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domingo, 11 de novembro de 2012

Associação do Distrito de Lisboa…

 
 Quando assisti ao Festival de Folclore do Rancho de Fetais, tomei conhecimento da existência da Associação do Distrito de Lisboa para a Defesa da Cultura Tradicional Portuguesa, que se fez representar. Depois, no Festival do Grupo da Seramena (ver, no blogue, textos de 16 e 31 de Julho) constatei que o Presidente do Rancho de Fetais, o Sr Henrique Ganchas, era ali o representante dessa Associação e que a sede dela era no Sobral de Monte Agraço. Provavelmente, é a única entidade distrital que tem sede no Concelho…Pareceu, por isso, que era tema para trazer ao blogue.
A ideia da criação desta associação surgiu num curso de formação no INATEL, com o objectivo de contribuir para preservar a cultura tradicional portuguesa, ajudando os ranchos folclóricos a representarem cada vez melhor as suas terras, as suas genuínas tradições e costumes, isto é, a serem “representativos”. A Associação constituiu-se em Dezembro de 1993. Até 2008 não teve Sede, reunia aqui ou ali, nas sedes dos ranchos associados, Belas, Bemposta, Sabugo, Frielas, Torres Vedras…Em 2008, o Municipio do Sobral cedeu instalações para a sede da Associação, na Rua da Misericórdia. Sobral porque os dois ranchos do Concelho se empenharam na Associação e são seus sócios efectivos.
Podem ser sócios da Associação ranchos folclóricos de todo o Distrito de Lisboa…Existem dois tipos de sócios: os “auxiliares” e os efectivos. São sócios efectivos aqueles que a Direcção da Associação considera representarem correctamente as tradições e costumes das terras que invocam, de acordo com as recolhas localmente efectuadas e documentadas, com vídeos, gravação de relatos dos contactos havidos, fotografias…Isto abrange os trajes, as danças, as canções, a música. Todos os grupos têm Tocata.
Os Ceifeiros da Bemposta
Enquanto essa certificação não acontece, os sócios mantêm-se “ auxiliares” e vão sendo sujeitos a visitas técnicas de inspecção. Para além dessas visitas, a Associação desenvolve regularmente acções de formação voltadas para os pontos em que os grupos parecem mais necessitados: trajes, música…Recorre frequentemente a formadores externos, em colóquios ou outras acções formativas. Faz também, anualmente, um “Encontro de tradições” em que cada grupo apresenta um aspecto da sua actividade: danças, cantares, representações etnográficas, etc.
A Associação, e outras idênticas que existem pelo País, tem uma acção de complementaridade em relação à Federação do Folclore Português. Neste momento, a Associação tem 19 sócios auxiliares e 25 sócios efectivos, o que pode representar aí umas 2000 pessoas, entre bailadores, cantadores, músicos, ensaiadores. E muita outra gente que está na rectaguarda, mas directamente ligada aos grupos. Para além dos grupos que menciono mais abaixo, fazem parte dos corpos sociais da Associação o Rancho Tradicional de Cinfães, o Rancho Folclórico de D. Maria, o Rancho Folclórico do Carregado e o Grupo Etnográfico de Alverca. Curioso é constatar que, em Lisboa, existem muitos grupos representando outras terras e regiões do País…
Visita à sede do Rancho em Bemposta
Não se é sócio efectivo para a vida: mesmo efectivo, o sócio está sujeito às visitas técnicas de inspecção, podendo ser expulso se não aceitar essas visitas ou se mostrar, reiteradamente, que não cumpre as regras de representatividade a que está obrigado. E alguns já foram expulsos, exclusivamente por razões técnicas. Outros houve também que saíram por iniciativa própria. Teoricamente, a pertença à Associação deve ser sinónimo de garantia de qualidade. É para garantir essa qualidade que há acções de formação e as visitas técnicas de inspecção.
Pude acompanhar a Direcção da Associação numa dessas visitas, no caso ao Rancho de “Os Ceifeiros da Bemposta”, Bucelas. Fizeram parte da equipa inspectora Hortense Bogalho e Henrique Ganchas, em representação do Rancho de Fetais; Joaquim Pinto, Presidente da Direcção, representando o Grupo Etnográfico de Danças e Cantares do Minho; e Fábio Luís, do Rancho Folclórico da Ribeira de Celavisa, Arganil. Testemunhei a forma empenhada como os directores do Rancho da Bemposta conduziram os membros da Associação numa visita guiada às suas instalações, com realce para seu belo Museu e para as peças relativas às recolhas etnográficas feitas na Terra. E depois pude assistir a uma exibição do próprio Rancho tendo como únicos assistentes … eu e os ditos membros da Direcção…No final, sentaram-se todos, cerca de 30 pessoas, à volta de uma mesa para avaliação da visita. Foi muito interessante: as fotos são dessa visita.
A ideia de ceder à Associação instalações para a sua sede rende naturalmente alguma projecção ao Sobral, pelo menos em todo o Distrito de Lisboa. Mas de todo o lado chega ao Sobral pelo menos correspondência, de Associações congéneres, da dita Federação, e de outros Ranchos Folclóricos…que são, no País, umas centenas, se não milhares…

José Auzendo

6 comentários:

  1. Este texto do Professor Auzendo, trouxe-me ótimas recordações, de quando nos fins dos anos setenta e início dos anos oitenta, os Ranchos Folclóricos se foram renovando ou nascendo. O meu marido não tinha mãos a medir, a fazer trajes para os mais diversos Ranchos do Distrito de Lisboa, onde se incluiu o da Bemposta.
    Como convidados, assistimos aos mais diversos encontros de Ranchos, onde vimos atuar grupos desde do Norte ao Sul do País. O meu marido tem guardadas, com muito carinho, diversas medalhas, que lhe foram oferecidas nesses encontros.
    Assistimos à inauguração da Sede dos Ranchos do Milharado e da Bemposta, e nesses Ranchos o meu marido fez amigos. Hoje serão com toda a certeza outras pessoas, outros bailadores e outros ensaiadores, mas de vez em quando ainda procuram o meu marido quando precisam de renovar o guarda-roupa.
    Desconhecia que no Sobral estava situada a sede da Associação do Distrito de Lisboa para a Defesa da Cultura Tradicional Portuguesa, mas sei que a Câmara Municipal do Sobral está sempre disponível no apoio às entidades que a procuram, por isso, não me admirei.
    Para que não se percam as tradições e a bem de quem faz esforço para que isso não aconteça, vai o meu obrigada e continuem…
    Maria Alexandrina

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  2. Bem-haja Professor Auzendo por ter trazido à tona mais uma "descoberta" cultural desta terra. É muito bom que o Sobral vá acolhendo de braços abertos todas estas iniciativas, pois tudo isso contribuirá para a sua projecção no país.
    E tal como diz a amiga Alexandrina, é preciso que não se percam as tradições, e para todos os que colaboram nestes trabalhos, o meu obrigada.
    Lourdes Henriques.

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  3. que boa opurtunidade,para fazer umas perguntinhas ao nosso amigo Recto,deve ter boas historias.Por vistos o nosso auzendo não fica no desemprego.
    Lisete

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  4. Correndo o risco de me estar sempre a repetir, agradeço a este blogue a sua dedicação e oportunidade em nos esclarecer sobre o que se passa nesta terra. Lamento não conseguir perceber até que ponto esse seu esforço e dedicação é apreciado, pois não vejo ninguém com influência tentar dizer qualquer coisa ou até mesmo dar ideias para que os sobralenses se envolvam nas coisas da sua terra.
    Gostei muito deste artigo era qualquer coisa que nem me passava pela cabeça. Afinal é de louvar o trabalho feito pelos ranchos, não é só dançar pelos vistos é bem mais trabalhoso.
    Adelaide

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    1. O "risco" de nos repetirmos, D. Adelaide, é comum a quem escreve, as palavras são sempre as mesmas, só que ordenadas de forma diferente. Não receie, por isso, repetir-se: eu também estou sempre a repetir-me. Depois, as suas palavras dão alento a todos os que aqui colaboram mais activamente: é sempre importante saber, lendo, que trouxemos algo de novo a alguém. Ou, pelo menos, que lembrámos e registámos alguma coisa que estava a cair no esquecimento.

      E também seria útil se nos dissessem, falo por mim, que escrevemos isto ou aquilo que "não interessa a ninguém". Só esta interacção pode melhorar o nosso trabalho.

      Já agora, D. Adelaide, há muito que sinto que pode dar-nos algo mais do que "comentários"...Pelo menos nos cabeçalhos dos meus "Destaques" encontra o e-mail do Blogue: não quer experimentar?

      José Auzendo

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  5. Muito obrigada Sr. Auzendo por continuar a mostrar o que há de melhor na nossa terra.

    Eu tenho tido há já uns anos o privilégio de acompanhar a Associação desde a altura em que não havia sede e como deverão imaginar foi com grande satisfação que acompanhei também a fixação da sede em Sobral.

    É realmente uma honra fazer parte de um grupo constituído por pessoas fantástica, de objectivos centrados num mesmo fim: Melhorar e preservar a cultura e a tradição dos nossos povos. Posso referir que era ainda muito novinha quando comecei este percurso e que muito do pouco que sei hoje se deve a estas pessoas que integram mais activamente a associação, e que por isso lhes estou imensamente grata.

    Gostaria de dizer que a Associação tem a sua principal intervenção com os grupos de etnografia e folclore uma vez que estes existem em maior quantidade espalhados pelo nosso país, mas qualquer instituição que pretenda honrar a cultura tradicional portuguesa é bem-vinda pois o caminho da vida é um caminho de aprendizagem sempre em evolução e falando no meu caso específico, tem sido muito gratificante e enriquecedor e no caso do grupo de que faço parte, o Rancho Folclórico As Cerejeiras de Fetais, também posso dizer que foi um importante motor de desenvolvimento para que pudéssemos hoje apresentar o nosso trabalho.

    O folclore e a etnografia deveriam merecer mais respeito por parte de todos, uma vez que honra e homenageia o nosso povo. Felizmente no nosso Concelho sentimo-nos acarinhados e valorizados e graças a textos destes, algumas pessoas que não estão inteiradas da realidade passam também a conhecer a nossa intervenção por isso o meu muito obrigada e até sempre.

    Hortense Bogalho

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