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terça-feira, 14 de abril de 2009

Também sou de Lisboa

Por volta dos meus vinte e poucos anos no dia um de Novembro saí da minha terra natal deixando para trás os meus pais, os meus dois irmãos e o contacto com a natureza que tanto gostava, mas atracção pele cidade foi maior!

Fui viver para o Dafundo, em Lisboa para casa de umas pessoas amigas. Em Novembro os dias são curtos e cinzentos. Fomos de automóvel e chegámos já de noite, não deu para conhecer bem o caminho. Como tudo era estranho para mim, todas as luzes que ia vendo, ia perguntando que sitio é aquele? E lá longe via uma iluminação muito bonita e disseram-me que ali era Cascais. No dia dois de Novembro levaram-me à Rua dos Anjos em Lisboa aonde ficava a escola onde eu ia tirar o meu curso de modista. A senhora que me acompanhou disse: “a partir de agora tens que te desenrascar, o Dafundo é muito longe eu não te posso vir cá buscar”.

Após o meu primeiro dia de trabalho começou o meu calvário. Tinha que voltar para casa e não sabia bem o caminho. Tinha de apanhar dois transportes e demorava uma hora e meia a chegar a casa. Lá fui perguntando, apanhei o primeiro autocarro na Almirante Reis fui até ao Terreiro do Paço. Depois apanhei um eléctrico para a Cruz Quebrada.

Lá ia andando sem saber por onde andava.. a certa altura comecei a ver as tais luzes de Cascais e foi através delas que me orientei até Algés. Depois dali sabia que era um pouco mais adiante; primeiro tinha que passar o Aquário Vasco da Gama, mais à frente do lado direito havia umas escadinhas e logo depois a paragem em que tinha que sair. Assim cheguei já de noite ao meu destino, não foi nada fácil em 1966 para uma moça da aldeia que nunca tinha saído debaixo das asas da mãe ver-se sozinha numa cidade tão grande como Lisboa. Mas posso dizer que foram os melhores tempos da minha vida, não só aprendi a minha profissão como percebi as diferenças que havia entre as pessoas da cidade e as da aldeia naquela época. Gosto muito de Lisboa mas gosto mais do campo.

A vida na grande terra

Corrompe a humanidade

Entre a cidade a serra

Prefiro a serra à cidade”

António Aleixo


Mariana (Sobral - Biblioteca)



1 comentário:

  1. Um desafio certamente.Parabens pelo belo relato simples e real. Gente Gira, esta!

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