Era
funcionário das
Finanças, "fiscal
de impostos"
ou “recebedor”
designações
atribuídas à
personagem da
nossa “história”,
que tinha
por missão
cobrar os
impostos.
Qualquer
funcionário com
as aquelas
funções, não
pela pessoa
em si,
mas pela
sua actividade
profissional,
dificilmente seria
uma personagem
grata, porque
isto de
cobrar impostos,
nunca agradou
a quem
os tem
de suportar.
No entanto,
o “nosso
amigo”,
ao contrário
do que
seria de
esperar, era
bastante considerado.
Passou
pelo
Sobral
pelos
anos
30/40
do
século
passado,
época
muito
difícil
para
a
generalidade
das
pessoas.
A
Grande
Depressão,
a
Guerra
Civil de Espanha
e
a
II
Guerra
Mundial,
a
par
da
feroz
ditadura
em
que
o
País
vivia,
não
eram
assuntos
de
conversa
corrente,
era
proibido
falar
nessas
coisas,
mas
as
suas
consequências
faziam
sentir-se
de
forma
dramática.
Enquanto
um acontecimento
local ou
uma personagem
que, por
qualquer motivo,
se destacasse
da rotina
do dia
a dia,
era motivo
de conversa
e facilmente
fixado pela
memória colectiva.
Revelou-se,
assim, um
"fiscal de
impostos",
conhecido por
Gouveia, provavelmente
o seu
próprio nome,
ou talvez
porque fosse
natural da
bonita terra
homónima da
região da
Serra da
Estrela.
A
verdade é
que, apesar
exercer uma
função nada
simpática, granjeou
amigos por
todo o
Concelho, sobretudo
porque constituía
sempre um
parceiro disponível
para beber
mais um
“copinho”,
ao que
não lhe
faltavam muitos
e bons
acompanhantes.
Porém
o "nosso"
Gouveia, se
era pessoa
normalmente bem
humorada quando
sóbrio, se
bem "entornado"
e esse
era o
seu "estado"
quase permanente,
exteriorizava de
forma bastante
exuberante a
sua boa
disposição.
Contava-se
que certo
dia, estava
o Gouveia
bastante bem
"bebido, junto
ao coreto
da Praça
Dr. Eugénio
Dias, bem
no centro
da Vila
do Sobral,
com o
braço estendido
e uma
chave na
mão.
Passou
por ele
um amigo
que, ao
reparar no
seu gesto,
lhe perguntou:
-
Então Sr.
Gouveia, o
que se
passa? Aqui
de braço
estendido e
de chave
na mão?
-
Não
vê
o
meu
amigo
que
tudo
isto
está
a
andar
à
roda.
Espero
que
passe
por
aqui
a
minha
porta,
para
aproveitar
a
meter-lhe
a
chave
e
entrar
em
casa!
Eduardo
João
Como sempre tenho feito em situações idênticas, saúdo este novo animador do Blogue. Espero que se mantenha, mais que isso, que traga outro amigo também. Ou mesmo que venham mais cinco.
ResponderEliminarO Dr. Eduardo João trouxe-nos mais um testemunho de um personagem típico da Terra; já cá tivemos outros, lembro o Ramirito, espero estar certo no nome, esse trazido pela Alexandrina.
Não me lembro de ainda haver cobradores de impostos na minha infância, no Norte, na década de 50. Mas lembro-me bem de os mais velhos "gozarem" com os (poucos) estudantes, quando um lhes dizia que a Terra era redonda e girava. -- -"Então, se ela girasse, havia de ver a minha casa chegar até aqui, mas sou eu que vou ter que ir ter com ela, que ela está lá paradinha à minha espera."
Auzendo
Amigo Eduardo João,
ResponderEliminarGostei de conhecer o Gouveia, esse funcionário das Finanças do século passado. Normalmente, sem terem culpa nenhuma, são pessoas não muito simpáticas para quem paga. E todos temos de pagar.
Outras vezes eles próprios davam-se um ar de certa importância só porque trabalhavam nas Finanças (ainda hoje os há).
Esse episódio da chave na mão está engraçado. A propósito de Finanças, lembrei-me daquela frase "paga os teus impostos com um sorriso." E pensando nela, aqui há tempos fiz um soneto:
PAGA OS TEUS IMPOSTOS
Quando Deus deu o dom de ser alegre
Encontrava-me na fila lá ao fundo
Mas mesmo sendo assim ainda integro
O grupo dos alegres deste Mundo
Assim, essa alegria, esse apanágio
Pretendo pela vida transmitir
Fazer nalguns amigos o contágio
Por vezes sou feliz por conseguir
Estando eu então, na posse deste riso,
A um amigo disse "companheiro
Paga os teus impostos com um sorriso!"
"Eu já tentei..." diz-me ele prazenteiro
“Mas eles me mandaram ter juízo
Que o sorriso não dá... querem dinheiro…”
Joaquim Sustelo
Um abraço
Sr. Eduardo João
ResponderEliminarEsta é uma "história" muito engraçada e que possivelmente o Sr. Gouveia angariou amizades pelo seu "estado quase permanente", que faria dele como que "um bobo da corte". Normalmente estas pessoas que têm a "fraqueza do álcool" são de uma maneira geral boas pessoas e conseguem fazer bons amigos.
E eu infelizmente sei bem do que estou a falar!
Mas a verdade é que nós temos sempre a tendência para nos rirmos do mal, e este vício é muito prejudicial à saúde.
Agora em ar de brincadeira: Quanto tempo teria estado o pobre do Gouveia à espera que a porta lá chegasse para a poder abrir?
Obrigada por nos ter oferecido mais uma "história" de alguém cuja passagem pelo Sobral não ficou desconhecida. Bem-haja.
Lourdes Henriques.
Não a conheço, "não conheço" a pessoa que escreveu, mas as suas palavras sensibilizaram-me e vou copiá-las
Eliminar"E eu infelizmente sei bem do que estou a falar!
Mas a verdade é que nós temos sempre a tendência para nos rirmos do mal, e este vício é muito prejudicial à saúde."
Sabe estou convencida de que todas as pessoas têm um ou mais familiares com o vicio do álcool e esquecem-se.
Será que estou certa?
Penso que quem escreveu será uma pessoa sem família, sem amigos. Pode ser que um dia traga uma "estória" que não fale de impostos nem de quem bebe álcool. (Ninguém pode dizer deste "vinho" não beberei). E é tudo.
Fico à espera.
Desejo que não pense muito no que leu, para não se incomodar.
Ilda Rocha
D. Ilda Rocha, acho que não a conheço, e “conheço” da mesma forma que a senhora o autor do texto. Venho também eu copiar umas frases, mas do próprio texto, para depois lhe fazer duas perguntas:
Eliminar1ª frase: “O nosso amigo, ao contrário do que seria de esperar, era bastante considerado”.
2ª – “Uma personagem que, por qualquer motivo, se destacasse da rotina do dia a dia, era motivo de conversa e facilmente fixado pela memória colectiva”.
3ª –“ Apesar de exercer uma função nada simpática, granjeou amigos por todo o Concelho, (...) disponível para beber mais um copinho, ao que não lhe faltavam muitos e bons acompanhantes”.
4ª- “Passou por ele um amigo que, ao reparar no seu gesto, lhe perguntou:”
Resumo: o texto fala de uma pessoa bastante considerada, que granjeou muitos amigos. E que estava na memória colectiva da comunidade, a qual, comunidade, lhe fornecia muitos e bons acompanhantes para um copinho. É inclusive com “um amigo” dele que a história termina.
E a 1ª pergunta é esta: onde está o mal deste texto se ele, texto, afinal, fala de todos nós, do personagem e de nós, que o considerávamos e dele éramos amigos e dele éramos bons acompanhantes?
E a 2ª pergunta: Será que, embora seja verdade, não podemos mais falar que os portugueses fizeram escravos em África, e os acorrentaram e os separaram à força das famílias e os venderam? Não podemos falar nisso só para não incomodar?
Escrevo-lhe neste tom, não para defender o autor do texto, que ele não precisa de que eu o defenda; escrevo para “defender” os dois comentários que já fiz ao texto, e para ver se ajudo a trazer para este debate algum bom senso. Bom senso que é tanto mais necessário quanto maior for a dor pessoal de cada um...
José Auzendo
Sim! Será muita falta de bom senso e falta de abertura a opiniões contrárias.
EliminarOu será que não é permitido fazer comentários?
Temos de dizer sim, sim senhor, muito bonito, gosto muito, obrigado.
Então que seja fechada a janela dos comentários para que quem responde, aos/às comentadores/as, não fique tão azedo.
Paz é o que precisamos todos e também de muita lucidez e paz de espírito.
Assim seja!
Precisamos todos da ajuda de DEUS para nos trazer mais abertura!
Ilda Rocha
Olá Dr. gostei, gosto e gostarei de o ver por cá!
ResponderEliminarO Gouveia com uma profissão pouco simpática, numa altura de "grande crise", afogava as suas mágoas nuns copos do bom vinho que aqui se produzia e em que taberna? No Santos? no David e da esposa Mariana? No Venceslau?
Espero que nos traga muitas das histórias que sei tem guardadas, e que dão para fazer um livro.
Maria Alexandrina
:)
EliminarPorque não pede pa trazer as estórias dele?
O gouveia cobrava impostos
EliminarO autor ajuda a votar os impostos e as taxas e as contribuiçoes e as tarifas que os abitantes do sobral pagam.
eh eh eh é tão engraxado.
Ana Costa
Senhor Profeçor Faria não o conheço mas tenho ouvido falar de si e gostava que me esplicasse o que fazem aqueles versos na poblicação Gouveia do sr. Eduardo João? Não aprendi a escrever bem mas ainda leio e a minha neta gosta muito de poesia e eu leio livros dela e ela achou que aqueles versos não prestam nem são poeisa nem um soneto ela disse pobre Camões, gostamos muito do Gouveia.
ResponderEliminarJoaquina Dias
Boa tarde,
EliminarRespondo-lhe, sou o que "apelidam" de professor Faria.
Um dia alguém me dizia que gostava de escamas de carapau com cascas de fava. Franzi o sobrolho!
Depois, perguntei-me se alguma vez tinha provado. Não, nunca!
Se ainda fosse urtigas com cascas de ervilhas, vá lá...
Isto só para lhe dizer que cada um tem a sua forma de se expressar, goste-se ou não!
Afonso Faria
Tem razão senhor profeçor e aicho que estou dacordo consigo, é caquele soneto é mesmo pracido com urtigas com cascas de ervilhas, vá lá. Coitado do Gouveia. Joaquina Dias.
EliminarHaja liberdade!!
ResponderEliminarMas que tristeza!!!!!!!!!
Será que quem escreve sobre "alcoolicos" não tem telhas de vidro? Não tem família?...Não tem espelhos?
Há tantos e tão bons temas...
Começar logo pelo alcoól... É triste, a menos que seja uma homenagem a outros "Gouveias" quem sabe pertencentes á família.....
Márcio Silva
Fazer ironia com quem já não se pode defender. Lamento mt.
ResponderEliminarNasci mt perto do Sobral. Vivo longe do Sobral.
Ñão gostei do tema.
Tenho pena que só se lembrem das coisas menos boas, das chacotas.
Será que esse Senhor que escreveu também é empregado nas finanças ou tem pena de não o ser.
Não gostei!não gostei!e quem sabe se um dia também não estará a andar com a cabeça à roda. Deus permita que não,pois daqui a uns anos, depois de já cá não estar alguém iria escrever..... Fulano de tal..... etc... etc....
Adriana Lopes
Olá D. Joaquina
ResponderEliminarDesculpe o meu atrevimento, mas gostava de a convidar a frequentar as aulas de português do clube sénior de Sobral de Monte AGRAÇO. A senhora diz que não sabe escrever, mas sabe dizer mal! Não sabe mesmo escrever? Ou está a fingir que não sabe? Peço à sua neta para nos enviar uns poemas dela aqui para o blog, PARA O POETA CAMÕES FICAR CONTENTE.
Para aqueles que se ofenderam com a história, do sr. Gouveia Li a história achei engraçada e não vi ali chacota nenhuma.
Mariana
Seria muito engraçada se ninguém tivesse telhas de vidro e se quem escreveu sobre o cobrador de imposto não fosse uma das pessoas que desde a muitos anos recebe alem da reforma a que todo o direito, pois trabalhou e lutou, ordenados com o dinheiro dos impostos que os moradores de sobral e os outros contrinuintes pagam.Isto desde mais de 30 anos.
EliminarQuem sabe se o Gouveia bebia para "ganhar" coragem para cobrar aquilo que tanto custava e custa ao povo pagar...quem sabe?
Ana Costa
"O mal está nos olhos de quem o vê" já dizia a sabedoria popular...
ResponderEliminarÉ pena que não se tenha percebido que a história não serviu para fazer chacota do Sr. mas sim para enaltecer a forma como uma pessoa com uma profissão tão ingrata na altura em que vivia, podia ter o carinho da população.
Eu cá gostei de saber da existência de mais uma estrutura que caiu em desuso com o passar dos anos, e de saber que existem ainda as mesmas curas para os mesmos males.
Bem hajam
Hortense
Subscrevo inteiramente as suas palavras, Hortense. Aliás, comentei logo o texto e referi-o como mais um (repito, mais um) testemunho de um personagem típico da Terra. Já temos tido outros, e em nenhum deles, neste inclusive, eu vi, ou vejo, chacotas ou o realçar de coisas menos boas...
EliminarClaro que é saudável que opiniões divergentes apareçam; pena é que apareçam tão pouco. Agora, as simpatias ou antipatias pessoais, as normais, naturais, obrigatórias divergências políticas não devem, não podem,determinar a avaliação da natureza e dos objectivos de um trabalho de divulgação das histórias - repito, histórias - de uma comunidade, que é o que se tem pretendido, e espero que continue.
Auzendo
Em tudo na vida o mal está nos olhos de quem vê, sem dúvida!
EliminarMas todos nós temos a nossa maneira de ver e conhecemos as pessoas. Sabemos que quem põe comida na mesa, e faz a sua vida com ordenado e outras regalias vindos dos "impostos" deveria ver que está a brincar com os "nossos bolsos", com os "nossos sentimentos".
É certo que essas pessoas são necessárias, mas que tenham sensibilidade para não "picarem" mais as pessoas e depois os "advogados" não gostam.... Paciência....
Têm família que bebe "copos" e, penso, que não gostariam de os ver retratados numa história, pois o dia de amanhã ninguém o viu.
Tudo de bom para todos e que os "impostos" não sejam nenhuma desculpa para que alguém ande com a cabeça à roda depois de se "entornar" com o que paga de impostos e que não são tão bem aplicados como deveriam, em todo o Mundo.
Uma feliz semana para todos!
Célia Silva