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sexta-feira, 29 de junho de 2012

NOS “BASTIDORES” DO CLUBE SÉNIOR


Ao ler os textos e comentários do Professor Auzendo no nosso blogue, verifiquei que num dos seus comentários argumentou que “ninguém é obrigado a fotografar-se e se ainda não o fez, é porque não calhou, prefere as palavras ao resto, etc, etc …”
Como nos informou que os seus artigos vão “ficar de férias”, julgo que é de todo legítimo que as pessoas que os leem (e não são só os utentes do Clube Sénior), tenham curiosidade em saber quem é que, nos “bastidores”, tanto se preocupa com a salvaguarda e bem-estar dos seniores deste concelho, despertando-os para as boas regras e condutas a seguir, de maneira a adquirirem hábitos para que tenham um envelhecimento mais saudável.
É facto que a leitura nos oferece por vezes mensagens de grande importância, interesse e profundidade. Mas também é verdade que não raras vezes, um simples gesto ou palavra de carinho e atenção produz muito mais efeito do que a leitura de bons livros.
4 Prof.:Afonso, Auzendo, Belo, Pedro

O combate à solidão de quem está em vias de decadência, é um grande mérito que temos de enaltecer, àqueles que o praticam através deste Clube: os Voluntários que, abdicando dos seus tempos livres, se sentem felizes em ajudar os outros, sem nada esperarem em troca. Todos atrás dos bastidores. Para TODOS ELES o nosso justo reconhecimento e amizade. Falo por mim, mas julgo que este será o sentimento de todos nós.
Mas como o que me despertou a atenção para escrever este texto foi uma frase sua, professor Auzendo, em que diz que “ainda não calhou colocar aqui a sua foto”, não seja por isso...
Desejo-lhe umas boas férias.
Lourdes.

terça-feira, 26 de junho de 2012

UMA MULHER, UMA GRANDE SENHORA!


Alguém comentou, a propósito dos artigos para este Blogue, que seria interessante dar a conhecer uma mulher que, de uma maneira ou de outra, tenha influenciado a vida quotidiana do Sobral. Sabe de alguma? Perguntaram-me. Sei, sei de uma Mulher que, muito embora fosse popular, porque se dava com todos os que dela se abeiravam, não tinha por hábito meter-se na vida de cada um. Era discreta, extremamente cuidadosa em não ferir susceptibilidades, respeitosa quanto a partidos e religiões ou condutas gerais. Tratava todos de igual maneira, com um sorriso que nada tinha de cínico, com a condescendência normal de um ser diferente e mesmo superior. Essa Mulher amou de facto as pessoas do Sobral, que não era a sua terra natal.
Nasceu em Lisboa, oriunda de uma família que tinha as suas raízes na Ericeira, onde existe hoje ainda um Largo com o nome da sua família. Chegou ao Sobral, onde comprou a velha Farmácia Costa e alugou uma casa que, desde o princípio, ficou aberta para quem dela se aproximasse. Farmacêutica de profissão, solteira por opção, teve um colaborador directo desde a primeira hora, o Sr. Fausto como todos o chamavam, que lhe dedicou desde a maior lealdade e consideração. Fica aqui também a minha sincera homenagem a este homem que serviu o Sobral e seus arredores, sendo respeitado por todos a quem tratava das maleitas e lhes servia de confidente. Farmacêutica e técnico de saúde formaram uma dupla importante na vida do Sobral. A velha Farmácia Costa existe ainda, pertencente a familiares da sua ex-proprietária. É um marco quase histórico da vila e haveria muito a dizer sobre ela e sobre o Sr. Costa que lhe deu o nome.
Foto de Armário da Farmácia Costa
Esta Mulher a que me refiro preencheu os vazios de várias juventudes, até que chegou à minha. Como vivíamos numa terra pequena, com horizontes apertados e diminutos, tínhamos muita dificuldade em alargá-los e expandi-los, mas desde que fosse na companhia desta Senhora e debaixo da sua protecção, tudo nos era permitido. Era como uma mãe bondosa que nos abria as janelas para a vida e nos dava asas para voar. No cinema; no teatro; no ballet; em concertos, exposições, palestras... Também nas "farras", quase sempre em Lisboa, mas não só: passeios pelo país, por Espanha e por aí além, aí estava ela, com um grupinho de jovens, dando-lhes a oportunidade de saírem da “pasmacenta” e atrasada vidinha provinciana. Era católica praticante. Na Igreja quanta coisa bela lhe saiu das mãos e do seu querer generoso e bom, mas também da máquina registadora da farmácia. Sim, ela não se ficava no que se devia fazer, ela fazia e pagava, sem alardes nem exibições, sempre no silêncio da sua generosidade.
Foto de Armário da Farmácia Costa
Quantas famílias chegadas ao Sobral, “com uma mão atrás e outra à frente”, ela ajudou, desde arranjar-lhes uma casa, um colchão e manta para viverem; quantos remédios saíram daquela farmácia para tratar doenças e maleitas…gratuitamente, claro. Esta Mulher fundou no Sobral a obra de S. Vicente de Paulo, mas não quis ser presidente, apenas foi vicentina, não tinha feitio para lugares de destaque, dizia ela. Trabalhava afanosamente um ano inteiro, fazendo todo o tipo de artesanato, para que, nas festas de verão, em Setembro, houvesse uma "Venda" vicentina que ainda hoje existe. Com o seu espírito ameno e generoso, conseguia fazer a paz e a concórdia entre todas as vicentinas e garanto-vos que não era tarefa fácil. Mas ela lá estava para o que desse e viesse.
Sugeriram-me um apontamento com poucas palavras, breve, mas não é possível falar desta Mulher apenas com meia dúzia de palavras e mesmo assim fica tanta coisa por dizer...Nunca eu seria o que sou hoje se ela não tivesse sido parte integrante da minha vida, tanto na minha vida moral, como na minha vida espiritual. Devo-lhe quase tudo o que sou e isso agradeço-lho todos os dias. Continuo a sentir uma grande saudade dela. Faz-me falta.
Esta Mulher chamou-se MARIANA FIGUEIREDO CARDOSO.

Mimi

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Cumpre-me esclarecer


2009 começara e este blog surgia. (http://sobralsenior.blogspot.pt/2009/02/o-comeco.html).
As Pessoas, suas vivências foi o que me levou a criá-lo.

Não sou do Sobral, não vivo no Sobral mas envolvi-me com as pessoas da terra, apostei na valorização da PESSOA.
O blog cresceu, têm sido várias as participações mas continuo a apostar na linha que me fez participar neste projecto colectivo, o sentimento, o respeito pela identidade de cada um.
Até nem me interessa se a vírgula deste é maior que aquele, se os dois pontos mais redondos que os outros, se cedilha em vez de dois “esses”...
Há outros espaços onde essa será a principal preocupação. 

No dia a dia, convivemos com mais ou menos letrados e há que saber respeitar as suas maiores ou menores capacidades. Não são alternativos, antes complementares. Esta coexistência torna-nos mais sociáveis, mais saudáveis.

A possibilidade de comentar anonimamente este blog foi opção exactamente pela maior ou menor capacidade de cada um em se movimentar na Internet. Não restrinjo qualquer comentário que assim apareça, concordando ou discordando com o que é escrito. Apenas solicito que seja acerca dos conteúdos e não das formas. As opiniões, a participação será bem vinda.

Entre a saúde e a doença, escolho a saúde. Entre a essência e o complementar, escolho a essência. Entre o ruído e o silêncio, escolho o silêncio, entre a picardia e a paz, escolho a paz.

Este não é nem será em definitivo um espaço negativo, um espaço divulgador de formas de estar mal resolvidas impregnadas de fel, um veículo para atingir indirectamente qualquer participante.
Há por aí outras assembleias, outras esquinas, outras praças, faz favor de as usar!


Afonso Faria

sábado, 23 de junho de 2012

Rever matéria, pensar nas férias


Celebra-se em 2012 o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações. Por isso, mas não por isso, vou publicar neste espaço, regularmente, espero que semanalmente, um artigo sobre a problemática do envelhecimento. Não serão, no essencial, textos da minha autoria, mas antes transcrições, resumos e adaptações de artigos de outras publicações, que serão claramente identificadas. Seguirei também oManual de Envelhecimento Activo, da Lidel- Edições Técnicas, Ldª. (que referirei como MEA-Lidel). Não mencionarei, em princípio, nem os nomes dos autores dos artigos, nem a bibliografia citada ou utilizada. Sempre que tenha encontrado as minhasfontesna net, escrevê-lo-ei com as palavrasver net. Convido o leitor a seguir-me nesta busca e divulgação de temas ligados ao envelhecimento: o Blogue é nosso, logo seu. Escreva para sobral.senior@gmail.com, ou faça umcomentáriono próprio Blogue.
José Auzendo

Texto 9
Rever matéria, pensar nas férias

Este é o nono texto desta série de artigos que me propus publicar. E assim como, entre humanos, o nono mês dá à luz uma vida, também agora é justo que o nono texto dê à luz um período de férias, um descanso destes temas nem sempre simpáticos. Não precisa de agradecer estas férias, eu sei que fica contente…
No texto 5, com o simpatiquíssimo tema da obesidade, algo não saiu muito claro, ao que me foi dito, creio que com razão. Para se saber se uma pessoa é obesa, calcula-se, em geral, o IMC, Índice de Massa Corporal (peso a dividir pela altura ao quadrado, ou peso a dividir por altura vezes altura). Se o resultado for entre 25 e 29,9, pode dizer-se que nem está bem nem mal, está pré-obeso/a, bom mesmo era perder um pouco de peso de modo que o IMC ficasse abaixo dos 25. Mas, na idade adulta, e mais ainda na terceira idade, além do peso (e do IMC), também a Percentagem de Massa Gorda (PMG) define a existência de obesidade. Se a massa gorda for superior a 25% no homem ou a 32% na mulher, estamos também perante uma situação de obesidade. Ou seja, um IMC (massa corporal) inferior a 25 pode não significar ausência de obesidade: é preciso conhecer, também, a PMG (massa gorda), a tal que é dada por uns aparelhinhos próprios. Até me informaram que já há umas balanças que a calculam…Informe-se.
Também me foi dito que uma maneira fácil de perder peso era estar, de vez em quando, umas horas sem comer… com fome. Nada mais errado, nada mais negativo. Claro que se “perde peso”, mas… O nosso organismo, mesmo em repouso, mesmo dormindo, precisa de energia para manter a funcionar o cérebro, os aparelhos circulatório, respiratório, urinário…Se lhe falta a energia nafontenatural, o estômago, o organismo vai buscá-la onde ela existe: as proteínas dos músculos. Nas idades mais avançadas, já é normal a perda de massa muscular; deixando o estômago vazio, a dar horas, só agravamos a situação…Daí à fraqueza generalizada e suas consequências vai um passo curto. Portanto, vamos tentar perder peso graças ao exercício físico e a uma dieta adequada, mas comendo sempre com a sabida regularidade.
Mas também ”não é preciso” fazermos como o nosso D. João VI, que andava todo engordurado porque tinha sempre os bolsos cheios de pernas de frango, que não parava de comer, mesmo durante as recepções oficiais, mesmo já no Brasil… Li isto há muito tempo, já não sei onde, escrevi de memória e de boa-fé…Será verdade histórica? Informe-se, mas não imite: nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Se é dos que já estava consciente do que escrevi, melhor, agora vai ser mais fácil não esquecer. E como estamos a caminho de férias, sejam elas à beira mar ou bem em terra, não esqueça que é uma boa altura para se manter ainda mais activo e para estimular ainda mais a sua mente. Por exemplo, dedicando algum tempo à leitura: ler é um bom hábito que deve manter-se cultivado. A leitura, vide MEA-Lidel,pág.85, estimula o vocabulário, a imaginação e a memória e é um óptimo entretenimento. Se puder, leia em voz alta, pois assim obtém mais estimulação cognitiva do que lendo para si…Aproveite os jornais e revistas para fazer passatempos: palavras cruzadas, diferenças, sudoku, sopa de letras…
E se lhe acontecer um momento mais monótono, sentado/a numa esplanada, numa praia, experimente observar o ambiente à sua volta por uns momentos e, a seguir, fechar os olhos e perguntar-se: quantas pessoas vi, quantos homens, mulheres, crianças, como estava vestida esta ou aquele, aquele grupo, outras coisas que vi…Abra os olhos e confirme. Calhou, não foi de propósito, mas vou arriscar terminar assim: “abra os olhos”… E atente na máxima de José Saramago: “Se podes olhar, vê; se podes ver, repara”.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Um Sobralense


No dia 17 de Novembro, completaram-se 40 anos da morte de Matias Luís Ferreira, mais conhecido por Matias Flor, homem íntegro, de um querer e com muita vontade de mudar o Mundo. Uma grave e fulminante doença arrancou-o do convívio da sua família e dos seus amigos, que ficaram mais pobres e bem mais tristes. Estou habilitada para afirmar que era um bom homem, amigo do seu amigo, respeitador e respeitado, e sobretudo solidário. Estimava e defendia da melhor forma todas as colectividades da vila. Foi bombeiro voluntário da Associação dos Bombeiros Voluntários do Sobral durante vinte e seis anos; contudo, a sua grande paixão desde sempre foram as Festas e Feira de Verão do Sobral.
No jornal do Sobral “Sizandro”, de Dezembro de 1971, em primeira página, pode ler-se - ” Um bom Sobralense que desaparece: Morreu Matias Luís Ferreira (Flor) ”, tendo em destaque uma sua fotografia. Todo o artigo, assinado por J. Campino, se reveste de uma verdade e uma descrição pormenorizada da vida deste grande homem. Não sei se alguma vez agradeci ao João toda a amizade que dedicava ao meu padrinho, faço-o agora, muito obrigada João Campino.
Começou cedo ao lado do pai e do tio a trabalhar devotadamente para as Festas, e a elas se manteve fiel até ser arrebatado pela morte. Trabalhava incansavelmente, numa entrega total, na Comissão. Sacrifícios atrás de sacrifícios eram o seu apanágio todos os anos, para que quando chegasse o dia das Festas tudo estivesse em ordem, esquecendo-se muitas vezes da sua vida pessoal. Teve sempre muito respeito pelas diversas Comissões que por ele passaram, não impondo a sua vontade como mais velho, e por isso era estimado por todos. Como os jovens o respeitavam!..Volto a citar o Sizandro:Apesar de não ser jovem na idade, era-o nas acções. Daí entender e ser entendido pela camada jovem que trabalhava nas Festas. Dava gosto vê-lo entre a juventude e colhendo opiniões. Todos sem excepção gostavam do Sr. Matias”.
Mensário Regionalista do Concelho do Sobral de Monte Agraço
Homem de uma força interior enorme, tentou resistir à doença que o atacou mas, mesmo perto do fim, não esqueceu as suas Festas e, numa subscrição, ainda conseguiu duas dezenas de contos, o que para a época era muito importante. As Festas tinham que sobreviver por si só, na época não havia nenhuns apoios externos. Exigia-se muito da Comissão, que lutava por um saldo positivo todos os anos. O seu grande gosto, e onde eu o via parar, era quando chegava a 2ª.Feira das festas, na Praça Dr. Eugénio Dias repleta de forasteiros, a escutar o concerto, em que duas bandas se desafiavam, cada uma no seu coreto, uma do Norte e outra do Sul do País. Extasiado, ali esquecia todos os trabalhos e canseiras que as Festas lhe tinham dado, deliciando-se com a afinação e os sons das marchas, que cada banda tão refinadamente exibia.
Este homem que nunca foi pai, foi uns anos atrás obsequiado, no dia do Pai, por um poeta popular da nossa terra, o Rodrigo da Silva, o Pataco, que enviou para a Rádio Oásis uns versos para serem lidos. Escrevia o poeta:” …este Senhor foi um pai adoptivo, mas um pai a cem por centoEra um activista/Era um homem muito sério/ Não era para dar nas vistas/ Era o seu critério.Era o seu critério diz o poeta: esta era a sua forma de estar na vida, digo eu.
Posso falar deste Senhor com toda a legitimidade: era meu tio por afinidade, padrinho pelo registo e pai extremoso pelo coração. Este homem era povo, cidadão anónimo sem direito a nome de rua, mas no meu coração tem sempre erguida uma estátua e, enquanto eu puder e onde puder, o seu nome será perpetuado. Matias Flor, umaflorque eu tento regar todos os dias no jardim das minhas memórias, e por isso também aqui o homenageio.

Maria Alexandrina