Num
ou noutro
ponto deste
Blogue, já
foi referida
a longa,
difícil e
universal luta
da Mulher
(das mulheres!...),
para que
os seus
direitos fossem
reconhecidos em
plano de
igualdade com
os homens.
Estão a
decorrer os
Jogos Olímpicos
e, este
ano, a
30ª olimpíada
de Londres
é considerada
histórica
porque, pela
primeira vez,
todas as
delegações
dos 214
países
participantes
incluem
mulheres…Parece
que no
caso da
Arábia Saudita
só uma
mulher e
toda de
negro tapada,
mas uma
mulher mesmo
assim. Vamos
dar umas
voltas, após
o que
regressaremos aqui,
como a
pescadinha…
Por
altura dos
Jogos Olímpicos
é frequente
falar-se no
espírito olímpico,
na sua
história, a
antiga e
a moderna.
Não vou
alongar-me nestes
aspectos, referirei
apenas o
necessário para
enquadrar o
texto no
seu contexto.
Embora Homero
situe o
início dos
Jogos em
1370 antes
de Cristo,
eles terão
começado de
facto por
volta do
ano 800
a.C., na
cidade de
Olímpia, em
honra de
Zeus, o
principal deus
da Grécia
Antiga. Foram
proibidos 1
200 anos
depois (cerca
do ano
400 d.C.)
pelo Imperador
romano Teodósio,
que os
considerou um
culto pagão,
por influência
de Santo
Ambrósio, então
bispo de
Milão… E
ficaram “esquecidos”
durante quase
1400 anos!...
Em
1796,
na França
revolucionária,
começou a
organizar-se,
anualmente, o
que se
chamou
“L’Olympiade de la Republique”.
E, a
partir de
1850, diversas
cidades
europeias
começaram a
organizar
competições
desportivas
internacionais,
visando o
renascimento do
espírito de
Olímpia.
Mas só
em 1894,
um aristocrata
francês, Pierre
de Fredy,
mais conhecido
como Barão
de Coubertin
ou Pierre de Coubertin,
lança a
ideia de
institucionalizar a
realização dos
Jogos de
forma regular,
criando para
o efeito
o Comité
Olímpico Internacional,
o COI,
que ainda
hoje se
mantém. Pretende
que os
“seus” primeiros
Jogos se
realizem em
Paris, mas
cede ao
simbolismo da
ideia e
aceita que
tenham lugar
em Atenas,
em Abril
de 1896,
com a
presença de
285 atletas
em representação
de 13
países e
9 modalidades
desportivas.

![]() |
Francisco Lázaro |
Mas
ainda em
1932, e
já com
9 medalhas
de ouro
e 3
de prata
em olimpíadas
anteriores, o
finlandês Paavo Nurmi foi
impedido de
participar nos
Jogos de
Los Angeles,
por ter
recebido dinheiro
para a
viagem numa
corrida antes
realizada na
Finlândia. E
ficou a
ver os
jogos nas
bancadas do
estádio de
L.A.
Mas
o que
mais surpreende,
ou talvez
não, no
pensamento de
Pierre de
Coubertin é
a sua
posição quanto
às mulheres…É
célebre a
sua frase
acerca da
participação do
género feminino
nos Jogos:
a integração
de mulheres
seria
“impraticável,
desinteressante,
inestética,
incorrecta”.
E, assim,
em 1896,
em Atenas,
as mulheres
foram
completamente
banidas.
Reza a
história que
uma grega
(Stamata Revithi)
fez a
Maratona clandestinamente
atrás dos
homens, tendo
completado a
prova em
5,30 horas…
![]() |
Dália Cunha |
E
assim demos
a volta
à pescadinha:
é algo
como isto
que hoje
devem pensar
os sauditas
– se as
suas mulheres
não andarem
todas tapadas
… Pobre Pierre
de Coubertin:
gastou toda
a fortuna
a financiar
os Jogos
e morreu
pobre, só,
fulminado por
um ataque
cardíaco, em
plena rua
de Genebra,
onde foi
sepultado. Menos
o coração,
que foi
trasladado para
Olímpia, onde
permanece num
mausoléu em
sua honra.
José Auzendo
O professor Auzendo, como sempre, em cima do acontecimento. Este é o acontecimento mais importante do ano, a nível desportivo.
ResponderEliminarDesde que em Portugal se começou a dar algum relevo aos Jogos Olímpicos, fui sempre uma entusiasta apreciadora. Mas, desde do meu tempo até agora, sofreram-se grandes transformações. Onde está o amadorismo? Hoje vale tudo, salvo algumas exepções, para que se ganhe uma medalha. Os atletas na sua maior parte ganham balúrdios nos seus Países ou fora deles, e depois competem num evento de amadorismo.
Os atletas portugueses vão competir tendo à partida a noção das diferenças, por que somos pequenos e, ainda e o mais grave, porque somos pobres.
Mas estes Jogos Olímpicos foram marcados por uma abertura de alguns países,que abriram uma pequena fenda nas suas mentalidades e integraram mulheres nas suas delegações. É certo que vi mulheres a correrem de calças e burca...que vi uma judoca de 16 anos de cabeça tapada.,. mas foram mulheres que vi, a competirem... Com esta pequena fenda no sistema, talvez que, a pouco e pouco, elas ganhem coragem para dizerem não...
Ás vezes tambêm me apetece "meter" a colhetada...mas sinto-me tão pequenina...só digo que estou feliz,cheguei ao século XX1,desde que nasci até agora muita coisa melhorou...vão-se abrindo fendas benéficas e a nivel dos Olimpicos,lendo a postagem do Prof.Auzendo estamos no bom caminho,tendo que caminhar sempre...
ResponderEliminarseja qual for a vertente.
Obrigada Prof. pelo que aprendi, outras reaprendi .
Um abraço
Obrigado. Gostei do que li e aprendi
ResponderEliminarAdelaide
Olá Professor Auzendo
ResponderEliminarMais um dos seus textos valiosos que nos pretende transmitir o que se passa a nível mundial, no desporto.
Na realidade, por negligência ou por característica de personalidade, nunca fui grande entusiasta dos desportos. Reconheço que é uma atitude muito errada da minha parte, mas desde jovem que sempre fui assim. Talvez mesmo por isso tenha algumas maleitas que poderiam ter sido evitadas se praticasse algum desporto. Mas ... gosto de saber.
Obrigada pelo seu texto explicativo e esclarecedor àcerca da origem e evolução dos Jogos Ilímpicos. Bem-haja pelo esforço que dispende em favor dos outros, para lhes tentar despertar o interesse por assuntos que muitas vezes até nos passam despercebidos.
Um abraço
Lourdes.
Os Jogos Olímpicos, abstendo-nos de todos os quiproquós, são, quer gostemos mais ou menos de desporto, um acontecimento a que ninguém fica indiferente, “rezando” para que um português consiga subir ao podium.
ResponderEliminarMas as medalhas são, para nós, cada vez mais uma miragem. Sim, D. Alexandrina, somos pequenos e pobres, mas somos acima de tudo muito mais pobres em espírito - este ano, num país que se está a afundar, só mesmo “a remos” conseguimos a medalha - até parece ironia.
Todos sabemos que o desporto deve ser incentivado nas escolas, contribuindo para o desenvolvimento global do aluno, com benefícios para a formação da sua personalidade; no entanto, o nosso Governo prepara-se para desvalorizar a Educação Física e outras disciplinas ligadas à creatividade.
Não resisto a transcrever um parágrafo de um artigo do Dr. Daniel Sampaio ”Tudo quieto na escola!” no Jornal Público de 5.8
“O Governo, que está sempre a louvar as virtudes das classificações nos exames, prepara-se para desprezar a avaliação em EF. A justificação só pode ser o novo lema da tutela: tudo quieto na escola! Se forem gordos, receosos ou agressivos, basta fazerem mais exercícios em papel… sentados, claro!”
Tá tudo dito.
Inês