Começou há pouco um novo ano. Pensei em mudar a minha vida de monotonia e pasmaceira que tenho tido de algum tempo a esta data, e resolvi mudar, pois quando decidi pedir a reforma antecipadamente, há perto de oito anos, não foi com a finalidade de envelhecer sentada à frente de um televisor, à espera da morte, sabe-se lá por quanto tempo! A vida trocou-me as voltas e mesmo nesta idade não pára de me desiludir. Mas eu não vou deixar que isso me destrua, pois é demasiado preciosa para deitá-la fora por comodismo ou influência de pessoas que não sabem viver. E aqui estou eu nesta primeira aula de CULTURA E SOCIEDADE, ministrada pelo Professor JOSÉ BELO, um voluntário de coração aberto para ajudar a viver quem já não tem muito que esperar da vida. Mas ele há cada coincidência! Não é que este senhor, a quem conheço há alguns anos das Finanças e das nossas idas ao café, sete anos mais novo do que eu, quando solicitou a minha apresentação nesta primeira aula, tal como a todos os outros alunos, ficou muito admirado de eu ter estado em Macau. E chegámos a uma conclusão muito engraçada: - O pai dele esteve em Macau na época em que o meu pai também lá esteve. Foram colegas de profissão, Sargentos do Exército, pois embora existissem vários quartéis em Macau, todos os militares se conheciam, quanto mais não fosse das Festas Militares, Festas de Natal, Convívios Desportivos, etc., etc. Num espaço de 16Km2 – que era o que na época (anos 50/60) era considerada a área da península de Macau – toda a comunidade portuguesa se conhecia, constituindo todos como que uma grande família. Quando me falou no Sargento Belo, qualquer coisa despertou dentro do meu velho computador de memórias, e veio ao de cima esse nome como um dos muitas vezes mencionados pelo meu já falecido pai. E mais coincidências: - A minha única irmã nasceu lá, tal como o Professor, em 1953; - A irmã dele, um ano mais velha do que eu, frequentou a “minha velha” Escola Primária Pedro Nolasco da Silva e o meu saudoso Liceu Nacional Infante D. Henrique. Não vou dizer que me lembro dela, mas o seu nome não me é de todo estranho. Possivelmente até fomos eventualmente colegas. E isto, passados cinquenta anos de distância no tempo e tantos milhares de quilómetros afastados daqui. Agora entendo bem quando se diz: COMO O MUNDO É PEQUENO! Fiquei contente, pois fez-me relembrar momentos da juventude já tão esfumada, que recordo com profunda saudade e que sei que nunca se voltarão a repetir! É que para mim, falar de Macau, exerce o fascínio de uma vivência única, recordada como se fosse um sonho. Tal como as pessoas que viveram em África a recordam sempre com grande saudade e nostalgia, também as memórias do “meu Macau” nunca me abandonarão. Mas esse Macau que deixei na minha adolescência já não existe. O Macau de hoje é bem diferente. É um Macau bem mais violente, muito europeizado e sofisticado. Talvez se possa dizer que é mais moderno, mais bonito e mais rico, mas menos humano e tranquilo. Mas quando comecei a escrever estas notas, a ideia era falar um pouco da aula de apresentação. Apenas tenho a dizer que gostei muito da forma como o Professor José Belo se exprime e de como tenta passar de uma maneira clara e simples os seus sábios conhecimentos para pessoas que querem aprender mais qualquer coisa do que aquilo que a vida lhes proporcionou. Bem-haja, Professor BELO, pela sua generosidade!
Não quero porém terminar este meu apontamento sem falar de uma outra alma caridosa que dispensa os seus tempos livres, que poderiam ser ocupados com actividades muito mais proveitosas para o seu bem-estar pessoal, a ensinar INFORMÁTICA aos seniores deste CLUBE SÉNIOR DO SOBRAL DE MONTE AGRAÇO. É que na realidade é preciso ter uma paciência de Jó, como se costuma dizer, para transmitir, ou melhor, PARTILHAR – é este o termo que mais gosta de empregar – tantos e tão diversos conhecimentos de uma área tão difícil e complexa, a quem já não é jovem. É que nesta fase da vida, é bem mais difícil apreender tudo o que nos dizem. Outra alma generosa que se dedica ao voluntariado, apenas esperando em troca que consigamos fazer algo de diferente que pensávamos não ser capazes. Bem-haja também, Professor AFONSO.
O meu muito e muito OBRIGADA aos dois.
Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)
Não quero porém terminar este meu apontamento sem falar de uma outra alma caridosa que dispensa os seus tempos livres, que poderiam ser ocupados com actividades muito mais proveitosas para o seu bem-estar pessoal, a ensinar INFORMÁTICA aos seniores deste CLUBE SÉNIOR DO SOBRAL DE MONTE AGRAÇO. É que na realidade é preciso ter uma paciência de Jó, como se costuma dizer, para transmitir, ou melhor, PARTILHAR – é este o termo que mais gosta de empregar – tantos e tão diversos conhecimentos de uma área tão difícil e complexa, a quem já não é jovem. É que nesta fase da vida, é bem mais difícil apreender tudo o que nos dizem. Outra alma generosa que se dedica ao voluntariado, apenas esperando em troca que consigamos fazer algo de diferente que pensávamos não ser capazes. Bem-haja também, Professor AFONSO.
O meu muito e muito OBRIGADA aos dois.
Lourdes Henriques (Sobral - Biblioteca)