Estou triste! A minha árvore caiu! O meu salgueiro de estimação partiu-se ao meio e uma bela parte do seu todo caiu para cima da parede da casa, encostado à adega. A minha árvore de sombra está a ceder e tal como tudo na vida, está a deteriorar-se. Bastou uma rajada de vento mais forte do que o habitual, e eis aí os estragos.
É a perda. Mais uma perda a juntar a tantas outras que já tive na vida. Este jardim que criei com tanto entusiasmo e gosto, que tantos quebra-cabeças me deu para o construir à minha maneira, está a perder a sua beleza e encanto a pouco e pouco. De outrora, um passado bastante recente, vai ficando a recordação de alguns dos bons momentos aqui vividos. E recordo com especial carinho o dia do baptizado do meu neto Rodrigo, há seis anos. Foi o dia mais bonito vivido neste jardim, desde que foi construído, até hoje. Mas tal como eu estou a perder o entusiasmo pela vida, parece que o jardim percebe e me acompanha, na sua decadência. A ala de roseiras de várias cores, onde está ela? Restam apenas algumas pernadas mal semeadas e quase secas dentro do longo canteiro irregular criado no meio das pedras, atravessando o jardim de alto a baixo. O friso com jarros de muitas cores, que quando estavam todos floridos davam um efeito lindíssimo, também ele desapareceu dando lugar a ervas daninhas ou coberto pela caruma do pinheiro manso plantado pelo meu filho Paulo. Esse, é também uma das minhas árvores de eleição aqui no quintal. Algumas já estão mortas por falta de tratamento e interesse …
As minhas três palmeiras, essas, não as queria perder, mas estão condenadas a serem deitadas abaixo por alguém com menos sensibilidade para as preservar… é que a propriedade está à venda e já vários interessados (ou não) manifestaram a ideia de as tirar! Com tanto terreno para cultivar, não percebo porquê deitar abaixo árvores tão bonitas e que levam tantos anos a crescer! A Palmeira, considerada a árvore da Sabedoria! Só pessoas sem sabedoria nenhuma e com muita falta de sensibilidade, deitariam abaixo árvores como estas …
E fico triste ao pensar que aquilo que criei com tanto amor está prestes a acabar … mais valia nunca o ter feito, pois não estaria neste momento a sofrer!
Moncova, 21 de Agosto de 2011.
Lourdes.