O texto anterior fez-me pensar
no ciclo do trabalho da vinha.
Do primeiro ciclo de trabalhos
na vinha, fazem parte a poda, juntar as cepas e destruir as vides
espalhadas pelo chão, trabalho este feito por uma alfaia própria.
Entretanto, é necessário eliminar as ervas daninhas.
Com o desabrochar e
crescimento das parras e cachos de uva, outro ciclo de várias etapas
se inicia. A dada altura é tempo de começar os tratamentos de
prevenção, ou seja a aplicação do enxofre e das sulfatações,
que ocorrem com intervalos de duas semanas e prolongam-se até por
volta do mês de Julho. Também há que fazer a manutenção do
terreno. Todos estes trabalhos são executados com a ajuda de
máquinas agrícolas, felizmente. Durante este ciclo é preciso estar
muito atento às doenças que possam surgir, como por exemplo, o
míldio e o oídio, normalmente provocadas pelas más condições
atmosféricas. Quando o problema surge é preciso tratá-lo de
imediato.
Por tudo isto, a presença na
vinha neste período é quase constante, e durante as muitas
passagens por lá, é frequente encontrar nas cepas algo que me deixa
encantada, de coração cheio ou seja, os ninhos dos passarinhos lá
bem escondidos por entre as parras. São pequenas obras d´arte
construídas com muito amor para ali poderem criar os seus filhotes.
Quando lá volto a passar, não resisto e vou espreitar, e lá estão
aqueles seres tão pequeninos ainda, quase despidos, de pescoços
levantados, biquinhos abertos, esperando que os pais lhes tragam
comida para saciar o seu apetite. Um cenário maravilhoso,
verdadeira maravilha da Natureza.
Com a aproximação da chegada
do Outono, chega também o 3º e último ciclo do ano, ou seja a
vindima. Nessa altura para efectuar essa tarefa, lá está ao que
antigamente as pessoas chamavam o “rancho”, que é nada mais,
nada menos, do que um grupo de homens e mulheres, que naqueles dias
esquecendo um pouco os seus problemas pessoais, trabalham com muita
alegria e boa vontade.
A uva é cortada para os
baldes de plástico, e depois despejada na tina transportada pelo
tractor que vai acompanhando as pessoas pelas carreiras da vinha.
Entretanto, a uva é transportada para a Adega da Cooporativa, onde é
transformada naquele néctar de grande qualidade produzido na nossa
região, ou seja o vinho branco e tinto, tão apreciados por muitas
pessoas. É muito interessante poder acompanhar de perto o
desenvolver desta produção que é a uva. E já na fase final, ver
aquelas cepas carregadas de uvas brancas doiradas pelo Sol, tão
belas e apetecíveis, mas as tintas também não lhes ficam nada
atrás, deixam-nos muito felizes.
Assim, termina mais um ano de
trabalho intenso, que poderia ser mais gratificante se a conjuntura
actual permitisse que esta actividade fosse mais remunerada.
AH! Resta-me agradecer ao S. Pedro, por normalmente nos brindar com dias de vindima maravilhosos, e também à Mãe Natureza por ser tão generosa.
AH! Resta-me agradecer ao S. Pedro, por normalmente nos brindar com dias de vindima maravilhosos, e também à Mãe Natureza por ser tão generosa.
Passado algum tempo ninguém
pode ficar indiferente à cor do Outono, às pinceladas
magistrais do acaso!
magistrais do acaso!
Rosa Santos
Querida amiga Rosa
ResponderEliminarMais um texto espectacular que só quem participa activamente nesta tarefa poderá descrevê-lo com tanto rigor e sabedoria.
Muitos parabéns pelo seu belo texto e pela sua atenção para com a beleza da mãe natureza.
Agradeço esta sua partilha de uma actividade que para mim é completamente desconhecida, pois nunca fez parte da minha vida. Mas gosto de saber e adoro ver as vinhas quando vão mudando as cores das folhas à medida que o tempo passa, as uvas se vão transformando e os verdes das parras vão dando lugar aos amarelos e vermelhos, característica da estação do Outono.
Mas isto é como tudo na vida: nem todos podemos saber tudo de tudo e a minha amiga nesta matéria (e não só) é exímia. Muitos Parabéns e uma vez mais obrigada.
Beijinhos da sua amiga
Lourdes.