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sábado, 9 de março de 2013

Visita ao Sobral – 5ª Parte


Pus-me um dia a percorrer as ruas do Sobral
Para vos dar a conhecer seu encanto sem igual



Mais um dia e alguma disponibilidade para lhes descrever as ruas que faltam citar da nossa Vila. Saio do meu bairro e, à esquerda, encontro a Rua Maria Lamas, escritora, sufragista e defensora dos direitos da Mulher. Descendo a Avenida Marquês de Pombal, deparo-me com a Rua Belo Marques, maestro, um poeta, e sobretudo um músico, que viveu alguns anos no Sobral e acabou cá os seus dias: os seus restos mortais estão depositados no cemitério de Santo Quintino.
Atravesso a Rua Belo Marques e entro na Praceta Dr. António Luís Borges, um médico que adoptou o Sobral, e vem-me à memória o tanto que devo a este Senhor: ele atendia gratuitamente os necessitados e ainda lhes dava os medicamentos. E não era figura de ficção … era real.
Desço a Av. Marquês de Pombal e viro à direita para a Rua Correia Guedes. Este é o nome de um amigo do Sobral que, embora não tivesse vivido cá, tinha uma quinta na Feliteira. Foi Presidente da Companhia das Lezírias, sendo pessoa muito influente na época, aí na década de sessenta. À direita fica a Rua das Poças, assim chamada por ser o local onde as mulheres iam lavar a roupa, antes de haver água canalizada no Sobral: ainda lá existem os tanques. Esta rua é cortada pela Urbanização da Encosta do Sol, na qual há a Rua da Encosta do Sol e a Rua Manuel da Costa. Este senhor foi o primeiro Presidente da Câmara do Sobral após a implantação da Republica e foi dono da Farmácia Costa.
Regresso à Rua Correia Guedes, desço um pouco mais e à esquerda deparo-me com a grande Avenida das Linhas de Torres. Aqui é obrigatório parar para lembrar grandes feitos históricos. Durante a Guerra Peninsular, Sobral de Monte Agraço estava integrado nas Linhas de Torres. Massena constatou que estas linhas não podiam ser tomadas de assalto e, depois de alguns confrontos na vila, nos dias 11 a 13 de Outubro de 1810, e observando as fortificações em redor de Lisboa, decidiu recuar o exército. Em 11 de Fevereiro de 1811, retirou as tropas de Portugal, e começou aqui a queda da era napoleónica. O nosso Forte do Alqueidão muito contribuiu para esse facto.
Subo toda a Avenida e fico em frente à Urbanização do Casal Miranda: o seu nome deve-se ao dono dos terrenos onde está construída. Aí encontro as Ruas do Casal Miranda e a Rua de S. Quintino, um mártir do século III d.C., e que deu nome à Igreja e à povoação de Santo Quintino. Retrocedo e entro na Rua da Vitória, (Rua do Matadouro) que nos lembra a vitória nas Invasões Francesas (Guerra Peninsular). Chego, assim, à parte mais a Oeste da vila.
Continuo na mesma rua e vou até ao Miradouro da Forca, ali me sento, descanso e aprecio a linda paisagem, um misto de rural e urbana, e vem-me à memória a década de quarenta do século passado. Penso como nesse tempo era fácil percorrer esta vila, em que apenas havia quatro ruas principais e uns becos e travessas, e onde casa a casa todos se conheciam.
É hora de emalar as trouxas e lá vou eu para o lado oposto da vila.
Subo a rua da Misericórdia, mais conhecida por Rua do Hospital, por ter sido aí o então Hospital do Sobral, inaugurado em 1955, e onde se faziam operações cirúrgicas e partos. Esteve durante muitos anos inactivo e hoje é Lar da Santa Casa da Misericórdia. Chego à Rua dos Combatentes da Pátria, assim chamada em louvor aos Combatentes da Guerra do Ultramar, como consta em acta da Câmara de Julho de 1973.
E, para finalizar, regresso à Rua da Misericórdia e chego à Praceta 25 de Abril, que recebeu esta denominação em acta da Câmara Municipal em 25 de Junho de 1974, para memorizar aquela data tão importante para o País. Anteriormente, chamava-se Praceta Engenheiro José Frederico Ulrich. Contorno-a e cumprimento alguns amigos que estão sentados nas esplanadas dos diversos cafés… Está bonita a nossa Praceta: recentemente remodelada, é a sala de visita da Terra de que o Sobral se pode orgulhar.
Agora sim, regresso a casa com a sensação do dever cumprido, acho que falei de todas as ruas e praças, e lembrei pessoas e acontecimentos que foram importantes, uns a nível local e outros a nível nacional.

Maria Alexandrina

5 comentários:

  1. Boa tarde amiga Alexandrina
    Li a última parte do seu "roteiro" do Sobral e tal como dos anteriores, fiquei a saber um pouco mais desta Vila.
    Quero felicitá-la pelo seu esmerado trabalho e pela minha parte, agradecer-lhe. Só com este seu trabalho fiquei a conhecer melhor o Sobral, pois como sabe só há uma década é que habito cá permanentemente, embora esta terra me seja familiar e muito querida há perto de 50 anos.
    Obrigada amiga, e continue com a partilha dos seus conhecimentos, pois há sempre PESSOAS interessadas em saber mais da sua terra, muitas coisas que os seus antepassados não lhes souberam ou não quiseram transmitir.
    Ao Professor Afonso deixo também um agradecimento especial pelo seu empenho no aperfeiçoamento e embelezamento deste blogue. Bem-haja.
    Um abraço para os dois.
    Lourdes Henriques.

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  2. Como costuma dizer-se, tudo o que é bom chega ao fim depressa. E foi bom, já foi dito e repetido, acompanhar este roteiro falado pelos lugares da Vila, perceber um pouco do porquê de muitos dos nomes que a toda a hora pronunciamos ou lemos.

    "Chega ao fim" mas não devia chegar; devia ser, também já foi dito e insisto, o ponto de partida para a elaboração, em suporte de papel, daquilo a que "pomposamente" se justificaria chamar de Roteiro Toponímico da Vila do Sobral.

    Pena é que tal não venha a acontecer.

    Auzendo

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  3. Terminada a minha volta pela ruas da vila de Sobral de Monte Agraço, um trabalho de pesquisa que me deu muito prazer em fazer. Dar a conhecer mais a "nossa" terra é sentir que fiz qualquer coisa por ela.
    Como já tenho dito ainda não tinha dois anos quando vim para cá viver, nunca conheci outra terra como minha, aqui despertei para a vida, aqui frequentei a escola, aqui tenho os meus amigos, não admito sequer que qualquer Sobralense se ache mais Sobralense que eu, e acho que através do tenho escrito no blogue deixo isso bem claro...
    Estes textos sairam muito melhorados com a ajuda do Sr. Afonso que os ilustrou e focou factos ou pessoas, de modo a que lesse ficasse mais elucidado e tornou os textos mais apelativos.
    A minha amiga Lourdes sempre agradável a forma como comenta é um incentivo para quem escreve, os seus comentários sempre bem escritos são um bálsamo quando nos sentimos a desanimar.
    Quem dá a cara está sujeito a criticas, mas nunca usarei o anonimato ou nomes falsos, para escrever o que quer que seja, aceito toda a espécie de criticas desde que elas sirvam para melhorar, o que não aceito e isso repito, o que não aceito, são ataques pessoais..."eu não me escondo atrás do muro, eu canto ao Sol e para toda a gente".
    Mas o meu principal objectivo de aqui vir hoje,é o de agradecer ao Senhor Auzendo, meu professor de português, que teve tanto trabalho a corrigir e aconselhar-me na elaboração destes longos cinco textos,que será de grande injustiça não lhe agradecer públicamente, "sem graxa", obrigada Professor Auzendo.
    Maria Alexandrina

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  4. Foi um trabalho deveras meritório, D. Alexandrina, “sem graxa”. Bem vistas as coisas, é do interesse de todos.E não andassem os Sobralenses distraídos, ou atafulhados com outros assuntos que dão mais brilho à sua existência, e este seu trabalho teria o tratamento que merecia, não só aqui no Blogue, como fora dele…Mas… já chega de “bater no ceguinho”… que o tempo não é elástico …
    Resta-nos esperar que o seu orgulho Sobralense e a sua dedicação nos tragam outros trabalhos que nos ajudem a combater a apatia que parece estar-se instalando.
    Inês

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  5. Boa noite Maria Alexandrina
    Parabéns pelo seu trabalho foi excelente. Fiquei a conhecer melhor a terra onde eu vivo Há 40 anos, não é a minha terra, mas é como se fosse gosto muito de cá viver.
    Um beijinho da amiga e colega
    Mariana

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