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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Passeio por África... (parte XI)

A vivenda onde morávamos era grande. Mas não fora sempre assim. Quando a comprámos era pequena, tinha apenas dois quartos, uma sala, casa de banho, cozinha e garagem, mas muito terreno.
O meu marido modificou-a ficando com três quartos, três salas, duas casas de banho e cozinha. No quintal três garagens, uma dupla, casa de banho, lavandaria, uma casa de costura e ainda muito espaço livre.
Pudemos fazer tudo isto porque éramos um grupo de amigos cada um com sua profissão. Todos compraram casas velhas e modificaram-nas depois ajudando-se mutuamente. Só compravam os materiais. A mão de obra era de partilha. E assim íamos todos crescendo em bens e amizade.
Íamos passar as férias a Lourenço Marques, matar saudades da cervejinha a copo, acompanhada de camarões, moelas ou dobrada. Na África do Sul a cerveja não sabia bem, o clima não puxava...
Quando se deu a independência de Moçambique começámos a frequentar as praias Sul Africanas embora a 700Km de distância.
Muita gente após a independência saiu de Moçambique . Um senhor que era chefe dos escuteiros em Moçambique fundou um agrupamento de escuteiros católicos Portugueses, perto da minha casa. Mandei os meus filhos frequentar. O meu mais velho não chegou a fazer a promessa, não tinha espírito escutista, mas o mais novo foi de lobito a chefe.
Formámos um conselho de pais, uns tinham cargos, outros ajudavam. A mim coube-me dois. Um de relações públicas e outro de angariação de fundos.
A Igreja local cedeu-nos o salão para reuniões e festas mas não havia mesas nem cadeiras. O meu marido e outro senhor meteram mãos à obra, angariamos madeira e fizemos mesas para todo o salão. Comprámos cadeiras e começámos a organizar festas. O baile de aniversário em Janeiro, uma tarde à Portuguesa com quermesse e rancho folclórico no dia da mãe, e o baile de S. João em Junho para o qual eu ensaiava as marchas populares e cantava. Fazíamos cravos e no pezinho uma quadra alusiva a S. João. Vendíamos para angariar fundos. Tinha um grupo de jovens que me ajudava na quermesse e também dançavam na marcha (ai que saudades, meu Deus!).
Nesta altura já tinha um nível de vida muito bom e conseguira perdoar ao Rodrigues. É certo que ele tinha sido muito “mauzinho” mas se não tivesse ido para casa dele, não teria chegado aqui. Deus escreve direito por linhas tortas, põe-nos à prova para ver aquilo que somos capazes, para depois nos compensar!
A aceitação e o perdão deram-me tranquilidade...


Alice (Sobral - Espaço Net)

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