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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Filatelia … histórias à volta da história dos selos


Por razões que facilmente depreenderá, recebo todos os meses a Folha Informativa da Comissão de Reformados do Banco de Portugal. Acontece que a última continua a publicar uma série de artigos relativos ao coleccionismo, desta vez sobre a Filatelia e a história dos selos no Mundo. Não é nada que não se encontre com algum tempo de pesquisa na net. Mas há pormenores curiosos acerca da história dos selos, que me pareceram um tema interessante para estas férias no Blogue…Se o assunto “pegar”, pode ser que regressemos ao coleccionismo: não conheço coleccionadores no Sobral, de numismática, de saquetas de açúcar do café, sei lá, tantas coisas que se coleccionam por todo o lado. Sei de uma colecção fabulosa, de um tipo raro, pode ser que a dona se disponibilize a divulgá-la aqui…
Mas, agora, os selos. Sabe como “nasceram” os selos? Transportar encomendas e mensagens para lugares distantes é prática corrente desde há milénios. A história da corrida de atletismo da Maratona começa precisamente assim: o soldado Filípedes foi incumbido, em 490 antes de Cristo, de levar aos atenienses a notícia da vitória sobre os Persas na batalha de Maraton: o soldado correu os 40 km com tal esforço que, ao chegar a Atenas, apenas conseguiu dizer “vencemos” antes de cair morto no chão…É muito interessante o porquê desta urgência, mas se me alongo nunca mais os prometidos selos cá chegam. E não levava a minha carta a Garcia.
Pois é, os selos. Quando alguém enviava, noutras épocas, uma mensagem ou uma encomenda pelos serviços de estafetas, eram os destinatários que deviam pagar o serviço ao transportador, não fosse este ficar com o dinheiro do remetente e…com a encomenda. Mas isto dava origem a disputas frequentes e a inconvenientes de toda a ordem. Pensemos apenas no caso mais simples: se um destinatário se encontrava fora da localidade de residência não podia pagar o serviço, e a encomenda ou mensagem não podia ser entregue…E isto acontecia assim mesmo em países com serviços postais públicos devidamente organizados…
Em 1839, Rowland Hill, funcionário dos correios ingleses, propôs ao Governo de Sua Majestade (é assim que ainda hoje os ingleses se referem…ao Governo) que a taxa de envio fosse paga na origem; e que na carta (ou na embalagem da encomenda) fosse colado e carimbado um recibo (padronizado) do pagamento, indicando o preço e o local de expedição. O Governo aprovou a reforma e, em 6 de Maio de 1840, em Inglaterra, emitiu-se o primeiro selo do mundo: era um selo todo preto, de 1 “penny”, com a efígie da Rainha Vitória…É o famoso “penny black”!...
Embora sofresse muita contestação, rapidamente o selo se espalhou pelo mundo. Entendamo-nos: rapidamente, mas não à velocidade de hoje.…O segundo país a adoptar os selos, logo no início de 1843, três anos depois, não foi “um país”, foram apenas os Cantões de Genebra e Zurique da Suiça: os outros Cantões não aceitaram…Ainda no mesmo ano, a 1 de Agosto, os selos aparecem noutro país, o segundo com circulação nacional…Sabe qual foi? A decisão foi tomada por D. Pedro II … Mas não, não foi Portugal, foi o Brasil: foi D. Pedro, segundo imperador brasileiro, filho do rei português D. Pedro que, em 1822, tinha proclamado a Independência do Brasil, com o célebre “grito do Ipiranga”. Há para aí um texto de História que fala nisso…Não no “grito”, no D. Pedro.
"Olho de gato"
"Olho de boi"

As peripécias dos primeiros selos no Brasil são “de morte”. Não resisto a viajar um pouco até lá; acompanha-me? D. Pedro II aprovou a emissão de selos idênticos aos ingleses, com a efígie dele. Mas políticos zelosos (ainda com “sangue” português…) acharam que era uma “sem-vergonhice” a cara do Imperador ser deformada e pintada pelos carimbos dos selos. E a efígie foi proibida: apareceram, então, os selos “Olho-de-boi”. Olho-de-boi porque não eram mais que um círculo ovalado escuro com o preço ao centro. Seguiu-se a série dos “Inclinados”, estando a razão disso no próprio nome.
"Olho de cabra
"Inclinado"
As séries seguintes ficaram conhecidas como “Olhos de cabra” e “Olho-de-gato”, estes já coloridos. E só em 1 de Julho de 1866 proibida: apareceram, então, os selos “Olho-de-boi”. Olho-de-boi porque não eram mais que um círculo ovalado escuro com o preço ao centro. Seguiu-se a foram impressos selos “normais”, com a efígie do Imperador, os chamados selos D. Pedro II.
D.Maria II
  
E Portugal? Por hoje vamos só dizer que no nosso país a primeira emissão ocorreu em 1 de julho de 1853, com a efígie de D. Maria II, sendo que fomos o 45º país a adoptar o selo postal…Atrasados, como sempre.

José Auzendo

7 comentários:

  1. São inaugurados no próximo sábado, os Jogos Olímpicos de Londres de 2012. A prova rainha destes Jogos é a Maratona, em homenagem ao soldado Filipedes, que não lançou o grito "Independência ou Morte", mas com certeza, em voz já sumida disse "Vencemos", a carta foi entregue a Garcia, o soldado venceu rapidamente a distancia, mas não venceu a morte.
    Recordo aqui o Sobralense Francisco Lázaro, que por pouca informação, besuntou o corpo de sebo para correr a Maratona dos Jogos Olímpicos de Estocolmo (Suécia), onde a temperatura rondava os 32º à sombra. Com os poros tapados e sem chapéu na cabeça, não resistiu ao calor e caiu inanimado em plena maratona, onde se encontrava entre os primeiros, sucumbiu a 15 de Julho de 1912. Foi o fim de um homem que podia ter sido, um dos melhores maratonistas do Mundo.
    Há coleccionadores dos mais diversos objectos,mas no Sobral há uma colecção de selos muito antiga, herança de um pai, para um filho que não é apreciador de filatelia e não a continuou. Conheço coleccionadores de carrinhos de bombeiros ( aqui no Sobral, conheço dois) e tenho um familiar que é mais para a numismática, cada um colecciona o que quer e pode.
    Sr. Auzendo o seu tema é cheio de interesse, não e assunto que se fale com frequência, é mais um privilégio do nosso blogue, onde se abordam os mais os diversos assuntos. E...as coisas que o Senhor sabe!...

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    1. Cara Alexandrina,os registos dizem que Francisco Lázaro nasceu em Benfica. Tem outra informação?

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  2. Olá Professor Auzendo
    Mais um dos seus temas interessantes que nos vêm trazer sempre alguma coisa que desconnhecíamos. É sempre bom "descobrir" algo de novo. É muito curiosa a maneira como apareceram e começaram a circular os selos. Obrigada pelos seus ensinamentos.
    Quanto a coleccionadores, não tenho conhecimento nenhum que possa colaborar consigo.
    Um abraço da
    Lourdes.

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  3. Muito muito interessante. Gostei de saber
    Obrigado
    Adelaide

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  4. Boa noite professor Auzendo
    Li o seu artigo, achei interessante mas confesso que é assunto que eu não sei discutir. Mas gostei. Fiquei mais esclarecida sobre este tema dos selos.
    Muito obrigado
    Mariana

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  5. O que eu sei sobre filatelia é muito pouco. Sei que o meu marido e mais três amigos do Sobral eram filatelistas. O meu marido juntava selos usados para trocas e recebia as colecções novas quando saíam, e tinha livros de filatelia que lhe mandavam de Lisboa. Era a distracção do meu marido aos domingos. Os selos repetidos tinha-os - algumas centenas – metidos em caixas de fósforos que, mais tarde, ficaram todos destruídos, devido a um cano entupido que rebentou, com bastante pena minha. Os álbuns tem-nos o meu filho, que ainda continuou por algum tempo a colecionar. O meu sobrinho também tem uma grande colecção de selos.

    Como se vê há 50 anos já havia quem se interessava por filatelia em Sobral Monte Agraço...Eu fiquei com o bichinho, tenho alguns que tirava, quando ainda se escreviam cartas…Agora os mails não usam selos, lá se foi a filatelia.
    Lisete Corado

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  6. Sr. Afonso só agora vou responder à sua pergunta, porque tenho andado a tentar obter dados concretos, para confirmar ou não, a naturalidade de Francisco Lázaro.
    O meu padrinho, que nasceu em 1906, sempre me disse que o Lázaro, tinha nascido no Alqueidão (ou seja no Casal Lázaro), depois dele ouvi muitas pessoas a afirmarem o mesmo, por tradição oral ,ele nasceu no concelho do Sobral. Contudo, segundo informação de quem estudou o assunto, nada está provado.
    Para mim ele é Sobralense...
    Maria Alexandrina

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