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sábado, 16 de agosto de 2014

Noite no Sobral de Monte Agraço


Já passa da meia-noite. Terminou o feriado de 15 de Agosto.

Da minha secretária onde estou sentada a escrever no computador, junto à varanda do 7º. andar onde moro, vejo uma parte da Vida adormecida e iluminada pelas luzes dos candeeiros públicos. Vejo ainda o piscar das duas luzes encarnadas da antena instalada mesmo aqui muito perto. Impera o silêncio absoluto.

A curiosidade levou-me a debruçar na varanda, apesar do vento frio.

A Vila dorme, mas eu observo a tranquilidade da noite e dou comigo a pensar no mistério que criou tudo isto.

Aqui em baixo, obras do homem: prédios (uns mais altos do que outros), candeeiros iluminados (a inteligência do homem desde os primórdios, levou-o até à descoberta da luz eléctrica), estradas alcatroadas, passeios empedrados, árvores a embelezar os jardins, enfim, um sem número de “obras” em que a mão e inteligência do homem interferiram. Sem elas, nada disto existiria.

Mas “outro valor mais alto se levanta” em que a mão do homem nada tem a ver. Fascina-me a luz da Lua no seu quarto-minguante. E todo o firmamento salpicado de
pontos luminosos, uns de luz fixa outros a piscar, conforme serão planetas ou estrelas. O que se passará para lá de tudo o que me é permitido visionar?
Toda esta criação maravilhosa não foi o homem que lhe deu origem.

Há diversas teorias, umas religiosas, outras filosóficas. Na minha mente já um tanto ou quanto confusa, instala-se a dúvida: Afinal quem criou o Mundo? Como surgiu do nada esta Bola de terra e água, no meio de um firmamento imenso, sem fim, que nem a nossa vista consegue alcançar? Que verdadeiro Mistério estará por detrás de toda esta criação?

Cresci a acreditar que Foi Deus que criou o Mundo e colocou cá na Terra Adão e Eva para o povoarem. Com o passar dos anos, a aprendizagem da “Escola da Vida”, o conhecimento de outras teorias diferentes mas que devidamente explicadas, também elas têm lógica, em quem devo acreditar?

Acredito em Deus e respeito as ideias de toda a gente, sejam elas coincidentes ou não com as minhas. Mas como ser humano e cabeça pensante que sou, assiste-me o direito à dúvida.

Porém, numa coisa eu creio: Algo ou alguém muito poderoso está por detrás de toda esta obra maravilhosa, a criação do que se chama Mundo. 
Lourdes Henriques
 

terça-feira, 12 de agosto de 2014

minha sina...

Quando aderi ao Clube SobralSénior-Gente Gira, inicialmente apenas na aula de Informática, foi-me dito que este blogue foi criado para que os participantes partilhassem as suas experiências de vida, as suas vivências, alegrias e tristezas, pois todo esse convívio e “partilha” seria uma forma de nos aproximar e formar um grupo coeso e de amizade. Acedi com entusiasmo e quem tem acompanhado o blogue desde finais de 2010, altura em que comecei para lá a escrever, de certo se lembrará que um dos meus assuntos se refere a animais de estimação. Não é pois novidade para quem me conhece, que os cães e os gatos são dois amigos de quem gosto muito e a quem protejo e defendo.
Na minha idade já não perspectivava ter mais animais a meu cargo, pois uma cadela e uma gata já me chegam para preocupação. Não as trato de uma forma qualquer, mas de uma maneira digna e de respeito, a que têm direito. Ou não as teria querido adoptar.
E quando menos espero, para juntar à caniche de 13 anos e à gata siamesa de 3, eis que o destino uma vez mais me colocou no caminho uma gatinha tigrada com 2,5 meses. Não
propriamente abandonada mas filha de uma gata de uma familiar que ninguém quis adoptar e cujo destino era ir para uma loja de animais para ser adoptada por alguém que, eventualmente, poderia não lhe dar a melhor sorte. Numa balança, entre o coração e a razão, uma vez mais venceu o prato do coração, pois este animal é mesmo muito especial e 
cativou-me desde que nasceu. E agora o problema é o entendimento entre as três.

A cadela adoptou-a imediatamente e trata dela como se de uma filha se tratasse. A gata siamesa é que está mais resistente, mas é apenas uma questão de alguns dias para se adaptarem.

Há quem depois da aposentadoria se tenha que dedicar a cuidar e ajudar a criar os netos. Eu, apesar de ter quatro, o destino não quis que fosse essa a minha sina. Aceito o caminho que Deus me traçou. Talvez por eu sempre gostar muito de animais e na minha vida activa não ter tido ocasião para lhes dar atenção, esteja agora a ser presenteada com esta missão. Não procuro os animais, é o destino que se encarrega de os aproxima de mim. E posso dizer que me sinto Feliz entre estes meus três animais: a cadela XANAI, a gata ROM-ROM e agora a minha gatinha MIMI. Se é essa a minha missão, pois que se cumpra a minha sina. E é com muito amor e carinho que trato delas.
Lourdes Henriques

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

AMIGOS DE QUATRO PATAS


Fala-se muito em solidariedade, voluntariado, partilha, três palavras muito na moda. E quando assim falamos referimo-nos a seres humanos: velhos carenciados, crianças desprotegidas, pessoas sem-abrigo, enfim, um grupo de seres humanos a quem a sorte não bafejou. Certo é que todos nós, pelo menos os que têm sensibilidade mais apurada, devemos colaborar, dentro do que nos é permitido face à nossa própria vida, para minorar o sofrimento dos nossos semelhantes. E felizmente que existem algumas instituições, entidades e uma enorme quantidade de Voluntários, que trabalham e colaboram nesse sentido.
No entanto, não devemos esquecer que existem outros seres que também nos merecem a nossa atenção, carinho e respeito. Seres que, salvo raras excepções, reconhecem o bem que lhes fazemos e nunca nos traem. Até mesmo que sejam negligenciados e maltratados, são sempre fiéis, nunca nos abandonam. Estou a falar dos Cães, os nossos amigos de quatro patas.
Fui convidada a visitar a APA-Associação de Protecção dos Animais Abandonados, em Torres Vedras, e confesso que fiquei deveras impressionada com o número de cães lá recolhidos, com as mais tristes e variadas histórias de vida. Muitos velhinhos, outros pequenos e até mesmo bebés, de tudo lá se podem encontrar, das mais variadas raças, tamanhos e idades. Excepcionalmente, também alguns gatos. Quem gostar de animais e quiser ajudar, terá muita forma de o fazer.
A melhor forma será adoptando um destes amigos. Mas também se poderá ajudar doando bens alimentícios, medicamentos, produtos de limpeza e higiene, ou de qualquer outra forma que possa contribuir para a manutenção e alargamento deste espaço que dá apoio aos nossos Amigos de Quatro Patas que a sociedade tão indiferentemente negligencia e abandona, tantas vezes de uma maneira muito cruel…
Outra forma de se poder colaborar é ir lá com algum tempo disponível para tirar dos seus cativeiros um ou mais destes animais e ir passear com eles. É indescritível a alegria e até reconhecimento, que demonstram…
Ouço por vezes criticar que os canis não têm condições, falta isto e aquilo, que os animais estão a ser maltratados, etc, etc…

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

MERCADO MENSAL NO SOBRAL DE MONTE AGRAÇO


Há cinco décadas que o Sobral é a minha terra por adopção e hoje, depois de nela habitar permanentemente há 12 anos, considero-a como se fosse a minha terra natal. Embora um tanto longe pois a minha vida activa não foi aqui, sempre me habituei a frequentar as famosas festas de Setembro e a habitual Feira Mensal que se realiza todos os meses, no primeiro sábado de cada mês.
Tempos houve em que esta feira se realizava na Praça Dr. Eugénio Dias. Há várias décadas atrás vinham pessoas de muitos lados para visitá-la e o negócio era próspero. Por vezes era difícil atravessar a feira, pois as pessoas amontoavam-se. Os espaços livres entre os expositores dos artigos para venda estavam repletos de gente e era sempre um dia de grande movimento e negócio na vila, que era então visitada por muitos forasteiros que além do que compravam também ajudavam muito no negócio da restauração, pois passavam muitas vezes cá o dia e cá comiam e faziam as suas compras.
Já depois do ano 2000 foi arranjado o espaço existente em frente ao jardim-
de-infância e adaptado para parque automóvel. Este espaço também passou a ser destinado à feira mensal, pelo que a mesma deixou de se efectuar na praça antiga.
No entanto, a partir da altura em que foi deslocada para o novo local, onde permanece até hoje, julgo que tem perdido o seu público e o negócio já não é o que era. Talvez a crise actual também ajude ao desinteresse das pessoas, mas o certo é que, apesar de existir mais espaço, a feira já não tem o mesmo “sabor”. Deixou de ser um dia diferente e passou a ser um dia vulgar, como outro qualquer. Só mesmo quem precisa de comprar alguma coisa é que lá se desloca. O interesse dos forasteiros que muitas vezes vinham por passeio e para ver mas que quase sempre acabavam por comprar qualquer novidade, julgo que desapareceu. Os espaços outrora ocupados por amontoados de visitantes, encontram-se hoje com muito pouco público.
Mas quem lá se quiser deslocar encontra de tudo um pouco. Desde o vestuário ao calçado, quer para criança ou adulto; animais para criação, produtos hortícolas, flores, olaria, malas de todos os géneros, artigos de plástico, vidro, alumínio, esmalte; artigos para a lavoura, brinquedos, enfim, um sem número de objectos e peças utilitárias. E até para quem aprecia, também lá pode comer uma fartura!
A tradição mantém-se, mas o negócio já não é o que era.
Lourdes Henriques