VISITANTES

domingo, 6 de novembro de 2011

VISITA HISTÓRICA À IGREJA DE S. QUINTINO

No passado dia 1 efectuou-se uma visita histórica à Igreja de S. Quintino, conduzida pelo professor António do Clube Sénior do Sobral de Monte Agraço, que ministra a disciplina de História. Contámos também com a colaboração da Sr.ª D. Luisa Melícias. Quem também nos acompanhou nesta visita foi a Dr.ª Cláudia.
Gostaria de transmitir de uma maneira sucinta, a história deste património tão valioso mas tão votado ao esquecimento …
Esta Igreja foi mandada erigir por D. Manuel I em 1520, e está considerado como Monumento Nacional desde 1910. Consta que foi construída em cima de outra chamada Santa Maria de Montagraço, mas não há documentação que possa dar-nos certezas. Apenas do lado direito do pórtico, existe a configuração de uma outra porta mais pequena (conforme se pode observar na representação abaixo), o que nos leva a crer que teria sido de um outro monumento anterior. Há quem diga que os documentos existentes sobre a sua construção foram destruídos durante o terramoto. Mas certezas absolutas, ninguém as têm. Se alguma vez os houve, também ninguém sabe.
 Ao longo dos séculos tem sofrido várias intervenções em épocas diferentes. O seu portal é de uma grande beleza, em pedra esculpida rica em figuras e elementos simbólicos numa combinação dos estilos Manuelino e Renascentista. Na parte superior podem ver-se os bustos do rei D. João III e de sua esposa Catarina, do lado direito e esquerdo, respectivamente. Esta igreja foi denominada de S. Quintino, mas não se sabe ao certo porquê. Se nem sequer era português este santo. Foi um mártir que viveu no século III D.C., filho de um senador Romano, que foi para França fazer a cristianização, pelo que foi perseguido pelo próprio governador do seu país, tendo sido várias vezes castigado violentamente por pregar a religião cristã. Contudo, teve várias hipóteses de perdão no caso de renegar à sua religião, mas a sua Fé era enorme, e nunca renunciou a ela. Foi martirizado até às últimas consequências, pois até quando estava dentro da prisão nunca deixou de pregar. Até ao dia em que o Governador mandou efectuar a sua decapitação e atirar o seu corpo ao rio. Passados 55 anos foi encontrado intacto por uma santa chamada Eusébia, que era uma senhora romana, cega. Em sonhos um anjo indicou-lhe o local onde jazia o mártir. E ela foi de Roma, com uma comitiva, para remover o corpo de S. Quintino. A Cidade onde foi torturado é Saint-Quentin, no Norte de França, muito perto da Bélgica, onde existe uma Basílica com o seu nome e onde se encontra o seu túmulo.
O culto a S. Quintino veio para Portugal no tempo das Cruzadas, em que numerosos cruzados do Norte de França vieram ajudar os Reis Cristãos na luta contra os mouros. Terão sido esses cavaleiros que trouxeram para Portugal o culto a este Santo. A devoção terá chegado até nós um milénio antes da construção desta igreja. De notar que é o Padroeiro desta freguesia, a única no país com este Padroeiro. Além de outros, foram-lhe atribuídos milagres motivados pelo dom da cura das doenças de hidrofagia, de doenças ligadas à prática da agricultura e também cura da cegueira.
 Montagraço, um reguengo régio muito pequeno, foi dado ao arcebispo de Évora por D. Sancho I. Vivia da agricultura com muito pouca gente. Daí não se entender o porquê da necessidade de construir uma igreja tão grande, distanciada da parte central com poucas casas, uma vez que existia a igreja de São Salvador do Mundo e que era a igreja paroquial. É coisa que sempre ficará por esclarecer, uma vez que não existe documentação comprovativa que possa esclarecer todas as dúvidas que se põem.
Ao entrarmos na igreja deparamos com um local rico em paredes cobertas de azulejos dos séculos XVI, XVII e XVIII. À medida que se foram fazendo melhorias e restauros, os azulejos, embora tentando aproximar-se dos originais, iam divergindo. Daí a mistura.
Do nosso lado esquerdo existe o Baptistério, um local muito bonito e requintado, também embelezado com painéis de azulejos, e construído em cima de quatro colunas. No interior da sua cúpula estão representadas várias caras em relevo, que simbolizam mouros que se converteram ao cristianismo, e por isso mesmo chamados os Cristãos Novos. O fim da construção deste Baptistério ocorreu em 1592.

(...)
Lourdes Henriques

2 comentários:

  1. Como já vai sendo habito ...gosto muito da vossa descrição ,conheço a zona e a igeija em tempos...mas só por alto,agora depois da estoria contada e tão bem....apetese mesmo fazer uma vesita mais pormonisada....parabens (bom trabalho)

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  2. É pena não haver, mais indicações quanto há história e o que levou à construção dessa igreja (sem aparente necessidade) deixa-me bastante curioso. Tenho pesquisado informações acerca de S. Quintino, porque tenho o mesmo nome, mas não consigo encontrar muita informação infelizmente, até agora isto foi o melhor que encontrei. Parabéns e continuação de bom trabalho

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