Por
razões que
facilmente depreenderá,
recebo todos
os meses
a Folha
Informativa da
Comissão de
Reformados do
Banco de
Portugal. Acontece
que a
última continua
a publicar
uma série
de artigos
relativos ao
coleccionismo, desta
vez sobre
a Filatelia
e a
história dos
selos no
Mundo. Não
é nada
que não
se encontre
com algum
tempo de
pesquisa na
net. Mas
há pormenores
curiosos acerca
da história
dos selos,
que me
pareceram um
tema interessante
para estas
férias no
Blogue…Se
o assunto
“pegar”,
pode ser
que regressemos
ao coleccionismo:
não conheço
coleccionadores no
Sobral, de
numismática, de
saquetas de
açúcar do
café, sei
lá, tantas
coisas que
se coleccionam
por todo
o lado.
Sei de
uma colecção
fabulosa, de
um tipo
raro, pode
ser que
a dona
se disponibilize
a divulgá-la
aqui…
Mas,
agora, os
selos. Sabe
como “nasceram”
os selos?
Transportar encomendas
e mensagens
para lugares
distantes é
prática corrente
desde há
milénios. A
história da
corrida de
atletismo da
Maratona começa
precisamente assim:
o soldado
Filípedes foi
incumbido, em
490 antes
de Cristo,
de levar
aos atenienses
a notícia
da vitória
sobre os
Persas na
batalha de
Maraton: o
soldado correu
os 40
km com
tal esforço
que, ao
chegar a
Atenas, apenas
conseguiu dizer
“vencemos” antes
de cair
morto no
chão…É
muito interessante
o porquê
desta urgência,
mas se
me alongo
nunca mais
os prometidos
selos cá
chegam. E
não levava
a minha
carta a
Garcia.
Pois
é, os
selos. Quando
alguém enviava,
noutras épocas,
uma mensagem
ou uma
encomenda pelos
serviços de
estafetas, eram
os destinatários
que deviam
pagar o
serviço ao
transportador, não
fosse este
ficar com
o dinheiro
do remetente
e…com
a encomenda.
Mas isto
dava origem
a disputas
frequentes e
a inconvenientes
de toda
a ordem.
Pensemos apenas
no caso
mais simples:
se um
destinatário se
encontrava fora
da localidade
de residência
não podia
pagar o
serviço, e
a encomenda
ou mensagem
não podia
ser entregue…E
isto acontecia
assim mesmo
em países
com serviços
postais públicos
devidamente organizados…
Em
1839, Rowland
Hill, funcionário
dos correios
ingleses, propôs
ao Governo
de Sua
Majestade (é
assim que
ainda hoje
os ingleses
se referem…ao
Governo) que
a taxa
de envio
fosse paga
na origem;
e que
na carta
(ou na
embalagem da
encomenda) fosse
colado e
carimbado um
recibo (padronizado)
do pagamento,
indicando o
preço e
o local
de expedição.
O Governo
aprovou a
reforma e,
em 6
de Maio
de 1840,
em Inglaterra,
emitiu-se o
primeiro selo
do mundo:
era um
selo todo
preto, de
1 “penny”,
com a
efígie da
Rainha Vitória…É
o famoso
“penny black”!...
Embora
sofresse muita
contestação, rapidamente
o selo
se espalhou
pelo mundo.
Entendamo-nos: rapidamente,
mas não
à velocidade
de hoje.…O
segundo país
a adoptar
os selos,
logo no
início de
1843, três
anos depois,
não foi
“um país”,
foram apenas
os Cantões
de Genebra
e Zurique
da Suiça:
os outros
Cantões não
aceitaram…Ainda
no mesmo
ano, a
1 de
Agosto, os
selos aparecem
noutro país,
o segundo
com circulação
nacional…Sabe
qual foi?
A decisão
foi tomada
por D.
Pedro II
… Mas não,
não foi
Portugal, foi
o Brasil:
foi D.
Pedro, segundo
imperador brasileiro,
filho do
rei português
D. Pedro
que, em
1822, tinha
proclamado a
Independência do
Brasil, com
o célebre
“grito do
Ipiranga”.
Há para
aí um
texto de
História que
fala nisso…Não
no “grito”,
no D.
Pedro.
![]() |
"Olho de gato" |
![]() |
"Olho de boi" |
As peripécias dos primeiros selos no Brasil são “de morte”. Não resisto a viajar um pouco até lá; acompanha-me? D. Pedro II aprovou a emissão de selos idênticos aos ingleses, com a efígie dele. Mas políticos zelosos (ainda com “sangue” português…) acharam que era uma “sem-vergonhice” a cara do Imperador ser deformada e pintada pelos carimbos dos selos. E a efígie foi proibida: apareceram, então, os selos “Olho-de-boi”. Olho-de-boi porque não eram mais que um círculo ovalado escuro com o preço ao centro. Seguiu-se a série dos “Inclinados”, estando a razão disso no próprio nome.
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"Olho de cabra |
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"Inclinado" |
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D.Maria II |
E Portugal? Por hoje vamos só dizer que no nosso país a primeira emissão ocorreu em 1 de julho de 1853, com a efígie de D. Maria II, sendo que fomos o 45º país a adoptar o selo postal…Atrasados, como sempre.
José Auzendo
São inaugurados no próximo sábado, os Jogos Olímpicos de Londres de 2012. A prova rainha destes Jogos é a Maratona, em homenagem ao soldado Filipedes, que não lançou o grito "Independência ou Morte", mas com certeza, em voz já sumida disse "Vencemos", a carta foi entregue a Garcia, o soldado venceu rapidamente a distancia, mas não venceu a morte.
ResponderEliminarRecordo aqui o Sobralense Francisco Lázaro, que por pouca informação, besuntou o corpo de sebo para correr a Maratona dos Jogos Olímpicos de Estocolmo (Suécia), onde a temperatura rondava os 32º à sombra. Com os poros tapados e sem chapéu na cabeça, não resistiu ao calor e caiu inanimado em plena maratona, onde se encontrava entre os primeiros, sucumbiu a 15 de Julho de 1912. Foi o fim de um homem que podia ter sido, um dos melhores maratonistas do Mundo.
Há coleccionadores dos mais diversos objectos,mas no Sobral há uma colecção de selos muito antiga, herança de um pai, para um filho que não é apreciador de filatelia e não a continuou. Conheço coleccionadores de carrinhos de bombeiros ( aqui no Sobral, conheço dois) e tenho um familiar que é mais para a numismática, cada um colecciona o que quer e pode.
Sr. Auzendo o seu tema é cheio de interesse, não e assunto que se fale com frequência, é mais um privilégio do nosso blogue, onde se abordam os mais os diversos assuntos. E...as coisas que o Senhor sabe!...
Cara Alexandrina,os registos dizem que Francisco Lázaro nasceu em Benfica. Tem outra informação?
EliminarOlá Professor Auzendo
ResponderEliminarMais um dos seus temas interessantes que nos vêm trazer sempre alguma coisa que desconnhecíamos. É sempre bom "descobrir" algo de novo. É muito curiosa a maneira como apareceram e começaram a circular os selos. Obrigada pelos seus ensinamentos.
Quanto a coleccionadores, não tenho conhecimento nenhum que possa colaborar consigo.
Um abraço da
Lourdes.
Muito muito interessante. Gostei de saber
ResponderEliminarObrigado
Adelaide
Boa noite professor Auzendo
ResponderEliminarLi o seu artigo, achei interessante mas confesso que é assunto que eu não sei discutir. Mas gostei. Fiquei mais esclarecida sobre este tema dos selos.
Muito obrigado
Mariana
O que eu sei sobre filatelia é muito pouco. Sei que o meu marido e mais três amigos do Sobral eram filatelistas. O meu marido juntava selos usados para trocas e recebia as colecções novas quando saíam, e tinha livros de filatelia que lhe mandavam de Lisboa. Era a distracção do meu marido aos domingos. Os selos repetidos tinha-os - algumas centenas – metidos em caixas de fósforos que, mais tarde, ficaram todos destruídos, devido a um cano entupido que rebentou, com bastante pena minha. Os álbuns tem-nos o meu filho, que ainda continuou por algum tempo a colecionar. O meu sobrinho também tem uma grande colecção de selos.
ResponderEliminarComo se vê há 50 anos já havia quem se interessava por filatelia em Sobral Monte Agraço...Eu fiquei com o bichinho, tenho alguns que tirava, quando ainda se escreviam cartas…Agora os mails não usam selos, lá se foi a filatelia.
Lisete Corado
Sr. Afonso só agora vou responder à sua pergunta, porque tenho andado a tentar obter dados concretos, para confirmar ou não, a naturalidade de Francisco Lázaro.
ResponderEliminarO meu padrinho, que nasceu em 1906, sempre me disse que o Lázaro, tinha nascido no Alqueidão (ou seja no Casal Lázaro), depois dele ouvi muitas pessoas a afirmarem o mesmo, por tradição oral ,ele nasceu no concelho do Sobral. Contudo, segundo informação de quem estudou o assunto, nada está provado.
Para mim ele é Sobralense...
Maria Alexandrina