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domingo, 19 de maio de 2013

Jornal Sénior



Toda a vida é bom tempo”

Como oportunamente noticiámos aqui à direita, saiu no dia 9 de Maio, Quinta-feira, o primeiro número do Jornal Sénior, de que é Director o jornalista e escritor Mário Zambujal. Custa € 0,95, e é um jornal quinzenal, pelo que se publica à segunda e à quarta quinta-feira de cada mês. Por este ser um Blogue “Sénior”, pareceu-me oportuno dar aqui uma notícia mais detalhada dessa edição, por esta ser a única publicação generalista, de âmbito nacional, dedicada aos … “sexalescentes”.
Penso que devemos apoiar o jornal, comprando-o e lendo-o: as nuvens carregadas que pairam sobre nós justificam que defendamos, activamente, o que pode ser uma voz pública na defesa dos nossos interesses e direitos. Acresce que, como veremos melhor mais à frente, o jornal convida os seus leitores seniores a darem a sua opinião sobre temas importantes do nosso dia-a-dia. Fica aqui registado o e-mail dele: geral@jornalsenior.pt .
O primeiro número não é muito atractivo no seu aspecto, é algo“cinzento”, precisava de uma imagem mais apelativa. Mas vamos aos temas. Abre com o Editorial do Director, cujo título é o deste texto, que começa com a frase-guia do jornal: destina-se a pessoas que já levam décadas a ouvir os parabéns a você. E recorda que os seniores de hoje são os juniores de ontem, sendo certo que o implacável correr do tempo fará da juventude de agora os futuros avós. Isto nos une na ideia de que somos parceiros da vida colectiva. Fala depois da “crise, nascida de trapaças e ganâncias (…)”.
Após umas notícias breves, e um artigo de opinião de Luís FilipePereira sobre a Segurança Social que (não) temos, aparece-nos o primeiro artigo de fundo: “A discriminação está à vista”. Começa por afirmar, repito – afirmar, que o preconceito com base na idade existe e que, em Portugal, ao contrário da tendência europeia, são os idosos que mais sofrem com a discriminação. E é aqui que o jornal pede ao leitor que lhe faça chegar o seu testemunho: já se sentiu discriminado por ser idoso? Sente que a sociedade portuguesa discrimina os idosos? Se tiver algo a dizer sobre isto, o e-mail ali está.

Vários outros temas são depois analisados e debatidos com alguma profundidade. Destaco alguns deles: cidadania e envelhecimento; de que é que vamos viver? (abordando os impostos que já pagamos mais os que estão na forja); a Lei do arrendamento urbano; as uniões de facto e os (menores) direitos dos seus membros, por exemplo em caso de morte de um deles; a crise também mata, tratando do problema dos suicídios; vamos lá falar de sexo; as alergias aos pólenes na Primavera. Há ainda desporto, mais notícias breves de actividades, seniores e não só, por todo o País e uma página de passatempos.
Deixei para o fim dois pontos relevantes. Uma entrevista a Carmen Dolores, em que nos é oferecida uma perspectiva da carreira da artista, agora com 90 anos, e que acaba de publicar o seu segundo livro de memórias – No Palco das Memórias. O primeiro chamou-se Retrato Inacabado. Não resisto a transcrever uma frase de Carmen Dolores na entrevista: “… encontrar beleza nas coisas que a natureza nos dá a toda a hora ajuda-nos, seguramente, a viver.” E, por fim, um artigo de duas páginas sobre o papel dos avós na situação portuguesa actual. Com “as recentes mudanças económicas, sociais e políticas (…) são muitos os filhos que voltam à casa de origem (…) são agora os avós, os seniores, … quem assume as rédeas da família … outra vez.” Muitos avós de hoje voltam a fazer o papel de pais, “são a trave mestra da família.”

José Auzendo  

8 comentários:

  1. Também comprei o “Jornal Sénior”, li com atenção os seus artigos, uns li-os mais entusiasmada, outros não me apaixonaram tanto. É sabido que os seniores estão a ser, neste momento, a tábua de apoio aos filhos, mas interrogo-me até quando? Já neste blogue afirmei não me sentir um estorvo para as filhas, porque sinto ser um apoio para elas, e elas esquecem-se muitas vezes da idade dos pais, trazendo até nós os seus problemas.
    Carmen Dolores afirmou na sua maravilhosa entrevista que:” Sou sempre nova nos meus sonhos” e é na nossa cabeça que deve estar a idade. Durante muitas horas do dia esqueço-me da idade que tenho e, a sonhar, sou muitas vezes criança, rodeada de todos os amores da minha vida.
    Pois professor Auzendo, não é só o aspecto do Jornal que está cinzento, acho na minha opinião que os artigos são um pouco pesados: que alguns o sejam acho bem, mas a velhice também é alegria, boa disposição, as mágoas são muitas, por isso há que aligeirar alguns temas, contribuindo para uma leitura também animadora e que ajude a esquecer as agruras da vida, sem no entanto deixar esquecer que elas existem.

    Maria Alexandrina

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  2. Este tratamento que agora virou moda de chamar aos velhos de séniores ou idosos, confesso que embirro com com ele.
    Somos crianças, adolescentes, adultos e velhos. Eu sou velha e ponto final.

    Mas como diz a Alexandrina, a idade está na cabeça das pessoas. Pois há velhos que conseguem pela vida fora ter sempre alguma juventude e gosto de viver, assim como há gente nova que parece que já nasceram velhos teimosos, embirrentos e antipáticos.
    Acho que tive o privilégio de ter nascido e vivido numa época de
    muitas transformações e de avanços de mentalidades e sinto-me grata por ter sido capaz de me adaptar e de encaixar na vida.
    Passei por coisas muito boas e muito gratificantes e também vivi coisas tremendas de dor e sofrimento.
    Contudo sou uma velha feliz e com gosto de fazer felizes aqueles que têm de conviver comigo.
    Que mais posso querer da vida?
    Apenas a morte, quando tiver de vir, com discernimento até ao fim,
    para não fazer sofrer aqueles que me amam.
    Não comprei o jornal mas vou comprar os próximos e refilar se não concordar com os artigos.
    Manuela

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  3. Não comprei o jornal porque não tenho por hábito ler jornais. Muitas folhas, notícias (algumas) desinteressantes, política (odeio), vista com problemas, enfim, resumindo não gosto de ler jornais. Mas aplaudo a ideia de um jornal diferente, com notícias actuais, reais e verdadeiras, sem manipulações nem partidarismos.
    Concordo plenamente com a frase da Carmen Dolores quando diz que "encontrar beleza nas coisas que a natureza nos dá a toda a hora ajuda-nos, seguramente, a viver.”
    Quanto aos filhos voltarem para casa dos pais, é uma realidade que infelizmente ocorre muito neste tempo. Só espero que "este tempo" não seja muito longo e depressa entre na normalidade, senão por este andar ainda vamos voltar à idade da pedra ...
    Não posso nem quero deixar de felicitar o aparecimento deste novo jornal dedicado aos Séniores, pois acho que é uma faixa etária que também merece estar esclarecida sobre o que se passa, sem contudo ter que aguentar com o peso de todas as desgraças que por aí andam.
    Lourdes Henriques

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  4. Manuela: escrevo há mais de um ano neste Blogue, já publiquei umas dezenas de textos, e acho que acabo de ler o primeiro comentário escrito com garra, um dos que faz valer a pena ter escrito, um dos que se lêem com as pulsações cardíacas a subirem... Ao resto ... espero voltar depois.
    Auzendo

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  5. Boa tarde a todos
    Gostaria de ver no jornal publicados alguns trabalhos aqui do blogue e que considero pequenos tesouros. Assim, a carga pesada que o primeiro jornal apresenta iria decerto dissipar-se um pouco!

    Cumprimentos a todos**
    Hortense Bogalho

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  6. Amigo Auzendo, Li com muito interesse o seu belíssimo texto. Não conheço o jornal, embora tenha conhecimento da sua existência, como tal, não posso comentar o seu conteúdo.Penso comprar na próxima edicão. Concordo plenamente com o que a D. Manuela disse no seu comentário. Prefiro que me venham a chamar velha doque idosa, sim, disse venham porque, presentemente não me sinto velha, pelo menos de espirito. Na minha opinião, a idade são três as possíveis: a que temos, a que parecemos e a mais importante, a que sentimos ter.Há jovens velhos e velhos jovens,costumo dizer que, a idade só existe na cabeça de cada um de nós. Faço minhas as palavras que a minha Amiga Lourdes escreveu num dos seus bonitos poemas, "chamam-nos velhos que bom". Ao contrário doque muita gente jovem pensa, ser velho é sinónimo de sabedoria, experiência de vida e tantas outras coisas bonitas. Então se for como a Artista Carmen Dolores que, aos 9o anos está a publicar o seu segundo livro de memórias, assim, quem não gostaria de ser velho! Pessoalmente, aceito com muita tranquilidade, o avançar da idade e tudo o que está inerente a ela, pois é sem duvida um processo normal da vida. Partilho inteiramente aquele pensamento que diz, "envelhecer não é uma fatalidade, mas uma realidade. Há que saber viver com ela". Novos e velhos, aproveitemos a vida e tudo o que de bom ela ainda tem para nos oferecer.
    Rosa Santos

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  7. Gostei da denúncia, que a Manuela e a Rosa agarraram, do medo de nos chamarmos ou de nos chamarem “velhos”. Concordo que devemos enfrentar esse “fantasma”, mas parece-me que é um trauma já muito enraizado na nossa sociedade. Já há dias escrevi aqui que temos “medo do nome” das pessoas: somos doutor Manel ou dona Mariquinhas. Só João ou Amélia … que insulto!...Mas há pior. Em Portugal deixou de haver cegos, por muito que os dicionários continuem a dizer que cego é aquele que não vê: há invisuais, muito mais fino! E deixou de haver deficientes: passou a haver pessoas portadoras de deficiência, muito mais sofisticado! Etc, etc…O medo que nós temos das palavras…

    Portanto, digamos como a Lourdes: - Chamam-nos velhos? Que bom. Claro que isso não implica, bem ao contrário, que não haja alegria e luz. E, voltando ao Jornal Sénior, a Alexandrina tem razão: não é só o aspecto que é cinzento, também alguns artigos são “um pouco pesados”. Esperemos que melhore. Não tanto, claro, como a jovem Hortense sugere: os “pequenos tesouros” publicados neste blogue são só para os nossos leitores…

    Auzendo

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  8. Apesar de já ter comentado este artigo, venho de novo aqui para dizer que, também eu, tal como a Manuela, a Rosa e o Auzendo, não concordo com a palavra Sénior. Sempre conheci esta palavra como indicativo de "mais velho" e não de "velho". No desporto, por exemplo, as equipas dos "Séniores" não são de velhos. São normalmente jovens na casa dos 20/30 anos. Estou a lembrar-me, por exemplo, do "football". Será que todos eles já são velhos?
    Talvez alguns já o possam ser pela sua mentalidade e preconceito, não pela sua idade.
    Tal como diz o Auzendo, também acho que se deve chamar cada caso pelo seu "nome próprio". Acho que actualmente tenta-se "adocicar" as mazelas, mas o facto de lhes quererem dar um nome mais pomposo, não muda em nada a condição da pessoa afectada. A mazela ou deficiência continua lá, com as mesmas características e danos, e não é por a baptizarem com um nome supostamente mais "chique" que deixa de provocar os danos que sempre provocou.
    O seu a seu dono, e cada caso pelo seu "nome próprio".
    Lourdes Henriques.

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