesmas oportunidades na vida, mas todos temos oportunidade de lutar. E isso, a senhora FEZ MUITO BEM. Isoladamente, pouco ou nada representamos na sociedade. Por isso, não diga que "não posso competir..." porque eu, noutras áreas, também de certeza absoluta que não poderia competir, nem consigo nem com a maior parte das pessoas. Sinta-se feliz por ter uma força interior tão grande que a levou a não perder a vontade de continuar a lutar e aprender sempre mais. Parabéns por isso e um beijinho.
      Lourdes.

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    2. Então é uma competição!
      Eu pensava que não!

      Penso como a "nossa" Agustina Bessa-Luís

      "A competição é só civilizadora enquanto estímulo; como pretexto de abater a concorrência, é uma contribuição para a barbárie."

      Um bom dia para tds!!!!

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  8. Uma iniciativa/notícia bem diferente daquelas que, ultimamente, estamos habituados a ouvir.
    Gente Sénior, Gente Gira, Gente Motivada... um outro modo de ser cidadão.

    Bem escolhido o Torga. A sua obra versa sobre o homem e a sua relação com o mundo, relata o humano e o desumano, sem pretensões além das de mostrar o que ele realmente é.

    Que o Clube Sénior atinja os seus objectivos, tal como a “planta torga” lança as suas raízes fortes sob a aridez da rocha.

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    1. Não fosse este comentário "duplamente" anónimo e eu teria muito prazer em desenvolvê-lo, porque ele traduz bem o que me motiva; assim, como pode não ser "bonito" dar voz a quem se "esconde", refiro tão só que são precisos "rostos", mais rostos, que se façam acompanhar de cabeças, de mãos, para, todos juntos, semearmos as torgas que hão-de enraizar. E florir sobre as rochas.
      José Auzendo

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  9. Ao ler o texto publicado e sobretudo o poema da Sra. Alexandrina, que achei lindíssimo, fiquei com o desejo de conhecer este livro. Espero que os participantes do Clube Sobral Sénior Activo (e, eventualmente, outros) continuem a fazer do blog um instrumento de encontros. Eu já "encontrei" um livro, mas certamente outros me aguardarão. Cláudia Simões

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    1. Obrigados, drª. Cláudia
      Obrigados,no plural,porque estou certo de interpretar o sentir de quantos participam no Clube Senior ao agradecer-lhe a sua prestação neste blogue: de todos os que,diariamente,docentes ou não docentes,falam consigo,recebem e lhe fazem telefonemas,recebem e lhe enviam mails.A doutora é,mesmo que nem todos disso se apercebam,a alma visível do Clube Senior:faz-nos falta também no blogue.E não só com comentários,mas com outros contributos também, claro.
      Nós sabíamos,e estamos tentando mostrá-lo, que este blogue não é para velhos. A drª Cláudia é, que saiba, o primeiro sobralense não sénior a participar no blogue.Precisamos de muitas outras doutoras cláudias para, dia a dia,irmos vivendo aquela afirmação.
      É assim obrigatório este apelo aos seniores:que cada um "traga mais cinco" não seniores para este blogue - familiares, amigos...Este blogue pode e deve ser o tal local "de encontros",de partilha, de intercâmbio intergeracional.Especialmente este ano de 2012, declarado pelo Parlamento Europeu, pela UE, Ano Europeu da Solidariedade Entre Gerações.
      Todos juntos,tornaremos mais fácil seguir o apelo feito neste blogue por Lídia, em 10 deste mês, de nos virarmos para "coisas mais positivas",de "atirarmos ao vento,ao ar,ao mar" as nossas inseguranças e seguirmos em frente por "caminhos reforçados".
      Mãos à obra, então. Todos.
      José Auzendo

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    2. Foi lendo o texto das vindimas, que deparei comigo a dizer:

      -Devo estar perdendo a oportuidade de me deliciar com as maravilhosas historias do viver portugues.

      Devo confessar e assumir a minha ignorancia, em nao saber muito de Torga, mas pelo que li nos textos dos alunos e do professor, realmente estou fora do mundo em que concerne a vida portuguesa, principalmente no norte e com todas as caracterisricas da colheita das uvas, mas.....como viver é aprender, eis-me aqui, para o que der e vier.
      "nao querendo puxar a sardinha para o meu lado" deixo-vos com um poema de Vinicius de Moraes de 1948, que fala um pouquinho da minha amada "primeira" terra.

      " Tu Copacabana,
      mais que nenhuma outra, foste a arena onde o poeta lutou contra o invisivel e onde encontras enfim sua poesia, talvez pequena, mas suficiente para justificar uma existencia, que sem ela seria incompreensivel"

      Farei neste blog, uma visita quase obrigatoria, quiças, não só para ler os capitulos reescritos pelos alunos, mas para aprender muito mais desta lingua de Camões que hoje, infelizmente está comercializada com todos os acordos ortográficos.
      E como acredito que aqui se fala portugues..... contem comigo.
      anasambaquy

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  10. Sinto-me pequena e ignorante para explicar o que sinto perante os
    textos que li no nosso blogue.Vou tentar dizer o que puder e souber.
    Estou feliz por conhecer e ser amiga de todos os professores do Clube Senior, todos diferentes, mas todos iguais na vontade de transmitirem os seus saberes, a sua sensibilidade, o amor pela natureza. Os textos publicados no blogue, da autoria de professores, de alunos ou outros participantes, estão cheios de
    poesia, de humanismo. Nesta época tão pobre de valores, tão cheia de ganância, chegam à minha terra, que tanto amo, homens que, sem serem Sobralenses de origem, decidem dedicar um pouco do seu tempo a partilhar a sua sabedoria, o seu carinho, o que muito nos enriquece e torna mais felizes.
    Eu sempre gostei de ler, mas agora as aulas de português estão a
    tornar a leitura mais interessante: é a tradução,o significado de
    algumas palavras, de imagens que, sem as aulas não atingiria tão bem.
    Principiámos com Vindima, de Miguel Torga, que eu já tinha lido há
    muitos anos, mas que agora tem
    para mim um novo significado.
    Um obrigada a todos.

    Lisete

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  11. Olá Ana, eu te parabênízo,
    a ti não pergunto Ana quê.
    És brasileira, puxa vida,
    não tem mêmo qui sábê,
    tá lêgál, ninguém duvida.

    Do Sobral a Vera Cruz,
    tantos mares nos separam.
    Nas voltas que a vida deu,
    os mesmos mares nos juntaram,
    o encontro aconteceu.

    E se neste blogue assim entras
    disposta ao que der e vier,
    a ti me quero então juntar
    “que eu sou homem pró que houver
    sou embaixador do mar”.

    Entre aspas estão dois versos de uma canção
    de Pedro Barroso, linda de morrer, pelo menos
    eu gosto muito. Pena não poder rever-me nela,
    não sou assim tanto para o que houver. Mas o
    que agora importa é que estamos nesta luta juntos.
    A canção chama-se mesmo Embaixador do Mar.
    O álbum é o Longe D’Aqui.
    Infelizmente parece não estar disponível on line.
    José Auzendo

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    1. oi,
      Adorei o poema (embaixador do mar), mas tenho muito que aprender desta lingua que falo, mas cada vez descubro que menos sei.

      Talvez por ser de um pais, em que o povo apesar de falar tambem o portugues, é muito mais aberto, mais emotivo e até um pouco relaxado; tudo isto devido as varias etnias que há muito fazem parte do meu imenso Brasil; fiquei como uma boa brasileira, longe da lingua de Camões, mas como viver é aprender, provavelmente fazendo parte deste blog, sairei do outro lado e quem sabe, logo estarei "craque" e poderei assim, conversar, comunicar e escrever melhor.

      Quanto ao poema que voce disse haver mudado, me desculpe, mas nao vi diferença.
      inté a proxima,
      anasambaquy

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    2. Ana, e todas as "anas" que me lerem e sentirem que querem "comunicar e escrever melhor" na língua de Camões...

      ...o Clube Senior aceitará, com prazer, estou certo, a vossa inscrição nas suas aulas de aperfeiçoamento de português.

      José Auzendo

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  12. "....não posso competir com a Senhora.... "Pensava inscrever-me. Resido pertinho de SMA, mas com competições não.... Não... Pensava que era toca de saberes..... Enfim estragam sempre o que tem por princípio um bom princípio....

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    1. Senhor Joaquim Miranda

      Este blogue não deve servir para as pessoas trocarem mensagens pessoais entre elas; mas já que isso aconteceu uma vez, e este é o único meio de o contactar a si... O senhor está a fazer uma bruta de uma confusão...Se ler com mais atenção, verá que aquele "competir" se refere à pretensa capacidade para fazer versos, nada tendo que ver com as aulas de português...ou com qualquer outra aula do Clube Senior. Nas nossas aulas, a única competição existente é a de cada um consigo próprio. Por isso, inscreva-se: em todas as aulas!... Quem agora lhe escreve é o professor de português, mas falo, aqui, por todos os outros...
      José Auzendo

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  13. na minha opinião no gente gira naõ a competições,por mim não,simplesmente trocas de ideias,pensamentos,desabafos.Acho que este senhor está enganado.Eu pouco sei,mas digo o que penso.
    Lisete

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  14. Boa tarde!
    Obrigado pelo esclarecimento.
    Se " ....Este blogue não deve servir para as pessoas trocarem mensagens pessoais entre elas ..." então porque é que as "colegas" se escrevem aqui no blogue e não tocam galhardetes pessoalmente?
    Enfim.... são maneiras de ver e cada um tem a sua. Vou repensar no assunto da inscrição, pois o melhor mesmo é ir, participar .... Se gostar tudo bem. Força para todos!!!! :)

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  15. SIGNIFICADO DE COMPETIR :
    Concorrer com outrem na mesma pretensão;
    Rivalizar;
    Disputar;
    É o que diz o DICIONÁRIO da Língua Portuguesa da PORTO EDITORA.
    Faz falta sim,não duvido, faz falta a muitas pessoas saber o significado das palavras e depois saber aplicá-las!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  16. Pois é, pois é, isto de consultar dicionários tem que se lhe diga... Aliás, o problema começa logo na escolha do dicionário. Como diz o outro, há dicionários e dicionários.
    Mas estamos aqui é para falar de outras palavras. E para reter que as palavras, como “os outros” seres vivos, nascem, formam-se, evoluem, alteram-se e morrem. Pois morrem. Cresci a ouvir usar e a usar palavras como sôga e fueiro, e quem sabe, hoje, o que é uma sôga, um fueiro? E, mesmo que alguns saibam o que significam, quem as usa no dia a dia? Como terão nascido sôga e fueiro?

    Competir nasceu na Grécia. Era o “nome” que se dava à acção de estar juntos, de andar juntos: lá está o “com”, indicativo de várias relações, da ideia de companhia. E depois evoluiu, que isto de andar juntos provoca, frequentemente, que um, ou uns, queira(m) andar mais depressa. Daí o competir como rivalizar, concorrer com outrem.

    Todavia, um outro ramo da família de competir manteve-se “fiel” à ideia de andar juntos: daí dizer-se que o julgamento de determinado crime deve competir ao tribunal de Sabugos e não ao da Patameira, porque foi nos Sabugos que o crime ocorreu, embora o criminoso, ou a vítima, more na Patameira: o processo de julgamento e o tribunal de Sabugos vão andar juntos, a este tribunal compete o julgamento do caso, este é o tribunal competente para julgar. É a competência territorial dos tribunais.

    E assim chegamos ao “competente”, complicando-se a coisa. Competente é aquele que sabe do seu ofício, aquele que sabe, por exemplo, consultar, ou escolher, um dicionário como deve ser; e competente é o tribunal a que cabe, a que pertence por direito, a que está atribuída a competência (territorial) para julgar o crime dos Sabugos.

    E, curioso por demais, aquele que rivaliza ou concorre com outro, quem tem de competir com outro para se ver quem ganha, já não é o “competente” mas o competidor. Curioso ainda é que, na atribuição de direitos, diz-se "competir a", enquanto no sentido de concorrência se diz "competir com" ou contra.

    Isto das palavras sempre é mais giro e complicado do que parece…E desde já me confesso não competente para afirmar que disse tudo sobre “competir”, nem que disse tudo bem. Haverá quem tudo saiba: com esses “não posso competir”, desses não sou competidor.

    José Auzendo

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  17. ...Não está a dizer-me que os Dicionários da Porto Editora não têm o significado correto das palavras.... Olhe que é grave.... Há dicionários e dicionários.... Sabe eu confio na PORTO EDITORA,pelo que lhes vou enviar este seu comentário....
    ...Não comentei sobre Direito e daí não fazer sentido a lição de Português que me tentou dar dando o exemplo de Sabugos e Patameira como Tribunais. Eu escreveria de uma outra forma, mas assim os nossos emigrantes que lerem o blogue de Sobral Sénior ficam felizes.... Como o nosso Concelho cresceu!!!! Até já tem dois tribunais um em Sabugos, freguesia de Santo Quintino e outro em Patameira, freguesia de Sobral de Monte Agraço e na freguesia de Sapataria? O que será que aconteceu para não haver Tribunal, pois até tem mais população do que a freguesia de Sobral de Monte Agraço!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  18. Clara de Sousa Ferreira30 de março de 2012 às 00:42

    Sempre para ser chamado de professor era preciso ter as habilitações literárias para tal, assim como para ser chamado de Dr.também é necessário ter uma licenciatura.

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  19. Voltemos aos dicionários, falemos de professores.

    Vale, de facto, dizer que “há dicionários e dicionários”, sendo que cada editora pode ter três ou quatro dicionários de português, tudo dependendo dos objectivos e (do dorçamento) de quem os compra. Não se pode pedir a um dicionário básico da língua portuguesa que tenha tantas entradas e tão completas definições como, digamos, um dicionário enciclopédico. Não se tratou, pois, de pôr em dúvida a correcção seja do que for.

    Por outro lado, não tentei dar lições fosse do que fosse a quem quer que seja: procurei, isso sim, dar uma visão mais completa dos significados de uma palavra. O resto…foram flores para compor o ramalhete e, precisamente, para não ter o ar de uma lição. Lamento se assim não fui entendido. É o risco de escrever…

    De lição passemos a professor: aqui, não restam dúvidas, di-lo o mais básico dos dicionários, professor é, tão só, “aquele que ensina” (ou aquele que professa, mas este sentido não nos interessa agora). Lá onde se ensina, decorrem aulas, há alunos, logo, não pode haver aulas e alunos sem haver professores. E só os “alunos” podem dizer se, lá, nas “aulas”, “se ensina” ou não. Ponto final.

    José Auzendo

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  20. Clara de Sousa Ferreira9 de abril de 2012 às 19:54

    "Ponto final."
    Nunca vi uma resposta mais democrática....
    É assim o significado de democracia?
    Ponto final no debate de uma questão....
    Gostei e realmente não vale a pena......
    "Nunca só se veja quem só se deseja", pois o "ponto final" é mm para ficar sozinho....Então fique...... Eu nasci cá há muitos, muitos anos......e.... "muita neve vai na serra".... Incapaz de por termo a uma resposta com "Ponto final"...... mas, pegando no ponto final, digo, ponto final mesmo para o "SEU" blogue.

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