O
“magnífico gestor” deste blogue decidiu ilustrar o texto nº 8
da série que publiquei, com a foto do cartaz relativo ao VI Passeio
dos Moinhos. Embora já tenha feito esta caminhada várias vezes, e
embora viva rodeado de “moinhos” – da minha casa veem-se meia
dúzia de estruturas em pedra de antigos moinhos – nunca
me tinha feito esta pergunta: quantos moinhos há (ou houve) no
concelho do Sobral? Foi precisa a dita ilustração para a
curiosidade surgir. Sabe quantos moinhos tem (teve) o Sobral?
A
resposta foi fácil de encontrar. Em 2004, a Câmara Municipal editou
um livrinho exactamente com um “inventário
exaustivo dos moinhos
existentes”. Encontra-o
na Biblioteca, aconselho a
sua leitura se se
interessa pelo tema: dá-nos
uma visão breve da
história e da importância
social dos moinhos, explica o
seu mecanismo de funcionamento, descreve o esquema das suas diversas
componentes, mostra-nos a sua localização exacta e presenteia-nos
com belas fotografias alusivas a cada um deles. Tem, ainda, um
itinerário para conhecer de perto a realidade, num dia de passeio em
veículo motorizado ou não.
![]() |
Moinho de Vento do Sobral |
Foram
identificados e descritos
43 moinhos no Concelho,
sendo 24 na Freguesia
de Santo Quintino, 12
na Sapataria e 7
no Sobral. Desses, só
o do Sobral estava
activo e 14 tinham
sido adaptados para
habitação. Os restantes ou estavam em ruínas (20) ou em
mau estado de conservação. O do Sobral estava e está activo, vale
bem uma visita. No you tube, em”
http://www.youtube.com/watch?v=Eex4KekckVw”,
pode ver um pequeno mas interessante vídeo dele em funcionamento num
dia de vento…
Na
Sapataria merecem referência especial, pelas dimensões e estado de
conservação, o Moinho Novo e o do Monte Rodinho, ambos propriedade
de particulares. Todavia, o mais antigo, com cerca de 220 anos,
parece ser o Moinho do Passarinho…
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Moinho do Céu |
Que
pena que muitos desses moinhos estejam a desaparecer da paisagem, ou
estejam mesmo a desfeá-la! Assistimos, impávidos (?) ao destruir de
um dos “símbolos que preenchem o nosso imaginário”, como bem
diz o nosso livrinho. Alguns destes Moinhos estiveram ligados ou
mesmo integrados nas fortificações das Linhas de Torres, em que bem
se tem investido. E os Moinhos, Senhor, porque lhes dais tanta dor,
porque os deixais morrer assim?
José
Auzendo
Olá Professor Auzendo
ResponderEliminarDe facto os moinhos são um cartão de vizita muito atractivo. Pena é que na sua maioria estejam em ruínas. Uma das minhas paixões paisagísticas deste criança sempre foram os moinhos. E ainda bem que nem todos estão destruídos, pois é um "pequeno monumento" que seria pena deixarv acabar. É um marco dos tempos remotos, de que os nossos antepassados se serviam para fazer a farinha. O seu maquinismo é curioso e para mim, qualquer paisagem que contenha moinhos, é maravilhosa. A modernidade pode ser mais prática, mas os vestígios que ficam do passado é que ajudam a fazer a história.
E nem de propósito vim juntar-me a uma família de moleiros, pois o avô materno e tios do meu marido, foram moleiros aqui nalguns destes moinhos do Sobral.
Obrigada por trazer este tema tão bonito e pelas indicações que nos dá.
Lourdes Henriques.
No texto o Sr. Auzendo leva-nos a todos os moinhos que existiram no concelho de Sobral de Monte Agraço, dos quais só alguns conheço,
ResponderEliminarvisitando assíduamente um, perto da minha casa, que a Câmara Municipal em boa hora recuperou e pôs em funcionamento. O mais altaneiro de todos creio ser o Moinho do Céu.
Na revista "Sobral por um óculo", levada à cena por amadores Sobralenses, no ano de 1946, o II Quadro, intitulado Moinhos, numa homenagem aos moinhos da nossa terra, o refrão era cantado pelo coro, e eram assim os seus versos:
Moinhos da serra
Que o vento faz girar
em redor
São em toda a terra
Mensagens de paz
Do trabalho e do amor.
Nessa época, todos os moinhos do Sobral estavam em funcionamento, caiados de branco, encapuchados de preto, engalanados no alto das serras, como querendo estar mais perto do céu. Por força do seu engenho e aproveitando o vento, as suas velas brancas, ora abertas
ora semi-enroladas, giravam no rodopio de uma valsa a dois tempos, característica da nossa região. E lançavam no ar um gemido de dor parecendo, aos nossos ouvidos, a queixa do grão de trigo a ser esmagado.
A luta pela sobrevivência dos nossos lindos moinhos de vento é tão inglória como as lutas de D. Quixote de La Mancha, de Cervantes, contra gigantes, que afinal eram tão sómente...os belos moinhos de vento
Maria Alexandrina
Os moinhos são a imagem de marca do Oeste - ao que dizem é o maior conjunto de moinhos da Europa - deveriam tornar-se num símbolo de interesse cultural e até didáctico.
ResponderEliminarCom a paisagem a ser invadida pela nova geração dos gigantescos geradores eólicos, nada deveria impedir a sã convivência entre ambos - novos e velhos só funcionam graças à acção do vento. Os antigos moinhos deviam ser preservados, pois fazem parte da nossa história. Infelizmente não estimamos o que temos, nem os moinhos são caso único…
Assisto da minha janela à erosão de vários moinhos, como almas condenadas, implantados numa paisagem sabiamente escolhida, onde até se poderiam aproveitar as potencialidades do meio envolvente para fins turísticos. Claro que são propriedade privada, mas ao menos o Moinho do Céu até estava considerado como Monumento de Interesse Local…creio. É obrigatório recuperá-lo.
Inês
Próximo da casa onde moro ainda há vários. Não pertencem ao Sobral, ficam já no concelho de Alenquer.Da minha janela vejo três e dizem-me ainda conservarem os apetrechos de laboração. Um, de vez em quando desfralda as velas, sinal de moleiro activo. No mesmo enfiamento cinco eólicas coexistindo. Não me agride esta coexistência.
ResponderEliminarDepois de ler o artigo do amigo Auzendo sobre os nossos moinhos, comecei a recordar o Sobral de há 60 anos. Ir ao moinho (o do Sobral) era um passeio ao campo, pois na época ficava fora da vila, lá no alto do monte rodeado de vinhas e hortas.
ResponderEliminarEra por um caminho estreito e de pedras que o senhor António, o moleiro, como era conhecido, o ia pôr a trabalhar, ouvindo-se na vila o canto das velas. Hoje existe só um, mas na época eram dois, quase juntos, tal como os seus donos, que eram irmãos.
Mas como na vida há os felizes e os infelizes, hoje um moinho ainda canta quando o põem a trabalhar, o outro passou de dono, que o transformou em garrafeira e sala de visitas, rodeado por uma fortaleza. Presentemente está desabitado, e assim perdeu o encanto.
A vila cresceu e o nosso moinho está junto do casario. Obrigada Auzendo. Hoje deu-me a sensação de ouvir o canto do moinho do senhor António moleiro, um homem muito bom.
Lisete Corado.
Desculpe professor Faria, mas eu volto a escrever porque depois me lembrei de muitas coisas que gostava de transmitir…
ResponderEliminarDevido aos anos que possuo, e já são alguns, tenho recordações espalhadas por vários lugares da minha terra. E o lugar do Pé do Monte, onde se situa o Moinho do Céu, foi por mim muitas vezes visitado. Ali sentia-me muito feliz. As minhas melhores amigas de infância, da juventude e agora da terceira idade, são três irmãs que viviam naquela aldeia, apenas com uma rua, mas com uma paisagem maravilhosa, e então junto ao moinho, na altura ainda activo, era de beleza sem limites, e eu só pensava: ai se eu soubesse pintar, ai se soubesse transmitir o que sinto. Foi e continua ser a minha pena, não conseguir transmitir o que sentia, o que sinto.
Era uma festa quando as amigas do Sobral eram convidadas pelas irmãs Ruchas para fazermos um piquenique no Moinho do Céu, ou irmos aos bailaricos na época dos leilões no Pé do Monte. Actualmente, estamos longe umas das outras, mas a amizade mantém-se. Quando há oportunidade ainda nos juntamos: quando isso acontece é uma risota, há sempre coisas a recordar.
Tenho pena que as minhas amigas não tenham interesse na Internet, seria uma conversa constante. Assim é ao telefone. Eu não tenho cura possível, sou uma saudosista dos momentos bons, das emoções que senti, dos amigos que perdi. E do Moinho do Céu que ardeu.
Lisete Corado
Ora, ora, D. Lisete, parece que o artigo da pessoa a que a chama de "amigo Auzendo” teve o condão de lhe pôr a cabeça à roda, tal qual um moinho de vento. Com amigos destes…
EliminarMais uma rabanada de vento e ainda sai mais uma história… espero. Lá diz o ditado que não há duas sem três. E pelos vistos recordações não lhe faltam…
Inês
HAYDÉE AGUIAR 7 de JULHO DE 2012
ResponderEliminarTive o privilégio de viver há cerca de três décadas,num moinho, num lugar chamado Santa Suzana, perto da Praia do Carvoeiro a caminho da Ericeira.
A vibração, ao contrário do que se pode imaginar é de paz e grande tranquilidade. As janelinhas pequeninas, com cortininhas de chita colorida, contrastando com os rasgos actuais nas paredes das nossas casas, conferiam-lhe aconchego. Foi uma alegoria com alegria aquela época da minha vida. E no exterior ainda tinha espaço para cultivo biológico e flores.
Hoje vaguemos o olhar pelos nossos e pelos moinhos na Holanda, incrustados em campos verdes e multicoloridos.
É sempre bom passar pela vida e não que a vida passe por nós.
E como diz Agustina Bessa Luis, «já nasci velha, mas hei-de morrer criança». É sempre bom viajar no tempo.
Haydée
Pois é, D. Haydée (para os menos avisados este nome é mesmo de uma portuguesa, nascida e criada em Lisboa, filha de gente portuga bem conhecida na época) agrada-me que tenha satisfeito a "cunha" que lhe meteram (mulheres, bâ...)para visitar o "nosso" blogue (sim, também é seu, por muito que vá fugir dele). E logo, disto eu não sabia, tendo vivido num moinho, também aqui no Oeste...
EliminarO que a senhora não talvez não saiba, é que os moinhos (noras) holandeses que ainda existem, até são, nalguns sítios, património da Humanidade/UNESCO,
porque os miseráveis dos holandeses não têm dinheiro para substituir aquelas velharias do tempo do menino jesus por modernas bombas eléctricas, submergíveis e tudo, e silenciosas, como nós já temos em Portugal...Quer a senhora comparar uma moagem industrial em betão com um moinho de vento no cimo de um monte? Ora, ora...
José Auzendo
HAYDÉE AGUIAR 8 DE Julho de 2012
ResponderEliminarSabia, sim senhor, que alguns são património da Humanidade ( na bela e inconfundível Holanda). Vivi
em Bruxelas e passeava até lá, pois apesar de ser
junto a Holanda, há uma diferença grande como cultura, política e postura dos seres humanos.
Só não estou de acordo que eles não têm dinheiro...mantêm é no entanto a tradição e a beleza da paisagem. São um povo bastante campesino a par com as dualidades pelos exageros...uiui.
Haydée Aguiar
Também podem ver um curto documentário sobre o Moinho do Sobral em
ResponderEliminarhttp://www.memoriamedia.net/central/index.php?option=com_content&view=article&id=1478&Itemid=1313
Espero que gostem.
Filomena Sousa