Mesmo
em
frente
à
Igreja
da
vila,
existe
uma
pequena
rua,
de
casas
baixas,
que
não
serão
mais
que
cinco,
que
tem
o
nome
de
Rua
França
Borges.
Numa
dessas
casas,
no
século
XIX,
nasceu
um
Sobralense
ilustre;
posso
mesmo
ir
mais
longe,
um
Português
ilustre.
Na
casa
mesmo
na
esquina,
contornando
a
Rua
Heróis
da
Bélgica,
nasceu
a
10
de
Janeiro
do
ano
de
1871,
António
França
Borges,
filho
de
António
Ribeiro
Borges
e
de
Cândida
Borges
França.
Estudou
no
Colégio
Brasileiro
e
na
Escola
Nacional.
Foi
funcionário
público
da
Fazenda
em
Sobral
de
Monte
Agraço.
![]() |
Jornal O Mundo |
Foi
um
jornalista
importante,
dando
a
sua
colaboração
a
muitos
jornais,
destacando-se
a
Vanguarda
e
o
Combate,
onde
expandia
as
suas
ideias
republicanas.
Em
Sobral
de
Monte
Agraço,
colaborou
em
1894
no
jornal
Defeza
de
Sobral
de
Monte
Agraço
e,
em
Torres
Vedras,
colaborou
no
jornal
Neófito.
De
salientar
que
no
ano
de
1894
havia
um
jornal
em
Sobral
de
Monte
Agraço.
Foi
fundador,
no
ano
de
1900,
e
director
do
jornal
O
Mundo,
onde
se
manteve
até
morrer.
A
“Proclamação”
que
foi
o
primeiro
documento
oficial
do
Governo
Provisório
da
República
Portuguesa,
em
1910,
foi
o
Mundo
o
primeiro
jornal
a
publicá-la.
António
França
Borges
lutou
sempre
contra
a
ditadura
franquista
no
tempo
da
monarquia.
Como
jornalista
republicano
dos
mais
importantes
na
sua
época,
foi
perseguido
e
preso,
por
abuso
de
liberdade
de
imprensa,
mas
a
justiça
nunca
o
condenou.
Por
retaliação,
é
enviado
para
a
Fazenda
Pública
de
Sintra
e,
mais
tarde,
deportado
para
Vila
Real
de
Santo
António.
Em
1908
exila-se
em
Espanha
depois
de
sair
da
prisão.
Pertenceu
ao
Partido
Republicano
Português
e
mais
tarde
ao
Partido
Democrático.
Foi
iniciado
na
maçonaria
em
1901,
na
loja
Montanha,
com
o
nome
simbólico
de
Fraternidade.
Foi
deputado
ainda
durante
a
monarquia
e
também
já
depois
da
implantação
da
República,
em
1911.
Foi
Presidente
da
Associação
do
Registo
Civil.
Era
casado
com
Amélia
França
Borges
tendo
esta
pertencido
à
Liga
Republicana
de
Mulheres
Portuguesas.
Esta
Liga
fundou
a
Revista
“A
Mulher
e
a
Criança”
que
era
constituída
por
mais
de
mil
associadas,
que
formavam
a
vanguarda
revolucionária
do
movimento
social,
no
intuito
da
emancipação
da
mulher.
Em
1909,
os
corpos
gerentes
da
Liga
e
da
Revista
eram
Ana
Castro
Osório,
Adelaide
Cabete
e
Carolina
Beatriz
Ângelo,
Amélia
França
Borges,
entre
outros
nomes
importantes.
França
Borges
morreu
de
tuberculose
em
Davos-Platz,
na
Suíça,
em
5
de
Novembro
de
1915;
deixou
a
sua
viúva
com
três
filhos
menores.
As
cerimónias
fúnebres
foram
orientadas
pelo
ministro
em
Berna,
Dr.
António
Bandeira.
Os
restos
mortais
chegaram
a
Lisboa
dias
depois,
e
estiveram
em
câmara
ardente,
na
redacção
do
Mundo.
O
funeral
realizou-se
no
dia
19
de
Novembro
para
o
cemitério
do
Alto
de
S.
João,
em
Lisboa.
Tinha
publicado
alguns
trabalhos
como
“O
Combate”,
panfleto
em
colaboração
com
Heliodoro
Salgado;
“A
Imprensa
em
Portugal
-
Notas
de
um
jornalista”
e
“A
Razão
de
um
padre.
O
bom
senso
do
cura
Meslier”.
Sebastião
Magalhães
de
Lima,
advogado,
escritor,
político
e
jornalista
da
época
de
França
Borges,
afirma
no
final
de
um
texto
que
lhe
dedicou,
no
ano
de
1928:
“ A
coerência
tornou-se
uma
aberração.
Não
compreendem
os
homens
do
nosso
tempo
que
se
possa
servir
uma
ideia
com
dedicação
e
desinteresse.
E
essa
qualidade,
hoje
rara,
raríssima,
inconcebível,
para
os
judeus
da
finança,
foi
a
suprema
virtude
de
França
Borges.”
Correspondeu-se
com
Afonso
Costa,
com
quem
trocou
diversa
correspondência,
a
qual
foi
estudada
pelo
historiador
A.
H.
Oliveira
Marques
(1933/2007).
Na
Praça
do
Príncipe
Real,
na
freguesia
das
Mercês,
existe
um
jardim
com
o
nome
de
França
Borges,
onde
se
destaca
uma
estátua
com
a
sua
esfinge
e
com
a
República
segurando
o
diário”
O
Mundo
“;
gravado
pode
ler-se
“ Do
seu
trabalho
hercúleo/Surgiu
a
República/Consagremos
o
lutador.”
Francisco
Grandella
homenageou-o
dando
o
nome
de
França
Borges
a
uma
Escola
primária
construída
a
mando
dele,
no
Nadadouro,
concelho
de
Caldas
da
Rainha.
Na
Quinta
da
Piedade,
na
Póvoa
de
Santa
Iria,
existe
uma
rua
com
o
seu
nome.
Na
sua
casa
em
Sobral
de
Monte
Agraço,
ainda
hoje
pertença
da
família,
pode-se
ver
na
parede
principal,
virada
para
a
Praça
da
República,
uma
lápide
em
sua
homenagem,
produto
de
uma
subscrição
feita
pelos
sobralenses,
que
sempre
me
encantou
desde
criança,
possivelmente
por
não
haver
outra
na
vila…
Maria Alexandrina Reto
Maria Alexandrina Reto
Se se consultar o arquivo deste blogue, ver-se-á que, já na segunda quinzena de Agosto se escreveu sobre França Borges, este Sobralense ilustre. E logo aí, em comentário, a D. Alexandrina anunciou que tinha quase pronto um texto sobre ele. Também se poderá ver que a D. Lisete aproveitou para falar ainda num outro França Borges, creio que sobrinho do “nosso”, o General (fascista, porque não dizê-lo?) França Borges, de que muitos nos lembramos como Presidente da Câmara de Lisboa, e também da de Torres Vedras, estou em crer.”Fascista”, sim, mas pelos vistos muito popular no Sobral e amigo de muitas pessoas da Terra.
ResponderEliminarAnoto isto só para clarificar eventuais dúvidas e “separar as águas”, se me é permitida a presunção. É que acerca do França Borges de que trata a D. Alexandrina, eu quero aqui transcrever a parte final de um artigo, assinado por João de Macedo Paraíso, publicado no Jornal “A Hora” em finais de 1960: ele foi “um dos maiores jornalistas, cuja flamejante pena e espírito cintilante, contribuiu mais que as armas para a proclamação da República Portuguesa”. É obra.
Agradeço ao Sr. José Vieira ter guardado religiosamente este exemplar do Jornal, totalmente dedicado ao Sobral e que, ainda sobre o funeral de França Borges nos diz, no mesmo artigo, que “milhares de pessoas desfilaram perante o cadáver, tendo ali ido pessoalmente o Presidente da República, Dr. Bernardino Machado”. É um Sobralense ilustre que era obrigatório recordar. Agora e sempre.
José Auzendo
Obrigada mais uma vez amiga Alexandrina por mais um capítulo pormenorizado da história desta Vila.
ResponderEliminarUm beijinho da amiga
Lourdes.