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terça-feira, 29 de junho de 2010

Convívio




Mais uma vez uma vez a sardinha, a febra, a entremeada foram pretexto. Digamos que motivaram mas este evento que tem crescido está para além disso.
Foram chegando de mansinho e aos poucos tomou-se de assalto o parque. As especialidades nas mesas, o tinto, as saladas, as sobremesas, o cheiro do grelhado no ar, bocas salivando em ante-visão, sorrisos despreocupados nos rostos. Sem pressa, sem pressões. Estreitam-se laços, semeiam-se atitudes!
Foi bom! Não estava toda a equipa de SobralSenior mas estavam muitos e os respectivos!
Seremos mais no próximo!



Muito se disse, muito ficou por dizer...

No pão, no prato...

Os especialistas...
Aqui come-se e fala-se..

Três jovens de espírito...






Somos alguns!!!











Sai um café...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

hoje...

O primeiro ano em Portugal não foi fácil. Tinha trazido um contentor com tudo o que era necessário para mobilar a minha casa mas tive que arrumar tudo numa sala porque a casa não estava em condições. Os quartos sem roupeiros, paredes a precisar de tinta, armários na despensa, chão envernizado, etc. Havia mais uma vez que meter mãos à obra, assim fizemos.

O meu marido, aqui, não tinha ajuda. Tive que ser eu a dar uma mãozinha. Não percebia nada do assunto mas pelo menos segurar uma tábua sabia.

A fazenda também precisava de ser cultivada para que de lá tivéssemos o que ela nos podia dar e não era pouco. Uns dias na casa outros no campo. Trabalho não nos faltava. Levámos quase um ano a pôr a casa pronta, tudo nos sítio.

O meu marido não sabia semear pouca quantidade por isso tínhamos tudo a “montes” que dava para nós, família e amigos. Agora, passados este anos, que já não pode trabalhar, não há nada para ninguém.

Quando a casa ficou pronta, comecei a pensar que tinha que fazer qualquer coisa para ter o espírito ocupado. Então comecei a a fazer parte do coro da igreja e mantenho-me. Ajudava a fazer almoços e participava em actividades em São Quintino para angariar fundos para a Igreja. Ultimamente não tenho ajudado muito. São dias muito cansativos e eu já não posso. Deixo essa actividade para os mais novos.

Frequentei um curso de bordados. Em simultâneo com a ginástica sénior frequento acções de informática. Estou a gostar muito. Nem sequer sabia abrir um computador. Agora já consigo mandar mails, falar com os meus filhos através do Skype e fazer muitas outras coisas graças às aulas de Informática Sénior apoiadas pela Câmara do Sobral. Ao professor um muito obrigada com letra maiúscula, pela dedicação e paciência que tem tido para comigo!

Alice (Espaço Net - Sobral)

domingo, 13 de junho de 2010

Passeio por África...(parte XIII)

O tempo não pára, não é?

O meu filho mais velho acabou o curso e chegou a hora de ir para a tropa. O mais novo não quis ficar sozinho em casa, sem o irmão e resolver ir também.

O meu marido não quis ver os filhos irem para a tropa. Veio de férias a Portugal. Eu fiquei a a segurar o barco. Não foi fácil vê-los partir, saírem de casa sem saber o que lhes estava reservado. Naquela altura a África do Sul estava com problemas nas fronteiras.

O mais novo, como tinha problemas de coração o médico deu-lhe uma carta onde dizia não poder fazer a recruta. O chefe dos escuteiros deu-lhe outra dizendo que ele tinha que vir a casa todos os sábados porque tinha um grupo de exploradores a cargo dele. Passou dois anos na secretaria a 150 Km de distância. O mais velho foi para a fronteira com Angola a 2.000 Km de casa. Como a área dele era engenharia nunca foi para o mato, ficou no quartel a resolver problemas locais. Graças a Deus os dois tiveram sorte!

Acabada a tropa, passou um ano e o mais velho casou.

A casa onde tão bons momentos tinham sido vividos tornara-se grande só para três. Vendemo-la e compramos outra mais pequena e outra em Portugal.

Quatro anos mais tarde o mais novo casou.

O meu marido começou a falar em regressar a Portugal. Eu não queria. Dizia que valia mais morrer em África com um tiro do que de saudades em Portugal.

A minha vida era muito preenchida. Trabalhei doze anos para o “Lusito” e 16 para os escuteiros.

Quando se fundou o agrupamento nem uma chávena havia para tomar um chá. Quando deixei, havia tudo o que era necessário para servir um jantar para 200 pessoas, uma carrinha de nove lugares e 10.000 Rands no banco. O mérito não é meu mas de todos os pais que trabalharam para o objectivo.

Foi um pouco de mim que ficou para trás.

Em 1993 decidimos e viemos para Portugal. Com a nossa vinda a vida deu uma volta de 180º em todo o sentido da palavra.

Custou-me muito deixar a família e foi muito difícil a readaptação a Portugal.

Ninguém batia à porta, o telefone não tocava, que tristeza! Pensei não aguentar tanta saudade.

Mas uma vez mais aguentei! Já cá estou há 17 anos...

Alice (Sobral - Espaço Net)

domingo, 6 de junho de 2010

Vidas...

Sou natural da Barqueira onde vivi até aos seis anos.
Filha única, o meu pai emigrou algumas vezes, então eu e a minha mãe viemos para o Sobral de Monte Agraço para casa de uns padrinhos. Seria também uma outra forma de emigração...
Fiz a primária, aprendi a bordar, profissão que exerci durante três anos.
Aos quatorze anos passei a acompanhar a minha mãe . Começámos a trabalhar num restaurante.
Tinha vinte anos quando casei. Como quem casa quer casa, fui morar para uma pequena aldeia pertencente à freguesia de S. Quintino, terra do meu marido.
Vieram os filhos. A minha filha Ana tinha idade de entrar para a escola. Resolvemos vir morar para o Sobral, perto dos meus pais.
Tenho três filhos, dois permanecem em Portugal, o outro emigrou.
Posso considerar que éramos uma família feliz.
Mas nem sempre se controla ou domina tudo à nossa volta. A doença ultrapassa o nosso querer e mesmo entendimento. Meses depois, a minha mãe adoeceu com um cancro e veio a falecer pouco tempo depois. Vinte meses foi quanto durou o seu sofrimento. Faleceu tinha só cinquenta anos. A nós aconteceu o que normalmente pensamos só acontecer aos outros.
Mas a vida tocou-se. Os filhos cresceram e seguiram cada um seu rumo. As raparigas estudaram e tiraram um curso. Foi o que de melhor lhes podia ter dado, a possibilidade de estudarem. Fazem a sua vida, mais longe do que eu gostava, aqui em Portugal, mas onde decidiram. Estão bem. O rapaz está fora, no estrangeiro. Dele tenho uma neta com quatorze anos que é muito minha amiga.
Quando se olha para a vida, muitos anos, quando queremos escrever algo sobre ela parece-nos que nada há a lembrar...
Isto é um pouco da minha história de vida!

Ana Além (Sobral - Sapataria)