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domingo, 10 de junho de 2012

ESCUTANDO A “MINHA HORTA”


Amigos, depois de várias hesitações, aventuro-me a escrever neste blog de Gente Boa pedindo, desde já, a vossa habitual bonomia e tolerância para este vosso companheiro e amigo. Para manter a minha matriz genética “falar com todos e de tudo,como forma de aprendizagem”, pois é a melhor e mais eficaz escola da vida.
Sou um “fanático” numa boa tertúlia,e para além das nossas salutares e revigorantes trocas de opiniões, acabo conversando “com os meus botões” e até com interlocutores muitas vezes conotados com as “conversas de maluquinhos”.
Assim,passo ao relato de parte de um desses meus diálogos estranhos, tendo desta vez como interlocutora e professora a “minha horta”.
Estava eu sentado no chão com uma pequena enxada,pois que a posição normalmente utilizada para estes trabalhos já é uma impossibilidade prática para as minhas capacidades físicas, e enquanto ia limpando as ervas daninhas que infestam sem dó nem piedade o terreno prejudicando a desejada apresentação e fertilidade da “minha horta”,  dei comigo pondo-lhe questões e debitando desabafos, mas igualmente ouvindo as suas sábias respostas.
Perguntava eu, porque diabo as ervas daninhas, sempre tão indesejadas, proliferavam avassaladoramente sem que para tal precisassem de quaisquer cuidados.
- Muito simplesmente sem cuidados tudo o  que se acumula é lixo e a contrapartida é crescimento e proliferação de porcaria , disse ela.
Mas porque seria, questionava eu, que para obtermos produções boas e bonitas nos custava tanto trabalho e esforço?
E nova e simples resposta surgiu:- Sempre que há cuidado, acompanhamento, interesse e esforço, provoca-se uma resposta positiva de retribuição.
A partir deste curto e frutuoso diálogo,  pensando um pouco fui rapidamente induzido a constatar algumas outras verdades:
Sempre que  escolhemos as melhores sementes, temos melhores colheitas (pelo que se não sabemos do assunto, melhor procurar informação ).
Sempre que mantemos a vigilância, regamos atempadamente,mondamos e colhemos em tempo certo, temos melhores colheitas.
Sempre que colhemos algo que foi plantado, cuidado e trabalhado por nós, mesmo com sacrifícios e canseira, temos colheitas mais saborosas.
Mas o relato já vai longo, pois “as palavras são como as cerejas” e vou-me ficar por aqui sugerindo ( não  digo aconselho pois que tenho presente o ditado “não me aconselhes , que eu sei fazer asneiras sozinho” ) um pequeno exercício,que como todos sabemos é prática recomendável para todas as idades.
A “sua horta” é o País, as plantas (sejam elas ervas daninhas ou flores ) somos todos nós cidadãos. Agora tire suas conclusões da sua participação, sem preconceitos, instinto de autodefesa,  questione-se e não tenha medo de participar na procura de melhores colheitas nesta bonita horta  que é NOSSA.

Saudações amigas
Mendes Hortêncio
( conhecido por Manuel Augusto )

15 comentários:

  1. Permita-se-me uma nota personalizada. Este Mendes Hortêncio começou por ser, quando pela primeira vez aqui apareceu, um desconhecido, quem sabe se um nome inventado. Ele próprio se deu a "conhecer", lamentando-se de ainda só ser conhecido no Sobral por ser "o marido da brasileira". Evoluiu, pelos vistos, e já se diz conhecido por Manuel Augusto. Esperemos que, continuando a aparecer, venha a não precisar de se re-denominar e, escrevendo só Mendes Hortêncio,...todos saibamos que é...o marido da brasileira...

    Não sei se foi cirurgicamente escolhido o dia da publicação deste texto; mas é interessante que o seu apelo final venha a público neste nosso 10 de Junho. Melhor hora não poderia haver para sermos desafiados a "participar na procura de melhores colheitas" nesta nossa horta...

    Repararam que, atrás, eu não transcrevi toda a frase do autor? É que eu já não acho que seja bonita a horta que cultivamos, tantas são, e tão predadoras são, as ervas daninhas que a inundam, que a depauperam. O que só torna o apelo mais pertinente e oportuno. Urgente.

    José Auzendo

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  2. Meu amigo: são sempre sábias as suas palavras e ainda bem que não as limitou à sua horta, assim pudemos (e podemos) usufruir delas.
    Já dizia António Aleixo, "somos apenas o produto do meio onde fomos criados". Ora, numa horta onde proliferam ervas daninhas, o produto não se desenvolve. Mas porquê as ervas daninhas infestam a horta? O defeito é do hortelão que, sentado, dobrado ou de pé, não a adubou, não a fertilizou, desleixando o terreno quase até ao abandono. Tivemos tão maus hortelões a cuidar desta horta, que até considero o produto de boa qualidade, apesar das dificuldades para germinar.

    No entanto, a horta continua a ser pouco biológica e, para que o produto seja de qualidade, compete-nos a nós, produto acabado, avisarmos , ensinarmos e escolhermos bem os hortelões, para que a horta tenha produtos saudáveis, que se possam reproduzir em outros ainda mais saudáveis, ou seja, acabar-se definivamente com as ervas daninhas.

    Acho que perceberam...Hoje deu-me para as metáforas, por isso leiam país em vez de horta...A "culpa" é do Hortêncio.
    Maria Alexandrina
    ..............................................

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  3. Boa tarde caro colega Manuel Augusto.

    Seja bem-vindo ao nosso blog. Vou ser breve no comentário que vou fazer. O Sr. diz que gosta muito de falar e nós, alunos de Cultura e Sociedade, gostamos muito das suas opiniões: são sempre muito pertinentes e elucidativas. Também gosto muito de falar, mas não tenho cultura suficiente para discutir consigo, para obter bons resultados na agricultura tinha de haver sementes de boa qualidade parece que é o que falta no nosso pais e se todos nós conseguíssemos banir as tais ervas daninhas que minam o nosso Território tínhamos hortas de melhor qualidade e todos vivíamos melhor.
    Ervas daninhas, infelizmente, é difícil livrarmo-nos: saem umas, aparecem outras. Devemos estar atentos e fazer o que pudermos para nos livrarmos dessas ervas destruidoras do canteiro da nossa horta. Da nossa horta mesmo, e do nosso país também.
    Para todos um abraço
    Mariana Luìs

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  4. Na realidade a "nossa horta" não anda lá muito bem tratada. Falta-lhe muita rega e "adubo" de alta qualidade, mas como os hortelões que dela tomam conta se aproveitam dos "produtos de 1ª." para as suas próprias hortas e na "Nossa" aplicam apenas os "produtos brancos", é natural que o que dela colhemos tenha cada vez menos qualidade. Há que travar esta situação para eliminarmos as "ervas daninhas" e "os frutos e legumes desenxabidos e podres".
    Portugal merece-o.
    Lourdes Henriques.

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  5. Caro Hortêncio, depois de um certo suspense, apraz-me registar que o meu amigo Manuel Augusto se tenha aventurado – já não era sem tempo – a entrar nesta tertúlia garantidamente biológica.

    Pois é, as ervas daninhas aparecem sempre nos lugares em que menos desejamos, mas, em princípio, nunca é tarde para as arrancar. Existem até “certas épocas” propícias para a sua irradicação, mas bla,bla,bla… só publicidade …e o pesticida não actua.

    A culpa é sempre do hortelão, seja ele amador ou profissional, elas, as “ervas”, desempenham as suas funções, abafando cada vez mais este jardim à beira mar plantado, onde, infelizmente,
    por incrível que pareça, uns pedaços de “relvas” pantanosas conseguem, ainda, emergir da paisagem – isto sou eu a falar, claro.

    Os botões com que habitualmente fala vão gostar de partilhar as vossas conversas neste blogue, quiçá até o vão ajudar. Embora ao lê-lo tenha ficado com saudades das palavras ouvidas: proporcionou-nos uma leitura demasiado suave se comparada com as audições com que nos costuma brindrar…

    Inês

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  6. Como sou uma mulher de esperança acho que os frutos irão brotar desta horta cheia de pesticidas que contudo não são capazes de dar conta das ervas daninhas.
    Se calhar temos de olhar para trás para os tempos em que eramos um pais de agricultores e arregaçarmos as mangas e pensar que a terra é boa e se a semente for boa acabará por dar bons frutos.
    Cada um tem de fazer a sua parte. Somos nós a força que pode mudar
    o futuro da HORTA . Não desistamos .Não podemos esperar que sejam os outros a fazer a nossa parte. Sejamos pois mais activos e sobretudo mais participativos. É urgente senão eles levem tudo e não deixam nada. Manuela

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    1. Se a "Manuela" que assina este comentário é a Manuela que eu conheço, só tenho que fazer uma pergunta: por onde tem andado Manuela? Sei que tem estado connosco, mas nunca, que eu tenha notado, com esta força, com esta convicção, com este propósito. Bravo Manuela.

      E deixe-me que lhe diga que o que escreveu precisa de ser gritado noutros locais, é pena que se fique pelo nosso blogue. É que "eles não só não deixam nada", como levam também aquilo que devíamos deixar aos nossos filhos, aos nossos netos, aos nossos bisnetos...

      José Auzendo

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  7. Amigos
    volto de novo a este nosso cantinho de amizade, cada vez mais motivado para me tornar melhor hortelão desta nossa "horta comunitária".Ficou bem claro para mim que quando muitas vezes nos julgamos muito sózinhos, afinal nada mais é do que não termos enxergado para além do nosso "pequeno canteiro", e não termos tido sido capazes de levantar os olhos mais além. Agora, que tive o previlégio de ir conhecendo melhor todos estes companheiros, sinto-me muito mais capaz e motivado, apenas desejando ser capaz de participar, dentro das vossas expectativas, em tudo o que considerem estar ao meu alcance.Eu já tenho recebido muito de todos vós. Desejo ser capaz de vos retribuir ao nível do vosso merecimento.

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  8. Caro Manuel Augusto, modéstia a mais é pecado.
    Motivado parece já estar. Ser capaz… retribuir… merecimento… o que é isso? Aqui, cada um “toca” o que sabe (ui! E se você sabe – para não dizer: sabe-a toda :-)). Eu como não sei fazer nada, limito-me a dar uns bitaites… e depois? Nem me interessa o resultado; umas vezes, divirto-me, outras nem tanto, mas o importante é mesmo levantar os olhos além do meu “pequeno canteiro”.
    Inês

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    1. Amiga queria que ficasse bem claro que não professo a política da falsa modéstia, embora também conviva mal com o "modelo mourinho".Acontece que tenho bastante dificuldade em ficar satisfeito com as minhas presta-ções, pois que quem se arrisca a suscitar expectativas a terceiros ao propôr-se partilhar com eles experiên-cias, opiniões e conhecimentos corre sempre o risco de nada acrescentar, o que, francamente, me desagrada e me deixa sempre temeroso dos resultados. sei, pois até já me foi apontado como defeito, que ponho em tudo o que faço uma carga que talvez nem se justifique, mas a verdade é que como dizia sàbiamente António Aleixo , "somos apenas o produto do meio em que fomos criados" e o meu querido avô era achava que tudo poderia ser melhor. Concerteza ficou essa forma de ver as coisas e as possíveis consequências,será?
      Mas se foi antes assim, porque mesmo a brincar garante-me algum grau de exigência que me conforta.
      Quanto às suas motivantes palavras, bem haja pela amizade e confiança

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    2. Também eu sou fanática de uma boa tertúlia, como diz: “falar com todos e de tudo, como forma de aprendizagem”. Também gosto quando se manifesta contente por “ voltar a este nosso cantinho de amizade, cada vez mais motivado…” Mas não estava “preparada” para o saber tão preocupado com medo de arriscar e temeroso dos resultados: a primeira sensação que tive ao ler esta sua “resposta” foi a de que estávamos na mesma sala de cinema, mas a ver filmes diferentes.

      Concordo que devemos fazer sempre o melhor, e sei que é sempre possível fazer melhor. Foi, também, com esse fim que foi criado o Clube Sénior – aprender até morrer… a vida é uma aprendizagem constante onde, a todo o momento, estamos a acrescentar algo. E este
      blogue não foi criado, julgo eu, para suscitar expectativas, nem para criar heróis, Prémios Nobel ou “Mourinhos”, mas tão-somente para, com a prata da casa, cada um com as suas capacidades, partilharmos histórias, vidas, experiências e o mais que cada um entender. E nisso tem sido exemplar: ninguém se tem sentido, creio, “temeroso dos resultados”. Nem devia passar a sentir-se. O amigo Manuel Augusto também não!
      Inês

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  9. Obrigada amiga Hortêncio (Manuel Augusto), pela sua amabilidade em nos disponibilizar os seus tempos de férias (do Clube) em nosso proveito. Não prometo sempre, mas participarei com muito agrado às suas reuniões, sempre que puder. Bem-haja pela sua atitude solidária.
    Agora só um aparte, para brincar: é que não estamos de facto aqui para criar "Mourinhos", como diz a amiga Inês, só que tenho muita pena de vos contrariar, é que eu sou Mourinho de nascença, há seis décadas ... E esta, heim?
    Um abraço da
    Lourdes.

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  10. Continuando a brincar, mas sempre com a consciência de que brincando sempre se aprende, queria dizer-lhe amiga Lurdes, que há pessoas com muita sorte, senão repare:
    Tanto quanto me tem permitido o nosso convívio nestas lides do Clube senior, fácil foi apreciar várias das suas capacidades quer na escrita, na música ou no canto e isso não a torna impertigada nem impertinente na sua postura e no seu convívio, o que não é a imagem de marca do referido Mourinho. E como por vezes acabamos por ligar nomes a posturas e factos (como sabemos em várias áreas do conhecimento muitas das designações contêm o nome do seu descobridor ), também eu me habituei a relacionar a arrogância desse sujeito ao seu nome. A partir de agora sempre que ouvir o nome Mourinho já não farei ligação a uma pessoa desagradável, an-tes me lembrarei da minha amiga, pois que partilho da ideia que é sempre muito mais saudável ter sensações alegres e positivas.
    Com amizade

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  11. Caro amigo Manuel Augusto
    Sensibilizaram-me muito as suas palavras de amizade e fico muito feliz por saber o conceito que faz de mim. Sabe, eu considero que cada um tem os seus dons ou lá o que quiserem chamar, e eu na realidade tenho uma certa facilidade em escrever e cantar. Mas isso não me dá a mim nem a ninguém, o direito de ser arrogante ou ter a mania da superioridade. Lá diz o velho ditado que "Quem dá o que sabe, a mais não é obrigado", e eu sempre gostei de dividir (agora o termo apropriado é "patilhar") com os outros aquilo que mais gosto de fazer. Mas não seria por isso que teria o direito de ser arrogante fosse com quem fosse. E quanto ao Mourinho, apesar do apelido ser o mesmo, ele não me é nada. A minha "linha" é algarvia, enquanto a dele (já alguns familiares meus se deram ao trabalho de investigar) é de Setúbal. E posso dizer-lhe que ainda bem que não tenho a sua postura, enerva-me o seu ... porte.
    Agradeço a sua amizade, que retribuo. É um grande prazer saber que entrei para o Clube um tanto ou quanto com "o pé atrás" e afinal, com a minha idade, ainda se conseguem conquistar amigos.
    Quanto mais não fosse, só por isto, já valeu a pena. Obrigada.
    Lourdes Henriques.

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  12. Estive uns dias ausente, andei por S. Miguel, Açores, e por isso só agora pude ir ao nosso blogue. Confesso que ia ficando gágá, fiquei muito surpreendida pelo nível cultural e com essa troca de galhardetes de alto nível intelectual…
    Quando cheguei ao fim, pareceu-me estar a ler um romance de Torga contemporâneo. Em S. Miguel vi prados e vacas e hortências, muitas e lindas hortências. E hortas, mas não ouvi ninguém escutando a sua horta. Gostei imenso, peço que continuem e assim ficam isentos das minhas histórias da carochinha.
    Parabéns a todos e muito obrigada
    Lisete Corado

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