Estamos
a publicar neste espaço pequenos resumos biográficos de pessoas de
qualquer idade que, nascidas ou residentes no Sobral, conseguiram que
os seus nomes “saíssem” do Concelho, por algum feito realizado
no domínio das letras, das artes, da ciência, do desporto. Se não
fosse excesso de pretensiosismo, diria que estamos a cantar “aqueles
que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando”,
citando Camões. Mas é isso que desejamos que venha a acontecer…
Colabore connosco, escrevendo para sobral.senior@gmail.com
indicando-nos
o nome e contacto de alguém que julgue merecer integrar esta galeria
ou, se for o caso e preferir, enviando-nos a própria biografia.
E
o destaque de hoje vai para …
Maria
Emília Sobral, fadista
Maria
Emília Ferreira
Lima, a
Mila, de
nome artístico
Maria Emília
Sobral, nasceu
na Barqueira,
junto à
Vila de
Sobral de
Monte Agraço,
filha de
Mário Lima,
e de
Ernestina Ferreira
Lima. Acha
que teve
“três mães”,
pois as
irmãs, a
Margarida e
a Alice,
têm mais
dez e
doze anos
que ela.
Na escola
primária foi
boa aluna.
Não continuou
os estudos,
o que
era usual
naquele tempo.
Aprendeu a
bordar na
“Casa Vale”,
já falada
neste blogue.
Aos doze
anos foi
para um
alfaiate. Saiu
e foi
aprender a
tricotar. Aos
catorze anos
já fazia
peças de
tricot, como
gente grande.
Assim continuou
até aos
dezoito anos,
quando foi
estudar no
Colégio do
Sobral, onde
fez parte
do 5º
ano do
então curso
geral dos
liceus, que
mais tarde
concluiu.
Foi
trabalhar para
o Colégio Moderno, em
Lisboa, como
preceptora, com
a ideia
de continuar
a estudar,
o que
não aconteceu.
Por lá
esteve três
anos, até
que Mário
Soares foi
deportado para
S. Tomé,
talvez em
1968 e
o “internato”
no Colégio
acabou. Voltou
ao Sobral,
trabalhou como
encarregada numa
fábrica de
luvas que
faliu e,
em 1972,
começou a
trabalhar na
Casa Biencard
Cruz. Foi
aqui que
começou a
ganhar gosto
pelo
Fado…Primeiro
pelas Festas,
na Tasca
do Carreiras:
cantando com
outros “amigos
fadistas
sobralenses de
então, o
Egídio e
o António
Jordão, tudo
sem
acompanhamento”, a capella.
A
sua primeira
experiência com
guitarra e
viola foi
numa festa
de Natal
dos Bombeiros
do Sobral,
talvez em
1972. Entretanto,
Manuel Tavares,
um grande
amigo que
trabalhava na
RTP em
Lisboa, convidou-a
a ir
à festa
de aniversário
da RTP,
onde foi
dois anos.
No 2º
cantou acompanhada
por António
Chainho. Ficaram
grandes amigos.
E assim
começou a
cantar em
diversas casas
de fados,
em Lisboa
e Cascais.
Cantava fados
de Amália,
Teresa Tarouca,
Mª Teresa
de Noronha,
Carlos do
Carmo…Continuando
a trabalhar
na Biencard
Cruz e
a cantar,
o seu
nome chegou
aos ouvidos
de Luís
Miguel de
Oliveira,
casado com
Maria Palmira
Biencard Cruz,
que lhe
ofereceu poemas
e músicas…
Sugeriu-lhe o
nome artístico
por que
é conhecida,
e
proporcionou-lhe,
em 1976,
a gravação
do primeiro
disco, um
EP
(lembra-se?),
com
acompanhamento
de António
Chainho.
Começou
a ir
ao estrangeiro.
Em 1977,
esteve três
meses na
África do
Sul. Cantou
em Joanesburgo,
no Cabo
e em
Durban, numa
digressão a
que chamaram
Caravana da
Saudade. Vários
jornais e
revistas escreveram
sobre ela,
deu entrevistas
na Rádio.
Em Novembro
de 1978,
foi a
Holanda, com
Arlindo de
Carvalho, Ágata
(nessa altura
Fernanda de
Sousa) e
outros artistas.
Cantaram em
Haia, Amsterdão
e Roterdão.
Voltou à
Holanda em
1979 e
foi a
Antuérpia, na
Bélgica. Depois
esteve na
Alemanha, em
Singen. Em
Portugal, fez
espectáculos em
festas de
beneficência, e
continuou as
suas actuações
em casas
de fados
- Adega
da Matilde,
o Castiço,
o Embuçado,
o Nove
e Tal,
o Pátio
das Cantigas,
entre outros.
Presentemente,
em Portugal,
quando lhe
apetece vai
até Lisboa
e canta
no Clube
do Fado,
na Mariquinhas,
no Estafado,
no Guarda-Mor.
Embora não
seja uma
fadista muito
conhecida, Maria
Emília
sente-se feliz
pelo percurso
que fez.
Recorda com
emoção o
carinho e
o calor
com que
alguns milhares
de pessoas,
ao longo
destes 40
anos, a
receberam e
aplaudiram.
E aplaudem,
acrescento. Tudo
quanto precede
foi por
mim transcrito,
adaptado e
resumido de
um longo
e pormenorizado
historial escrito
pela própria
Mila, que
em breve
deverá começar
a ser
publicado…E,
não está
escrito, mas
adivinho eu
que outras
surpresas nos
esperam…No
passado e
ainda no
presente, a
sua voz,
mesmo o
seu nome,
levou e
leva para
bem longe
o nome
do Sobral,
onde nasceu
e vive.
Estou em
crer que
assim continuará
no futuro,
“até que
a voz
lhe doa”.
Mais fotos------; aqui
Mais fotos------; aqui
"MONTAGRAÇO"
José
Auzendo
Mila,
ResponderEliminarTenho muito orgulho em ser tua irmã e mãe como tu dizes, sempre te considerei como tal.
Beijinhos,
Mana Alice
Olá Mila
ResponderEliminarObrigada pela partilha deste seu agitado e bonito percurso.
Eu própria tenho os seus discos. Que bonita voz! Parabéns.
Um abraço da
Lourdes Henriques
Na minha infância, quando passava os dias na Barqueira, na casa da minha irmã, que morava ao lado da casa do Sr. Mário Lima, convivi muito de perto com as três manas Alice, Margarida e a pequenita Mila, e o meu sentimento de amizade desse tempo com as três ainda hoje se mantém.
ResponderEliminarDesde sempre as ouvi cantar, todas elas tinham lindas vozes. Acompanhei, embora à distância, o percurso musical da Mila. Mas apercebi-me hoje de que foi mesmo muito à distância, porque muitos dos factos mencionados desconhecia-os.
Ela nunca quis fazer do valor da sua voz profissão, foi cantando e simultaneamente tinha o seu emprego, uma atitude que revela inteligência, e que na minha simples opinião foi uma opção acertada.
Foi um prazer ler este destaque, mas pelo que percebi do que está escrito,pelo Professor Auzendo ainda vamos ter muito mais e desta vez será, julgo eu, na primeira pessoa: que venha que estaremos cá para ler.
Um abraço de carinho e amizade para a Mila
Maria Alexandrina
Muitos parabéns Mila pelo seu percurso,e pela bonita vóz que tem,muito sucesso e muitos anos pela frente bjs.
ResponderEliminarÉ sempre com muito orgulho quando se fala num sobralense, neste caso a Mila, que há muito tempo a ouvia cantar o fado ( Montagraço) que não me cansava de ouvir é lindo .muitas felicidades , um abraço de carinho.
ResponderEliminarAdelaide Lourenço
Olá Mila
ResponderEliminarHá muito tempo que sei que canta o fado, mas desconhecia que também tinha cantado nos palcos estrangeiros. Parabéns pelo o talento que tem, e pela bonita voz
Um abraço amigo
Mariana
Começo por saudar o Prof. Auzendo que perdi de vista,contra a minha vontade...Tenho-me contentado em ler,leitura intersante e variada que o Auzendo, o Prof.Afonso e outros colaboradores me tem habituado... Tenho "barrada" a entrada no vosso blog,ingenuamente ,só agora com a ajuda do Prof.Afonso posso "entrar" como eu gosto.
ResponderEliminarNão conheço a bela fadista mas ouvi o fado "Montagraço"gostei e dou-vos os meus parabéns!!
Monte Agraço está sempre a surpreendernos!!
Um abraço amigo
Avoluisa
D. Maria Emília:
ResponderEliminarFico muito contente em ver aqui um texto sobre a amorosa Emília Sobral, por quem tenho um grande carinho e admiração. Muitas felicidades e tudo de bom para si.
Hortense Bogalho