Depois de me casar fiquei 5 anos a viver em casa dos meus pais e em Junho de 1971 fui viver com o meu marido para a Amadora. Nesse mesmo ano, em Novembro, perdi o meu pai, que tendo ido para a Guiné por duas vezes, na 2ª. veio evacuado para o hospital, tendo morrido alguns meses mais tarde.
Tinha orgulho em defender a Pátria, mas a Pátria, quando ele morreu, nem o funeral lhe fez. Nem sequer teve direito a velório. Pobre pai, se cá viesse agora, morria logo de tristeza, ao ver como está o país que tanto orgulho ele tinha em defender!
E vivi na Amadora durante 31 anos.
E depois de tudo isto, tenho a dizer que tenho quatro filhos encantadores que me adoram e ao pai e de quem nós temos muito orgulho. Agradeço a Deus nos dias que correm, a família que tenho. Tenho 3 netos lindos sendo que os seus pais não tiveram casamentos duradouros como o meu. É que os jovens de hoje não têm a tolerância nem a paciência dos de outrora. Ou talvez não sintam o verdadeiro amor um pelo outro. Quem terá razão: eles ou nós?
Meu marido deixou de trabalhar em 2003 e em 2004 eu pedi a reforma antecipada, para bem ou mal dos meus pecados. Já me tenho arrependido algumas vezes de o ter feito, mas noutras ocasiões, vendo o lado positivo das coisas, sinto-me contente. Enfim, temos dias bons e maus, e temos que conviver com eles da melhor forma que pudermos e soubermos.
Mas não quero deixar de me referir também à minha mãe, pessoa que muito me marcou na vida, para o bem e para uma parte mais negativa. A parte negativa é que era uma pessoa muito austera e ditadora que muito me fez sofrer com essa maneira de ser. Mas tinha um grande coração. Tenho a agradecer-lhe a ajuda que me deu a criar os meus filhos até perto dos 3 anos, e muitos mais apoios. Faleceu há 8 anos, depois de ter permanecido 5 anos num lar, sendo que antes esteve a viver comigo quatro anos e meio. Após a sua degradação quase total, era impossível permanecer em casa sem assistência permanente, e durante cinco anos caminhámos todos, todas as semanas, para o lar onde se encontrava mas em que ela já nem nos conhecia. E depois de permanecer viúva 31 anos, deixou-nos numa paz serena enquanto dormia durante a noite.
E em 2002, após tantos anos de azáfama de um lado para o outro, com os filhos já todos fora de casa, resolvemos vir viver para o Sobral, pois meu marido é natural de Moncova, cuja casa onde nasceu é nossa, mas onde não queremos viver. E aqui estou eu a escrever esta autobiografia mais ou menos atabalhoada, num sétimo andar (parece que estou empoleirada no galinheiro), donde posso avistar de um lado e doutro bonitas paisagens, com um lindo pôr-do-sol na serra do Socorro.
Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)
Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)
Olá D. Lourdes.
ResponderEliminarTem uma história de vida muito bonita.
Parabéns pela linda familia que tem.
Beijinhos Mariana.
É bom ir conhecendo um pouco mais da tua vida!!!
ResponderEliminarAmo-te Mamy!!
Beijinhos
Filha Rabina