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domingo, 16 de setembro de 2012

FESTAS E FEIRA DE VERÃO DE 2012


Estamos em Setembro e quase no fim do Verão e com esta época chegaram as tradicionais Festas e Feira de Verão em Sobral de Monte Agraço.
Para quem frequenta estas festas desde há mais de quatro décadas, saberá que as festas actuais nada têm a ver com as de outrora. Desapareceu o encanto, a quase magia que existia no ar … o simples passear na Avenida nos trazia alegria!
Mas como os tempos mudam, a juventude é outra e tem outras exigências e gostos, tudo é agora diferente. E nós, os do passado, temos que tentar acompanhar as mudanças e adaptarmo-nos aos novos tempos. É tudo bastante diferente, mas há muitas coisas que teimam em persistir …
O desfile dos cavalos e charretes, o passeio dos automóveis antigos, a noite de Fados na Praça ex-libris do Sobral, por enquanto ainda se vão mantendo e espero que continue, pois são tradições que não se devem deixar morrer. Também não faltam os carrocéis para a diversão da pequenada (e não só) … As tradicionais vendas de artesanato e produtos da região, deixaram de ter a sua localização na avenida principal e passaram para a recém renovada praça 25 de Abril.
O Ourives
A Peixeira
O antigo Cortejo Histórico-Etnográfico, rico pelos seus vestuários, os cavalos com os seus arreios bem compostos, transportando os cavaleiros e guerreiros de outrora, mostrando assim ao povo de agora como era a vida no passado, os reis e rainhas, as aias, todo um conjunto da corte, da plebe e do clero, seguido muitas vezes pelo povo de então, a terminar com uma banda de música normalmente de renome, tudo isso foi substituído por um outro cortejo mais modesto mas não menos importante, mostrando apenas os usos e costumes da terra. Nada de riquezas. As profissões, os seus trabalhadores, as vendedoras e as peixeiras com os seus pregões, tudo isso nos foi mostrado no cortejo deste ano. Até o limpa-chaminés, todo mascarrado … O ourives com a sua maleta do outro transportada numa bicicleta … Em anos trasactos também houve o bodo, que este ano não se fez.
O amolador
O Limpa Chaminés
Chegou a banda de música, dia 10 cerca das 10 horas da manhã. Uma belíssima banda que nos proporcionou concertos de boa música. Em anos que já lá vão vinham duas bandas e normalmente à tarde e à noite tocavam “ao despique”, como se dizia na época.
Alguns grupos musicais e artistas da actualidade também foram convidados para actuar nestas festas. Tem que haver actuações para todos os gostos e faixas etárias.
A tarde ou noite de acordeão em que se juntavam muitos acordeonistas e cada um tocava duas ou três músicas, também essa deixou de existir. Eram tardes e noites em que a praça do Dr. Eugénio Dias se enchia de gente amontoada, que para se ver qualquer coisa tínhamos que andar de um lado para o outro, pois as cabeças eram tantas que por vezes não víamos nada.
Mas o grande forte destas festas tradicionais são as touradas e as pamplonas. As pessoas vibram com esta tradição. Pessoalmente não gosto destas manifestações mas respeito quem as aprecia.
O grande baile que marcava fim de festa de antigamente em que os cavalheiros iam vestidos a rigor de fato e gravata e as senhoras com vestidos de noite, era a parte da festa mais esperada para se poder fazer as “passagens de modelo”. Nesta semana as jovens tinham sempre vestidos novos e os rapazes também se aperaltavam todos para não fazerem má figura.
Que o ainda que resta da tradição destas festas não se vá perdendo a pouco e pouco, pois a continuidade das tradições ajudam a fazer a história de um povo!

Lourdes Henriques

5 comentários:

  1. O encanto e a magia de outros tempos estão estampados na saudade e na vivencia de agora!
    O tempo não tem volta...os divertimentos são outros,as pessoas são outras,até nós de outros tempos,não nos enquadramos...o nosso tempo!!! Mas o tempo de agora também "ainda"é nosso!!!terá que ser vivido á nossa maneira,menos barulho e mais doçura...certo?

    Um gande beijo para a MILÚ da
    amiga Luisa

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  2. A amiga Lourdes fez um belo relato das Festas e Feira de Verão de 2012.

    Nas Festas sempre foi tradição escutarem-se as melhores Bandas do País, do Sul do Tejo e mais tarde do Norte. Foi com a música de uma fanfarra que começou a então chamada Feira do Verão, em 13 de Setembro de 1913, em substituição da festa religiosa do 15 de Agosto, estava o País na euforia da implantação da República. Essa Feira era mais destinada a exposição e concurso de gado. Com o passar dos anos, a feira tomou outras proporções e outras características, e passou a feira de diversões.

    Os touros, touradas e pamplonas vieram mais tarde para completar a festa, bem como o ciclismo, gincanas de automóveis e até uns anos hipismo. Muitas atracções se perderam em favor de outras novas, conforme as “modas". O cortejo histórico foi uma componente muito importante por uns bons anos, mas calculo que se tornou insuportável essa despesa. Este ano tivemos o nosso desfile que muito agradou a quem assistiu, e em que se viu retratado o nosso concelho, as suas gentes e as suas profissões.

    No baile fim de festa, onde desfilavam bonitas raparigas e bonitos rapazes vestidos a rigor, dançava-se a valsa, o tango, o twist e muitas outras músicas ao som de uma melodiosa orquestra; não era possível continuar nos dias de hoje, quando a música sai de uma mesa de som e os jovens dançam sozinhos.

    Recordo sem saudosismos, porque aceito que as gerações que vieram depois de mim têm forçosamente de ter gostos diferentes dos meus, mas com tango ou com Kizomba, que venham as FESTAS E FEIRA DE VERÃO e que continuem a haver pessoas dispostas a dar o seu contributo para que elas comemorem o seu centésimo aniversário e mais... e mais.

    Maria Alexandrina

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  3. Desde que conheço as Festas do Sobral que me pergunto por que têm elas tão pouco, creio mesmo que nenhum, pendor religioso. Penso ter, finalmente, encontrado a resposta no comentário da D. Alexandrina.

    Já agora, D. Alexandrina, não seja tão "radical": se música houve que saiu de "uma mesa de som", também a houve saída de bandas de música, bastantes, ao vivo, e algumas com músicos do Concelho. Se eram melodiosas...bem, deixemos isso para os gostos de cada um. E essa de os jovens dançarem "sozinhos", c'os diabos, eu vi dezenas de jovens, e menos jovens, na tenda da UNIR, não vi lá nenhum jovem "sozinho"...E gostei mais dos "vestidos" dos jovens destas Festas, do que teria gostado dos "vestidos a rigor" de que se fala...

    Concordo com a descrição feita pela D. Lourdes, refiro-me especialmente ao "cortejo de profissões". Foi interessante, informativo, formativo. Faltaram-lhe, ao cortejo, algumas profissões tradicionais do Sobral. Acima de todas, foi pena ter faltado a de "cutileiro", por ser, creio que única, a que ainda se mantém viva no Concelho.

    José Auzendo

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    1. Professor Auzendo engana-se quem me chame de "radical", porque eu estou sempre ao lado dos jovens e na sua defesa, aceito os seus devaneios, acho esta juventude muito interessante, cheia de opiniões, o impulso da idade leva-os às vezes a fazer disparates, mas quem não os fez! Também fui jovem ! Respeito-os e ouço-os com atenção, como é a minha obrigação. Tenho netos jovens e conheço bem a realidade deles.
      Na UNIR tinha lá uma "sobrinhita" e acho bem que se divirtam à sua maneira, sei que eles e elas não estão sozinhos, e além deles e delas às vezes, também há alcóol, em alguns, isto não é ser radical é ser real.
      Também não escrevi se gostava mais dos vestidos de hoje ou do meu tempo, só fiz uma comparação... ao que não é comparável.
      Quanto à música, embora não me agradem certas músicas actuais, estive presente em todos os momentos musicais que houve na Festa.
      Ainda tenho mais uma observação ao seu comentário, realmente o cutileiro fez lá falta, e diz o Professor que crê" ser a única profissão que se mantém viva no Concelho".O meu marido, ainda mantém aberta a sua alfaiataria, de fatos por medida.
      Maria Alexandrina

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  4. De facto, D. Alexandrina tem razão: chamei-lhe "radical" sem querer, não surgiu outra palavra; não podia chamar-lhe "saudosista" porque ela já escrevera que o não era, e eu sei que ela o não é. Mas foi bom, para ela poder expôr melhor as suas ideias, e para se falar da presença da UNIR, que é uma inovação importante das Festas nos últimos anos...e que temos tendência a esquecer...

    Tem razão também quanto à profissão de alfaiate, que lá estava representada no cortejo e que continua bem viva no Concelho: mais uma coisa que não "surgiu" e eu sabia. É a vida.

    Auzendo

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